quinta-feira, 31 de julho de 2014

Cap. 27




_O que eu acabei de fazer com a minha vida?

   Andando de um lado para outro do quarto, Victor passava as mãos ligeiramente no cabelo, um gesto nervoso. Depois do prazer, vem a dor... A dor do medo, do coração batendo rapidamente, de ser pego no flagra. Luciana, será que isso chegaria aos ouvidos dela?

   Aquela fora uma as piores noites da sua vida, definitivamente não tinha forças para encarar Katherine, sua curva perigosa em uma estrada. Sua vontade naquele momento, era de pegar sua bolsa e fugir daquele lugar, sentia-se sujo, usado... Mas satisfeito, era isso o que ele procurava ao “mexer com fogo”. Katherine não teria nada a perder caso fossem descobertos, ele quem levaria a culpa de tudo, ele quem fora até a casa dela, mentindo para todos ao seu redor.

_Puta que pariu! Traí a Luciana.
– Sentou-se na beira da cama.

   Colocou a mão no rosto sem acreditar no que acontecera, fechava os olhos e jurava para si que tudo não passou de um sonho, mas logo ao abri-los novamente lá estava ele, sentindo o suor ainda de pós-transa com a sua amiga. Viu o dia clarear e com medo, sequer ligou o celular, não iria conseguir encarar Luciana, não queria nem imaginar de que ela desconfiasse de algo.

_Meu Deus, como deixei isso acontecer?

   Ouviu barulhos vindos da cozinha, respirou fundo, teria que encarar a sua amiga mesmo não sentindo coragem. Girou a maçaneta da porta e foi, achou-a concentrada no fogão, já estava vestida comportadamente, sem suas vestes da madrugada anterior. Katherine, aparentava estar bem, como se nada tivesse acontecido, o que deixou-o um pouco confuso. Em passos lentos, aproximou-se dela, que virou e fez um sorriso mais tranqüilo da face da terra:

_Bom dia, sente-se, acabei de fazer o café.
– Ambos sentaram-se a mesa.

   O silencio invadiu o ambiente, Victor procurava forças dentro de si para encará-la sem lembrar de suas mãos no quadril dela, dos gemidos altos. Pigarreou para iniciar uma conversa que deveria ter acontecido há muito tempo:

_Kate, sobre ontem...
_Ontem nós apenas fizemos sexo, Victor. Não vou te cobrar nada, pode ficar tranqüilo.
_Desculpe-me, agi como um idiota e não sou assim. Você foi a primeira pessoa que me deu a mão quando eu estava no problema com a Lu, e ontem foi a primeira com quem eu traí a minha esposa.
_Não aceite isso como traição
– Mordeu a torrada. – Foi uma troca, nós precisávamos, enfim.

   Após seu desjejum, Victor levantou-se, sentiu Katherine o abraçando por trás:

_Vamos esquecer o que aconteceu ontem, ok? Não irei contar a ninguém.
_É só isso o que te peço.

   Tomou o banho mais rápido da sua vida, trocou-se e logo chamou um táxi. Antes de partir, sorriu para Katherine, que lhe retribuiu o gesto:

_Não irei contar a ninguém, Victor. Pode ficar tranqüilo.

   Abraçou-o e assim ele se foi. O coração ainda doía, mas sua mente não estava tão preocupada, Katherine era o tipo de mulher que era de palavra.



***

Havana – Cuba...






     
Aquela manhã estava ensolarada, Luciana acordou bastante disposta a sair, caminhar, aproveitar seu dia de folga. Andando em passos lentos, refletia sobre sua vida, no quanto Victor representava nela. O amava, a vida estava dando esse tempo para ambos pensarem. Para ela, a saudade batia, mas ficar um pouco ausente de tudo lhe fazia bem.

   Tirou a sandália que usava e decidiu caminhar na praia, o vento bagunçando seu cabelo, deixando-o emaranhado e ainda assim ela deixou, fechou os olhos e lembrou-se daquelas tardes na fazenda Hortense, quando caminhavam em direção ao lago. Ainda nesses pensamentos, lembrou-se da amizade pura que tinha ao lado de Victor, foi uma época maravilhosa da sua vida; ao lado dele, conseguiu segurar todas as pontas e lembrou-se também dos momentos em que ele lhe dera carinho e amor sem pedir nada em troca.

    Parou em um determinado ponto, as ondas vinham violentamente, mas ao quebrar-se entre si, tocavam os pés dela calmamente. Tocou a barriga e ficou acariciando a região.

_O dia de voltarmos está chegando, logo veremos o seu pai e sua irmã.

  Como resposta, sentiu uma chutada e sorriu. Voltou para casa, durante o caminho mandou uma mensagem para Victor:

“Estou com saudades. Te ligo daqui a pouco.”

   Nos últimos dias, Victor andava estranho, sempre inventando uma desculpa para não atender as chamadas dela, também não fizera vídeo chamada. Entrou em seu quarto e logo discou o numero, aguardou alguns instantes, ele atendeu como nos últimos dias... Estranho:

_Oi.
_E aí.
– Deitou-se na cama – Estou com saudades, precisava ouvir sua voz.
_Como está tudo por aí?
_Bem. Fui caminhar na praia hoje, só faltou você no meu passeio.
_Eu bem queria poder te ver, mas as coisas estão meio complicadas. Trabalho e quando volto tem a Gabi.
_Agora está sentindo na pele por tudo o que eu passo na sua ausência, meu Senhor?
– Sorriu.
_Acho que sim e devo dizer... Não sei como você consegue.

   Riram e logo um silencio embaraçoso invadiu. Apenas se ouvia as respirações, sentiam a ansiedade um do outro.

_Estou contando os dias para te ver.
_Eu também Lu. Volta quando puder.
_Sim. Então é isso, volte a fazer o que eu te interrompi.
_Vou ter que desligar mesmo meu amor, estou entrando no jatinho.
_Faça uma boa viagem e... Beijos infinito na sua boca.
_Hey, essa fala é minha.
– Riram gostosamente.
_Boa viagem. Beijos.

    Desligou e sentiu seu peito oprimido. Victor realmente estava mudado, antes estaria perguntando dia e noite quando seria a data da sua volta, agora nem estava preocupado. Sentou-se na cama e ficou pensando se ele teria coragem de lhe deixar, de não amá-la mais. Definitivamente sua vida longe dele não se imaginava, Victor a deixara dependente desse amor, amando-o mais do que a si. Algo estava errado e aquela parede invisível, estava sim entre eles, afastando-os, dividindo.

***



Brasil...

   Aquela noite, em cima do palco, Victor esqueceu de todos os problemas que lhe rondava. A energia era tão perfeita que por ele, gostaria de ficar a eternidade ali.

   Assim que desligou o celular, sentiu-se um fraco, em alguns momentos naquela manhã, queria falar para ela: “Lu, eu te traí.” Talvez ela não suportasse tamanha dor, seu estado era delicado, estava grávida, longe de tudo e de todos. Decidiu segurar as pontas, iria contar a ela na sua volta, quem sabe ela lhe perdoasse e juntos começassem do zero a relação. Já não dormia mais pensando nisso, queria mais que ela voltasse e ele conversasse abertamente.

