Flash Back...
Victor...
Para Leo, seria mais uma noite tocando
nos barzinhos da vida, mas para mim não, aquela noite seria diferente, algo de
bom iria acontecer em minha vida e seria ali.
_Xiii parece
que hoje não teremos muita gente pra ouvir a gente tocar.
_Mas vamos
tocar mesmo assim.
Começamos com algumas musicas que
sabíamos que as poucas pessoas ali naquelas mesas iriam gostar. Aos poucos o
bar foi enchendo e aquele barulho todo de várias pessoas conversando ao mesmo
tempo foi tomando conta do ambiente, estava empolgado e até mais animado
enquanto dedilhava meu violão.
Um grupo de umas dez pessoas entrou no
bar, estavam todos juntos e pareciam animados, coisas de jovens. Entre eles uma
bela moça me chamou atenção, seu cabelo jogado para um lado dava um certo
charme, sua calça jeans estava colada em seu corpo e eu logo imaginei aquele
corpo nu, parei com meus pensamentos porque Leo já me olhava estranho. Aquele
grupo de jovens sentou em uma mesa não muito distante de onde estávamos e
aquela linda morena sentou de frente para o palco, claro que caprichei em tudo,
na voz, nas notas que saiam do meu violão, nas musicas que cantava.
Em um momento de distração um garçom se
aproximou de nós e sussurrou em meu ouvido.
_A moça da mesa
ali mandou eu te entregar.
_Ok – Coloquei o papel no bolso, estava tocando
ainda.
No intervalo
puxei o bilhete.
“Depois que terminar de tocar me
encontre no estacionamento. Beijos”
Fiquei na duvida para onde o garçom
tinha apontado, não sabia qual mesa mas estava rezando para que fosse aquela
morena.
Voltei a tocar e a ansiedade só tomava
conta de mim. Ao olhar novamente para a mesa algo partiu meu coração: Um rapaz
sentou ao lado da moça, colocou a mão em sua coxa e sussurrou algo no ouvido
dela.
Não sabia o que fazer, estava confuso
mas assim que terminamos de tocar fui correndo pro estacionamento, esperei bem
uns cinco minutos, ouvi barulhos de sapato feminino se aproximando e meu
coração acelerou, ao me virar olhei para a moça que não tinha nada parecido com
a minha bela morena, era loira, bonita, não vou negar. Aos poucos minha memória
foi reconhecendo-a, ela estava sentada na mesma mesa da garota.
_Oi – Se aproximou um pouco mais de mim.
_Você é a dona
do bilhete?
_Sim, desculpa a minha audácia mas te achei tão lindo.
_Sim, desculpa a minha audácia mas te achei tão lindo.
_Obrigado.
Iniciamos uma conversa bastante
proveitosa. Geisy, a dona do bilhete, fazia faculdade de medicina e estava com
os amigos ali para brindar mais um dia de vida. Aos poucos fui percebendo que
ela era ou aparentava ser uma menina com bons recursos de vida, vivia bem e seu
pai pagava a faculdade, mas ela tinha um jeito encantador, era bastante
carinhosa e aproveitei para não só trocar carinhos como ir mais além, beijei-a
e ficamos assim no estacionamento. Trocamos numero de telefone naquela noite voltei
pra casa um pouco mais animado.
Geisy era uma menina incrível, poucas
vezes que nos falamos no telefone foi fundamental para me admirar com ela.
Certo dia, conversando ao telefone ela me fez um convite.
_Sábado a tarde
terá um churrasco com a turma da facul, vem comigo?
_Vou dar um jeito, mas você sabe que não posso demorar, a noite terei que ir tocar.
_Vou dar um jeito, mas você sabe que não posso demorar, a noite terei que ir tocar.
_Tudo bem.
E lá estava eu, sábado a tarde em frente
a um edifício de luxo, o churrasco seria na cobertura e assim que entrei
percebi que todos era bem de vida e a festa não era pra qualquer um, me senti
pequeno, mas não me abalei, com Geisy do lado me sentia o cara mais importante
do mundo, ela tinha um dom de levantar meu humor a qualquer hora, em qualquer
momento. Aos poucos aquele espaço foi enchendo e um dos rapazes apareceu com um
violão.
