domingo, 19 de outubro de 2014

Cap. 59






Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia 





_Você sabe que meu trabalho não tem hora certa para sair. – Colocou a bolsa no sofá.
_Mas agora você tem duas filhas para tomar conta.
_Você fala como se eu fosse uma irresponsável, Victor!
– Também alterou a voz.
_Não é, mas ta parecendo com uma.

Luciana o olhou com raiva.

_TUDO ISSO É POR CAUSA DE UM ATRASO, OU SERÁ QUE TEM ALGO POR TRÁS DESSAS SUAS PALAVRAS?
_DO QUE ESTA FALANDO? AGORA QUER JOGAR A CULPA EM MIM? NÃO ME ATRASEI ESQUECENDO DAS FILHAS...
_JA CHEGA, VICTOR! NÃO VOU DEIXAR SEU CIUME ME ENLOUQUECER.
– Segurou Gabriela nos braço – E da próxima vez que for iniciar uma discussão, veja se nossa filha está por perto, ela não merece ouvir nem ver isso.

  Assim que entrou no quarto da filha, Luciana deixou as lágrimas caírem de vez. Entendia o erro de ter se atrasado, mas ele não tinha o direito de julgá-la. Tinha prometido para si mesma de que não iria ser igual a sua mãe, até chegou a negar quando Victor cogitou contratarem uma babá. Deu um banho na filha, colocando-a para dormir em seguida, depois passou no quarto de Mariana, ficou alguns momentos com a filha até Lourdes entrar no cômodo:

_Luciana, eu dei a mamadeira a ela antes de você chegar.
_Obrigada, Lourdes. Desculpe a demora, é que fizeram uma surpresa, uma festinha para mim antes de sair do hospital.


  Victor ficou por alguns minutos tentando entender porque aquilo acontecera. Em sua mente logo vinha Michael, sabia que ele iria fazer de tudo para afastar Luciana, o motivo do atraso com certeza deveria ter sido ele. Cerrou os punhos, não querendo admitir, mas sentia medo de saber que ela ficaria boa parte do tempo ao lado dele. Subiu as escadas após alguns minutos, passando pelo quarto de Mariana ouviu quando Luciana tentava justificar a Lourdes o motivo do atraso. Calado, foi até o quarto, ficou sentado na beira cama esperando por ela.

_Fico feliz que estão te tratando bem no hospital.
_Eu também Lourdes. Sabe, fiquei com medo de ser demitida, é um local de trabalho tão bom. Os funcionários são legais, passam uma energia tão positiva que desde que entrei lá não vejo clima ruim.
_Isso é bom. Vou dormir.
_Obrigada, Lourdes.

   Colocou a filha no berço, desceu as escadas para pegar a bolsa e subiu novamente. Victor não estava na sala, deduziu que estivesse no studio, mas quando entrou no quarto lá estava ele sentado, os braços apoiados nas pernas, visivelmente sério. Ignorou-o e foi direto ao closet, ele a seguiu e ficou parado na entrada, encostado na parede:

_Fala logo o que você quer Victor.
– Ignorou a presença dele, enquanto tirava a blusa.
_Então o motivo de você chegar atrasada aqui em casa foi a festa que fizeram?
_Sim.
– Foi tirando a roupa sem ao menos encará-lo
_E o Michael estava lá?
_Pra que você quer saber Victor
? – Dessa vez olhou para ele enquanto se cobria com o roupão.
_Precisa me esconder algo, Luciana?
_Não estou te escondendo nada
– Alterou a voz

   Victor ficou alguns segundos analisando o rosto de Luciana se enrubescer de vergonha. Conseguia ler os sentimentos dela:

_Tá. Depois não vem jogar a culpa em mim se nosso relacionamento esfriar.


Deu as costas e foi até o quarto, Luciana o seguiu, estava furiosa:

_Do que está falando?
_Veja suas ações. Olha pra você, Luciana, está me escondendo algo tão banal...
_Sim
– O interrompeu – O Michael estava lá.

 Ele baixou a cabeça, engolindo seco, procurando se acalmar.

