segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Cap. 52





    Aquelas semanas passaram voando. Entre elas, Victor havia voltado a ensaiar, convocaram todos os músicos da banda, ele estava empolgado, sabia que teria que criar forças dentro de si e seguir adiante, a  vida continua. Negou qualquer entrevista, sabia que certos repórteres iriam entrar no seu assunto pessoal, não estava preparado. Estava freqüentando o consultório de Beatriz, mas já sentia que em breve iria pausar suas idas ali. Nos tempos livres dedicava a Luciana e suas filhas, queria aproveitar ao máximo já que em menos de um mês iria voltar a sua rotina.

    Luciana suspirava acordada, não estava acreditando que tudo estava voltando ao normal, Victor sempre dedicado e empolgado com o show que iria fazer. Iria ajudá-lo no que fosse preciso, mesmo sabendo que iria sofrer com a sua ausência. Sempre que podia entrava em contato com Joyce, com sua vida organizada agora queria focar em Lucas, jamais esquecia dele, entre uma ligação e outra, prometeu que iria fazer uma visita ao pai.

    Os primeiros ensaios foram na casa de Victor, ainda não estava preparado para sair. Agora faltava menos de uma semana e ele já não conseguia dormir de tão ansioso, Luciana estava ali, do seu lado, lhe passando energia positiva. Os últimos ensaios decidiram fazer fora de casa, isso seria a prova de que estava preparado para encarar os desafios da vida. Luciana sempre ia levá-lo, buscar também e lá estava ela, Victor ao vê-la abriu o sorriso mais perfeito e foi ao seu encontro, abraçou-a e jamais esquecendo do beijo profundo. Entrelaçaram as mãos e juntos se aproximaram da turma.

Luciana: _Cada dia fico mais encantada. Hoje vocês superaram, peguei o final, mas o ensaio ficou lindo.
Leo: _Que bom que gostou cunhadinha.

   Victor abraçou-a por trás, estava radiante, feliz, todos podiam perceber isso. Despediram-se de todos e seguiram para o carro, durante o caminho pareciam dois adolescentes, roubando beijos e abraços. Chegaram no carro e Luciana hesitou entrar nele.

_O que houve Lu?
_Quero que você dirija.

   Em questão de segundos, Victor mudou a expressão. Depois do que acontecera, ele não tinha pego no volante, estava com medo.

_Lucy... Não.
_Por favor, Vih. – Aproximou-se dele, beijando-o rapidamente – Temos que quebrar esse medo. Hum?
_Não estou preparado. Não vou saber como agir caso algum carro se aproxime de nós.
_Eu confio em você. Isso basta! – Entrou no carro pelo lado do passageiro. – Fica no comando.

    Ele já não sabia mais como se usava aqueles pedais, o volante era algo temeroso para ele, suas mãos suavam. Sentiu Luciana tocar em sua coxa mais próxima, olhando-o com ternura.

_Estou aqui. Confio em você.

    Aquele fim de tarde estava maravilhoso, seria fácil para Victor. Ligou o carro, lembrando aos poucos de como usar cada objeto ali naquele veículo. Luciana ligou o som, o que o relaxou mais. O carro foi perdendo velocidade, parando em frente a mansão. Esticou suas próprias mãos e observou o quão trêmulas estavam, ouviu Luciana bater palmas e beijar seu rosto.

_Você conseguiu meu amor.

    Sorriu consigo mesmo, aquilo levantou o seu ego. Desceu do veículo e Marisa estava o esperando, com os olhos radiantes; abraçou-o forte e juntos todos entraram em casa.

    A casa estava silenciosa, Victor andava pelo corredor até o quarto de Mariana. Luciana estava colocando a filha para dormir, balançando-a e cantarolando algo inaudível. Ficou observando tudo calado, com os olhos rasos até ela perceber sua presença:

_O que está fazendo aí? Vem cá.

   Victor chegou perto dela, segurou um pouco sua filha e colocou-a no berço. Foram para o quarto deles abraçados.

_Obrigado Lu.
_Por?...
_Tudo. Você me completa e me faz ficar mais vivo a cada dia que passamos juntos.

   Envolveu os braços no ombro dele.

_Eu que agradeço por me dar uma família tão linda.

   Selaram os lábios, roçando-os.

_Obrigado por hoje.
_Quando eu te mandar fazer algo, apenas confie em mim e faça. Sei o que estou fazendo.
_Tudo bem minha Senhora Chaves.

   Sorriram, Luciana afastou-se dele.

_Vou descansar um pouco, dorme hoje comigo?
_Acho que não Lu. Vou passar algumas coisas pro violão. Falta menos de uma semana para o show.
_Ok – Deitou-se – Dispensado.

    Ele sorriu e saiu do quarto. Estava muito preocupado, com medo de errar. Assim foram suas madrugadas até o dia do show.



    O grande dia...

     Naquela manhã, respirou fundo sentindo tudo de bom o que a vida lhe oferecia. Luciana não estava mais na cama, mas não demorou muito para aparecer no quarto, com um sorriso perfeito. Deitou-se em cima dele:

_Bom dia amor.
_Oi meu anjo – Passou as mãos no cabelo dela.
_Hoje é o grande dia. Está preparado?
_Com você sempre estou preparado para enfrentar tudo.

    Levantou-se feliz, o sol estava lindo lá fora. Após o café da manhã, foi até o closet junto com Luciana. Olharam-se lembrando mais uma vez:

_Foi antes do show que te ajudei a escolher a roupa que iria usar. Lembra?
_Claro. Eu precisava te ver e inventei uma desculpa qualquer. – Riram por alguns segundos.
_Quase nos beijamos.
_Não nos beijamos porque você não quis e saiu correndo – Chegou próximo a ela – Sua medrosa.

    Quanto mais aproximava de Luciana, mais ela dava um passo atrás, tendo que encostar-se à parede, foi cercada por ele que já estava com as mãos apoiadas próximo a sua cabeça, impedindo-a de fugir. O olhar caiu para a boca.

_Hoje você não me escapa.

    Encostou-se por completo no corpo dela, Victor tomou-lhe os lábios em um beijo apressado, as mãos de Luciana passeavam por aquela pele macia, acomodando-se na nuca, puxando os cabelos próximos, sentindo um arrepio cada vez que o sentia jogar o corpo contra o seu. O beijo foi finalizado e ambos sorriram.

_Vamos ver o que temos aqui.

    Luciana o ajudou a escolher a roupa. Decidiu o deixar ir sozinho para o ensaio naquele dia, queria deixá-lo andar por si, em menos de vinte e quatro horas ele estaria longe de tudo e de todos, teria que cainhar pelos seus próprios pés. Já era noite quando ele chegou apressado, achando Luciana sentada de frente ao espelho, se maquiando. Minutos depois, ele estava ali, terminando de fechar a camisa social que ela escolhera para aquela noite.

