segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cap. 14



    Os dias estavam passando rápidos, Victor já não parava muito em casa, estava ensaiando para a nova turnê. Sem ter coragem, Luciana adiava mais e mais o exame, no fundo tinha medo de decepcionar Victor, agora ele só falava sobre bebês, estava radiante, mesmo sem contar nada a ninguém, somente a Leo. Certa noite, terminou de ensaiar e o irmão o chamou para conversarem:

_E aí, Lu já fez o exame?
_Ainda não. Nessa situação quem fica mais nervoso sou eu
. – Sentiu que estava prestes a desabar, achou no irmão o porto seguro – Nem me alimentando direito estou e a Luciana ainda nessa de deixar para depois. Leo, se ela estiver grávida será de risco.
_Eu sei
– Bateu no ombro dele – Não pressiona ela, Vitor. Certas coisas o destino sabe o que faz.
_Estou bem, confiante. Tenho certeza que ela está grávida. Hoje pela manhã estava lá no banheiro, passando mal, mas não quis me dizer.
– Baixou a cabeça, estava triste.
_Dê tempo ao tempo, nego veio.
_Eu sei.
– Ficaram em silencio por alguns segundos – Já estou vendo a hora de pegá-la nos braços e levar ela para fazer esse exame.
_Vai ser pai babão assim em outro canto
– Riram. – Juro que também queria que Luciana estivesse grávida, seria bacana.
_Pois é.
– Olhou o relógio no pulso – Vou nessa, ainda dá tempo pra ver a Gabi acordada.

    Voltou para casa, desabafar com Leo estava sendo bom, assim ele chegaria em casa mais tranqüilo. A casa estava em um silencio total, nos andares superiores, tudo estava apagado; olhou a hora, já passava das dez da noite. Abriu a porta do seu quarto e Luciana estava dormindo, parou para fitá-la, ela esqueceu de fechar as cortinas, a lua brilhava aquele quarto e os traços do rosto dela.

_Como te amo minha Luciana.

    Sentou-se na beira da cama para por as mãos no rosto dela, que acordou assustada:

_Amor?
_Oi Lu, volta a dormir.
_Que bom que já chegou.
– Sentou-se na cama, ligando o abajur – Estava preocupada.
_Amanhã já começamos a viajar.
– Tocou o rosto dela – E você nem fez o exame.
_Esquece isso, não estou grávida.
_Como não Luciana? Hoje pela manhã eu vi você passando mal no banheiro.
_Foi o brigadeiro que exagerei, Victor.
– Ficou séria – Não posso ter mais nada que agora você fica achando que é sintomas de gravidez.
_Ok, não vou discutir, você sabe o que faz da sua vida.

    Levantou-se e foi até o banheiro, aquela água estava deixando-o mais calmo e assim ficou ao deitar-se do lado dela; Luciana já dormia tranquilamente, às vezes ele achava que isso era egoísmo, como se ela não estivesse nem aí para os sentimentos dele, como se ele fosse um nada. Procurou esquecer e foi dormir.

   Pela manhã Luciana acordou primeiro que ele, iria começar a trabalhar e tinha que manter sua rotina em ordem. Ficou observando ele ali, dormindo, perfeito. Após a conversa da noite anterior, ela decidiu ir fazer o exame e não passaria daquele dia. Desceu, tomou café e ainda brincou um pouco com a filha, ao voltar pro quarto para trocar-se, Victor já estava encarando o teto, pensativo.

_Bom dia.
_Oi
– Olhou para ela.
_Victor
– Sentou na beira da cama – Me desculpa por ontem, eu só não quero que você me cobre caso eu não esteja grávida.
_Vamos esquecer isso, já que você mesma diz não estar grávida.
– Levantou-se.

   Enquanto ele entrou no banheiro, ela trocou de roupa, já estava se maquiando quando ele voltou do café.

_Vai onde?
_Minha rotina está voltando ao normal. Hoje vou a clinica, depois pego plantão no hospital.
_Tenta não deixar a Gabi só.
_Pode deixar.
– Estava saindo do closet quando sentiu as mãos dele em seu braço.
_Não deixa nosso casamento entrar em crise por coisas banais, Lu.
_Você sabe que se depender de mim isso não vai acontecer.
_Então porque iria embora sem ao menos despedir-se de mim?

    Aquele olhar de Victor, quase suplicante, fez Luciana sentir seus olhos marejados e logo as lagrimas caírem livremente.

_Será que sou eu que estou te ignorando? Victor, você sai, passa o dia todo na rua, mal chega em casa e já vem com cobranças. Tenta entender meu lado, estou nervosa, com medo de tudo dar errado e ver você ficar triste outra vez...
_Shhhi...
– Colocou o dedo indicador nos lábios dela – Vamos esquecer, apenas vem cá.

   Puxou-a mais para perto, colocando a cabeça dela em seu peito, acarinhando os cabelos. Luciana chorava, o apertava mais e mais.

_Não vou te pressionar em nada.
– Falou após sentir que ela estava calma – Também não vou exigir para você fazer esse exame.
_Obrigada.
– Limpou o rosto – Agora eu tenho que ir.
_Ir embora sem beijar minha boca? Isso é um pecado, Senhora Chaves.

   Ambos sorriram e se entregaram aquele beijo, um beijo que dizia tudo o que palavras não podiam expressar, Ela o amava muito, sentiu isso com aquele beijo.

_Agora estou liberada meu Senhor?
_Tudo bem. Bom trabalho... Ah! Tô viajando, pode ser que não nos encontremos nesses dias.
– Afagou o rosto dela – Como vou sentir saudade das mulheres da minha vida.
_Nós vamos sentir mais. Acredite. Tenho que ir.

   Pegou a bolsa e desceu, ligou o carro e antes que saísse viu Victor vindo em sua direção.

_Aconteceu algo?
_Não. Apenas vim te deixar isso...

   Segurou a nuca dela e a beijou profundamente.

_Te amo, não esquece, tá?

   Luciana saiu dali sorridente, ganhou o dia. Entrou no consultório e Raquel lhe felicitou:

_Doutora, parabéns pelo casamento. Tudo estava tão lindo.
_Obrigada Raquel
– Foi entrando na sala
_E como foi a lua de mel?

   Luciana parou, encarou-a e na mesma hora lhe veio uma vontade louca de pedir ajuda a sua recepcionista, sabia que com ela podia confiar.

_Foi bem... Raquel, você estava fazendo curso de enfermagem, não é?
_Sim. Estou na reta final.
_Ok.

    Arrumou a sala pensativa, atendeu as pacientes; antes de terminar o expediente foi procurar em sua sala alguns objetos que conseguiu. Chamou a secretaria.

_Pois não Doutora?
_Raquel, se eu te pedir para fazer algo, você me ajudaria?
_Dependendo do que for, se estivesse ao meu alcance, sim.
_Ótimo
– Colocou os objetos na mesa. – Retira um pouco do meu sangue?