_Will, me dá
esse violão que meu namorado toca bem melhor que você. – Geisy tomou o instrumento das mãos do rapaz e me entregou –
Mostra pra eles o que é musica de verdade.
Comecei tocando algumas musicas conhecidas
para eles, e aos poucos fui mostrando minhas composições. Todo mundo gostou e
na brincadeira do “toca mais uma” acabei ficando até bem mais do que pensava.
No fim da festa a tal morena apareceu, seus longos cabelos negros se destacavam
na sua pele branca, entreguei o violão a um dos rapazes e fui sentar perto de
Geisy que agora estava falando com a moça.
_Lucy, você
conhece o Victor? Ele se apresentou no barzinho quando estávamos.
A moça olhou meio estranho pra mim e eu
com minha boa educação estendi minha mão para que se encontrasse com a sua a
fim de nos cumprimentarmos.
_Prazer, Vitor.
_Prazer também,
Luciana.
Conversamos o básico porque além de
estar de saída, ela foi até o cara que tinha sussurrado em seu ouvido enquanto
repousava a mão na sua coxa naquele dia no barzinho.
Geisy e eu nos começamos a namorar
escondidos, o pai dela não deveria saber. Certa noite, a coisa entre nós foi
esquentando mas como não tinha condições de levá-la para um bom motel, ela me
deu uma sugestão.
_Onde estamos indo?
– Perguntei enquanto ela apertava o
interfone de um edifício. – E de quem é esse apartamento que estamos indo?
_Da Lucy. Ela
divide com Nina e o Fernando, o peguete dela.
Autorizaram nossa entrada e assim que
Geisy apertou a campainha Luciana abriu a porta, suas vestes me deixaram
boquiaberto, uma excitação fora do comum tomou conta de mim. Ela estava com uma
camisa larga e acho eu que com um short curtíssimo por baixo, só gostaria de
saber o que ela tinha, talvez estivesse só de calcinha.
_Geisy? O que
você tá fazendo aqui?
_Oi Lucy – Entrou na sala me puxando pela mão – Soube
que o Fê e a Nina não estão hoje. Então vou usar o quarto dela tá?
_Porra, me
avisasse antes né? – Ela ficou sem jeito
atrás do sofá. – Vai logo pra o quarto da Nina.
Fomos para o
quarto da tal Nina, Geisy trancou a porta e logo me jogou na cama.
_Espera, sua
amiga não gostou muito.
_Ahh esquece,
ela só tá de mau humor porque o Fê vai viajar pra França – Beijou meu pescoço
Aquela noite foi boa pra mim, e pra
minha surpresa Geisy não era virgem o que só facilitou. Conversamos bastante
após o sexo e ali dormimos, acordamos com batidas na porta, coloquei minha
cueca e abri, um senhor que aparentava ter seus quarenta anos ou mais estava na
minha frente.
_Seu safado,
tirou a honra da minha filha!
_Calma senhor
eu...
_Pai! – Geisy se agarrou nos lençóis com vergonha.
_E você sua
vagabunda, que vergonha! Eu já suspeitava quando me disseram que você andava de
mãos dadas com esse pobretão aí.
_O senhor tenha
mais respeito ao me pronunciar assim.
_Cale a boca
seu insolente!
Nossa discussão verbal foi parar na
sala, Geisy já tinha trocado de roupa, Luciana estava assustada mediante a
situação. Do nada, Geisy apontou para a
menina.
_FOI ELA PAI!
FOI CULPA DELA E DELE – Apontou pra mim –
ELA QUE ME APRESENTOU ELE E ME FORÇOU A FICAR COM ELE.
A mascara de Geisy caiu a partir dali,
me senti decepcionado, aquela não era a menina que conheci cheia de planos,
sorridente, que não ligava pra o que falavam quando alguém nos via na rua de mãos
dadas.
_Eu? Geisy,
enlouqueceu? Você que veio parar aqui no apartamento dizendo que usaria o
quarto da Nina, como você sempre fez quando quer transar com qualquer macho! – Queria bater palmas pra Luciana por ter
dito essas verdades.
_Não fala assim
da minha filha!