_Nossa, desse jeito vou ter ciúmes.
_Lu! – Repreendeu-a sorrindo.

    Na porta, Marisa o esperava. Seus olhos estavam rasos, eram lagrimas de felicidade por saber que tudo estava voltando ao normal.

_Estou tão feliz por você, Vitor.
_Eu sei disso mãe. – Abraçou-a – Só não entendo porque não quer ir.
_Fica pra uma próxima. – Limpou o canto do olho – Quero hoje me dedicar as minhas netas. Em dezembro estarei lá na primeira fila.

Sorriram, mais uma vez se abraçaram e logo eles se foram.

    Durante o caminho, Victor olhava para Luciana. Ela dirigia pensativa, mesmo assim continuava linda. Não cansava de admirar a sua beleza, não só a exterior. Percebendo o olhar dele, retribuiu rapidamente:

_O que foi?
_Nada. Só estou encantado com sua beleza.
_Melhor assim, desse jeito não vai olhar para nenhuma outra.

    Nesse clima de descontração chegaram à casa de show, alguns repórteres os esperavam em uma sala. Victor e Leo participariam de uma coletiva após muitos pedirem. As perguntas estavam claras e objetivas, algumas vezes algum repórter tentava entrar em assuntos pessoais, mas Victor fazia questão de cortar. Justamente naquela noite não queria lembrar do que houve consigo porque seria reviver tudo.

    Estava tão bem que nos últimos dias não estava pensando e nem lembrando de nada do seqüestro. Uma noite qualquer sonhou com Lana, ela estava em uma floresta, sorridente, lhe abraçando. Se estivesse em algum lugar onde os vivos não têm acesso, que estivesse como naquele sonho, linda e feliz.

   A coletiva terminara com direito a fotos. Anunciaram que tudo estava pronto, era a grande hora. Victor sentiu seu peito oprimir, sua voz falhar, as mãos suarem, antes mesmo de subir ao palco. Luciana segurou-lhe a mão, com um brilho nos olhos que logo se desfez ao sentir que o marido estava parado, olhando para algum ponto. Seu corpo tremia só de ouvir aquela gritaria da platéia.

_Victor...
_Lu, eu...
_Olha pra mim.

    Assim ele fez, olhando profundamente. Sentia dizer isso, mas não iria seguir adiante. Preparara-se tanto para esse dia e naquele momento não respondia por si, simplesmente não queria subir ali, enfrentar todos. Não iria cantar, tocar ou qualquer outra coisa. Leo se aproximou, todos ao seu redor estavam assustados. Se Victor não seguisse adiante naquela noite, provavelmente não iria conseguir nos próximos shows que por sinal a agenda estava lotada até o fim daquele ano.

_Me desculpa, mas eu não posso, não vou conseguir...

    Leo colocou a mão na cabeça, passando-a pelo cabelo. Luciana ficou nervosa também, não iria deixar isso acontecer.

_Amor, olha pra mim. Você vai conseguir, tem que enfrentar esse medo. Se for preciso eu fico com você lá no palco, mas pelo amor de Deus, sobe lá e faça acontecer.
_Pensa que é fácil Luciana?! Não vou subir e não fazer nada! – Esbravejou.

   Luciana deixou-o descontar a raiva, agora ele sentia uma vontade enorme de chorar. Minutos depois, sentiu a mão dela tocar a sua:

_Pensa nas suas fãs. Muitas vieram de tão longe, de estados vizinhos, só pra ver essa sua volta triunfante.

   Aquilo fora como injeção de ânimo para Victor, ele sorriu como resposta, apertou a mão dela e seguiu até o palco. Luciana sorria internamente, jamais pensou que iria conseguir convencê-lo. Respirou aliviada quando ele pegou o violão, segurou o rosto entre as mãos e depositou-lhe um beijo:

_Te amo.  

Continua...

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Cap. 51


Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.



   Clarisse persistia em ficar atrás de Leo, como se fosse um ser de outro mundo. O silêncio permaneceu naquela sala por longos minutos, Luciana quebrou-o ao ir em direção ao cunhado e lhe abraçar.

_Felicidades Leo. Tudo de bom para você.
_Valeu cunhadinha.

    Após isso as outras pessoas o abraçou, felicitando e desejando só coisas boas. Clarisse ainda permanecia calada, em seu canto, um pouco afastada da turma até Leo puxá-la para perto e pronunciar:

_Hoje aproveito o momento de festa para apresentar a Clarisse a vocês.

    Com um meio sorriso, Marisa foi até a garota, abraçou-a, Luciana também fez o mesmo. Victor olhava para Paula e ambos trocavam mensagens por esse ato. Ele não gostava muito daquela garota desde o primeiro dia que a viu naquele local escuro, conversando com o irmão. Mas quem era ele para julgar as pessoas? Seu passado era obscuro e o motivo da sua ultima separação foi traição.

    Paula inventou um compromisso de ultima hora e junto com o namorado saiu da fazenda. Nada abalou, Leo estava radiante e feliz, chamou Victor para conversarem sobre alguns projetos e Luciana arrumou um jeito de colocar Clarisse na roda de conversa. Prometeu a si mesma que seria neutra, mesmo ainda achando que o cunhado estava perdendo tempo com aquela garota. Não negava que a menina era bonita, porém, nova demais. Agora ela já estava deitada na sala, ajudando Matheus a montar um quebra cabeça.

_Não sei o que fazer. Nunca me vi em uma situação assim.
_Eu sei Dona Marisa. Mas Leo merece a felicidade, se ele está feliz com ela, temos que apoiá-lo.

   Durante o almoço Luciana falava coisas engraçadas para descontrair o ambiente e Clarisse não perceber, mas tanto Paula que tinha voltado do “tal compromisso”, como Victor ignoravam-na, cortando a pobre moça quando ela decidia se pronunciar ou opinar sobre o assunto sendo pautado na mesa. Victor pegou Gabriela e foi andar pela fazenda, Paula rolou os olhos assim que Clarisse falou algo, foi naquele momento que ela sentiu ser deixada de lado. Leo também percebera e agora estava visivelmente sério, queria fazer uma surpresa e achou que todos iriam gostar de Clarisse, engano seu, sentia que tratavam a namorada dele por educação.