  A recepcionista assustou-se.

_Desculpe Dona Luciana, mas porque eu faria isso?
_Preciso fazer uns exames. Por favor, só tenho você nesse momento.

    Com a sua ajuda, a secretaria conseguiu retirar o sangue, entregando a ela a seringa:

_E agora?
_Agora vou levar esse sangue para o exame. Muito obrigada.

   Saiu do consultório e foi direto para o hospital, não perdeu seu tempo com ninguém, estava com pressa, foi para o laboratório do Hospital.

_Doutora, veio nos visitar?
_Sim. Lílian, posso te pedir um favor?
_Sim, claro.
_Pode fazer um exame com esse sangue?
– Colocou a amostra na mesa. – É para uma paciente minha, enfim.
_A senhora sabe que se eles me pegam fazendo exames sem fichas de pacientes estou ferrada né?
_Mas é um exame simples. Por favor?
_Ok Doutora, mas ó, vou fazer escondido.
_Muito obrigada.

   Deu as costas e foi até a saída, a enfermeira lhe parou:

_Doutora, qual é o exame?
_De gravidez. Mais tarde eu venho buscar o resultado, não tem pressa.

   Saiu dali um pouco aliviada, estava confiante e tranqüila. Pela tarde pegou plantão, Michael ao vê-la sorriu.

_Doutora, como foi de lua de mel?
_Bem Michael, agora é voltar a rotina.
– Colocou o jaleco.
_Você faz falta aqui.
_Eu sei disso.
– Sorriram – E você, como está?
_Bem, agora estou melhor.
_Sem cantadas baratas, Doutor.
– Riram gostosamente. – Vamos trabalhar.

   Ocupou-se quase o plantão inteiro, parando apenas para falar rapidamente com Victor que lhe ligava:

_Oi amor.
_Está podendo falar?
_Espera
– Foi até sua sala – Agora sim. Como nos velhos tempos. – Riram.
_Estava sentindo falta disso, quando éramos amigos parece que nos falávamos mais pelo telefone.
_Também acho. Como está?
_Um pouco cansado, o ruim de você voltar de férias é isso, estou com saudades de você, da Gabi...
– Suspirou triste – Queria tanto poder estar aí com você.
_Eu disso meu amor. Já chegou na cidade onde vai fazer o show?
_Já, estou descansando um pouco antes de show, pensei em você, por isso te liguei.
_Eu também penso em você a cada vez que perguntam como foi nossa lua de mel. Estou com saudades e é muita mesmo.
_Vamos parar por aqui que ultimamente você está pior que uma manteiga derretida.
– Ouviu Luciana ri em meio ao choro. – Não falei? Já está aí chorando. Lu? – Ouviu os soluços dela.
_Fala.
_Não chora, por favor.
_Tudo bem. Eu vou ficar bem.
_Acho que não. Só vou desligar quando sentir segurança em sua voz.

    Continuaram conversando até ela sentir-se um pouco mais calma, desligou e foi até a recepção, ficou por ali e só parada, assistindo TV que percebeu que acabou esquecendo de buscar o exame. Correu até o laboratório, uma das secretarias estava na recepção:

_Doutora, tudo bem? Você é a Luciana da ala da maternidade não é?
_Sim.
– Estava eufórica – A Lílian deixou algo com você?
_Não. Mas como acabei de chegar vou ver aqui
– Procurou pelas gavetas – Não Doutora.
_Ah, esquece.
– Voltou desanimada, ouviu a secretaria chamá-la – Pois não?
_Lembrei agora, a outra recepcionista tinha me dado um recado, ela disse que deixou por aqui
– Abriu a ultima gaveta – Está aqui, o exame.

   Luciana sorriu involuntariamente, pegou o exame lacrado, agradeceu e voltou para a área dos funcionários; não queria abrir aquele exame sozinha, mas sua ansiedade estava tomando conta de si. Abriu com as mãos trêmulas e em meio a tantos nomes, lá estava o resultado: Positivo

   Procurou uma cadeira para sentar-se, estava chorando, sozinha, precisando de alguém. Lembrou de Victor, ele tinha que ser a primeira pessoa, a saber da noticia. Tateou as mãos nos bolsos do jaleco e percebeu que tinha deixado o celular em sua sala. Correu como uma louca, como se o mundo fosse acabar naquele instante, parecia que quanto mais corria, mais a sua sala estava distante, os piores segundos da sua vida.

Continua...

Cap. 13



_Todos os sintomas que você teve, era isso. Ela me disse que fizeram uma ultrassom rápida, nas pressas, coisas de emergência, mas me pediu que você fizesse um exame de gravidez para confirmar.
_Eu não estou grávida.
– Levantou-se passando as mãos no cabelo, desesperada. – Não pode ser Victor!
_Quem sabe você não esteja grávida mesmo?
– Abriu um sorriso encantador.
_Eu não tive sintomas de gravidez Victor, isso tá errado.
_Se está eu não sei, mas caso esteja, é uma gravidez de risco, Luciana. Vamos dormir e esquecer isso, amanhã conversamos mais para chegarmos a uma conclusão. 

   Naquela noite ficou acordada em meio a seus pensamentos, procurou algum sintoma de gravidez naqueles dias e não achou. Lembrou-se da sua ultima gestação, os três primeiros meses foram de enjôos, sonolência, desejos. Definitivamente ela sentiu que não estava grávida. Viu o dia amanhecer, levantou-se ao ver que passava das oito horas, descendo as escadas viu que Geovana já estava na mesa com Gabriela.

_Bom dia, levantou cedo.
_Na verdade nem dormi
– Falou mais para si.
_Porque?
_Acho que é o fuso horário.
– Serviu-se com uma xícara de café. – Vocês vão ficar mais alguns dias?
_Infelizmente não minha filha. Segurei Lucas esses dias por aqui a pulso. Sabe como é seu pai, vive para o trabalho.
– Sorriram.

   Luciana aproveitou cada minuto com Gabriela, estava no jardim quando Victor abraçou-a por trás.

_Dormiu bem?
_Acho que sim.

   Ele virou-a para que lhe encarasse, percebeu as olheiras contidas nela:

_Não dormiu.
– Estava preocupado. – Como vou poder ir para o escritório com você assim?
_Eu prometo descansar bem pela tarde. Prometo.
_Assim espero.

   Despediu-se de Luciana e foi ao escritório, precisavam fazer tudo antes da turnê começar, mas seu pensamento estava em Luciana. Estava sorrindo internamente por saber que ela poderia estar grávida, mas ao mesmo tempo uma tristeza o consumia por dentro.

    Pela tarde, Luciana foi levar Geovana e Lucas ao aeroporto. Seu pai lhe fitava pensativo, pararam para tomar um café antes de pegar o vôo.