_E porque não voltou antes pra casa?
_Foi uma festa surpresa, Victor, e nem foi na sala dele, foi na sala do Jonas. Você tem que parar com essa porra de desconfiança, porque eu não vou suportar!
– Alterou a voz mais uma vez naquela noite.
_ CLARO, PRA VOCÊ É FÁCIL: VAI TRABALHAR, DESLIGA A PORRA DO CELULAR, ME DEIXA AFLITO MAS QUE SE DANE MEUS SENTIMENTOS PORQUE VOCÊ ESTAVA EM UMA FESTA COM OS AMIGUINHOS DE TRABALHO!
_E QUANDO VOCÊ VAI PARA AS NOITADAS EM RESTAURANTES COM A TURMA DA BANDA DEPOIS DE UM ENSAIO, POR ACASO RECLAMO?
_NO MEU CASO É DIFERENTE...
_DIFERENTE POR QUÊ? SÓ PORQUE EU TRABALHO EM LOCAL ONDE TEM HOMENS?
_NÃO. PORQUE O HOMEM QUE ESTÁ PERTO DE VOCÊ TE AMA E TENHO CERTEZA QUE VOCÊ DEVE JOGAR O CHARMINHO PRA CIMA DELE!
 _OLHA COMO ESTÁ FALANDO DE MIM, VICTOR! NÃO SOU UMA QUALQUER PRA VIR ME JULGANDO.


 Ambos se calaram por alguns segundos.

_E pode ficar tranquilo que a festa foi com meus amigos de trabalho. Não fiz orgia na sala do chefe.

  Deu as costas a ele e entrou no banheiro, não esquecendo de bater a porta com toda força. Enquanto a água caía em seu corpo, deixou as lágrimas irem junto, se entregou aqueles momentos, ali ninguém podia ver sua fraqueza, seu suplico para Deus pra parar com todo aquele momento ruim de confusão. Gabriela já estava grande o suficiente para entender certas coisas, lembrou-se que naquela noite enquanto colocava o pijama da filha, ela perguntava porque a mãe estava chorando. Prometeu a si mesma que não iria entrar em briguinhas bestas com Victor quando uma das filhas estivessem presente.

  Saiu do banheiro um pouco mais aliviada, Victor não estava mais no quarto. Trocou de roupa e deitou-se, não conseguiu dormir, pegou um livro e ficou lendo por boa parte, até esqueceu que as horas haviam passado e só se deu conta quando ele entrou no quarto, indo direto ao closet, pelo barulho sabia que estava pegando a mala. Sentiu medo de ele ir embora, não iria suportar tamanha dor, mas não foi até lá, permaneceu olhando para o livro, fingindo ler já que a presença dele estava incomodando e muito. Após mexer na mala, Victor foi até o banheiro, pelo barulho ela sabia que estava tomando banho. A porta abriu e ele foi direto para a cama, deitando e virando de lado, lhe dando as costas. Ela sabia que não teria muito que fazer, fechou o livro, desligou o abajur e deitou-se também, ouviu a voz dele baixinha:

_Amanhã vou ter que viajar pra São Paulo, gravação de um programa de TV. Tenta não deixar as nossas filhas sozinhas.
_Isso não vai acontecer, Lourdes estará por aqui tomando conta delas.
_Lourdes não tem mais idade para ficar servindo de babá e empregada.

   Luciana sentiu seu estômago queimar, a raiva tomava conta de si, queria ligar o abajur para dizer poucas e boas sem tirar os olhos dele, mas não fez nada, virou-se para o lado oposto e fechou os olhos, as lágrimas caíam em silêncio e assim permaneceu até conseguir dormir. Pela manhã não o achou na cama, olhou para o relógio e já passava das oito horas. Levantou-se e logo se arrumou, descendo e se servindo com uma xícara de café.

_Tome café direito menina.
_Você falando assim até parece minha mãe, Lourdes.
– Sorriu.
_Vi que vocês discutiram aqui na sala ontem. Realmente estávamos aflitos Luciana. Depois que Victor ligou para seus celulares e não obteve respostas, ligou para a recepção do hospital e lá passaram que você já tinha ido embora.
_Entendo a preocupação de vocês, mas não precisava ele vir com palavras que me ofendesse. Me senti uma irresponsável.
_O Victor ficou assim depois do que aconteceu com ele, isso é normal.
_Não vou ficar louca por causa de um surto do Victor.
– Colocou a xícara na pia – Tenho que ir ao consultório, fica com a Mari pra mim? Eu levo a Gabi.
_Pode deixar, Lucy. Suas filhas são uns amores, tão calmas. Se quiser deixar a Gabi aqui, por mim tudo bem.
_Não. Ela está em uma fase de ter muita energia, melhor ficar comigo lá no consultório.

   Levou Gabriela consigo, durante o trajeto ficou pensando nas palavras de Victor:

 
“Lourdes não tem mais idade para ficar servindo de babá e empregada.”