   Certo momento, Clarisse saiu sem falar nada a ninguém, Luciana foi atrás, achou-a sentada na varanda, olhando para o horizonte. Sentou-se na cadeira ao lado, acompanhando os gestos da moça, falou sem olhá-la:

_Quando eu descobri que estava grávida, fiquei com medo de ser rejeitada não só pelo Victor, mas pela a família dele. No dia em que fomos dar a noticia, quase morri de tanto medo.
– Olhou para Clarisse, que estava empolgada ouvindo a história. – No fim, tudo deu certo. Não tire conclusões precipitada, Clarisse.
_Sabe, eu não sou idiota Luciana. Pensa que não percebi os olhares atravessados? Me culpam como se eu quem toquei o inferno na vida do Leo. Pra eles eu não passo de uma vigarista que tomou o marido de uma boa esposa. Luciana, eu não tive culpa! Fiz questão de deixar bem claro pro Leo que se ele continuasse com a Tatianna por mim tudo bem. Ele quem quis se separar dela, por mim continuaríamos assim, sem ninguém saber.
_Mas você gostaria de viver isso? Ser uma segunda opção na vida dele? – Olhou-a incrédula
_Sim. Eu nunca cobrei nada. Agora por causa disso, as fãs me julgam e quando estou nos shows, me olham como se eu fosse o demônio. – Baixou a cabeça – Sinto tanta pressão que acho que não vou suportar.
_Se você o ama claro que vai segurar a barra. Com um tempo as fãs irão entender que ele te escolheu.
_Se só fossem as pessoas, estaríamos numa boa. – Fez uma pausa para refletir. – Leo é muito complicado, ele anda muito obsessivo, não me deixa respirar. Fico recebendo ligações, ele fica querendo saber onde estou, com quem estou... Não confia em mim. Ultimamente mais estamos brigando do que tendo momentos de companheirismo. O amo, muito, mas estou assustada.
_Está assustada porque não está costumada a ver esse lado dele. Isso é normal, vocês fãs acham que o ídolo é aquela imagem durante vinte e quatro horas por dia, mas eles são seres humanos, tem defeitos, briga, chora, brinca. Você está conhecendo o lado Leonardo, aquele cara que tem uma vida fora dos palcos.

   Leo apareceu na varanda, foi na direção delas em passos largos.

_Clarisse, pega tuas coisas.

   Luciana levantou-se assustada:

_Calma Leo. Como assim vocês já vão? O aniversário é seu.
_Não importa, apenas quero sair daqui.
_Imagina Leo, se você ficar chateado, nós podemos ir embora, eu chamo o Victor e voltamos pra cidade.
_Não é por isso Lucy. – Olhou novamente para a namorada – Vai pegar suas coisas.

   Calada, ela saiu e em alguns segundos voltou. Leo puxou-lhe a mão com tanta força que Luciana se assustou com a cena que estava presenciando:

_Leo, não acha melhor ficarem? Eu fico aqui com a Clarisse, estávamos conversando...
_Na boa Luciana, não se mete.

   Clarisse o repreendeu com um olhar fuzilador.

Clarisse: _Deixa a Luciana fora dessa. Diferente de todos, ela quem me ajudou, me deu inúmeros conselhos.
Leo: _Vai começar a dar chilique, Clarisse? – Alterou a voz.
Clarisse: _Quer saber, você está irritante Leo! – Revidou no mesmo tom de voz – Eu quero ficar e pronto.
Leo: _Eu tenho meus motivos para te tirar daqui.
Luciana: _Calma vocês dois...
Clarisse: _Quer me tirar daqui por quê? Ahh talvez porque pra você eu não passo de ser uma puta que não merece dividir com você momentos em família.
Leo: _Seria ótimo se minha família tivesse gostado de você...
Luciana: _Leo! – Repreendeu-o – Não fala mais nada, assim você vai machucar a menina com palavras.
Clarisse: _Deixa Luciana, nada do que você falar vai adiantar. Ele é sempre grosso comigo – Olhou para ele, limpando as lagrimas – Seria bem melhor se eu estivesse em minha casa...
Leo: _Não! A ultima coisa que você iria fazer hoje era ficar em casa. Com certeza iria sair com aqueles seus amigos cachaceiros que não te respeitam!
Clarisse: _Vai se foder! Eles valem muito mais do que você pensa! – Aproximou-se do namorado e alterou a voz – POR QUE ELES GOSTAM DE MIM COMO SOU E ME RESPEITAM.
Leo: _A ULTIMA COISA QUE VI FOI RESPEITO NOS OLHOS DELES QUANDO VOCÊ RESOLVEU APARECER DE SAIA CURTA!  
Luciana: _Vou me retirar para vocês ficarem mais a vontade – Deu as costas a eles.
Clarisse: _Não precisa Lucy. Já estamos de saída.

    Clarisse já limpava as lagrimas. Segundos depois, lá estava ela soluçando. Sentiu Luciana abraçar-lhe e no mesmo momento, Leo alterar a voz:

_Vamos sair daqui.

   Afastou-se de Luciana, olhando-a com ternura.

_Você é uma pessoa boa. Muito obrigada Luciana.

    Luciana presenciou Clarisse sendo arrastada (literalmente) por Leo, em alguns segundos o carro saiu, desaparecendo nos portões. A festa já havia acabado, afinal, o aniversariante não estava mais por lá. Victor apareceu quando a noite iniciou-se, ela o olhava bem sério.

_Vamos pra casa Victor.
_Mas cadê o Leo.
_Saiu. Vamos para não ficar tarde.

    Colocou as filhas no banco de trás do veículo, Marisa decidiu ficar por ali até Leo aparecer, o pouco que conhecia o filho sabia que ele voltaria ainda naquela noite.

    Todo o trajeto para casa nada conversaram. Luciana queria desabafar, dar um sermão no marido, mas Gabriela estava acordada. Victor sentiu e entendeu o que Luciana queria, mas já estava farto de discutir, passavam horas, talvez dias sem se falarem e depois tudo aparentava estar bem. Não iria cair mais nos joguinhos da esposa, com isso, assim que entrou em casa, ajudou-a com as crianças e desceu para a sua sala. Naquela manhã, havia conversado com Leo sobre alguns projetos profissionais, iria tentar voltar aos poucos. Ficou tocando violão, mexendo em algumas composições até ouvir alguém bater na porta, autorizou já sabendo que era sua esposa.

_Você vem dormir ou não?

   Olhou para ela, mesmo com o estresse em alta, Luciana era linda, agora com aquela camisola estava mais ainda.

_Vai subindo, vou em seguida.

    Não queria bater de frente com ela, iria evitar ao máximo. Subiu para o quarto, aproveitou que ela estava no quarto de Mariana e foi direto para o banheiro, tomou uma ducha para relaxar os músculos e ao voltar ela já o esperava:

_O que foi aquilo hoje? Precisava agir na infantilidade, Victor?
_Não vou com a cara dela. – Puxou o lençol e deitou-se – Não posso ter minha opinião? – Arqueou a sobrancelha.
_Claro que pode, mas antes de tudo existe a educação e o respeito. Respeito com seu irmão. Ele e a Clarisse quase se estapearam na minha frente hoje.
_Luciana, só não sou hipócrita. Seria uma atitude falsa da minha parte eu abraçar a garota e tratá-la como se nada tivesse acontecido. Preferi me afastar.
_Deveria ter dado uma trégua pelo menos hoje que era a comemoração do aniversario do seu irmão. – Desligou o abajur do seu lado e deitou-se.