Lucas: _O que você tem Lucy? Está com uma fisionomia péssima.
Geovana: _Geralmente a lua de mel nos deixa em ótimas condições.
Luciana: _Não sei, eu estava bem em Veneza. Mas foi chegar aqui pra o cansaço bater.
Lucas: _Faça uns exames, se não conseguir me avise, que eu te ajudo.
Luciana: _Obrigada pai.

   Luciana detestava despedida, pior agora com Gabriela chorando muito ao ver os avós entrando no portão de embarque.

_Para de chorar meu anjo, eles vão voltar depois.
– Estava impossível, Gabriela se “esgoelava” de tanto chorar.

   Tentou acalmar sua filha enquanto a colocava na cadeirinha dos assentos traseiros. Sentindo-se segura, saiu do aeroporto conversando com a filha e logo tinha esquecido dos seus problemas, mas ao parar no semáforo, viu uma farmácia e decidiu descobrir logo se era verdade ou não. Estacionou e desceu com a Gabriela nos braços, que estava mais calma e entretida nos objetos ali; pagou os três exames de gravidez que iria usar e voltou para casa.

   Enquanto sua filha dormia, ela estava sentada na cama, olhando para aqueles testes. Sentia uma vontade enorme de fazer, mas tinha medo. Deixou-os de lado e procurou deitar-se um pouco para descansar. Sentiu as mãos de Victor em sua cintura, espreguiçou-se com um sorriso.

_Oi
– Ficou de frente para ele.
_Oi.
– Ele sorriu
_Jantou?
_Não. Apenas bebemos no restaurante. A comida da Lourdes ainda é a melhor.
_Você falando assim até penso que sou péssima cozinheira.
_Não. Gosto do macarrão que você faz.
_Quer ele agora?
_Hum...
– Olhou para o teto. – Não. Amanhã você faz.

   Desceram para jantar, aproveitaram aquele fim de noite com Gabriela; pareciam três crianças ali naquele tapete, brinquedos espalhados, risos da filha, deixando os pais completamente bobos.

_Ok, agora já chega.
– Luciana levantou-se – Hora de dormir. – Pegou a filha no colo. – Amor, recolhe esses brinquedos.
_Você fica com a melhor parte e eu com a pior. Sacanagem, Lu.
– Fingiu estar serio
_Então amanhã vou te colocar na missão de botar nossa filha pra dormir pra você ver como é bom.

   Sorriu e subiu para o quarto de Gabriela, após muito custo, ela conseguiu dormir.

   Luciana entrou no quarto e Victor já estava no banho; aproveitou para despir-se no closet e analisar com calma seu corpo. Não achara nada, não engordara, tampouco emagrecera, seus seios estavam no mesmo tamanho, seu quadril também.

_Se isso foi uma surpresa para mim estou gostando
– Victor encarou-a pelo espelho, em passos lentos abraçou-a por trás.
_Não foi surpresa nenhuma, estava olhando meu corpo.
_E aí?
_Não mudou em nada.
– Soltou o ar – Não estou tendo enjôos, desejos, nada. Acho que não estou grávida. – Virou para o encarar.
_Vamos dar tempo ao tempo. – Colocou as mãos no rosto dela, acariciando cada traço.
_Agora é minha vez de ir ao banho.
– Desviou dele e foi para o banheiro.

   Ela não queria se enganar, da ultima vez que fez o exame deu negativo, Victor ficou triste, com isso, ela também ficou na época. Colocou uma camisola leve e voltou para o quarto, ele estava com os testes de farmácia na mão.

_E aí, vai fazer?

   Ficou pensativa, estava indecisa. Seu maior medo era a decepção para Victor, que estava feliz por uma suposta gravidez dela.

_Melhor não.
– Tomou os testes da mão dele.

   Voltou para a cama e deitou-se ao lado dele que pegou sua mão, acariciou.

_Porque não quer saber?
_Acho melhor fazer o teste de laboratório.
_Posso ir com você se quiser.
_Tudo bem, vou marcar um dia.
_Que seja antes dos shows.

   Ambos olhando para as mãos que estavam entrelaçadas, se acariciavam em silencio. Victor puxou assunto:

_Pensei que iria te perder, meu amor.
_Nunca você não vai me perder, Victor. Foi só um susto.
– Aproximou-se mais dele, acariciando o rosto – Estou bem.

   Beijaram-se ternamente, cada toque em Luciana, Victor sentia uma sensação boa, gostosa; as mãos desceram para a cintura, puxando-a mais para si. O beijo foi ficando intenso, quente, ao ponto dele querer já estar dentro dela. Logo veio em sua mente, que ela estava de repouso ainda, porém ela estava indo mais além, descendo sua mão pelo peitoral, brincando com sua barra da cueca.

_Melhor irmos com calma, Lu.
_Você tem razão.
– Afastou-se um pouco dele. – Estou tão carente hoje.
_Que tal dormirmos abraçados?
_Sei que não vou conseguir. Não vou me controlar.
– Riram
_Eu sei disso. Também não vou conseguir dormir com você do meu lado assim.
– Levantou-se.
_Vai aonde?
_Vou lá pra baixo, preciso passar algumas coisas para o violão. Estou com umas idéias.
– Beijou-a rapidamente.

   Victor saiu do quarto e Luciana suspirou, estava contente, feliz e satisfeita em tudo na vida. Mais uma vez estando só, correu para o closet para se olhar no espelho e mais uma vez não achou nada de estranho em seu corpo. Voltou para a cama, logo dormiu.  

Continua... 

sábado, 28 de junho de 2014

Cap. 12



   Após toda a turbulência causada naquele dia, Victor não saiu do lado de sua amada enquanto ela estava internada. Já tinha combinado com Leo de que iria antecipar o fim da sua lua de mel, com Luciana adoentada nada tinha mais alegria.

   Já liberada, foram para o hotel; todo o trajeto ele estava calado, triste, cabisbaixo.

_Enfim saí daquele hospital.
– Sentou-se na cama. Olhou para Victor que estava tirando a jaqueta. – Vem cá.

   Ele foi até ela, sentou do lado, segurou-lhe as mãos com força, levando-as até a boca para beijar.

_Não quero ter um susto desses nunca mais. Pensei que iria te perder.
_Vou ser uma pedra no seu sapato por muito tempo, marido.
– Sorriram. – Estou até mais revigorada, quero passear. – Levantou-se

   Victor segurou a mão dela.

_Volta pra cama, você está de repouso, ordens medica.
_Não sei se você entendeu que sou médica; e médicos usam sempre o ditado: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”
– Foi andando até a mesinha, segurou os papeis do hospital – Qual foi a causa do meu desmai...
_Não!
– Correu até ela e tomou-lhe o papel – Já te falei pra deitar na cama, mas você é teimosa que só.

   Sentiu que fora um pouco grosso nas palavras, mas o medo de que Luciana visse aqueles papeis tomou conta de si.