  Sabia que era verdade, Lourdes estava se virando como podia, mas não era seu dever ficar tomando conta da casa e das filhas da patroa. Infelizmente teria que contratar uma babá e isso lhe soava como irresponsabilidade, tinha medo de abandonar as pequenas por questão de trabalho. Suspirou forte tentando imaginar se não tivesse engravidado e Gabriela não nascesse, iria continuar com Victor? E se já estão juntos, será que ele a amava de verdade? Desceu do carro com a filha segurando sua mão. Raquel ao ver que ela trouxera Gabriela, sorriu, pegou a pequena nos braços e encheu de mimos por alguns segundos.

_Raquel, se importa se eu deixar a Gabi aqui com você enquanto atendo minhas pacientes? Sei que ela não vai me deixar trabalhar se estiver lá dentro.
_De maneira alguma, Doutora. Amo crianças e a Gabi é uma fofa.
_Obrigada.

   Entrou no consultório e seu dia foi cheio, parou na hora do almoço para ir em casa e ver como Mariana estava. Voltou para o consultório, Gabriela gostou de estar ali, já estava na sala da mãe enquanto ela analisava alguns relatórios. Carol apareceu para visitá-la, abraçou a amiga e ficaram conversando até a noite chegar:

_Nossa, vocês brigam muito, mas isso é normal Lucy.
_Ele foi muito grosso comigo
– Limpou o canto do olho – Não sei o que faz ele ficar assim.
_É como a Lourdes disse, ele está assustado, imagina se algo acontece com você? Tem que entender o lado dele, Victor passou por fortes emoções.
– Colocou Gabriela no chão, levantou-se do sofá – Agora tenho que ir. E quanto a babá, super concordo, você tem que contratar uma. Vai ser bom.
_Tenho medo de relaxar e acabar esquecendo de criar minhas filhas.
_Isso não vai acontecer porque você é uma boa mãe.
– Beijou o rosto dela – Se cuida.

   Aquela conversa com Carol fortaleceu-a, voltou para casa mais calma e decidida a contratar uma babá. Chegou em casa e sua noite foi cuidar das pequenas já que Victor não estava ali, não sabia que horas iria voltar e a saudade já estava forte. Após colocar as pequenas para dormir, deitou-se esperando o sono chegar. Victor apareceu e com uma expressão séria no rosto passou direto, indo ao closet, colocando sua mala, tomou uma ducha e deitou-se sem falar com Luciana. Aquilo doeu dentro dela, mas virou-se para o lado oposto e mais uma vez dormiram sem fazer as pazes.  


  No dia seguinte, Luciana acordou cedo para ir ao hospital, pediu para Michael lhe escalar nos plantões diurno, para poder ficar em casa a noite. Seu trabalho não era tenso, ela gostava do que fazia, estando dentro do hospital deixava seu estresse pessoal de lado para focar no que estava fazendo. Chegou em casa antes das sete, Gabriela estava brincando na sala ao lado do pai, foi até ela beijando o topo da cabeça e subiu. Tomou um banho e sentou-se a mesinha que ficava no quarto, analisou alguns relatórios de pacientes, parou apenas para colocar as filhas para dormir. Desceu para cozinha e não sentiu fome, comeu uma fruta para matar a sede, já estava saindo quando Victor apareceu, colocando um copo com água e puxando assunto:

_O pessoal de lá de São Paulo mandou lembranças.
_Agradeça a eles por mim.

   Respondeu seca e subiu para o quarto, já estava na ultima ficha quando Victor entrou, sentou na beira da cama lhe fitando:

_Vai ficar com essa cara assim?
_É a única que tenho
– Ajeitou os óculos no rosto e continuou o que estava fazendo.
_Sabe Luciana – Levantou-se chegando perto dela, espalmando as mãos na mesa – Temos que parar com essas discussões.
_Quando
um não quer, dois não brigam Victor. Não precisava aquela crise de ciúme.
_Não foi ciúme.
_Olha pra você.
– O encarou – Está aí se remoendo por dentro. Eu não consigo esconder nada de você, Victor, mas você também não consegue esconder de mim. O que me machucou foi suas palavras, você não mede o que fala e depois quer que eu te trate bem? Não sou irresponsável, mas infelizmente não podia sair desesperada da festa que meus amigos de trabalho fizeram para mim. Se eu demorei é porque confiei que você estaria aqui cuidando das nossas filhas na minha ausência.