   Não foi preciso discutir, Luciana o ignorando já era o suficiente. Deitou-se de costas para ele, que estava se sentindo culpado. Ela era sua droga, seu remédio, não iria ficar sem. Devagar, repousou a mão na cintura dela, que remexeu-se inquieta. Aproximou o corpo e sussurrou no ouvido:

_Me desculpa, amanhã prometo pedir desculpas ao Leo, mas não me ignora desse jeito.

    Já sabia que iria ceder. Luciana não conseguia dizer não a Victor porque ela também ansiava muito por aqueles carinhos. Todas as noites estavam se amando e só por causa de uma atitude errada dele não iria deixar isso acontecer. Ele também era sua droga e agora não conseguia viver sem uma pequena dosagem diária. Virou-se aos poucos, no escuro do quarto nada se via, mas seus lábios estavam bastante próximos dos dele. Sentiu-o roçar e logo em seguida a língua pedir passagem, não só cedeu como se entregou por completo aquele beijo, as mãos não ficavam quietas, se moviam em cada parte do corpo que fosse alcançável.

    Victor desceu as mãos para barra da calcinha de Luciana, com ousadia para ir mais adiante e com a mão dentro já sentia que ela estava pronta, nada de preliminares, iria amá-la ali mesmo. Com a ajuda dela, retirou-lhe e sentiu quando ela segurou o seu membro de dentro da boxer, as mãos delicadas fazendo uma trilha de ida e vinda, vagarosamente, só para ouvir os gemidos que ele soltava entre os dentes. Luciana sentia o abdômen de Victor responder com leves contrações, amava esse clima de tortura. Sem delongas, sentiu o peso dele em cima de si no mesmo instante que sentia ele entrar, invadi-la e preenchê-la como prova do seu amor. Cada vez que sentia os movimentos dentro de si, procurava a nuca dele para arranhar de leve. Victor acelerou os movimentos e em alguns minutos estava explodindo de prazer dentro dela. Estavam satisfeitos, felizes.

   Como de praxe, Luciana aninhou-se no peito dele, que acarinhava suas longas madeixas, o sono já estava fazendo moradia dentro de si quando Victor puxou assunto:

_Hoje conversei com Leo.
_Hum – Respondeu mais para ele saber que estava acordada, mas não por muito tempo.
_Quero voltar aos palcos.
_O quê? – Ergueu o rosto ao o ver ligar o abajur.
_Estou preparado. Preciso tentar, não posso ficar parado.
_Amor, é isso mesmo o que quer? Porque não deixa para o próximo ano.
_Vou enlouquecer Luciana. Não suporto ficar sem fazer nada.
_Te entendo. – Voltou a deitar no peito dele – E pretendem voltar quando?
_No final desse mês.
_E onde será o primeiro show? Vou dar um jeito de ir para te apoiar.
_Vamos tentar falar com alguns patrocinadores daqui, queremos nosso primeiro show, depois de tudo, aqui em Uberlândia.

   Uma lembrança doce veio na mente de Luciana. Foi após o show deles naquela cidade que se entregaram e se amaram pela primeira vez.

_Está pensando o mesmo que eu, Lu?
_Sobre o ultimo show de vocês aqui?
_Sim. Sabia que estava pensando nisso, fez um sorriso tão lindo agora.

   Luciana mais uma vez ergueu o rosto, mas foi para roubar-lhe um beijo.

_Todas as lembranças boas de nós, eu dou esse sorriso.

    Victor passou a mão no rosto de Luciana, pegando uma mecha do cabelo e colocando atrás da orelha dela:

_Não muda, seja sempre essa Luciana.
_Nunca vou mudar porque você quem me faz ser assim, a cada dia que passa do meu lado. – Deu um selinho casto – Agora vamos dormir porque já já a Mariana acorda.


   Dormiram abraçados e naquela madrugada, Victor ajudou Luciana a cuidar de Mariana. Agora sabia que essas noites acompanhando a rotina da filha seriam raras, logo iria voltar aos palcos, cumprir sua agenda. Iria enfrentar o medo e sabia que teria apoio da família e claro, de sua esposa.

Continua... 

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Cap. 50


  Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.


   Victor levantou-se indo direto ao banheiro, retirou a camisinha e antes de voltar para o quarto olhou-se no espelho. Luciana o fazia tão bem, sua expressão estava calma e tranqüila, resultado do amor que ambos compartilhavam. Precisava contar o que lhe incomodava, viu em sua esposa um porto seguro para fazer isso. Voltou para o quarto e não pode deixar de ficar maravilhado com o que vira: Luciana não tinha se vestido, estava nua, ainda sentada na cama, o encarando surpresa e ansiosa.

   Apenas de boxer, ele sentou na cama, ainda estava preparando o psicológico, pois lembrar daquelas cenas era reviver e puxar no seu mais íntimo a dor. Luciana continuava o olhando, agora fazia carinhos leves em sua mão, não se contentando, repousou a mão na coxa mais próxima.

_Você terá paciência de ouvir? – Olhou-a tímido
_Toda do mundo. – Sorriu.
_As horas em que passei naquele cativeiro eram intermináveis...

   Começou contando tudo, desde o momento em que fora pego, na aflição ao lembrar que ela estava em depressão. Não sentia dor alguma em relatar, mas sempre que lembrava de Lana, seu peito se oprimia. Muitas vezes segurou as lágrimas, nessas horas Luciana apertava sua mão, o encorajando a seguir e terminar a historia.

_Foi a pior coisa da minha vida que presenciei. Lana estirada no chão, ela morreu olhando para mim. – Soluçou.
_Você não teve culpa de nada, Victor. – Passou a mão pela nuca dele, acariciando-o – Tenho certeza que se tivesse que escolher entre a sua vida e a dela, sem hesitar iria optar por Lana.
_Me senti um fraco. (Resfolegou) Devia ter me atrevido, ter defendido-a.
_Na hora nem tem o que pensar. Essas coisas são assim mesmo.

   Victor deu vazão ao sofrimento, chorou por intermináveis minutos. Olhou para suas próprias mãos em sua coxa.

_É como se eu pudesse sentir o cheiro do sangue misturado com a pólvora. Parece que o sangue de Lana está em minhas mãos.
_Você tem que tentar esquecer isso Victor. Não vai te fazer bem enquanto não esquecer.

   Luciana puxou Victor para deitarem. Ele encarava o teto, algo estava o fazendo bem, tirara todo o peso de suas costas. Acarinhava os cabelos de Luciana enquanto ela encostava a cabeça em seu peito, permaneceram alguns minutos assim, em silêncio, mas os corpos conversando.