_Credo Victor, precisa dessa grosseria não.
– Foi até a cama, retirando a roupa.
_Desculpa meu anjo. – Deitou-se do lado dela. – Só estou preocupado.

   Permaneceram em silencio por longos minutos, apenas se acariciando, olhando profundamente um para o outro.

_Vih.
_Fala
_O que houve comigo? Necessito saber.
_Você desmaiou. As dores abdominais foi uma alergia causada pelos frutos do mar que comemos. Mas eles acharam melhor não passar nenhuma medicação. Quando voltarmos para o Brasil faremos isso.
_Vou fazer uns exames, o que acha?
_Seria ótimo.

   Viu Luciana dormir em seus braços; ainda estava um pouco febril, mas nada que o preocupasse. Levantou-se e foi até o sofá, uma angustia tomava conta de si, às vezes se sentia culpado por isso estar acontecendo.

   Pela noite, lendo alguns e-mails, nem percebeu que Luciana levantara, estava só de calcinha e logo sentou no colo dele.

_O que você tanto mexe nesse troço que não tem tempo para sua esposa?
– Beijou-lhe o rosto.
_Não consigo ficar muito tempo sem trabalhar, na ausência do meu violão, me ocupo com isso.
_Mas agora que sua esposa maravilhosa acordou... Podemos nos ocupar com outras coisas.
– Mexeu o quadril, deixando-o entorpecido e para piorar, sussurrou no ouvido – Estou com desejo, quero fazer amor.

   Victor já estava ficando louco de tesão, sentia sua intimidade ficar rígida e seu abdômen contrair-se, mas prometera a si mesmo que não faria mais nada, a preocupação com a saúde de Luciana falava mais alto; segurou o quadril da amada, precisava pensar em algo que cortasse o clima ali:

_Vamos com calma, você acabou de se recuperar.
_Mas eu quero Victor.
– Falou com a voz chorosa – Por favor.

   Ficou calado, em sua mente estava procurando algum assunto banal que os distraíssem, logo veio em sua mente um:

_Lu, é... Teremos que antecipar o fim da nossa lua de mel aqui em Veneza.
_Mas... Por quê?
_O meu trabalho, os caras não estão dando conta do recado, temos que ensaiar que na próxima semana já começa a turnê. Enfim, Leo não queria que eu voltasse antes, mas acho melhor.

  Luciana respirou fundo, saiu do colo dele, cruzando os braços o encarando:

_Como sempre, seu trabalho. Porque você não foca um pouco na nossa vida conjugal? Porra Victor.
– Voltou para o quarto.

   Ela esbravejava de raiva, ele apenas permaneceu calado; mal sabia Luciana que tudo isso era por questão da sua saúde.

_Voltamos quando para o Brasil?
– Apareceu novamente perto do sofá.
_Amanhã.
_AMANHÃ? VOCÊ TÁ LOUCO?
_Luciana, não grita, estou com dor de cabeça.
– Sua mão foi na têmpora, fazendo movimentos repetitivos.
_QUE SE DANE SUA DOR DE CABEÇA E EU? E NÓS? – Sentou-se no sofá, ao lado dele, sentia que iria chorar – Planejamos tanto essa lua de mel.

   Logo veio na mente de Victor que Luciana não poderia ter raiva, estava melhorando de saúde, mas não por completo.

_Desculpa meu anjo, eu só queria que você entendesse, Lu.
– Abraçou-a de lado. – Mil desculpas.
_Ok, eu vou dormir.

   Ao deitar-se Luciana pensou em algo. Victor estava estranho, calado, triste, escondia algo dela e talvez o problema fosse ela. Conseguiu dormir, foi acordada por ele quando o sol já estava raiando.

_Acorda, você tem que se alimentar. Come devagar.
– Colocou a bandeja na cama.
_E você, não dorme não?
_Dormi um bocadinho.
_Quando chegarmos no Brasil, tenta descansar. Na próxima semana começa a maratona de shows e você não tem aproveitado nada.
_Eu sei. Lu, me desculpa? Prometo em um outro momento fazer uma lua de mel com você.
_Deixa pra lá. Apenas continua me amando, mesmo sabendo que eu vou ser essa chatinha, tá?
_Sempre.
– Colocou a mão no rosto dela, acariciou.

   A volta para o Brasil foi estranha; Luciana sentia que Victor lhe escondia algo, ele já a evitava e nem tomar banho juntos para fechar com chave de ouro a despedida de Veneza, ele quis.

   Após horas de viagem, chegaram em Uberlândia. Um sono fora do comum tomou conta dela, parecia que estava anestesiada, foi preciso Victor acordá-la:

_Amor, chegamos.

   Seu coração batia forte, podia senti-lo, isso só de imaginar que Gabriela estava esperando-a. Desceu eufórica do jatinho e ao ver Geovana com sua filha no colo não conteve a crise de choro.

_Minha pequena.
_Como foi a viagem Lucy?
_Bem mãe.
_Está um pouco abatida.
– Lucas como um bom medico percebeu que algo estava errado.
_Foi a viagem, Seu Lucas.
– Victor se meteu na conversa.

   Voltaram para casa pondo os assuntos em pauta, Luciana falava sobre os pontos turísticos, Geovana amava só pelo fato de saber que alguns eram em templos católicos.

_Nem parece que voltei a minha casa.
– Sentou-se no sofá.
_E nem parece que estou te vendo aqui, minha filha.

   A conversa se estendeu até Leo, Tatianna e os filhos chegarem ali; com muita alegria e abraços, Luciana estava se sentindo especial, seria mais se algo não a atormentasse: Após abraçar Leo, ele fez uma expressão de preocupação, olhando cada detalhe da cunhada. Para ela, ele sabia de algo, pois trocou olhares com Victor na mesma hora, após isso, afastaram-se do restante de pessoal, indo para a varanda.

   Algo martelava em Luciana, já estava inquieta, louca para ter um momento a sós com Victor e depois de tanto pedir, aconteceu. Leo foi embora tarde da noite, Geovana se prontificou de colocar Gabriela para dormir e depois disso, iria para o quarto de hospedes. Momento certo para ela ir até o quarto, Victor já estava no banho e ela sentou na cama, ao vê-la, assustou-se:

_Pensei que iria colocar Gabi para dormir, não estava com saudades da nossa pequena?
– Foi para o closet, ela esperou que ele voltasse.
_Estava, mas minha mãe pediu para fazer já que é o ultimo dia dela aqui.
– Ele apareceu já com o pijama, sentando do lado dela. – Agora é a hora em que precisamos conversar. O que eu tenho de errado? Você está escondendo isso de mim, eu sinto Victor.

   Ele baixou a cabeça, já entregando os pontos. Ao erguer o rosto, seus olhos estavam marejados:

_Sim Lu, infelizmente você foi o motivo da nossa lua de mel terminar logo. Ou melhor, sua saúde.
_Pode falar Victor
– Segurou a mão dele fortemente. – Serei forte a tudo com você do meu lado, sei disso.