   Fechou a ficha e levantou-se indo direto para a cama. Doía só de imaginar nas palavras que Victor usara para com ela na noite em que discutiram, segurou o choro ao máximo. Victor respirou fundo, olhando para o teto, não queria discutir mais uma vez. Entre seus lábios sua voz saiu suave:

_Não chega a ser ciúmes, mas eu tenho medo de te perder, Luciana. O Michael quem vai ficar no dia-a-dia do seu lado, ele quem vai compartilhar boa parte do tempo com você, ele quem vai te ver todos os dias enquanto que eu estiver viajando. E sei que ele é uma peça forte no jogo e vai querer te roubar de mim.

   Não quis ouvir respostas, entrou no banheiro e se encarou no espelho. Amava tanto Luciana que já não queria nem imaginar ela abandonando-o, seria demais, muito forte se ela lhe deixasse. Aquelas brigas pareciam ser um prato cheio para Michael, mesmo sabendo que sua esposa jamais contaria ao amigo de profissão suas discussões com o esposo. Saiu do banheiro mais calmo, respeitando por Luciana não querer papo naquela noite. Estava encarando o teto no escuro quando sentiu ela se mexer na cama, ficando de lado para também, no escuro, lhe encarar:

_Eu também tenho medo de te perder. Pensa que não fico com receio que você não sinta mais nada por mim, que nosso relacionamento esfrie a tal ponto de sair procurando lá fora? E se você acha em uma outra mulher o que eu não tenho ou se tenho não te dou? É muito tenso saber que vai estar rodeado de mulheres bonitas, encantadoras e que diferente de mim tenham um tempo livre para te acompanhar onde quer que vá.

   Victor sorriu, passou a mão no rosto dela para acariciar, sentiu Luciana fechar os olhos aprovando aquele afago:

_Mas nenhuma delas tem o que só você conseguiu conquistar: Meu coração, meu corpo e todos os meus sentimentos por você.

   Aproximou os lábios aos dela, roçando-os. Estava com saudade de sentir todo aquele calor e excitação do que estava por vir, queria provar aquela boca para saber se o gosto ainda era o mesmo. Luciana não aguentou e logo pediu passagem para a língua ir de encontro com a sua, ambos fecharam os olhos se deliciando naquele momento, o gosto parecia ser bem melhor que a ultima vez que fizeram isso. Intensificaram com os movimentos, as mãos já circulavam por onde alcançasse o corpo do outro, elas eram ágeis e já circulavam por caminhos que levavam ao prazer. Sentir a mão de Victor descendo, passando por cima da calcinha, fez Luciana partir o beijo e gemer entre os lábios dele. Desejo maior para ele que naquela escuridão do quarto já conseguia imaginar as caras e bocas que sua esposa estava fazendo no momento, mas ele queria mais e em um gesto ousado, colocou a mão dentro da peça intima que ela usava, fazendo-a arfar e jogar a cabeça para trás, entregando-lhe o pescoço para beijar e morder de leve. Luciana já procurava a nuca dele para entrelaçar as mãos e afundá-las no cabelo daquela região, puxando-o com força enquanto ouvia sair da sua própria boca gemidos conforme a intensidade dos carinhos que ele fazia.

   Estavam entorpecidos pelo tesão e sem mais, Victor tirou-lhe a calcinha e não perdendo mais tempo ficou por cima, entre as pernas dela. Amou-a como se não houvesse amanhã, investindo vagarosamente, querendo apreciar cada momento, cada palavra saindo da boca de ambos, fechando os olhos a cada vez que ela chamava seu nome. Aumentou o ritmo quando Luciana já cravava as unhas em suas costas, quase gritando de tanto prazer, ficando mole em seus braços após sentir o ápice invadi-la. O prazer para ele estava chegando e como era gostoso sussurrar o nome dela, gemer alto enquanto sentia que iria explodir. Saber que estavam felizes porque no momento mais íntimo eles eram perfeitos, um só corpo, uma só alma. Deitou-se puxando a cabeça dela para encostar-se em seu peito, acarinhando as costas da amada e olhando para o teto naquela escuridão.

_Vou seguir seu conselho.
– Respirou fundo. – Vou contratar uma babá.
_Assim fica melhor. Lourdes não pode ficar sozinha com elas, principalmente agora que a Gabi parece que está ligada em 220w.

  Riram por alguns segundos.

_Me desculpa se te magoei com palavras fortes, não foi minha intenção. Só... Só tenho medo de algo acontecer com você. Promete que vai ficar com os celulares na mão e que vai me atender quando te ligar?
_Prometo
– Sua voz saiu sonolenta – Boa noite. – Voltou a encostar a cabeça no travesseiro.
_Dorme bem meu anjo.
_Te amo.
_Também te amo.

  Fechou os olhos também e logo o sono tomou conta de si.

Continua... 

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