   Ao terminar o show e atender algumas fãs, ficou triste, calado. Leo notara essa indiferença:

_O que você tem, nego véio?
_Sei lá. Acho que saudades da Luciana.
_Falta pouco rapaz.
– Olhou para os lados, estava desconfiado. – Vou na frente para o hotel.

   Em alguns segundos, ele viu o irmão se retirar e entrar no carro. Soubera que ele não havia parado na saída para falar com as fãs, até estranhou isso. Victor precisava de alegria, de algo que o tirasse do seu mundo de pensamentos e arrependimentos. Naquela madrugada, ficou conversando com algumas fãs ali presentes, todas animadas, o fazendo rir e após sentirem o cansaço nos olhos dele, uma falou:

_Vai pro hotel, Vih. Já ficou muito tempo aqui conosco.
_Vou mesmo, terei que deixá-las aqui.
– Sorriu.
_Isso, descansa.

    Estava entrando no carro quando uma das garotas falou um pouco alto para ele ouvir:

_Hei Victor, se você falar com a Lucy, diz a ela que estamos com saudades.
_Pode deixar. Abraços.

    Entrou no veículo e só ali pode se sentir o pior dos piores, sentiu-se um canalha, todos gostavam de Luciana e ele iria perdê-la por um momento tão rápido que teve ao lado de Katherine. Encostou a cabeça no assento e sentiu uma lagrima fujona em seu rosto, limpou-a pensando: “Perdoa-me, Lu.”

   Entrou no hotel e antes de passar no seu quarto, foi ao do irmão. Precisava desabafar com alguém ou enlouqueceria. Bateu algumas vezes e quem abriu foi uma moça, por um momento ele achou que errara de quarto, mas seus olhos verdes destacados na sua pele ruborizada o fez lembrar que se tratava da garota em que ele pegou Leo aos papos. Seus olhos foram descendo e viu que a mesma usava um roupão de banho, logo passou na mente de Victor que seu irmão estava no mesmo barco que ele, estavam em um caminho sem volta.

_Vou chamar o Leo.
– A garota tomou atitude e afastou-se da porta para ir em direção ao quarto.

   Pelo barulho, Victor deduziu que o irmão estivesse no banho, a água do chuveiro entregava. Interrompeu a ida da garota até onde Leo estava:

_Esquece, eu... Vou pro meu quarto. Não fala pra ele que eu te vi aqui, por via das duvidas, eu não estive aqui. Entendeu?

    A garota fez um gesto positivo com a cabeça, estava assustada. Em passos largos, Victor voltou para o seu quarto, esfregou as mãos no rosto, não acreditando na cena que acabara de imaginar: Aquela garota, com aquele roupão de banho, seu cabelo molhado... Ali fora a prova concreta de que Leo estava tendo um caso extraconjugal com a moça.

   Sua cabeça estava fervendo, já não era só o seu problema, agora ele pensava em tudo e assim ficou, jogado na cama, vendo a aurora que se formava no céu, aos poucos o sol timidamente surgir. Ouviu uma conversa, algo como uma discussão no corredor, o quarto no qual Leo se hospedara, era ao lado do seu, a voz era dele. Levantou-se e antes de girar a maçaneta as vozes se calaram, ao abrir a porta, Victor presenciou a certeza dos seus pensamentos daquela madrugada: Leo beijando a moça, ela estava encostada na parede e olhando bem, eles juntos, pareciam ser um só corpo, as mãos percorriam pelos corpos sem cerimônia alguma, com bastante intimidade. Engolindo seco, Victor voltou para seu quarto e esperou a hora de irem embora daquela cidade. Assim que juntos entraram no jatinho, ele mal conseguia encarar o irmão, criou forças, cortando o papo de Leo sobre alguma coisa banal:

_Hoje pela manhã eu vi você aos beijos com uma moça, quem era?

   O rosto do irmão ganhara uma certa palidez, logo suas bochechas ficaram vermelhas, baixou a cabeça, mas logo ergueu-a com um olhar intimador:

_É a Clarisse. Eu e ela...
– Coçou a nuca – É complicado. Não sei definir o que temos.
_Só espero que isso não afete seu casamento. Você tem esposa e filhos.

   Calou-se, olhou para a janela, não queria encarar o irmão, não depois do que vira naquela manhã. Bastante seguro de si, Leo criou coragem e falou:

_Você pensa que eu não sei do seu contato com a tal da Katherine? Uma mulher que vive no nosso camarim, fingindo ser sua amiga. Não falo nada, apenas observo tudo calado. Por isso acho que você não tem moral alguma para falar de mim. Sua situação não é diferente da minha.

   Bastou aquelas palavras para Victor se calar durante toda a viagem. Leo estava certo, isso ele tinha que admitir.          

Continua...

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Cap. 26


Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.



    Após o banho, Victor sentou-se na cama, ligou o notebook e aguardou. Estava ansioso, queria ver Luciana para enfim saber que ela estava bem.

Luciana entrou online.

   Seu coração bateu mais forte, segundos depois uma vídeo chamada, ele atendeu e ao vê-la sentiu vontade de voar na tela e ir para onde ela estava. A saudade era demais, já não agüentava mais e tinha feito apenas uma semana que ela se fora:

_Meu amooooor
– Luciana se aproximava do notebook para olhar cada detalhe contido nele. – Como você está? Espera... Está com cara de cansado.
_Isso se chama saudade, Luciana.
– Sorriu bobo – Estou contando os dias para te ver pessoalmente. Conte-me como está?
_Ah,
*Havana não é tão ruim assim. O pior de tudo é esse clima tropical – Rolou os olhos – Mas é normal, enfim. Por causa disso estou com o corpo mole, não estou acostumada com esse clima quente.
_Toma cuidado, bebe muita água ou liquido para não desidratar.
_Sim senhor
– Bateu continência aos risos – Ai Victor, essa semana eu senti uma vontade enorme de comer feijoada. – Esticou o lábio inferior
_Mas me diga que comeu.
_Não. Muito difícil achar isso aqui.
_Devia ter procurado um restaurante Brasileiro né amor?
_Estou muito preguiçosa, na parte da manhã temos palestra, a tarde temos que ir pro hospital, chego muito cansada.

   Victor não parava de olhar para ela, estava sendo difícil passarem esse tempo afastados, queria tanto poder estar abraçando-a e cantando em seu ouvido.

_Nossa filha, como está?
_Ah Victor
– Olhou para a barriga – Acredita que ela mexe muito? Acho que está sentindo a falta de vocês. E nossa Gabi, como está? Estou com uma saudade enorme da minha boneca.
_Está bem, Lu. Agora está na casa dos seus pais, mas ainda essa semana, Dona Geovana irá levá-la para Tatianna passar um tempo com ela.
_Estou dando um trabalho imenso a Tati, não é?
_Imagina amor, ela está gostando de tudo isso.

   Ficaram em silencio, sentiam-se como dois jovens, conversando virtualmente, estavam tímidos, procurando um assunto em sua cabeça e que não fosse nada tão sério.

