quarta-feira, 25 de junho de 2014

Cap. 11



   Naquela manhã, Luciana acordou um pouco indisposta, talvez pelo esforço físico da noite anterior.

_Ainda bem que acordou, dorminhoca.

   Victor estava sentado em uma cadeira próxima a cama; acordou primeiro que ela, arrumou-se e ficou vendo sua esposa dormir tranquilamente.

_Está tudo bem?
_Acho que sim.

   Luciana arrumou-se e juntos saíram para tomar café ao ar livre, um dos sonhos dela. Percebendo que ela sequer tocou na comida, isso o fez ficar preocupado:

_Hei.
– Tocou-lhe a mão – Está tudo bem mesmo?
_Acho que sim... Sei lá, estou com uma sonolência, enfim.
_Calma... Ainda nos restam alguns dias aqui, vai se recompondo.

   Ela sorriu fraco. Algo incomodava em Luciana, um aperto no coração, algo estranho. Pensou em Gabriela, talvez fosse saudade.

_Vou ligar para casa, quero saber sobre a Gabi.
– Falou enquanto entravam no hotel.

  Ligou para casa e ao ouvir a voz da sua filha, o choro invadiu-a, soluçava, fungava. Victor abraçou-a por trás enquanto ela desligava o telefone:

_Está tudo bem por lá?
_Sim.
– Virou-se e afundou o rosto no peito dele – Estou com saudades da minha pequena. – Chorou
_Como você quer viajar para passar meses se nem suporta ficar longe da sua filha?
_Vai ser difícil... Muito difícil.
– Suspirou.

   Ambos ficaram em silencio, Victor queria confortá-la, mas no fundo também estava com saudades de tudo que exista em terras Brasileira.

_Está em condições de continuar nosso passeio?
_Sim, já estou melhor.
_Ótimo.

   Durante o passeio romântico de
*Gôndola, Luciana estava pensativa, quieta, apenas tirava fotos porque Victor pedia; ele estava mimando-a muito, fez muito carinho, encheu-a de beijos, estava feliz.

   Após o almoço, Luciana deitou-se na cama, estava febril, Victor percebeu ao passar a mão na testa dela.

_Amor, você vai adoecer.
_Está tudo bem, Victor. É só uma indisposição, vou melhorar.

   Enquanto Victor mexia no notebook, ouviu Luciana gemer de dor. Mais uma vez foi até ela.

_O que está acontecendo, Lu?
_Eu quero chocolate. Vai comprar pra mim?
– Esticou o lábio, estava com uma voz chorosa
_Ok.

   Foi bem rápido a uma loja qualquer e comprou o que a esposa pediu. Estava realmente preocupado com Luciana, depois do almoço ela piorara.

_Amor?
– Não a achou na cama.

   Foi até o banheiro e ouviu barulho, Luciana estava vomitando tudo o que digerira no almoço. Rapidamente ele abriu a porta, segurou os cabelos dela, após isso, deu descarga enquanto abaixava a tampa e colocava-a sentada ali.

_Você não precisa ver isso.
– Estava pálida e com vergonha.
_“... Na saúde e na doença...”, lembra que fiz essa jura diante do Padre?
_Eu sei, mas pode voltar pro quarto, vou tomar um banho para recompor minhas energias.
_Podemos fazer isso juntos.

   Como se estivesse cuidando de uma criança, Victor tirou a roupa de Luciana, despiu-se e juntos entraram no banheiro; pela expressão no rosto dela, percebeu que não estava bem.

_Está bem?
_Sim.
_Não mente pra mim.
_Estou sim.

   Voltaram para o quarto; Victor cuidou por completo dela, deitaram-se na cama, abraçando-a por trás:

_Está melhor?
_Sim, só estou sentindo uma dor abdominal, mas vai passar.
_Esses dias comemos muito frutos do mar, será que você é alérgica a algum?
_Não sei.

   Com carinho, ele ficou massageando a barriga dela até sentir que ela estava adormecendo, saiu da cama e foi para o sofá, precisava saber se estava tudo bem, se os ensaios com a banda estavam bem sem ele, Leo lhe passava total segurança de que estava indo bem. Ouviu um barulho e ao aproximar-se da cama viu Luciana caída no chão, com as duas mãos na barriga, gritando de dor.


