sábado, 28 de junho de 2014

Cap. 12



   Após toda a turbulência causada naquele dia, Victor não saiu do lado de sua amada enquanto ela estava internada. Já tinha combinado com Leo de que iria antecipar o fim da sua lua de mel, com Luciana adoentada nada tinha mais alegria.

   Já liberada, foram para o hotel; todo o trajeto ele estava calado, triste, cabisbaixo.

_Enfim saí daquele hospital.
– Sentou-se na cama. Olhou para Victor que estava tirando a jaqueta. – Vem cá.

   Ele foi até ela, sentou do lado, segurou-lhe as mãos com força, levando-as até a boca para beijar.

_Não quero ter um susto desses nunca mais. Pensei que iria te perder.
_Vou ser uma pedra no seu sapato por muito tempo, marido.
– Sorriram. – Estou até mais revigorada, quero passear. – Levantou-se

   Victor segurou a mão dela.

_Volta pra cama, você está de repouso, ordens medica.
_Não sei se você entendeu que sou médica; e médicos usam sempre o ditado: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”
– Foi andando até a mesinha, segurou os papeis do hospital – Qual foi a causa do meu desmai...
_Não!
– Correu até ela e tomou-lhe o papel – Já te falei pra deitar na cama, mas você é teimosa que só.

   Sentiu que fora um pouco grosso nas palavras, mas o medo de que Luciana visse aqueles papeis tomou conta de si.

_Credo Victor, precisa dessa grosseria não.
– Foi até a cama, retirando a roupa.
_Desculpa meu anjo. – Deitou-se do lado dela. – Só estou preocupado.

   Permaneceram em silencio por longos minutos, apenas se acariciando, olhando profundamente um para o outro.

_Vih.
_Fala
_O que houve comigo? Necessito saber.
_Você desmaiou. As dores abdominais foi uma alergia causada pelos frutos do mar que comemos. Mas eles acharam melhor não passar nenhuma medicação. Quando voltarmos para o Brasil faremos isso.
_Vou fazer uns exames, o que acha?
_Seria ótimo.

   Viu Luciana dormir em seus braços; ainda estava um pouco febril, mas nada que o preocupasse. Levantou-se e foi até o sofá, uma angustia tomava conta de si, às vezes se sentia culpado por isso estar acontecendo.

   Pela noite, lendo alguns e-mails, nem percebeu que Luciana levantara, estava só de calcinha e logo sentou no colo dele.

_O que você tanto mexe nesse troço que não tem tempo para sua esposa?
– Beijou-lhe o rosto.
_Não consigo ficar muito tempo sem trabalhar, na ausência do meu violão, me ocupo com isso.
_Mas agora que sua esposa maravilhosa acordou... Podemos nos ocupar com outras coisas.
– Mexeu o quadril, deixando-o entorpecido e para piorar, sussurrou no ouvido – Estou com desejo, quero fazer amor.

   Victor já estava ficando louco de tesão, sentia sua intimidade ficar rígida e seu abdômen contrair-se, mas prometera a si mesmo que não faria mais nada, a preocupação com a saúde de Luciana falava mais alto; segurou o quadril da amada, precisava pensar em algo que cortasse o clima ali:

_Vamos com calma, você acabou de se recuperar.
_Mas eu quero Victor.
– Falou com a voz chorosa – Por favor.

   Ficou calado, em sua mente estava procurando algum assunto banal que os distraíssem, logo veio em sua mente um:

_Lu, é... Teremos que antecipar o fim da nossa lua de mel aqui em Veneza.
_Mas... Por quê?
_O meu trabalho, os caras não estão dando conta do recado, temos que ensaiar que na próxima semana já começa a turnê. Enfim, Leo não queria que eu voltasse antes, mas acho melhor.

  Luciana respirou fundo, saiu do colo dele, cruzando os braços o encarando:

_Como sempre, seu trabalho. Porque você não foca um pouco na nossa vida conjugal? Porra Victor.
– Voltou para o quarto.

   Ela esbravejava de raiva, ele apenas permaneceu calado; mal sabia Luciana que tudo isso era por questão da sua saúde.

_Voltamos quando para o Brasil?
– Apareceu novamente perto do sofá.
_Amanhã.
_AMANHÃ? VOCÊ TÁ LOUCO?
_Luciana, não grita, estou com dor de cabeça.
– Sua mão foi na têmpora, fazendo movimentos repetitivos.
_QUE SE DANE SUA DOR DE CABEÇA E EU? E NÓS? – Sentou-se no sofá, ao lado dele, sentia que iria chorar – Planejamos tanto essa lua de mel.