_Lu.
_Oi
– Ergueu o rosto, estava tímida
_Tem como você me mostrar a sua barriga? Estou com saudades da nossa filha.
_Ah Victor.
– Sorriu sem jeito – Não cresceu muito desde a minha partida.
_Por favor.
_Ok.
– Levantou-se e virando de lado, mostrou o ventre, levantando a camisa

   Os olhos de Victor brilharam, queria poder estar lá para acariciar a barriga e dizer que estava tudo bem, que amava as duas.

_Pronto.
– Sentou-se novamente – Já exibi meu corpo demais. Você pode ser um tarado e jogar a foto da minha barriga chapada na internet.

   Ele riu gostosamente, em situações assim amava esse jeito moleca da esposa.

_Sabe Vih, esses dias aqui me deu uma vontade de pegar o primeiro vôo e ir até onde você está.
_Pra mim não está sendo fácil, Luciana. Antes eu chegava em casa e tinha você e a Gabi, agora é só deserto. Te amo tanto.
_Esse mês vai passar rápido meu amor. E vou poder satisfazer meu desejo.
– Sorriu maléfica
_Não fala isso que pego um vôo ate aí só pra te amar.
_Acho melhor vir logo. Tem uns médicos Cubanos, muito gatinhos.
_Lu.
– Repreendeu-a
_Ahh e ainda tem os médicos que vieram comigo. Pena que divido o quarto com as mulheres.
– Esticou o lábio inferior.
_Luciana, estou falando sério, não me faça ir aí.
_Não fica sério, que aumenta meu tesão.
– Riu mostrando-lhe a língua.

    Victor sorriu e continuaram conversando até ele sentir que Luciana já estava quase dormindo em cima da mesa. Desligou e deitou-se na cama, estava pensativo, amava sua mulher, tudo estava ficando difícil, mas iria suportar.

***

_Esse na cor rosa está maravilhoso.

    Geovana estava encantada a cada detalhe naquela loja de moveis de bebês. Victor ao lado de Lucas, apenas se olhavam ao ver ela e Tatianna, que estava com Gabriela nos braços, escolherem tudo ao lado da decoradora que iria ajudar no quarto de Mariana. Permaneceram assim boa parte daquela manhã, entre uma loja e outra, ele viu um sapatinho rosa, mandou logo embrulhar para presente, queria ver Luciana logo, poder acariciar sua barriga, dizer que estava tudo bem, agora apenas se contentava com algumas vídeos chamadas.

Tatianna: _E ainda falta muita coisa. Nunca pensei que fosse assim. – Estavam todos sentados em um restaurante.
Geovana: _Acho que quando é menina, é bem mais caprichado.
Tatianna: _No meu caso, foram dois rapazes.
Lucas: _E porque o Leo não veio?
Tatianna: _Ele teve que resolver algumas coisas.

    Victor olhou de esguelha, lembrou-se do fato de uma semana atrás. De lá para cá, Leo estava diferente, pedia licença para sair dos locais e atender algumas ligações. Aquela garota tinha alguma ligação com essa ausência do irmão, mas iria esperar que ele desabafasse, isso iria acontecer alguma hora.

   Após o almoço levou os sogros para o aeroporto, na volta, recebeu uma mensagem:

Kate: Hey! Não esquece de vir me ver. Vamos inaugurar a nova casa! \õ/

   Sorriu, um medo lhe invadia ao pensar em Kate, teria que relutar contra esse sentimento. Ela não iria forçar a barra em nada e nunca fizera isso.

    Desviou o caminho de casa, indo para a do irmão. Tatianna estava na sala, brincando com os filhos.

_Vitor?
_Tati. Posso te pedir um favor?
_Claro.
_Então, você poderia ficar com a Gabi essa tarde? Prometo vir buscá-la amanhã.

   A cunhada lançou-lhe um olhar estranho, lhe pedindo explicações.

_Eu estou com um novo projeto, uma cantora aí que vou produzir o CD dela. Único momento que eu posso ter uma reunião para debatermos sobre o assunto é hoje.
_Ah
– Foi até ele, segurou Gabriela nos braços – Pode ir. Trabalho é trabalho. – Sorriram.
_Se você precisar de algo, pode ir lá em casa. Lourdes ficará por lá. Obrigado.

    O medo tomou conta de si ao deixar a casa, estava sentindo que Tatianna desconfiara em algo. Passou em casa rapidamente, colocou algumas roupas em uma bolsa de mão e antes de sair, Lourdes o parou. Se com a cunhada, sentiu medo, com a empregada era bem pior, Lourdes falava com os olhos, neles existiam verdades próximas de uma profecia:

_Tem certeza que deseja seguir adiante, Victor?
_Do que está falando?
– Sorriu debilmente mostrando toda a sua fraqueza.
_Não somos inocentes, sabemos do que eu estou falando. Saiba que se seguir esse caminho, se arrependerá mais na frente. – Lhe deu as costas – Boa viagem.

   Sem entender muito o que ela dissera, Victor pegou o carro e seguiu para o aeroporto. Porto Alegre o esperava, Katherine também. Todo o trajeto ficou pensando nas palavras de Lourdes, ela como sempre deixando enigmas que o deixava com mais medo ainda. Assim que chegou no local desejado, tomou um táxi e foi direto para a casa da sua amiga, que o recepcionou com um sorriso mais que perfeito, jogando-se nos seus braços:

_Você disse que viria e veio.
_Sua louca!
– Riu enquanto abraçava-a.
_Vamos entrar.

   A casa era em um bairro de classe media, situava em uma rua muito tranqüila, o que deixou Victor um pouco mais aliviado, não queria confusão para seu lado, apenas estava ali para visitar uma velha amiga. Passearam pelo jardim, sentando na varanda, aquela grama verde e Toddy (O labrador que Kate ganhara do namorado) corria alegremente, talvez sentindo que Victor era uma pessoa de bem e que assim como a amiga, amava animais.

_Sei que você gosta.
– Acordou-o dos pensamentos lhe oferecendo uma xícara de café. – Só não sei se está bom – Sentou-se na cadeira ao lado.
_Vamos ver – Victor bebericou o liquido, com os olhos semicerrado – Está gostoso, mas desculpa, o café da Lourdes ainda é o melhor.
_Não precisa comparar meu humilde café ao da sua empregada.
– Riram – Um dia ainda provo esse café que ela faz.
_Pois é
– Colocou a xícara no pires que estava na mesinha – Estou aqui fazendo uma visita. Um dia quero você por lá.
_talvez um dia em que a Luciana confie em mim.
– Baixou a cabeça
_A Luciana parece ter um coração frio, mas permaneça tentando agradá-la e logo terá o amor que ela possui. Um dia você conseguirá.
_Sempre quis ter uma amizade assim com ela. Espero por isso.