  Ele a olhou ternamente, beijou a sua mão:

_O que a doutora lá em Veneza me falou me fez ficar perplexo, eu não acreditei de imediato, até pensei que fosse o péssimo inglês dela, mas não. Luciana, você teve inicio de aborto espontâneo.

  Luciana demorou a digerir tudo aquilo, começou a ficar pálida.

Continua...

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Cap. 11



   Naquela manhã, Luciana acordou um pouco indisposta, talvez pelo esforço físico da noite anterior.

_Ainda bem que acordou, dorminhoca.

   Victor estava sentado em uma cadeira próxima a cama; acordou primeiro que ela, arrumou-se e ficou vendo sua esposa dormir tranquilamente.

_Está tudo bem?
_Acho que sim.

   Luciana arrumou-se e juntos saíram para tomar café ao ar livre, um dos sonhos dela. Percebendo que ela sequer tocou na comida, isso o fez ficar preocupado:

_Hei.
– Tocou-lhe a mão – Está tudo bem mesmo?
_Acho que sim... Sei lá, estou com uma sonolência, enfim.
_Calma... Ainda nos restam alguns dias aqui, vai se recompondo.

   Ela sorriu fraco. Algo incomodava em Luciana, um aperto no coração, algo estranho. Pensou em Gabriela, talvez fosse saudade.

_Vou ligar para casa, quero saber sobre a Gabi.
– Falou enquanto entravam no hotel.

  Ligou para casa e ao ouvir a voz da sua filha, o choro invadiu-a, soluçava, fungava. Victor abraçou-a por trás enquanto ela desligava o telefone:

_Está tudo bem por lá?
_Sim.
– Virou-se e afundou o rosto no peito dele – Estou com saudades da minha pequena. – Chorou
_Como você quer viajar para passar meses se nem suporta ficar longe da sua filha?
_Vai ser difícil... Muito difícil.
– Suspirou.

   Ambos ficaram em silencio, Victor queria confortá-la, mas no fundo também estava com saudades de tudo que exista em terras Brasileira.

_Está em condições de continuar nosso passeio?
_Sim, já estou melhor.
_Ótimo.

   Durante o passeio romântico de
*Gôndola, Luciana estava pensativa, quieta, apenas tirava fotos porque Victor pedia; ele estava mimando-a muito, fez muito carinho, encheu-a de beijos, estava feliz.

   Após o almoço, Luciana deitou-se na cama, estava febril, Victor percebeu ao passar a mão na testa dela.

_Amor, você vai adoecer.
_Está tudo bem, Victor. É só uma indisposição, vou melhorar.

   Enquanto Victor mexia no notebook, ouviu Luciana gemer de dor. Mais uma vez foi até ela.

_O que está acontecendo, Lu?
_Eu quero chocolate. Vai comprar pra mim?
– Esticou o lábio, estava com uma voz chorosa
_Ok.

   Foi bem rápido a uma loja qualquer e comprou o que a esposa pediu. Estava realmente preocupado com Luciana, depois do almoço ela piorara.

_Amor?
– Não a achou na cama.

   Foi até o banheiro e ouviu barulho, Luciana estava vomitando tudo o que digerira no almoço. Rapidamente ele abriu a porta, segurou os cabelos dela, após isso, deu descarga enquanto abaixava a tampa e colocava-a sentada ali.

_Você não precisa ver isso.
– Estava pálida e com vergonha.
_“... Na saúde e na doença...”, lembra que fiz essa jura diante do Padre?
_Eu sei, mas pode voltar pro quarto, vou tomar um banho para recompor minhas energias.
_Podemos fazer isso juntos.

   Como se estivesse cuidando de uma criança, Victor tirou a roupa de Luciana, despiu-se e juntos entraram no banheiro; pela expressão no rosto dela, percebeu que não estava bem.

_Está bem?
_Sim.
_Não mente pra mim.
_Estou sim.

   Voltaram para o quarto; Victor cuidou por completo dela, deitaram-se na cama, abraçando-a por trás:

_Está melhor?
_Sim, só estou sentindo uma dor abdominal, mas vai passar.
_Esses dias comemos muito frutos do mar, será que você é alérgica a algum?
_Não sei.

   Com carinho, ele ficou massageando a barriga dela até sentir que ela estava adormecendo, saiu da cama e foi para o sofá, precisava saber se estava tudo bem, se os ensaios com a banda estavam bem sem ele, Leo lhe passava total segurança de que estava indo bem. Ouviu um barulho e ao aproximar-se da cama viu Luciana caída no chão, com as duas mãos na barriga, gritando de dor.


          Victor’s POV On

  “Senti uma dor no peito ao ver Luciana ali, caída. Corri rapidamente até ela:

_Amor, o que você tem? – Ajoelhei-me. – Luciana, fala comigo.
_Está doendo Victor, tá pior...

   Tantos anos de amizade foram bem vindos naquela hora, ela tentava esconder, mas a dor era bem maior do que eu podia imaginar; Luciana sempre fora assim, passava uma imagem de forte, mas por dentro sabia que estava clamando por ajuda. Coloquei-a sentada na cama e fiquei desesperado, longe de tudo e de todos, não tinha ninguém para me ajudar e se estivéssemos no Brasil, já estava com ela em meus braços, pegando o carro e levando-a para o primeiro hospital que visse na minha frente.

_Que dor é essa Luciana? Preciso saber.
_Dói muito Victor... Acho que não vou suportar.

   Nos seus olhos tinham lagrimas, e na sua boca veio essa frase, realmente ela estava sofrendo.

_Vou colocar minha calça, te levo para emergência.

   Enquanto colocava minha calça e uma blusa, Luciana aumentou os gritos e quando virei, ela estava jogada na cama, bastante pálida.

_Luciana – Bati de leve em seu rosto – Meu amor, fala comigo.

   Ela não respondeu e minha angustia só aumentou. Desesperado, peguei o telefone e liguei para a recepção do hotel, não sabia como me comunicar porque na hora do desespero nem lembrava das línguas estrangeiras que eu sabia.

**_Help-me!... Emergency! I... I.. I need an ambulance!

   Minha fala estava cortada, me segurando para não chorar. Luciana estava desacordada, ali, jogada na cama. Voltei para ela e fiquei lhe acariciando.

_Por favor Lu, volta. Minha vida é você.

   Em alguns minutos já estava no hospital. Tudo ali era estranho, nada de noticias de Luciana que foi levada para uma sala, estava fazendo exames. Não queria ligar nem preocupar ninguém, não iria adiantar em nada, nem eles poderiam vir, tampouco eu poderia confortá-los. Sentei-me na cadeira do corredor e comecei a chorar; lembrando das palavras da minha mãe, fiz uma oração. Não era devoto de Santo algum, apenas tinha fé em Deus e tudo o que referisse a ele, mas nesse momento, apelei, implorei. Uma enfermeira me chamou e me levou até a doutora; meu coração estava na mão, eu podia me ver com uma expressão desesperada. Medo, era isso; medo de saber que não teria mais Luciana em minha vida, de que os melhores momento fora na noite anterior.