   Logo veio na mente de Victor que Luciana não poderia ter raiva, estava melhorando de saúde, mas não por completo.

_Desculpa meu anjo, eu só queria que você entendesse, Lu.
– Abraçou-a de lado. – Mil desculpas.
_Ok, eu vou dormir.

   Ao deitar-se Luciana pensou em algo. Victor estava estranho, calado, triste, escondia algo dela e talvez o problema fosse ela. Conseguiu dormir, foi acordada por ele quando o sol já estava raiando.

_Acorda, você tem que se alimentar. Come devagar.
– Colocou a bandeja na cama.
_E você, não dorme não?
_Dormi um bocadinho.
_Quando chegarmos no Brasil, tenta descansar. Na próxima semana começa a maratona de shows e você não tem aproveitado nada.
_Eu sei. Lu, me desculpa? Prometo em um outro momento fazer uma lua de mel com você.
_Deixa pra lá. Apenas continua me amando, mesmo sabendo que eu vou ser essa chatinha, tá?
_Sempre.
– Colocou a mão no rosto dela, acariciou.

   A volta para o Brasil foi estranha; Luciana sentia que Victor lhe escondia algo, ele já a evitava e nem tomar banho juntos para fechar com chave de ouro a despedida de Veneza, ele quis.

   Após horas de viagem, chegaram em Uberlândia. Um sono fora do comum tomou conta dela, parecia que estava anestesiada, foi preciso Victor acordá-la:

_Amor, chegamos.

   Seu coração batia forte, podia senti-lo, isso só de imaginar que Gabriela estava esperando-a. Desceu eufórica do jatinho e ao ver Geovana com sua filha no colo não conteve a crise de choro.

_Minha pequena.
_Como foi a viagem Lucy?
_Bem mãe.
_Está um pouco abatida.
– Lucas como um bom medico percebeu que algo estava errado.
_Foi a viagem, Seu Lucas.
– Victor se meteu na conversa.

   Voltaram para casa pondo os assuntos em pauta, Luciana falava sobre os pontos turísticos, Geovana amava só pelo fato de saber que alguns eram em templos católicos.

_Nem parece que voltei a minha casa.
– Sentou-se no sofá.
_E nem parece que estou te vendo aqui, minha filha.

   A conversa se estendeu até Leo, Tatianna e os filhos chegarem ali; com muita alegria e abraços, Luciana estava se sentindo especial, seria mais se algo não a atormentasse: Após abraçar Leo, ele fez uma expressão de preocupação, olhando cada detalhe da cunhada. Para ela, ele sabia de algo, pois trocou olhares com Victor na mesma hora, após isso, afastaram-se do restante de pessoal, indo para a varanda.

   Algo martelava em Luciana, já estava inquieta, louca para ter um momento a sós com Victor e depois de tanto pedir, aconteceu. Leo foi embora tarde da noite, Geovana se prontificou de colocar Gabriela para dormir e depois disso, iria para o quarto de hospedes. Momento certo para ela ir até o quarto, Victor já estava no banho e ela sentou na cama, ao vê-la, assustou-se:

_Pensei que iria colocar Gabi para dormir, não estava com saudades da nossa pequena?
– Foi para o closet, ela esperou que ele voltasse.
_Estava, mas minha mãe pediu para fazer já que é o ultimo dia dela aqui.
– Ele apareceu já com o pijama, sentando do lado dela. – Agora é a hora em que precisamos conversar. O que eu tenho de errado? Você está escondendo isso de mim, eu sinto Victor.

   Ele baixou a cabeça, já entregando os pontos. Ao erguer o rosto, seus olhos estavam marejados:

_Sim Lu, infelizmente você foi o motivo da nossa lua de mel terminar logo. Ou melhor, sua saúde.
_Pode falar Victor
– Segurou a mão dele fortemente. – Serei forte a tudo com você do meu lado, sei disso.

  Ele a olhou ternamente, beijou a sua mão:

_O que a doutora lá em Veneza me falou me fez ficar perplexo, eu não acreditei de imediato, até pensei que fosse o péssimo inglês dela, mas não. Luciana, você teve inicio de aborto espontâneo.

  Luciana demorou a digerir tudo aquilo, começou a ficar pálida.

Continua...

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