_Vih.
_Fala.
_Quando você gritava pela Lana, nas madrugadas, eu pensava que era alguma amante sua e que o Natanael era seu filho.

   Victor riu gostosamente, apertou-a em seus braços, somente Luciana conseguia quebrar aquele clima pesado e triste em assuntos assim.

_Só você Luciana. – Voltou a rir
_Para de rir, isso é sério. – Ergueu o rosto para encará-lo
_Não dá Lucy.

   Luciana entrou na brincadeira e juntos riram por alguns segundos. Aos poucos a expressão do rosto de ambos foi ficando séria, o olhar caiu para a boca.

_Só tenho que agradecer a Deus por ter te mandado para mim. – Passou a mão pelo cabelo dela – Tive tanto medo de te perder na sala de cirurgia.
_Serei uma pedra em seu sapato, meu marido.
_Nunca! Você é meu porto seguro. É nesses teus olhos que navego e me sinto protegido de todas as maldades do mundo.
_Ai Victor. – Luciana baixou a cabeça timidamente.

   Victor segurou-lhe o queixo, levantando o rosto dela. Luciana subiu o rosto para seus lábios irem de encontro aos dele, um beijo apaixonado, mas conforme foi intensificando estava se tornando devasso, insano. As mãos de Victor desceram para segurar as nádegas dela, impulsionando-a para ficar em cima de si. As línguas moviam apressadas, reacendendo a chama e logo ativando a excitação de cada um.

_Vih... Eu só peguei uma camisinha nas tuas coisas.
_Acho que o Leo deve ter.
_Mas... Você não vai fuçar o quarto do teu irmão, não é? – O olhou incrédula.
_Eu é que não fico sem tirar o atraso por causa disso.

   Levantou-se indo rapidamente para o quarto de Leo. Procurou em todos os lugares, achou em uma das gavetas, voltou rapidamente para o quarto de hospedes e achou Luciana esperando-o.

_Viu só? – Ergueu a camisinha entre os dedos. – Achei.
_Você não presta. Teu irmão vai te matar.
_Ele sabe muito bem o que viemos fazer aqui.

   Sorriram e como um jovem, Victor foi rapidamente para a cama, puxando Luciana para mais um beijo, as mãos na nuca segurava o cabelo puxando-o, deixando-a mole e com cara de quero mais. Não perderam muito tempo com preliminares, estavam prontos. Ela olhou para o membro dele, próximo de si e com um olhar infernal sorriu sapeca.

_Deixa eu te ajudar a se proteger?
_Faça direito – Entregou-lhe a camisinha – Ou então daqui a nove meses seremos papais novamente.

   Ele apenas observava e se excitava mais com as mãos delicadas de Luciana enquanto tentava o proteger. Sabia que ela era boa nisso, sempre fora. Ela deitou-se de bruços, apoiando o peso do busto pelos cotovelos, o olhou por cima do ombro.

_O que está esperando?

   Aquela mulher um dia iria matá-lo só com esses olhares cheios de segundas intenções. Victor aproximou-se, investindo dentro dela, com movimentos calmos, apoiou-se no cotovelo também e as mãos dos dois se encontraram, entrelaçando. 



_Como te amo minha Morena... – Sussurrou em seu ouvido, recebendo como resposta Luciana gemer e fechar os olhos.

   Os movimentos eram calmos, Luciana ajudava impulsionando o quadril para ir de encontro ao seu e como resposta jogar todo o seu cabelo preto para trás, escondendo suas costas e gemendo a cada vez que o sentia por completo dentro de si. Os gemidos dela pareciam musica para seu cérebro, ele não queria parar e aos poucos sentiu que o prazer estava chegando, ajoelhou-se, segurando forte o quadril dela, puxando-o sem cerimônia alguma para que chocasse com o seu, explodiu de prazer sorrindo. Luciana já estava extasiada, jogada na cama, recuperando o fôlego.

_Estou me sentindo um adolescente. – Puxou o ar para seus pulmões – Duas vezes nessa noite.
_Se quiser, eu ainda tenho pique. – Acariciou o peitoral dele.
_Não Lucy, não vou agüentar. Prometo te ressarcir no dia a dia.

   Luciana franziu o cenho, preocupada com algo.

_Amor, temos que voltar para casa. Deixei as meninas com Dona Marisa, mas não quero abusar da boa vontade dela.

   Victor sentiu seu coração bombear mais forte, estava com medo. Não estava em seus planos voltar para casa, muito menos enfrentar a rua à noite. Para não assustar Luciana, levantou-se com a desculpa que iria retirar a camisinha e foi para o banheiro. Esticando suas mãos na pia pode ver que elas estavam trêmulas, mas não eram só elas, seu corpo todo respondia e o vento daquele apartamento o deixava com frio. Voltou para o quarto e ela já estava terminando de se vestir.

_Se veste logo. Eu vim de carro... – O olhou. – Vih, anda! Troca de roupa.
_Luciana, não seria melhor esperarmos o dia amanhecer?

   Ela olhou para a janela, em sua mente logo veio o tratamento e tudo o que ele contara a ela.

_Amor, você tem que quebrar esse medo. Não vai acontecer nada, hum?
_Não sei Lucy... – Sua voz começou a ficar embargada. – E se...
_Não vai acontecer, Victor. Te dou minha palavra. – O abraçou – Confia em mim?

   Calado e detendo as lágrimas, Victor limpou as pétalas de rosas enquanto Luciana ia a sala, retirar os copos e lavá-los. Voltou achando-o pensativo, abotoando a camisa.

_Não fica chateado comigo, amor. Só quero o seu bem e vou te ajudar a sair dessa. A nossa casa não é muito longe, só algumas quadras daqui.

   Ele olhou-a triste, com medo. Só queria que ela entendesse.

_Vamos?

   Luciana fez questão de ir até o estacionamento de mãos dadas, queria deixar bem claro que iria ajudá-lo a quebrar esse medo. Entraram no carro e ela pode senti-lo nervoso, suando.

_Calma Victor. Vai ser rápido.

   Rapidamente ligou o carro e saiu do estacionamento, durante o trajeto olhava de esguelha para ele, no sinal vermelho procurou sua mão e entrelaçou.

_Olha pra mim – Ele virou o rosto para ela – Vou te ajudar. E juntos vamos conseguir essa.

   Luciana parecia ser um anjo para Victor, aquelas suas palavras o confortou e naquela escuridão que ele conseguia ter através da janela algo o incomodou. Um carro vinha logo atrás,  essa foi à deixa de Victor que virou o rosto para Luciana, esperando ela fazer algo. Parece que o limite dentro de si estava esgotando, ele encolheu-se no banco, ouvindo o seu coração bater rapidamente e cada vez mais alto dentro de si, suas mãos suaram, aquele carro persistia em colar atrás do veículo de sua esposa.

_Luciana, dá passagem.
_O que? – Olhou rapidamente para ele.
_O carro atrás de nós. Ele quer passar.