   Cada palavra dita da boca daquela doutora me fez ficar perplexo, me segurando para não chorar; queria ombro amigo, alguém nesse momento difícil para me amparar, mas não. Até pensei que não estava entendo o que ela dizia, já que ela forçava o seu inglês e não saia perfeito, mas sim, realmente era aquilo, não existia outras palavras no mesmo sentido.

   Antes de visitar Luciana em um dos quartos, liguei. Somente uma pessoa poderia me ajudar nesse momento... Meu irmão, nele eu podia confiar cegamente.

_E agora Vitor, o que tu vai fazer? – Me perguntou após saber da historia
_Apenas quero adiantar minha volta para o Brasil. Se for para ela se tratar, que seja aí.
_Calma nego véio... – Ficou em silencio por alguns segundos, deduzi que estivesse chorando. Limpou a garganta para falar melhor – No seu lugar, eu faria o mesmo. Vai dar tudo certo, cara. Confia em Deus.
_É isso no que estou pensando a cada minuto. Tenho que desligar, vou ver ela.
_Ok, da um abraço bem forte nela por mim.
_Pode deixar. Abraços.

  Não iria contar a Luciana o que estava acontecendo, ela iria se desesperar se soubesse. Iria deixar passar esses dias, quando estivéssemos a sós, na nossa casa, contaria tudo.”

Victor’s POV Off. 

_________________

*Gôndolas: embarcação típica da Lagoa de Veneza, na Itália. Pelas suas características de manobrabilidade e velocidade, foi, até a chegada dos meios motorizados, a embarcação veneziana mais adaptada ao transporte de pessoas. Em uma cidade como Veneza, os canais foram sempre mais utilizados como via de transporte. Atualmente é usada, sobretudo para passeios turísticos.

**Tradução: _Ajude-me!... Emergência!... Eu... Eu, Eu preciso de uma ambulância!  

Continua... 

terça-feira, 24 de junho de 2014

Cap. 10



Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo e palavrão! Caso não se sinta confortável, não leia.

 _Descansa bem muito porque a viagem será longa.

   Victor sentou do lado de Luciana, abraçando-a de lado. Juntos, olharam pela janela, estavam no alto, a viagem a Veneza estava apenas começando.

   Nas mãos de Luciana, já tinha guia para turistas, estava empolgada, queria visitar todos os pontos turísticos, com esses pensamentos, acalmou-se um pouco e curtiu a viagem ao lado do marido. Aterrissou em Veneza e pode sentir que aquele clima era bom, justamente do jeito que ela pensava e imaginava. Victor apenas obsersava a alegria dela.

_Porque está me olhando assim?
– Perguntou enquanto caminhavam para o táxi aquático
_Nada. – Olhou para frente. – Só estou admirado que mesmo depois de uma viagem longa, você está aí toda feliz.
_Do seu lado tudo fica feliz.

   Ao chegar no hotel, entraram no quarto já aos beijos, caíram na cama aos risos.

_Teremos uma semana para aproveitar aqui...
– Fez um olhar malicioso para ela.
_Vamos fazer amor de manhã, a tarde e a noite.
_Hei, calma aí. Temos que dar uma pausa para o intervalo, tá?
– Beijou-a rapidamente.
_Ok, agora sai de cima de mim.
– Empurrou-o. – Vou tomar um banho porque necessito.
_Eu posso ir junto?
_Se você quiser...

   Em passos lentos e provocantes, Luciana foi até o banheiro, jogando suas roupas pelo quarto, um convite para Victor acompanhá-la e ele não hesitou; imitando os gestos da esposa, tirou a roupa enquanto caminhava para o banheiro. Após algumas carícias enquanto a água rolava, voltaram para o quarto, ela logo pegou uma camisola e deitou-se na cama.

_Hei, vamos aproveitar a cidade.
– Falou enquanto puxava a cortina e admirava aquela vista.
_Não Vih, tô cansada. Vem
– Bateu na cama – Dorme também.
_Não tô com sono, mas
... – Deitou-se do lado dela. – Vou observar minha amada enquanto dorme

   Ficou olhando para ela, Luciana estava com o rosto mais radiante, sua pele mais jovem, um brilho fora do comum. Sentindo-se cansado, Victor ligou o notebook e por e-mail viu algumas fotos do seu casamento, tudo foi tão perfeito que se fosse preciso voltar para aquela noite, ele iria sem pensar duas vezes; os olhos de ambos no altar, o carinho enquanto ambos ouviam o Padre falar.

_Que seja eterno, é só isso o que quero
– Suspirou.


***

   Veneza era uma cidade perfeita para Luciana, aproveitava cada minuto estando nela; durante o dia, freqüentavam pontos turísticos, a noite, aproveitavam os bons restaurantes e os passeios românticos. Em um desses passeios pela noite, pararam na
*Piazza de San Marco, olharam ao redor,  nenhum outro casal poderia estar em uma fase tão boa e romântica ali quanto eles.

_Promete que nosso amor vai ser eterno?
– Abraçou-a
_Nossa, porque está falando isso?
_Sei lá. Esse clima, está tudo indo tão bem entre nós.
_Não é assim que uma lua de mel tem que ser?
– Arqueou as sobrancelhas
_Para Lu, não quebra o clima.

  Em instantes, ela ficou séria.

_Hei, porque está com essa cara emburrada?
– Puxou-a mais para si, ficou com as mãos na cintura dela.
_Você não está seguindo com a promessa, Victor.
_Que promessa?
_De que não iria chamar pelo apelido de Lu.

   Victor riu gostosamente, abraçou-a mais uma vez e feito isso, depositou um selinho nos lábios dela.

_E você também, só quer me chamar de Victor.
_Vou tentar te chamar de Vitor.
_Isso. Boa garota. Merece uma recompensa.
_Ah é? Qual?

   Aproximou os lábios no ouvido dela:

_Quando eu te levar para o hotel, vai saber.
_Pode ser agora?
_Você quem sabe.

   Durante o caminho até o hotel estavam aos risos, beijos; não esquecendo de tirarem fotos. Luciana entrou no quarto já o jogando na cama.