          Victor’s POV On

  “Senti uma dor no peito ao ver Luciana ali, caída. Corri rapidamente até ela:

_Amor, o que você tem? – Ajoelhei-me. – Luciana, fala comigo.
_Está doendo Victor, tá pior...

   Tantos anos de amizade foram bem vindos naquela hora, ela tentava esconder, mas a dor era bem maior do que eu podia imaginar; Luciana sempre fora assim, passava uma imagem de forte, mas por dentro sabia que estava clamando por ajuda. Coloquei-a sentada na cama e fiquei desesperado, longe de tudo e de todos, não tinha ninguém para me ajudar e se estivéssemos no Brasil, já estava com ela em meus braços, pegando o carro e levando-a para o primeiro hospital que visse na minha frente.

_Que dor é essa Luciana? Preciso saber.
_Dói muito Victor... Acho que não vou suportar.

   Nos seus olhos tinham lagrimas, e na sua boca veio essa frase, realmente ela estava sofrendo.

_Vou colocar minha calça, te levo para emergência.

   Enquanto colocava minha calça e uma blusa, Luciana aumentou os gritos e quando virei, ela estava jogada na cama, bastante pálida.

_Luciana – Bati de leve em seu rosto – Meu amor, fala comigo.

   Ela não respondeu e minha angustia só aumentou. Desesperado, peguei o telefone e liguei para a recepção do hotel, não sabia como me comunicar porque na hora do desespero nem lembrava das línguas estrangeiras que eu sabia.

**_Help-me!... Emergency! I... I.. I need an ambulance!

   Minha fala estava cortada, me segurando para não chorar. Luciana estava desacordada, ali, jogada na cama. Voltei para ela e fiquei lhe acariciando.

_Por favor Lu, volta. Minha vida é você.

   Em alguns minutos já estava no hospital. Tudo ali era estranho, nada de noticias de Luciana que foi levada para uma sala, estava fazendo exames. Não queria ligar nem preocupar ninguém, não iria adiantar em nada, nem eles poderiam vir, tampouco eu poderia confortá-los. Sentei-me na cadeira do corredor e comecei a chorar; lembrando das palavras da minha mãe, fiz uma oração. Não era devoto de Santo algum, apenas tinha fé em Deus e tudo o que referisse a ele, mas nesse momento, apelei, implorei. Uma enfermeira me chamou e me levou até a doutora; meu coração estava na mão, eu podia me ver com uma expressão desesperada. Medo, era isso; medo de saber que não teria mais Luciana em minha vida, de que os melhores momento fora na noite anterior.

   Cada palavra dita da boca daquela doutora me fez ficar perplexo, me segurando para não chorar; queria ombro amigo, alguém nesse momento difícil para me amparar, mas não. Até pensei que não estava entendo o que ela dizia, já que ela forçava o seu inglês e não saia perfeito, mas sim, realmente era aquilo, não existia outras palavras no mesmo sentido.

   Antes de visitar Luciana em um dos quartos, liguei. Somente uma pessoa poderia me ajudar nesse momento... Meu irmão, nele eu podia confiar cegamente.

_E agora Vitor, o que tu vai fazer? – Me perguntou após saber da historia
_Apenas quero adiantar minha volta para o Brasil. Se for para ela se tratar, que seja aí.
_Calma nego véio... – Ficou em silencio por alguns segundos, deduzi que estivesse chorando. Limpou a garganta para falar melhor – No seu lugar, eu faria o mesmo. Vai dar tudo certo, cara. Confia em Deus.
_É isso no que estou pensando a cada minuto. Tenho que desligar, vou ver ela.
_Ok, da um abraço bem forte nela por mim.
_Pode deixar. Abraços.

  Não iria contar a Luciana o que estava acontecendo, ela iria se desesperar se soubesse. Iria deixar passar esses dias, quando estivéssemos a sós, na nossa casa, contaria tudo.”

Victor’s POV Off. 

_________________

*Gôndolas: embarcação típica da Lagoa de Veneza, na Itália. Pelas suas características de manobrabilidade e velocidade, foi, até a chegada dos meios motorizados, a embarcação veneziana mais adaptada ao transporte de pessoas. Em uma cidade como Veneza, os canais foram sempre mais utilizados como via de transporte. Atualmente é usada, sobretudo para passeios turísticos.

**Tradução: _Ajude-me!... Emergência!... Eu... Eu, Eu preciso de uma ambulância!  

Continua... 

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