   Luciana olhou pelo retrovisor, o carro atrás de si estava na velocidade normal, sem pressa alguma, assim como ela.

_Ele não está pedindo para ultrapassar, Victor.
_Mas vai pro acostamento e deixa ele sair de perto de nós.
_Victor, não há necessidad...
_Será que dá pra meu ouvir uma vez na vida?! – Alterou a voz nervoso, não parou – Deixa essa porra desse carro passar! Cacete! – Esbravejou.

   Ela ficou boquiaberta, com muita raiva jogou o carro um pouco mais para o lado e deu passagem para o de trás ultrapassar. Retomaram o caminho para voltar para casa. Luciana não gostara do jeito que ele se alterou, não havia necessidade disso, mas o caso de Victor era especial, teria que ter paciência. Já estava conformada com os altos e baixos que esse relacionamento teria e em um clima tenso chegaram em casa, ela pode sentir o alivio dele em uma respiração, logo saiu do veículo e sem olhar para trás foi andando na frente. Luciana logo subiu para o quarto das suas filhas, Marisa avisou o que dera para as netas e em seguida foi para o quarto dormir.

   Como se já fosse rotina no script da vida deles, Luciana entrou no quarto e logo pensou que Victor estava em um sono profundo por conta dos remédios que estava tomando ultimamente, mas se enganou, ele saía do banheiro com o pijama e em seguida deitando na cama. Não quis puxar assunto com ele, sabia ao certo que depois do banho ele já estaria dormindo e cada um iria virar para o lado oposto. Tomou um banho demorado, após isso colocou uma camisola leve e foi para o quarto, apagando as luzes, deixando apenas um abajur ligado. Seu corpo relaxava cada músculo existente dentro de si, suspirou agradecendo aos céus por ter se livrado das roupas apertadas e sapato alto. Não iria olhar para Victor, entendia que ele não queria conversar...

_Me desculpe.

   Olhou rapidamente para ele, Victor estava com as mãos na nuca e encarando o teto, essa posição foi desfeita e ele virou-se para fitar cada traço dela, afagando o rosto com uma das mãos.

_Foi a primeira vez, depois do ocorrido, que eu saí a noite.

   Como reconciliação, a mão de Luciana foi de encontro com a sua que estava estática, parada, ainda em seu rosto.

_Eu que tenho que te pedir desculpas, Vih. Acho que forcei a barra ao te fazer vir pra casa.
_Não. Você está me ajudando e só tenho que te agradecer... Mais uma vez na noite – Sorriram. – Te amo.

   Não pensou em mais nada, o beijou com tanta precisão e amor, um beijo inocente, sem malícia, o fogo dos corpos já tinha sido apagado após transarem duas vezes naquela noite, agora apenas se curtiam como dois namorados e assim ficaram até o sono tornar moradia em seus corpos.


***

Dias depois...

   As coisas estavam indo tão bem entre Luciana e Victor que eles antes de dormir agradeciam internamente aos espíritos superiores. Agora o casal esperava ansiosamente para a noite chegar e juntos entregar-se ao calor da paixão. Victor estava reduzindo nos comprimidos e já saía com sua família a locais públicos.

   Aquele dia era especial, Leo ordenara que queria todos na fazenda para comemorar seu aniversário. Outubro entrava, todo o clima de paz se instalava. Chegaram cedo no local, primeira viagem de Victor após tudo, um medo o afligia mas bastava olhar para Luciana para sentir-se tranqüilo. Aguardavam ansiosamente pelo aniversariante, Tatianna havia deixado Matheus e Antonio para passar o dia ali, trocava poucas palavras com o ex-marido, tudo restritamente sobre os filhos e nada mais, por isso se sentia bem melhor não participando daquele evento na Fazenda Paraíso.


   Entre brincadeiras de Luciana com os sobrinhos e a filha Gabriela, o tempo foi passando e logo Leo entrou... De mãos dadas com Clarisse. Estava decidido que iria apresentá-la oficialmente a família como sua namorada. Foi tudo de repente, assustador e logo Luciana viu olhares atravessado para a garota que estava ali, um pouco escondida atrás do cunhado. Sentiu logo que aquele dia seria cheio entre a Família Chaves.  

Continua...

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Cap. 49 - Parte 2


Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.




   Luciana tocou a campainha do apartamento de Leo, olhou-se no espelho que ficava ao lado, preso na parede do edifício. Seus olhos estavam radiantes, estava amando como era e sendo amada por Victor. A porta abriu e os olhares foram trocados e presos um ao outro, ele sorriu e abriu espaço para ela entrar.

_Obrigada.

    Não sabia o que fazer nem como agir. Ora, ele era seu esposo, a pessoa com quem Luciana compartilhou os segredos mais íntimos, porque agora estava tímida diante dele? Notando o clima, Victor puxou-a para que juntos sentassem no sofá ali presente. Tocou-lhe a mão, acariciando-a leve.

_Obrigado por ter aceitado meu convite.
_Estou vendo que você já anda sozinho e de noite. Fico muito feliz por esse seu progresso, Victor.
_Eu sei.
– Baixou a cabeça – Fiz isso pelo nosso amor. Precisávamos ter um pouco de privacidade, não que em nossa casa não temos, longe disso, mas precisávamos de um momento a sós, eu e você, como dois namorados.
_Estou me sentindo uma adolescente mesmo, nem sei o que fazer. (Sorriu fraco)
_Eu sei...
– Levantou-se indo para o mini bar que ficava na sala, servindo um copo com whisky.
_Victor, eu não posso beber.
– O interrompeu. – Eu estou amamentando.
_Desculpe querida. Aceita um suco?
_Pode ser.

    Enquanto Victor ia para a cozinha, Luciana olhava ao seu redor, parece que ele tinha preparado tudo, a musica ambiental ela só pode notar naquele momento.

_Prontinho.
– Entregou-lhe o copo com suco – Um brinde?

    Os copos tocaram, e em nenhum momento eles quebraram a troca de olhares.

_Ao nosso amor
. – juntos sorriram e bebericaram suas respectivas bebidas. – Aqui parece aconchegante.
_O pouco tempo que fiquei aqui sempre gostei.
_Onde está o Leo?
_Ele não vem essa noite. Viajou para ver Clarisse.

   Luciana sentiu seu corpo ficar tenso, definitivamente parecia uma adolescente, mas como uma boa mulher já imaginou o que aquela noite reservava.

_E com isso você me trouxe para cá?
– Fez um olhar ousado.
_Sim. Quero conversar.
_Só conversar?
– Ergueu uma das sobrancelhas
_Claro que não.