_Calma aí mulher, rola um carinho antes.
_Chega de agirmos como dois namorados.
– Ficou em cima dele – Eu quero transar loucamente hoje.
_Espera...
– Empurrou-a de leve para que deitasse do seu lado, virou-se, apoiando-se em um dos braços e assim ficou brincando com os botões da camisa dela. – Antes eu devo dizer que estou muito feliz do seu lado. Dependendo de mim não saíamos dessa cidade nunca mais.
_Deus é mais.
– Sorriu incrédula – Não suportaria ficar muito tempo longe da minha Gabi e do meu trabalho. – Em um gesto rápido, abriu a jaqueta que ele usava. – Vamos esquecer tudo, hoje apenas quero sexo, sexo e sexo – Aumentou o tom da sua voz.
_Sua louca. – Beijou-lhe a boca profundamente e sem que ela percebesse, já estava desabotoando a camisa dela.

   Aprofundando o beijo, Luciana mais uma vez ficou por cima dele, as bocas se separaram apenas para tirarem as peças que haviam nos corpos. Mais uma vez ela não conseguiu conter-se ao vê-lo completamente nu e com a boca acariciou a intimidade dele; Victor gemia alto ao sentir que ela estava indo mais além, sentiu que estava prestes a atingir o ápice, pediu que ela parasse.

_Ok.
– Beijou o peitoral dele – Mas saiba que se dependesse de mim iria até o fim.
_Não tem que ser assim.
– Inverteu as posições – Hoje vai ser do meu jeito. E se fizer errado... – Ergueu uma das sobrancelhas – Vou torturá-la.
_Nossa que medo (Ironizou)

   Sentir cada toque, cada beijo em seu corpo, fez Luciana retorcer de prazer, fincando as unhas na nuca dele; Victor deixava um rastro por onde passava com sua boca e na intimidade dela não foi diferente, enquanto isso, com as mãos ágeis apertava as coxas dela, depois subia para os seios,  ouvindo-a quase gritar de tamanho prazer e sem pensar em mais nada, subiu com os beijos para o pescoço, investiu com movimentos rápidos e violentos, ele sabia que ela gostava e que já estava delirando de prazer, os olhos fechados entregavam a cada movimento brusco que ele dava dentro dela. Sentiu que ela iria atingir o prazer e ainda dentro dela, parou com os movimentos, segurou-lhe as mãos e colocou na altura da cabeça dela.

_Chame meu nome.
_Victor, por favor...
_Não é assim que eu me chamo.
_Victor... Eu quero
_Chame ou eu não faço nada e você não terá prazer essa noite.
_Vitor...
– Sussurrou – Vitor... – Aumentou o tom da voz, aos gemidos.

   Atingiram o topo alto do prazer ao mesmo tempo, cada um deitou em seu travesseiro, procurando o ar que lhes faltava no pulmão.

_Era disso o que eu estava falando.
_Sobre?
– Parou de pensar para olhar e ouvir o que ela falava
_Transar loucamente
– Suspirou e se aconchegou nos braços dele.
_Ainda dá pra partirmos pro segundo tempo.

   Permaneceram ali aos beijos e carícias, puxaram os lençóis e ficaram agarrados, namorando, com um tempo a coisa entre eles foi esquentando.

_Impressão minha ou você está excitado?
_Perto de você sempre fico assim.
– Beijou-lhe a bochecha. – Falei que teríamos um segundo tempo, né?

   Os olhares se cruzaram, Luciana não pode conter a felicidade, amava e era correspondida, sabia disso, sentia isso em seu coração. Sem muitas delongas, ficou por cima e com poucas preliminares, colocou o membro dele dentro de si. Sentada em cima de Victor, ela fechava os olhos, jogava o cabelo para o lado com bastante charme, pois sabia que ele amava esses gestos, lhe dissera isso em uma conversa a dois; e mais uma vez atingiram o ápice a gemidos alto, ela caiu deitada com a cabeça encostada no peitoral, ele acarinhava os cabelos dela.

_Cansada?
– Sussurrou após alguns minutos de silencio
_Um pouco.
– Deitou-se do lado dele, aninhando-se mais ao corpo de Victor.
_Se quiser ir para um terceiro tempo...
_Nem ferrando. Não agüento mais.
– Soltou o ar – Agora me deu fome.
_Vou pedir algo para o serviço do hotel.
– Pegou o telefone e fez o pedido.

   Antes de dormir Luciana ficou pensativa, assim que terminasse sua lua de mel, teria que se preparar para viajar, longe de Victor, longe de Gabi, longe de tudo que amava... Seria uma fase difícil da sua vida, mas sabia que daria conta.

______________

*Piazza de San Marco: A Praça de São Marcos (em italiano: Piazza San Marco) é a única praça de Veneza, e o seu principal destino turístico, com permanente abundância de fotógrafos, turistas e pombos.


Continua...

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Cap. 09



   Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo e palavrão! Caso não se sinta confortável, não leia.


_Vamos voltar para a festa Victor.
_Não, aquela festa já não nos serve mais.
– Sorriu sapeca.

   Enquanto caminhavam em direção ao estacionamento, Luciana procurava se equilibrar no salto e segurar a barra do seu vestido.

_Vai com calma Vih.
_Porque?
– Parou de andar e olhou-a
_Desse jeito vou cair.

   Aproximou-se dela, com as duas mãos, acariciou-lhe o rosto.

_Quer que eu te pegue no colo?
_Não, calma. Primeiro, temos que nos despedir dos convidados.

  Ele riu alto

_Não é assim Lu. Os noivos sempre saem “à francesa”.
_Ahh entendi, você quer me seqüestrar.
_Digamos que sim. Agora vamos.

  Segurou na mão da esposa e saiu procurando seu carro.

_Leo disse que tinham deixado por aqui.

   Avistou de longe, seu carro estava ornamentado com algumas latas penduradas no pára-choque e frases escritas de batom no carro.

_Alguém vai ter que limpar essa bagunça toda no meu carro
– Colocou as mãos no quadril, visivelmente sério.
_Ahh amor, está tão lindo. Olha: Just Merried
– Não segurou o riso – Recém casados... Eles fizeram isso por nós. Vamos entrar e dar o fora daqui.

   Após muita insistência vinda de Luciana, Victor ligou o carro e saíram do estacionamento. Durante o trajeto, ela olhava para a estrada.

_Então nossa noite de núpcias será na fazenda?
_Sim.
– Segurou a mão dela – Espero que goste.
_Depois de ontem, não tem como não gostar de ir a Hortense.

   Chegaram na fazenda, antes que Luciana pusesse o pé na varanda, ele alterou a voz.

_Não!
_Ué, por quê?
_Senhora Chaves, se me permite, irei segurá-la no colo.
_Para Vih
– Espalmou as mãos. – Impossível. Estou gorda, o vestido está ajudando na minha gordice. Não.
_Qual é Luciana, tradição é tradição.
– Aproximou a boca no ouvido dela – Ou você quer que nosso casamento seja um fracasso?

    Com um pouco de receio, ela cedeu e o deixou guiá-la em seus braços, pararam na sala aos risos:

_Enfim, sós.
– Colocou-a no chão.