_E o senhor é
outro banana, cego! – Luciana abriu a
porta – Agora saiam do apartamento ou eu chamo a policia. E você Geisy,
esquece o nosso endereço!
Só depois que Geisy saiu eu me deparei
com a situação, eu e Luciana estávamos com roupas intimas, ainda estava só de
cueca e ela com uma camisola bem curta.
_Que louca! – Ela foi ate a cozinha.
Fui até a cozinha e a vi ficando de
ponta de pé para pegar algo no armário acima, ao virar-se ela não ligou para
como eu estava vestido.
_Seu nome é Victor
né?
_Sim, mas pode
me chamar de Vitor.
_Não, Vitor é
feio. Quero Victor e vou te chamar assim.
Tomamos café em um papo legal, ela era
bastante diferente de Geisy até nas atitudes, era mais sorridente e ali
começamos uma amizade.
Os anos passaram e a minha amizade com
Luciana só aumentou, agora ela sempre nos acompanhava em eventos e cheguei a
conclusão que só a via como amiga mesmo, ela era algo que eu chamava “demais”
para mim, muito inteligente, mas também muito moleca e quando estava perto dela
parecíamos duas crianças, acho que foi por isso que toda aquela vontade de
ficar com ela passou, pra mim, ela era a minha irmã, conversávamos sobre tudo
até assuntos íntimos e ficadas tanto da minha parte como a dela.
Em uma dia, tocando no barzinho, o dono
do estabelecimento perguntou se tinha mais alguém conosco, eu e Leo apontamos
para a mesinha ao lado onde Tatianna e Luciana estavam conversando.
_Qual mesa?
Precisamos saber para se caso elas quererem algo descontarmos no cachê de
vocês.
_Aquela mesa ali
ó – Leo apontou.
_É aquela mesa
onde tem uma loira e uma morena... A Morena é minha sacou? – Brinquei.
No fim da noite quando já estávamos
saindo do barzinho olhei para Luciana.
_Tá me olhando
assim... Quem eu devo chegar perto e pedir pra ficar com você Vih?
_Ninguém, achei
um apelido pra você. Agora só eu posso te chamar assim.
_Não vem com
palavras escrotas. – Rimos.
_Será Morena, a
minha morena.
_Ahh se não
fosse nossa longa amizade, eu me casaria com você Vih. – Me abraçou.
_Não, você é
muita areia pro meu caminhão.
Os anos se passaram e Luciana nunca
mudou seu jeito de ser, o que me deixou bastante feliz. Ela se formou, começou
a trabalhar mas nunca esqueceu de me ligar todos os dias para contar como fora
tudo. Amizade assim não achamos em qualquer lugar.
Luciana...
Estava cansada e não queria sair com a
turma para mais uma noite em barzinhos, mas Nina insistia que eu fosse,
Fernando se encontraria conosco assim que saísse da faculdade.
Geisy como sempre, abusada e metida
contando como fora suas férias em Orlando, os caras que ela pegou. Ainda não
tinha olhado para o palco onde dois jovens cantavam, percebi que o que tocava
violão era mais charmoso, tinha um enigma no olho, se Fernando não aparecesse
naquela noite eu pegaria o contato dele.
_Você tá vendo
como ele é bonitinho? – Geisy já estava
um pouco “alterada”
_Qual dos?
_O que tá
tocando violão. Quer saber... – Rasgou um
guardanapo e puxou uma caneta na bolsa. – Vou mandar um recadinho pra ele.
Sabia que eu perderia pra Geisy, ela era
linda, loira e sempre usava sua “mascara” de eterna virgem, o que deixava os
homens completamente loucos. Fernando se aproximou da gente e sentou do meu
lado, ele estava mais carente que o normal e após bebermos além da conta
voltamos pro apê, eu dividia com ele e Nina.
Na faculdade Geisy veio com um papinho
de que ela e o tal cantor lá estavam namorando, ao relatar como ele era, senti
uma ponta de tristeza. Um homem como ele não merecia uma garota mimada com a
Geisy.
_E o irmão
dele, tem namorada? – Nina se interessou.
_Não sei e nem
quero saber, não é bonito, se fosse eu pegaria ele também. – Geisy jogou seu cabelo loiro todo pra trás.