   Calaram-se por alguns segundos, Toddy estava mordendo um dos seus brinquedos. A noite caiu e juntos, eles decidiram assistir um filme. Tudo era tão bom, aquela calmaria, a amizade que ele tinha com Katherine era tão pura e surreal. Lembrou-se dos tempos de amizade com Luciana, era algo puro que um dia se aflorou e o amor revelou-se, tão adorável e gostoso de sentir como uma manhã de outono. Remexeu-se no sofá e logo tomou um gole da sua
**long neck que estava em mãos, só uma cerveja para acalmar seus pensamentos e focar no que passava na tela. Katherine pigarreou, também estava calada, não concentrada no filme, pensava agora em como Victor conseguia passar tanto tempo longe de Luciana, se a amava, porque não fora ao encontro dela em Havana?

_Vih.
_Oi
– Virou o rosto para encará-la.
_Estive pensando, como você consegue ficar “sem”?
_Sem? Depende do que estamos falando.
– Encostou a cabeça no sofá para relaxar.
_Sem... Digo, sem ver a Luciana e sem fazer certas coisas que um homem precisa.
_Ah
– Calou-se por alguns segundos – Apenas não penso nisso. Claro que a vontade bate, que eu sinto desejos, mas longe de Luciana consigo me controlar.
_Corajoso.
– Tomou um longo gole da sua long neck – Estou há dois meses sem e já estou subindo pelas paredes.

   Victor engasgou com o liquido que estava tomando. Aquele assunto o deixou um pouco nervoso.

_E seu namorado, não dá conta do recado?
_Nós... Terminamos.
– Baixou a cabeça.

   Sem prestar atenção no filme, Victor virou-se para ficar de frente para ela, que continuava olhando para a TV:

_Porque não me contou antes?
_Porque assim como meus amigos, você também fugiria de mim.
– Olhou para ele – Eu sou um problema na vida de todos, Victor.
_Jamais diga isso. Eu iria te dar ombro amigo, eu não serei como qualquer amigo seu.
_Você é casado. Se eu te chamasse para vir aqui nessas circunstancias, você iria inventar um monte de desculpas. Enfim, ele não me quer, eu levei um chute na minha bunda e eu estou aqui afogando minhas magoas.

   Olhando para Katherine, que bebia sem parar sua cerveja, chegando até o final, Victor sentiu um receio, uma tristeza. Continuaram assistindo o filme até o fim, a todo instante ele rezava para acabar logo aquilo, gostava da sua amiga, mas naquele momento, ela era uma curva perigosa para seu real estado. O esperado, aconteceu:

_Nem prestamos atenção em nada no filme
– Indagou enquanto retirava o pote de pipoca e as garrafas de cerveja, levando para a cozinha.
_Tem razão. – Levantou-se – Vou para o quarto. Amanhã quero aproveitar a minha folga para visitar Gabriela.

   Enquanto passava pelo corredor, sentiu a presença dela ali, atrás de si. Respirou fundo e seguiu adiante, sendo parado por ela que tentava falar algo:

_Estive pensando, se você quiser aliviar a tensão, poderíamos fazer como antes.
– Passou a mão no peitoral dele – Sem compromisso, sem meia palavra, apenas sexo sem motivo.

   Olhou para Katherine, sua oferta era um tanto tentadora, lembrou-se daquele corpo que tantas vezes o levara ao paraíso e que era um convite para uma noite de prazer. Sua sanidade voltou a tempo:

_Sinto muito Kate. Não consigo, sinto-me traindo a Luciana.
_Tudo bem.
– Afastou-se dele – Caso queira voltar com a oferta, já sabe onde fica meu quarto.

   Em passos sensuais, Katherine andava pelo corredor, seus quadris movimentavam insinuantes, provocativos. Passando a mão na testa, Victor entrou rapidamente em seu quarto, correu para o banheiro e lá tomou um banho para acalmar seus corpo e seu pensamento, Katherine estava lhe propondo uma noite regada a sexo, muito sexo, mas em sua mente vinha o rosto de Luciana sorridente, lhe chamando de amor e tantas outras palavras carinhosas.

    Rolou na cama procurando uma posição confortável, ou algo que o fizesse esquecer que estava sob o mesmo teto que sua amiga, o pecado estava no quarto ao lado, alguns metros e aquela garota seria sua, iria possuí-la e satisfazer seus desejos; mas não era isso o que queria, eram só seus desejos em seu corpo clamando. Sem muito sucesso no sono, levantou-se e foi até a cozinha, bebendo água lembrou-se de Luciana mais uma vez, como queria tê-la em seus braços agora...

_Sentiu sede ou a insônia não o deixa em paz?

   Aquelas palavras provocantes em seu ouvido, um medo de virar-se e não responder por si, era assim que ele estava. Lentamente, Victor girou sobre o calcanhar, seus olhos involuntariamente passearam pelo corpo de Katherine, mostrando sua camisola transparente, revelando cada curva sedutora e uma calcinha de renda que dava para ver sua alma, arranhando o abdômen dele de leve, vendo-o retrair-se a simples toques:

_Kate, por favor... Não. – Sua voz estava esganiçada, falha, entregando o desejo que sentia diante dela.
_Somente essa noite, seja meu, Victor.

   Katherine ergueu o rosto, lhe mostrando um olhar inocente mas infernal. Entorpecido pelo momento, Victor segurou-lhe o rosto puxando-a para um beijo de suplico, algo extremamente rápido, com suas línguas se devorando, suas mãos corriam pelas costas da garota, segurando firmemente as nádegas e em um movimento rápido colocou-a sentada no balcão; seria ali, iria possuí-la, entregar-se ao prazer sem culpa. Sem muita paciência, rasgou-lhe a calcinha enquanto a moça pendia a cabeça para trás entregando um sorriso de satisfação e desejo, tocou na intimidade da mesma e pode perceber o quão lubrificada ela estava:

_É assim que eu fico toda vez que te vejo.
– Segurou os cabelos da nuca dele enquanto o fitava. – Faça de mim o que quiser, hoje quero ter você dentro de mim sem piedade, quero ver seu lado selvagem... Mostre-me, Victor – falou entre os gemidos.

   Ele sabia que não seguraria por muito tempo, seus dedos saíram dali, dando espaço para o membro. Victor segurava com força os quadris de Katherine, as investidas eram fortes e violentas, não exista amor ou sentimento parecido, ali era um homem e uma mulher apenas aliviando toda a tensão que estava acumulado nos corpos.

_Você não pediu? Então vai ter
– Segurou o cabelo dela, puxando com força.

   Naquela madrugada, ambos estavam loucamente aproveitando cada segundo que o prazer do corpo do próximo lhe oferecia, as investidas de Victor mostrava que naquela noite não iria existir cavalheirismo, estava pensando somente no seu prazer e foi assim que em alguns minutos aconteceu. Estava suado, satisfeito, apenas movimentando dentro dela para vê-la se retorcer de prazer e ambos procurando a sanidade mental... Ela chegou, deixando agora um Victor preocupado e uma sensação de culpa afligindo-lhe.

   “Saiba que se seguir esse caminho, se arrependerás mais na frente” Foi com essas palavras de Lourdes em sua mente, que ele se afastou de Katherine, colocando seu membro de volta para dentro da cueca, local onde ele nunca deveria ter saído e em passos largos se retirando da cozinha. Sua insônia agora seria por outro motivo... Arrependimento.