   Victor retirou o copo das mãos dela e com o seu, colocou-os no centro, segurou as mãos e sua respiração demonstrou toda a timidez que estava sentindo no momento. Luciana não deixou se intimidar, tirando uma das mãos das dele, segurou-lhe a nuca e aproximou o rosto. A cena parecia ser em câmera lenta, ele via cada traço no rosto dela, o olhar caiu para a boca e os lábios se tocaram, uma emoção fora do comum acometeu-o, abriu um pouco mais para dar passagem a língua dela ir de encontro com a sua, elas se moviam perfeitamente, enquanto todo o resto do corpo reagia com leves espasmos, um choque bom de sentir. O beijo foi finalizado e Luciana já sorria com os olhos radiantes. Ficaram em silencio, com medo de quebrar aquela magia, Luciana pigarreou para acabar com o clima estranho.

_Se importa se eu te chamar para dançar?
_Onde Victor?
_Aqui na sala mesmo.

    Enquanto Victor procurava a musica ideal, Luciana pediu licença e foi ao banheiro, olhou-se no espelho, seu corpo tremia e ela achava que não daria conta do recado naquela noite.

_Calma Luciana, ele é seu esposo. Isso é normal, todo casal faz isso.
– Sussurrou para si.

   Respirou fundo e saiu do banheiro, Victor a esperava.

_Pronta?

   Pela musica Luciana deduziu que fosse mais um clássico que Victor gostava, Eric Clapton. Aproximou-se dele:

_Vih, faz muito tempo que eu dancei. Nem sei mais como deve ser.
_Deixa de drama, fazemos um par perfeito, Morena.

   Os batimentos cardíacos de Victor aumentaram a velocidade ao senti-la mais perto, colando o corpo para iniciar a dança, ele podia jurar que ela notara sua aflição e ansiedade. Repousou uma das mãos na cintura, enquanto a outra procurava a mão dela para entrelaçar, a mão delicada de Luciana tocou seu quadril, um gesto inocente, porém que mexia no seu sistema nervoso, o sangue que se instalava no corpo descera todo para entre suas pernas. Não! Ele não podia ficar excitado com uma simples dança, afastou-se milimetricamente dela e sentiu-a sorrir enquanto movia o quadril, lentamente, seguindo as batidas da musica, acompanhou-a nos movimentos.

(...)
And then she'll ask me, "Do you feel all right?"
E então ela me pergunta, "Você está bem"?
And I'll say, "Yes, I feel wonderful tonight"
E eu digo, "Sim, me sinto maravilhoso esta noite"

   Estava se sentindo um menino, com os hormônios mexendo consigo não o deixando pensar em nada.

_Como está sendo sua ida a psicóloga?
_Estou gostando. Agora só preciso enfrentar esse medo que me acomete.
_Vai dar tudo certo, Victor.

   Olhou para ela, Luciana tentava puxar assunto, mas estava mais nervosa que ele. Puxou-a mais para si espalmou a mão nas costas dela, subindo devagar, sentiu-a soltar o ar próximo ao seu pescoço, foi inevitável, a respiração de Luciana estava mexendo consigo e involuntariamente ele ficou excitado de vez. Sentiu quando ela tirou-lhe a mão que estava entrelaçada colocando na sua nuca, juntando a outra que momentos antes estava no quadril. Não tinha como ficar mais excitado do que estava, mas aqueles braços aferrando-o e as mãos dela mexendo em seu cabelo, o deixava sem conseguir concentrar.

(...)
I feel wonderful
Me sinto maravilhoso
Because I see the love light in your eyes
Porque vejo a luz do amor no seu olhar
And the wonder of it all
E a maravilha disso tudo
Is that you just don't realize
É que você simplesmente não percebe
How much I love you
O quanto eu te amo

   Luciana sentiu a ereção de Victor quando ele colou de vez os corpos, não hesitou tampouco o repreendeu, continuou dançando e agora fitava cada traço do rosto dele.

_Desculpe.
_Pelo o que Victor?
_Não consigo me controlar e... – Olhou para baixo – Acho que estou nervoso. Faz tempo que ficamos assim, a sós.
_Não fique tenso, também estou assim. Eu ficaria triste se seu corpo não respondesse aos meus toques... Eu sinto sua falta.

   Ele nada respondeu, mas ainda com os movimentos da dança tocou-lhe os lábios enquanto apertava a cintura de Luciana, um beijo casto, porém, ela queria mais. Victor colou a testa na de Luciana enquanto respirava ofegante. As mãos dela ainda estavam ali, em sua nuca, acarinhando.

_Você mexe comigo, Lucy. Estou tentando me controlar, mas está impossível.
_O que estamos esperando?
_Você dizer que sim e eu irei amá-la como nunca.

...
And then I'll tell her
E então eu falo para ela
As I turn out the light
Enquanto apago a luz
I say, "My darling, you were wonderful tonight"
Eu digo, "Minha querida, você estava maravilhosa esta noite"
Oh, "My darling, you were wonderful tonight"
Oh, "Minha querida, você estava maravilhosa esta noite"

   Luciana sorriu, tantas coisas boas ditas em duas frases. Continuou dançando e logo o olhou profundamente:

_Sim. Me ame essa noite e sempre que puder. Meu corpo clama por você, Victor.

    Victor parou de dançar, um sorriso surgiu nos seus lábios. Segurando a mão dela cruzou pelo corredor, indo para o quarto de hospedes, já tinha preparado tudo, Luciana só percebeu isso assim que entrou no quarto: Algumas pétalas de rosas vermelhas guiando o caminho até a cama.

_Você fez tudo isso, mas... E se eu não quisesse? – Arqueou as sobrancelhas.
_Primeiramente... – Aproximou-se dela, passando as mãos na cintura e apertando-a – Eu te chamaria de louca. Segundo, depois do clima na sala, pelo pouco que te conheço sei que não negaria.

   Ela sorriu e baixou a cabeça timidamente.

_Vamos tentar. Faz muito tempo que eu fiz isso.
_Apenas vamos fazer uma coisa em que somos bons... Fazer amor, e com você será a única coisa do universo que não canso.


        Luciana’s POV On

   Selamos os lábios em um beijo profundo, já correspondia com as mãos em suas costas, descendo para a barra da camisa, repousando-a por baixo dela para sentir a sua pele.Victor levou-me para a parede mais próxima, prensando-me para que pudesse sentir a sua excitação, prendendo-me em seus braços, aquilo estava sendo um máximo! Mesmo com os olhos fechados, eu rolava-os de tanto prazer. Os lábios se afastaram e ele olhou-me, sabendo que ali não tinha mais como voltar atrás. Estava nervoso como se fosse a primeira vez que iria me amar, sua respiração demonstrando toda a exasperação que meu corpo sentia.
Guiei cegamente para a cama até sentir que ele estava próximo a ela, abria os botões da camisa que ele usava, estava ofegante, querendo-o tanto que estava impaciente. Recebi a ajuda dele, que retirou a camisa, repousei as minhas duas mãos em seu peitoral, arranhando de leve e fazendo um esforço para colocá-lo sentado na beira da cama.  Victor lançou um olhar que me deixou mais viva, com mais garra e voltando a ser a Luciana que sempre fui quando estávamos entre quatro paredes. Sem perder muito tempo colocou a mão por baixo do meu vestido, puxando a calcinha de uma vez só. Sentei em seu colo com os joelhos apoiados na cama, ele beijou o meu pescoço enquanto eu subia mais o vestido, deixando-o na altura do quadril.