   Ainda em seus braços, Luciana ficou olhando cada traço no rosto de Victor. E em pensar que um dia acharia que entre eles só rolaria amizade.

_O que foi?
_Nada. Apenas estou admirando cada traço do seu rosto.
_Imagine você que eu sempre faço isso quando te vejo dormindo.
_Sem brincadeiras, Vih.
_Estou falando sério, e como és linda dormindo.

   Ela baixou a cabeça com vergonha. Sim, ainda sentia vergonha diante dele e dos elogios.

_Eu te amo Luciana, prometo te fazer feliz.

   Assustada, ergueu o rosto e viu um brilho nos olhos dele.

_Também te amo, Victor. Muito.

   Mais uma vez segurou-a no colo e foi para o quarto. Algumas velas prestes a serem acesas estavam ali, espalhadas pelo ambiente.

_Foi você?
_Sim. Esta tarde voltei pra cá e com a ajuda de Paula fizemos isso.
– Agachou para acender as velas, uma por uma.

   Tudo estava branco, desde as cortinas até os lençóis da cama. Sem conseguir segurar, sentou na cama e começou a chorar.

_Hei.
– Aproximou-se dela. – Não precisa chorar.
_Sabe... Estou sendo tão feliz que sinto que mais cedo ou mais tarde vou te perder.
– Abraçou-o.
_Não chora meu amor
– Encostou a cabeça dela em seu peito. – Você não vai me perder. Já passamos por tantas coisas juntos, agora nossa vida a dois está realmente começando. Vamos aproveitar.

   Ainda com algumas lagrimas caindo no rosto dela, Victor tomou os lábios e beijou-a fortemente. Aos poucos a deitou na cama, virando-a delicadamente para que ficasse de costas; enquanto descia o zíper do vestido dela, sussurrou:

_Nem fez vinte e quatro horas que nos amamos e eu já estou com saudades desse teu corpo nu. Agora nos amaremos como uma só alma, um só corpo. Agora, nos amaremos como Marido e Mulher... Te quero em todos sentidos imagináveis, Luciana.

   Se deleitando na carícia vinda de Victor em suas costas, Luciana apenas sentiu os lábios dele tocarem aquela região a cada vez que descia o zíper do vestido. Virou-a para que ficasse de frente para ele, com o olhar, fez um tour no corpo da amada:

_Você está gostosa a cada dia que se passa.

    Com a ajuda de Luciana, retirou por completo o vestido dela e beijou cada parte do corpo de sua amada. A cada toque em seus braços, gemidos, sussurros de palavras sem nexo vindo dela, Victor se excitava cada vez mais.

_Acho que você está em desvantagem, meu caro.
– Olhou para ele – Quer ajuda a tirar a roupa.
_Não.
– Ficou em pé na beira da cama. – Hoje você apenas vai observar.

    Com calma, bastante devagar, Victor tirou peça por peça, erguia o olhar só para ver se ela estava aprovando e pode perceber que Luciana se empolgara; em um gesto rápido, ela o puxou para a cama, deitando por cima dele:

_Eu sou uma esposa eficiente e sei satisfazer meu marido também
. – Beijou o pescoço dele para depois sussurrar em seu ouvido – E você também está muito gostoso.

   Foi descendo com os beijos e se deliciou na intimidade dele; Victor já estava com os olhos fechados, fazendo expressões de prazer, com as mãos no cabelo dela, guiando-a. Sentindo que não agüentaria por muito tempo, puxou-a para inverter as posições, acomodando-a no travesseiro. Antes de qualquer coisa, apenas se olharam, ele retirou uma mecha que estava na nos olhos de Luciana, colocando-a por trás da orelha dela.

_Sei que já é chato isso, mas devo repetir: Eu te amo, Lu.

    Enquanto beijava-a, foi investindo dentro dela, calmamente, apenas eles sentiam o momento, como se fosse uma primeira vez. Ainda sem acreditar naquela magia que os envolvia, ela passava a mão em cada parte do corpo dele. Sentindo que o prazer viria, Luciana fincou as unhas nos braços de Victor, que por sua vez acelerou o ritmo da transa, atingiram o ápice quase ao mesmo tempo.

_Feliz?
– Perguntou enquanto via Luciana encostar a cabeça em seu peito.
_Muito. Achei que dessa vez foi especial, sei lá.
_Talvez por que agora somos oficialmente casados.
_Pode ser.
– Ficaram em silencio apenas fazendo carinhos. – Temos que dormir porque amanhã não vamos ter muito tempo para nada.
_Como conseguir dormir? Ainda estou sob o efeito dessa magia.
_Também estou Vih, mas falando sério? O sono me consome. Boa noite meu amor.
– Beijou-lhe rapidamente.
_Dorme bem meu anjo.

    E assim Victor ficou durante a madrugada, admirando sua esposa dormir; oras fazia carinho nos cabelos dela, outras, apenas fitava cada traço dela. Adormeceu quando o dia já estava aparecendo.

   Olhar para a janela, sabendo que estava em uma calmaria, longe da cidade, longe de tudo; foi assim que Luciana acordou. Virou-se e viu que Victor estava ali, dormindo feito um anjo, olhou para as mãos dele e vendo a aliança sentiu-se realizada. Aquela magia estava ótima, mas precisava acordar para a realidade; levantou-se, pegou a camisa social que Victor usou na noite anterior, usou-a e foi até a cozinha, alguém havia preparado o café e deixado tudo na bandeja em cima da mesa, um bilhete estava perto:

“Parabéns aos noivos.”

   Pegou a bandeja e foi até o quarto, até sentiu dó de acordar Victor, que pela feição parecia estar em um sono profundo. Colocou a bandeja próxima a cama e foi acordar o marido com vários selinhos pelo rosto.

_Acorda dorminhoco.
_Hum...
– Remexeu-se na cama
_Vih... Acorda.

   Com um sorriso no rosto, Victor virou-se, esfregando o rosto sentou na cama.

_Desculpa amor, se dependesse de mim, eu deixaria você dormir até mais tarde. Mas temos compromisso.
_Eu sei meu amor.

   Tomaram café animados, aos risos e logo depois, embarcaram para a cidade; pegariam as malas e embarcariam para o aeroporto. Foram recepcionados por Geovana, Lucas (Que estava com Gabriela no colo), Lourdes e Joyce.

Geovana: _Como foi a noite do casal?

Victor: _Bem na medida do possível, sogrinha.
Lourdes: _Estou vendo, a energia de vocês está mais revigorada.
Luciana: _É Lourdes, nada como uma boa noite regada a sexo para deixar tudo mais revigorado.
Victor: _Luciana! (Repreendeu-a aos risos) Seus pais estão aqui, ok?
Luciana: _Me deixa Vih.

   Pegaram as malas e logo partiram para o aeroporto, não sem antes Luciana fazer várias vezes a mesma recomendação a Geovana sobre tomar conta de Gabriela. 

Continua...