____

*Havana: (em espanhol: La Habana) é a capital e a maior cidade de Cuba e encontra-se na província Ciudad de La Habana


**Long Neck: Garrafa de cerveja com quantidade aproximada à lata.


Continua...

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Cap. 25



“Tudo parece escuro, a vida parece o nada, então agora eu te procuro...” (Eu Vim Pra Te Buscar – Victor e Leo)

    Saindo do aeroporto Victor sentiu uma parte de si arrancada, cessou as lagrimas e entregou Gabriela para Geovana, sua filha chorava sem parar, estava muito apegada a mãe, só agora ele pode sentir isso.

_Deixe ela aqui esses dias, Victor. Sei que você tem show essa semana.
_Sim, não vou negar Dona Geovana.
_Mas antes de partir, durma essa noite em São Paulo para Gabriela não se assustar. Quase não somos presente na vida dela.
_Tudo bem.

   Era estranho para ele ir à casa dos sogros sem Luciana por perto, mas em momento algum fora tratado mal por eles, muito pelo contrario; pela noite já estavam na varanda, Gabriela correndo com Lucas enquanto ele e Geovana conversavam:

_Sei que vamos sentir saudades da Lucy, mas logo ela estará aqui.
_Assim espero. Não vou conseguir entrar no nosso quarto e saber que ela não está nele.
– Bebericou um pouco do café na xícara.
_Sinto uma paz tão grande quando sei que minha filha está bem por lá. Só tenho que lhe agradecer, Victor. Não esquecendo de pedir-lhe desculpas por todo o mal que te causei.
_Águas passadas, Dona Geovana. Hoje estou mais tranqüilo por saber que Luciana se dá tão bem com vocês. Me sentia culpado por ela ficar entre nós, dividida em me defender e ao mesmo tempo querer vocês por perto.

   Calaram-se para admirar Gabriela que dava altas gargalhadas enquanto corria em seus passos pequenos, a casa era ampla e no fundo, Victor sentia-se calmo por saber que lá ela ficaria bem.

_Na próxima semana estou pensando em ir para Uberlândia. Pensei em juntos decorarmos logo o quarto da Mariana.

   Esse contato direto ainda assustava Victor, Geovana mudara por completo, só agora ele pode perceber.

_Seria ótimo. Vou pedir para Tatianna falar com uma amiga dela para nos ajudar.
_Posso deixar a Gabriela com a Tatianna uns dias por lá, o que acha?
_Por mim, tudo bem, Dona Geovana. Sei que Gabi está muito apegada a ela.

    E assim aquela noite passou, Lucas se juntou a eles e acabaram conversando sobre como seria o quarto, o dia em que iriam a Uberlândia. Após alguns minutos deitado naquele quarto, Victor sentiu o sono lhe vencer, acabou adormecendo.

***

    Sentado em seu camarim, Victor trocava mensagens com Luciana. Leo havia saído e como ainda não tinha voltado, ficou conversando com ela:



Lu_Amor
Que horas podemos fazer a vídeo chamada?
                                           

        Após o show te ligo                          avisando √√       

   De repente, alguém bate na porta, após autorizar Katherine entra sorridente. Estava mais bonita a cada dia que se passava, agora seus longos cabelos estavam em uma cor preta, fazendo-o lembrar no mesmo instante de Luciana.

_Apenas quero um abraço seu

   Sem hesitar, levantou-se e abraçou-a fortemente.

_que saudades, como está?
– indicou o sofá. – Sente-se.
_Soube que será papai pela segunda vez. Tinha que vir te parabénizar.
_Obrigado
– Baixou a cabeça.
_E soube também que você anda circulando sozinho. Verdade?

    Olhou para o teto já imaginando que as fofocas já rolavam.

_Literalmente estou só.
– Sorriu – Mas é só porque Luciana teve uma viagem a trabalho.
_Nossa
– Colocou a mão no próprio seio esquerdo – Tive um susto. Pensei que estivessem separados.
_Não. Amo demais aquela mulher.

    A conversa silenciou, Katherine sonhava em um dia poder ter um homem assim em sua vida, onde a amasse e falasse alto para todos ouvirem. Apenas queria um alguém igual ao Victor Chaves. Limpou a garganta para puxar assunto:

_Sabe Vih, estou precisando dos seus conselhos.
– Sorriu como uma criança – Queria tanto que você fosse lá em casa. – Lembrou-se de algo e remexeu-se no sofá – Leva a Gabi, vou amar ter esse momento com ela. Amo crianças.

   Foi ali que Victor sentiu algo em seu coração pedindo para dar um freio naquela situação. Mas como dizer não a Katherine, sua amiga por quem lhe confidenciava as coisas mais intimas existentes na vida dela? Lembrou-se de Luciana, ela não gostava muito dessa amizade entre os dois, arrepiou-se só de imaginá-la sabendo que a filha estava nos braços dela.

_Gabi está com os pais de Luciana. Infelizmente não poderei levá-la.
_Ahh que pena
– Sua expressão ficou triste, mas logo mudou sorrindo – Mas conto com você, Victor. Preciso te contar muitas coisas.
_Seu namorado não iria gostar, Kate.
– Encostou a cabeça por completo no sofá.
_Ele está em viagens para negócios, mas sabe que você e eu temos uma amizade linda.
_Será? Eu mesmo não gostaria de saber que tem um homem na minha casa enquanto estou viajando.
_Bobo
– Bateu no ombro dele.

    A porta abriu-se rapidamente, sem ao menos Victor e Katherine se afastarem. Ao virar o rosto, a visão fora péssima: Hellen estava ali, sorrindo, sua beleza como sempre colorindo o ambiente, seu perfume invadindo cada canto daquele camarim. Seu sorriso se desfez ao ver a moça que estava do lado dele:

_Mal você fica solteiro e já vem essas piranhas para cima de você, meu doce Victor?

   Assustada, Katherine levantou-se, ele também, que ficou entre as duas:

Victor: _Hellen? É... – Coçou a nuca, sem jeito – Como está? Digo, quanto tempo, né?
Hellen: _Sim meu doce Victor. Como uma Fênix, ressurgi das cinzas. Estava com saudades de você. O destino nunca mais nos juntou em um só local. Mas agora que está solteiro sinto que necessita de um carinho a mais – Passou a mão no ombro dele, acariciando.

   Victor tirou a mão de Hellen do seu corpo. Sentia repugnância só de lembrar em todas as situações que a ex lhe colocara diante da mídia.

Victor: _Não estou solteiro, Hellen. Luciana viajou a trabalho.
Hellen: _Que pena, achei que poderíamos aproveitar.

    Fuzilando-a com o olhar, Katherine segurou-se para não bater nela. Trocando o mesmo olhar, Hellen sorriu de uma maneira sarcástica:

_E você mocinha, o que fazes aqui? Sabe que não pega muito bem em um camarim, um cantor casado e você, uma qualquer, a sós.
_Não sou uma qualquer, Hellen. Sou amiga do Victor, tenho total confiança nele e diferente de você, não vejo nele segundas intenções, tampouco quero colocá-lo em maus lençóis na mídia só pra ficar famosa.
_Lave sua boca para falar assim de mim, sua vadiazinha.