_Como assim
Geisy? Você namora o cara mas já está pensando em traição? Credo – Rolei os olhos.
_E você acha
que eu me imagino casando com aquele pobretão? Não estou disposta a sustentar
caras que se iludem no mundo da musica.
Saí de perto dela e passei aqueles dias
afastada, Geisy me dava náuseas com seus pensamentos horripilantes. No sábado
fui para um churrasco que teria no apê do Nilo, um amigo nosso e eis que vejo
Geisy usando sua “mascara” de namorada perfeita, sentou perto de mim e logo em
seguida o namorado se aproximou.
_Lucy, você
conhece o Victor? Ele se apresentou no barzinho quando estávamos.
Cumprimentei ele educadamente mas a
vontade que eu tinha era de jogar na cara do pobre coitado que ele era mais um
bonequinho dela, que Geisy adorava brincar com os sentimentos dos caras.
Os dias se passaram e em uma noite,
estava sozinha assistindo TV e comendo biscoito quando a campainha tocou, abri
e lá estava Geisy e o namoradinho dela. Fiquei sem jeito porque só estava
usando uma camisa larga, não esperava ninguém já que Fernando tinha viajado
para se despedir dos pais pois iria viajar para a França, o que me deixou mais
bolada ainda naqueles dias.
_Geisy? O que
você tá fazendo aqui?
_Oi Lucy – Entrou na sala me puxando o rapaz pela mão
– Soube que o Fê e a Nina não estão hoje. Então vou usar o quarto dela tá?
_Porra, me
avisasse antes né? – corri e fiquei sem
jeito atrás do sofá. – Vai logo pra o quarto da Nina.
Aquela noite eu fiquei confusa, pra
piorar a situação, Geisy transava fazendo testes vocais porque os gemidos eram
altos. Já estava preparada para o sermão que daria nela e pela manhã a
campainha tocou e eu fui abrir, o pai da Geisy estava ali me encarando e com
uma cara não muito boa.
_Onde está
minha filha?
Passou por mim sem pedir autorização e
saiu pelos cômodos do apartamento procurando por ela, fiquei na sala esperando
o pior e vi o rapaz e o pai de Geisy entrarem na sala em uma discussão. O
coitado do rapaz não merecia ser insultado daquele jeito, senti uma revolta e
só piorou quando a vadia da Geisy apareceu na sala já vestida e com seus
“choros falsos” na minha frente.
_FOI ELA PAI!
FOI CULPA DELA E DELE – Apontou para o
rapaz – ELA QUE ME APRESENTOU ELE E ME FORÇOU A FICAR COM ELE.
Ahhh aquilo pra mim foi o pior, já
estava cansada de Geisy aprontar todas e sempre era no meu apartamento. Falei o
que foi preciso no momento e assim vi a minha ex-amiga sair dali, só naquela
hora percebi que o cara estava só de cueca e eu pra piorar, estava de camisola.
Fingi não perceber mas ele tinha um corpo perfeito, me senti mil vezes mais
excitada do que quando via o Fernando circular completamente nu – Claro que
quando a Nina não estava lá. – Porém, o rapaz ficou sem jeito, fui para a
cozinha e ele veio em seguida.
Nossa amizade começou ali mesmo, Victor
– Porque eu amava chamá-lo assim – Era um rapaz de ouro, sortuda seria a mulher
que um dia casaria com ele, se é que iria casar porque com um tempo de amizade
percebia que ele aproveitava a vida e as mulheres que sempre lhe cortejavam
onde quer que estivéssemos. Sempre que dava o acompanhava nos barzinhos e as
mulheres meio que me olhavam torto achando que eu era namorada ou algo assim,
mas nem ligava porque assim que Victor batia os olhos em uma garota, lá estava
eu para ajudá-lo a conquistá-la, algumas davam certo e acabavam namorando,
outras, nem tanto assim.
Sabe aquela sensação que tive ao ver
Victor só de cueca em meu apartamento? Não tinha mais. Com um tempo a
convivência só me mostrou que uma amizade valia bem mais que uma noite de
prazer ou um relacionamento que não daria muito certo, eu e Vih tínhamos
opiniões diferentes, jeito de ver a vida diferente. O respeito entre nós era
verdadeiro.
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