_Victor...
_Seja o que for, deixa pra depois.

   Victor voltou a beijar e dar leves sugadas no meu pescoço, eu queria dizer algo, mas o tesão estava imenso naquele momento.

_Victor, estou falando sério. – O empurrei de leve.
_O que houve meu amor? – Estranhou a minha atitude
_Fica aqui, já volto. – Saí da cama, ficando em pé, virei o rosto para encará-lo – Vai tirando o resto de roupa que você tem.

   Saí pelos corredores em busca da minha bolsa, claro que eu estava preparada para isso. Achei-a na sala e sem pensar em mais nada corri com ela de volta para o quarto

   Achei Victor apenas de boxer, esperando ansioso. Ergui a bolsa, abrindo-a rapidamente e com a respiração ofegante:

_Sei que estamos parecendo dois jovens virgens, mas você precisa usar isso. – Mostrei o pacote de camisinha.
_Mas porque Luciana?
_Não estou tomando comprimidos. Por favor, só hoje.

   Ousada, andei lentamente mexendo meu quadril de uma maneira sensual, deixando Victor quase sem ar, eu podia senti-lo nervoso, tragando a própria saliva.

_Adoro quando você fica assim, só de cueca.

   Provoquei-o com um beijo profundo, agora estava me insinuando para ele, descendo as mãos pelo corpo dele até chegar na barra da boxer. Ousada, coloquei a mão dentro para sentir a intimidade que latejava e estava rígida. Victor gemeu entre meus lábios enquanto sentia a tortura que a minha mão fazia em seu membro, fazendo caminho de ida e volta bem devagar.

_ Lucy! Melhor parar. – Sussurrou com a voz falha.
_Por quê? Não está gostando, meu bem?
_Eu preciso de você... Tem que ser agora.
_Pra que a pressa quando temos a noite inteira pela frente.

    Empurrei-o para deitar por completo na cama. Sim. Eu estava nervosa, com medo de errar em algo mas nessas horas deixei tudo de lado para viver do prazer, prazer esse que iríamos ter como nos velhos tempos. Tomei seus lábios e o beijei, sentindo Victor segurar minha cintura e com toda força masculina jogar meu corpo para baixo, nossas intimidades roçando, apenas aquele tecido da sua cueca nos separava. Desci meus lábios para seu corpo, deixando um rastro por onde passava, parei entre suas pernas e sorri para ele que estava nervoso e ao mesmo tempo louco de excitação. Mordi de leve a parte interior das coxas e subi para sua virilha, não era preciso ser expert para saber que Victor estava pulsando em sua intimidade, clamando para que eu o livrasse daquela boxer. Mordi de leve o seu membro ainda por cima daquela cueca e o vi agarrar com força os lençóis próximos, pender a cabeça para trás e conter o gemido que estava preso em sua garganta, vagarosamente tirei seu membro e com minha boca e mãos explorei aquela região. As mãos de Victor foram para meu cabelo, segurando com força, oras puxando, outras, me guiando na velocidade que queria.

    Senti ele me virar e acomodar minha cabeça no travesseiro, seu olhar era pura luxuria misturado com seu jeito encantador e romântico. Colocou-me sentada para tirar meu vestido, deixando-me com o sutiã, que também não durou muito em meu corpo, ele pôs a mão no feixe, passando as alças por meus braços, revelando os meus seios. Deitou-me novamente e do mesmo modo que eu fiz, ele fez em meu corpo, deixando um rastro por onde seus lábios passavam, parou com a boca em um dos meus seios e sugou-o, enquanto uma das mãos tomava o outro e apertava me causando um prazer imenso. Sua língua fazia círculos pelo meu mamilo e eu me contorcia mais embaixo do seu corpo. Prazer maior foi sentir os dedos dele em minha intimidade, fazendo círculos enquanto sua boca não parava de sugar meu seio. Estava a ponto de gritar e acordar todos os vizinhos, as ondas do prazer estavam ficando cada vez mais fortes quando ele parou.

   De joelhos Victor procurou a camisinha, achando-a na cama. Rasgou o pacote nas pressas, estava ofegante, sentindo-se sufocado. Amava vê-lo assim, com as mãos tremulas enquanto tentava se proteger. Victor deitou sobre mim, um medo o invadia, achava que não iria conseguir.

    Senti Victor investir dentro de mim, devagar, parando na metade para procurar meus olhos e quando encontrou, sorriu com um brilho nos seus. Aquela magia eu apenas queria que se esticasse pela eternidade, a cada vez que sentia seus carinhos em meu rosto, sua voz rouca me falando coisas próprias para aquele momento, um prazer me invadia. Gemi ao sentir que ele agora fazia movimentos contínuos, parando algumas vezes. Após alguns minutos, já sentia que o prazer estava a caminho, me invadindo por dentro, aumentei os gemidos e fiquei procurando onde colocava as mãos para fincar minhas unhas. Victor também estava sentindo que o prazer não iria demorar muito para chegar e acelerou os movimentos, clamando pelo meu nome. Caiu sobre mim, cansado, respiração rápida e feliz.

_Te amo – Saiu de dentro de mim e deitou ao meu lado

   Virei meu corpo para aninhar-me ao dele, estava satisfeita e feliz. Coloquei a cabeça em seu peitoral e fechei os olhos. Após a luta pelo prazer, vinha a paz e a satisfação. Tudo estava tão calmo que achei que tinha cochilado, mas antes de pensar nisso ou meus olhos quererem fechar, Victor respirou forte, fazendo isso apressadamente.

_Está tudo bem? – Ergui meu rosto para encará-lo.
_Sim. – Tentou sorrir. – Acho que eu achei um momento bom para desabafar.

   Victor forçou levemente minha cabeça a afastar dele. Fazia menção de levantar, não só saí de perto dele como sentei encostada na cabeceira. O encarava com mil perguntas em minha mente. Será que aquela nossa transa foi um teste para ele e ao fim saber que não existia sintonia entre nós?

_Estou ficando louco guardando tanta coisa só para mim.
_Pode falar, Vih. – Toquei sua mão. – Se for sobre nós, estou preparada.
_Não. – Ele abriu um sorriso lindo. – Nosso relacionamento está indo tão bem. essa noite só fez provar isso.
_Então conte-me o que te aflige?


Luciana’s POV Off.

Continua...