    Victor estava assustado, um barraco e logo choveria de fotógrafos ali. Ainda entre as duas, espalmou as mãos no ar.

_Parem já com isso! Hellen, a Kate é uma amiga minha. Não vejo maldade em nossa amizade.
_Tem certeza meu doce Victor? Foi assim que a cobra da Luciana arrancou você de todas nós.

   Katherine deu um passo a frente:

_E foi você que fez aquilo tudo para separar os dois. Ou pensa que eu não sei do contrato que Victor fez com você? E tempos depois você fez questão de embebedar Victor para arrancar dele a verdade e no outro dia ir à casa da Luciana?

    Assustada, Hellen não tinha palavras. Olhou para Victor, que estava com uma fisionomia séria. Não precisava conhecê-lo a fundo para saber que ele não estava gostando nada daquilo tudo.

_Victor, vou sair quando essa daí
– Apontou para Katherine – não estiver aqui, eu volto. Agora tenho um show para fazer.

   Em passos largos, saiu, não esquecendo de bater com toda força a porta. Katherine riu alto, sentando no sofá em seguida. Era isso o que Victor admirava nela, sempre fazendo graça de tudo, até em momentos tensos como esse.

_Ela ficou assustada, Vih.
_Você é louca? Pensei que Hellen fosse te bater.
_Ela não é capaz disso. Mas bem que duvido, Hellen anda afastada da mídia e está louca para voltar a ter seu nome em programas de fofoca.
– Riu mais uma vez. – Sabe, vou até assistir esse show dela. – Levantou-se. – Ela deve tá muito necessitada mesmo, para abrir shows de duplas famosas. Quem te viu e quem te ver, Hellen Batidão. – Olhou para o teto

   Dessa vez Victor acompanhou-a na gargalhada.

_Agora eu tenho que ir.
– Foi até a porta, parando na mesma. – Promete que na próxima semana você vai me ver?

   Ele poderia dizer não e no fundo queria poder dizer isso, não iria se arriscar, tudo estava tão bem entre ele e Luciana, mas sua cabeça fez um gesto positivo.

_Ok então. Já sei que semana que vem vocês terão dois dias de folga, vi na agenda. Beijos.

   Se retirou e Victor ficou ali, olhando para um ponto no camarim. Aquela situação estava errada, ele não poderia ter mais momentos assim com Katherine. Lembrou que ela defendera Luciana na frente de Hellen, sorriu debilmente: “Ela não é uma má pessoa. Posso achar nela, um porto seguro enquanto não tenho Luciana. Katherine nunca tentaria algo comigo por causa do namorado, já me dissera uma vez que estava amando-o loucamente. Confio na pureza da nossa amizade.” Pensou.

   Lembrou-se que já tinham se passado horas que não via o irmão, preocupou-se e decidiu procurá-lo. Talvez Leo estivesse conversando com alguns patrocinadores, já que gostava de estar sempre conversando com todos. Depois de muito perguntar e indicarem alguns atalhos, de algumas pessoas pararem e lhe pedirem autógrafos, fotos, achou-o em um corredor vazio, com uma iluminação fraca. Leo não estava só, consigo estava uma moça, encostada na parede, estavam muito próximos, com os rostos quase colado; Victor estranhou aquele clima e em passos lentos e sem fazer barulho, aproximou-se, ouvindo a conversa:

_... Mas elas não são você, me preocupo. Você não pode ficar no meio da rua quando tudo terminar...

   Pigarreou para sentirem a presença dele ali, Leo tomou um susto e em meio segundo já estava afastado da moça, que também assustou-se.

Victor: _Boa noite. Leo, estava te procurando.

  Leo pôs a mão na nuca, mexendo nos cabelos, estava nervoso, tenso.

_Eu estava conversando com a Clary.

    A moça olhou meio sem jeito para Victor, seu rosto estava ruborizado de tamanha vergonha, seus olhos verdes destacavam-se na pele branca, olhou para baixo sem jeito.

_Ok, não demora Leo. Estou no camarim.
_Eu já estou de saída. Com licença
– Retirou-se

   Leo não conseguia encarar o irmão, que já o olhava pedindo explicação:

_Quem é ela?
_Ah, você não lembra? A Clarisse. Sempre que pode ela nos acompanha em shows. Enfim, estávamos falando sobre alguns assuntos de fãs...
– Começou a andar rapidamente, Victor o acompanhou – Elas estão dizendo que você está separado da Luciana.

    Com certeza Victor sentiu que Leo mudara de assunto para ele não perguntar mais nada sobre aquela moça misteriosa.

   O show ocorrera normal naquela noite, Victor apenas observava as trocas de olhares do irmão para a moça. Lembrava vagamente do rosto dela em shows anteriores, mas nada que a marcasse. Após o show foi surpreendido com Hellen, que o parou no meio do caminho:

_Meu amor, estava muito lindo hoje.
– O abraçou
_Obrigado, Helen, mas estou todo suado.
_Não ligo
– Sussurrou no ouvido dele – Nossas noites de amor você ficava assim e eu ainda conseguia chupar seu pescoço.

   Empurrou-a de leve, sorrindo.

_Vou pro camarim me trocar. Com licença.
_Se precisar de ajuda estou aqui.
_Obrigado, mas sei me trocar sozinho
– Sorriu e seguiu seu caminho.

   Após atender várias fãs ali, saiu para entrar logo no carro, Hellen ainda estava ali. Desviou o caminho e achou Katherine, que o abraçou:

_O show foi incrível, Victor. Amei.
_Obrigado. Está hospedada no mesmo hotel que a equipe?
_Não. Mas fica tranqüilo, vou de carona. Uma amiga minha está comigo essa noite.
_Se quiser, mando levarem vocês duas. É só me pedir.
_Obrigada Victor. Mas ela veio de carro. Abraços.

   Se retirou dali, no mesmo instante, Victor virou-se e percebeu que Hellen o fitava estranha.

_Apenas observo cada passo seu, Victor. Cuidado para não pisar em falso.
– Deu as costas e se foi.

   Sem entender muito o que ela falava, Victor sorriu chamando-a de louca. Ele não sabia que aquilo, seria apenas uma prévia do que ela era capaz.


Continua... 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Cap. 24


Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.

Antes do seu avião subir, saudade vai chegar
 Amarrando meu sorriso só pra ver
 Só pra ver alguma lágrima querendo se soltar
 Dos meus olhos quando a hora de dizer adeus chegar
                                 (Não vá pra Califórnia – Victor e Leo)
    
    Para tristeza de Victor, os dias estavam passando mais rápidos do que ele imaginou, sua agenda lotada de shows não dava espaço para fazer uma despedida digna para ela. Luciana sentia falta dele, estava nos preparativos para a viagem, sabia que agora poderia ir tranqüila, estavam se acertando, tudo indo muito bem entre eles.

    Faltando apenas um dia para Luciana partir, conseguiu uma folga. Chegou de madrugada em casa e lá estava ela, sentada em uma cadeira próxima ao berço, zelando o sono da filha. Percebeu a presença dele e logo sorriu, seus olhos estavam semicerrado, uma expressão cansada.

_O que houve que está acordada?
– Beijou-lhe o topo da cabeça
_A Gabi – Levantou-se – Está meio febril. Acho que esta sentindo que logo vou deixá-la.

   Uma tristeza invadiu Victor, sentia seu coração doer.

_Vem, vamos pro nosso quarto.

   Enquanto ele tomava uma ducha para relaxar os músculos, Luciana deitou-se na cama, o esperando. Em alguns minutos lá estava ele puxando as cobertas para aquecer-se do frio, passando o braço no ombro dela, enquanto aninhava-se perto do corpo dele.

_Vou sentir sua falta.
– Victor iniciou a conversa.
_Vai ser rápido, em um mês estarei aqui.
_Pra mim será uma eternidade. 
– Beijou-lhe a bochecha. – Promete que vai pensar em mim onde quer que esteja?
_Prometo. Faz o mesmo também
_Ok minha Senhora.

   As mãos se tocaram, permaneceram assim por alguns minutos, Victor observando cada traço em Luciana, queria guardar como se não houvesse o amanhã. Não conseguindo conter-se mais, beijou a boca dela, pedindo passagem com a língua, era uma sensação boa, estavam apenas se curtindo como dois namorados... Eterno namorados. O sono venceu e abraçados, dormiram.

    Aquele sol invadiu o cômodo e pelo cheiro do café que sentia, Victor sorriu ainda com os olhos fechados.

_Papá?

    Abriu-os e viu a visão perfeita: Gabriela sentada na cama, Luciana segurando-a com um sorriso.

_Impossível acordar de mau humor vendo as mulheres da minha vida assim.

    Sentou-se na cama, colocando Gabriela em seu colo. Sua filha agora tinha os cabelinhos lisos, caídos na altura do ombro, algumas mechas impediam de fixar em seus olhinhos castanhos.

_Só acho que daqui a seis meses esse castanho no cabelo dela vai ficar mais claro.
– Beijou rapidamente ele – Bom dia.

    Segurou Gabriela enquanto Victor ia ao banheiro para fazer sua higiene. Ao voltar sentaram-se à mesa que tinha na varanda. Olhar para elas e ainda não acreditar que era sua família, foi assim que Victor ficou por alguns segundos.

“As coisas só ficam boas em despedidas, por quê?” – Pensou.

    Aproveitou ao máximo aquela manhã, pela tarde, foram para a fazenda. Algumas horas depois, Tatianna, Leo e os filhos chegaram, logo sem seguida Carol. Na companhia dos amigos Luciana aproveitava ao máximo a despedida, Victor ficava apenas observando o quão linda sua esposa era, sempre atenciosa com todos, brincalhona.

Leo: _Sentiremos sua falta, Cunhadinha.
Luciana: _Eu também sentirei.
Tatianna: _Como vai ser ficar longe da sua filha?
Luciana: _Não só ficar longe dela – Olhou para Victor. – Vou sentir saudade de todos que amo.
Carol: _Mas é rapidinho, em um mês você estará aqui. É um mês mesmo, não é amiga?
Luciana: _Sim. – Sorriu – Enfim, não vejo a hora.

    Um silencio, todos os rostos tristes. Em cada mente ali se passava o receio de acontecer o mesmo de quando Luciana decidiu ir morar em São Paulo e acabou voltando triste e doente. Victor respirou fundo, precisava entender a vida, nem sempre conseguimos ter todas as coisas que nos fazem felizes por perto.

_Lourdes fez um bolo maravilhoso, vamos para a cozinha?

    Aquele fim de tarde estava bom, agora conversavam sobre de tudo um pouco e assim afastando a idéia de ali ser uma despedida. Ainda permaneceram até o jantar e após isso, aos poucos, as visitas ia indo embora, antes abraçaram Luciana, desejando toda a felicidade e a ansiedade de que a esperavam logo. Ao verem a casa vazia, Gabriela em um sono profundo ali no sofá, se entreolharam e Victor sorriu:

_Deixa que eu coloco ela no berço. Descansa.

   Aproveitando aquele momento só, Luciana decidiu ir caminhando em passos lentos, admirando aquela brisa, o vento que serpenteava seu cabelo, um frio bom de sentir. Parou no lago e ficou admirando a vista e refletindo sobre a vida. Tudo passou tão rápido e agora ela seria mãe pela segunda vez, a emoção era bem mais forte, pois tinha Victor ali, presente no dia a dia. Ouviu a voz agradável dele...

_Fica combinado assim: te dou a Lua do sertão, você me dá você pra mim...
– Cantarolou

    Abraçou-a por trás, apoiando o queixo na curva do ombro com o pescoço. Um momento de paz interior, Luciana olhava para aquele lago e sentia-se segura. Como um estalo em sua cabeça, remexeu-se nervosa, virando e olhando profundamente para ele.

_Mariana.
_Sim, essa é a musica que eu acabei de cantar.
_Não. Se chamará Mariana. Nossa filha.
– Olhou para a barriga.  – Acho tão lindo esse nome.
_Espera Lu, calma. Tem certeza que quer?
_Sim. Sabe, é lindo esse nome.
– Sentiu os olhos marejarem.

   Victor abraçou-a balançando suavemente e permaneceram assim por um longo tempo.

_Vamos voltar que já esta ficando tarde.

    Entrelaçou a mão na de Luciana e em passos lentos caminharam voltando para casa, como se fossem um casal de namorados, ambos estavam tímidos, olhando para todos os lugares por onde passava. Em seus pensamento, um ele falou alto:

_Soberana cheia de graça...
_Oi?
_Eu disse, que o nome Mariana, um dos significados é esse.

    Mais um pouco de silencio e em alguns passos estavam diante da casa. Luciana apertou a mão dele:

_Vih.
_Fala.
_Gostou mesmo desse nome? Se quiser eu mudo. Podemos sentar e conversar sobre nomes de bebês.

 Rindo, Victor abraçou-a:

_Eu amei, Lu. Está sendo tudo tão surreal que vou demorar a cair a ficha.
_Então tá. Também pudera, você já me disse o significado né, deve ter alguma ex que se chamava assim e lembrou-se
– Ficou séria fazendo Victor rir gostosamente.
_É verdade. Já se passaram tantas “Marianas” em minha vida, que nem lembro mais.
_Mentira seu safado!
– Bateu no ombro dele.
_Tô falando sério, Lu. Vamos entrar.

    Aos poucos tudo foi se ajeitando naquele fim de noite, antes de Victor deitar-se ainda passou no quarto de Gabriela que dormia como um anjo, sorriu satisfeito. Voltando para a cama achou Luciana embaixo do lençol, encarando o teto.

_No que pensas, minha amada?
– Entrou nas cobertas.
_Só na saudade que vai me consumir a cada dia distante de vocês. 
– Virando-se de lado, passou um dos braços na cintura dele enquanto aninhava-se
_Ainda está em tempo de desistir.
– Sorriu maléfico
_Não me faz essa tortura. Fico dividida cada vez que ouço você falar isso.

   As mãos de ambos brincavam; ele, acarinhava as longas madeixas de Luciana, ela, mexia na barra da boxer.

_Uma despedida na Hortense, o que acha?
– Encostou o queixo no peitoral dele.
_Está frio hoje.
– Olhou para ela – Eu iria adorar.

   Luciana encostou a cabeça novamente nos braços dele, agora sua mão era ligeira e em alguns segundos já estava dentro da cueca, sentindo a intimidade de Victor clamar por ela. Sorriu e quando ergueu o rosto, ele pegou-a de surpresa roubando-lhe um beijo, puxando-a mais para si. Rapidamente, deitou sobre ele, podia sentir as mãos taradas do seu marido apertando sua região glútea, fazendo assim as intimidades se tocar e roçarem mesmo com apenas o tecido separando-os.
    Sentando, com os dedos fazendo uma trilha sobre o abdômen dele, Luciana subiu a camisa de Victor, observando-o sentar e terminar o que ela começou, aproveitando para tomar um dos seios dela ainda por cima da camisola, ouviu-a gemer baixinho e logo mexer o quadril e com as mãos ágeis, puxou a peça intima dela e só assim os corpos se afastaram, mas logo voltando a posição anterior.

   Luciana empurrou-o para deitar-se por completo, amava dominar, sentir-se no poder. Sem quebrar a troca de olhares, segurou o membro dele e colocou-o dentro de si, aos poucos foi descendo e sentindo leves choques pelo corpo, ela queria tanto quanto ele. Juntos sofreram a dor do prazer a cada subida e descida do corpo dela. Sabendo que não iria agüentar por muito tempo, Victor passou a mão pelo ventre, descendo até sentir a intimidade de Luciana e fazendo movimentos para acelerar o prazer da mesma, que agora apoiava as mãos no peitoral dele, querendo acelerar os movimentos, o calor dos corpos, liberando
*endorfina, a pulsação e o coração batendo aceleradamente. Estavam quase no ponto, entre gemidos baixinhos, sussurros ofegantes. Agora Victor segurava-lhe o quadril procurando a calma para não machucá-la e enfim chegaram ao ponto alto do prazer. Sem forças, Luciana deitou sobre ele, puxando o ar para seus pulmões, ouvindo os batimentos cardíacos dele, que aos poucos estava voltando a velocidade normal, tudo parecia ser um sonho.

    Voltando para a realidade, Victor encarava o teto enquanto entrelaçava as mãos no cabelo dela. Estava pensativo, fazendo calculo com a cabeça e chegando a conclusão que teria menos de vinte e quatro horas ao lado de Luciana. Não queria que ela fosse, sentia seu peito doer só de imaginá-la indo embora.

_Eu te amo, não esquece disso nunca.

   Ouviu a voz dela e sorriu involuntariamente. Abraçou-a forte e depositou um selinho no topo da cabeça.

_Nunca irei esquecer. Te amo tanto que agora não sei o que será da minha vida sem você, Senhora Chaves.

   Sentiu o sorriso dela e logo a vendo rolar para deitar-se do seu lado e assim como ele, encarar o teto.

_Espero que a Gabi se acostume com vocês.
_Ela vai, a Tatianna tá toda feliz por saber que vai encher a afilhada de mimos.
– Virou-se, ficando de lado e com os dedos, brincar de fazer desenhos aleatórios no ventre dela.

   O silencio predominou, não estava incômodo, apenas era um momento onde eles conversavam apenas com olhares, mãos, carinhos.

_Boa noite.
– Virou-se
_Dorme bem meu anjo
– Abraçou-a por trás, inalando aquele cheiro que da pele dela exalava.

***

   Em São Paulo estava um sol lindo, dia perfeito, mas para Victor estava nublado, com tempestades. E lá estava ele, no aeroporto internacional, Geovana falava sem parar, estava sorridente, dentro de si havia um orgulho por saber que sua filha estava viajando a trabalho. Lucas, olhava para o telão a cada instante para verificar o vôo que estava atrasado, olhou para Victor, que brincava com a filha nos braços enquanto Luciana conversava animadamente com a mãe.

_Ela vai fazer falta.

    Acordando do mundo de pensamentos em que situava, Victor apenas sorriu e olhou para sua esposa, sabia que ela estava nervosa, Luciana sempre falava demais em situações assim.

_Muita, muita falta
– Suspirou olhando para a filha – É minha pequena, sua mãe vai nos abandonar.

   Juntaram-se a elas, entre um papo e outro, chamaram o vôo de Luciana, que suspirou e como uma criança suplicou com os olhos para que essa hora não tivesse chego. Abraçou Geovana e Lucas, com um “até logo”, olhou para Victor que estava sustentando um sorriso imenso para não cair em lagrimas.

Geovana: _Desculpe querida, não vou te levar ao portão de embarque. Detesto despedidas.
Luciana: _Eu sei disso. – Sorriu fraco. – Adeus.

    Calado, Victor com Gabriela nos braços acompanhou Luciana, eram tantas coisas a serem ditas mas as palavras fugiam da sua boca. Diante do portão, pararam, ficando frente a frente, foi ali que ela sentiu uma lagrima cair em seu rosto, sendo limpada com os dedos dele.

_Não chora meu anjo, nós iremos te esperar e..
– Sua voz estava esmagada pela prévia de um choro forte e inconsolável – Você vai voltar, eu vou estar aqui, te esperando.
_Eu sei disso.
– Suspirou – Como amo vocês, cuidem-se e não esquece de me ligar tá? – Ele assentiu fazendo gestos positivos com a cabeça.

    Sem mais nada a dizer, Luciana o abraçou e entregou-se ao choro, soluçava e queria que o tempo parasse e ficassem assim pela eternidade. Victor sorriu fraco em meio ao choro.

_Por favor, não esquece que eu te amo.
_Nunca irei esquecer, estará em meu coração e em minha mente isso. Você também, Victor.
_Agora vai
– Soltou-se do abraço, depositando um selinho nos lábios dela.

   Não conformada, Luciana passou a mão na nuca de Victor e aprofundou o beijo, as línguas sincronizavam agonizantes, uma despedida. Após afastar-se, olhou para Gabriela que inocente apenas sorria, segurou-a nos braços, beijou o topo da cabeça:

_Cuida bem dela, Victor. Pelo amor de Deus.
_Ok.

Devolveu-a ao marido

_Adeus. – Sorriu sentindo as lagrimas invadirem seu rosto.
_Não veja isso como um adeus, mas sim como um até logo, Luciana.

   Baixou a cabeça e sem olhar para trás seguiu seu caminho ainda ouvindo o choro de Gabriela.    
___ 
* Endorfina: É neurotransmissor, assim como a noradrenalina, a acetilcolina e a dopamina, e é uma substância químicautilizada pelos neurónios na comunicação do sistema nervoso. É uma hormona, uma substância química que, transportada pelo sangue, faz comunicação com outras células, este é o hormónio do prazer.

Continua...