quarta-feira, 18 de junho de 2014

Cap. 05



   Empolgada entre atender uma paciente e outra, ouviu batidas na porta, autorizou a entrada achando que era uma das pacientes. Carol entrou e foi logo a abraçando.
_Parabéns amigaaaaa. Muita felicidade, muito amor, muito sexo com o Victor para poder me dar um afilhado, já que a Tatianna deu o ar da graça de roubar a Gabi de mim.

   Sentaram no sofá.

_Larga de ser ciumenta, Carol. E não, não quero filhos agora. Gabi foi uma exceção.
_Não sei porque você não quer. É rica, bem instruída na vida, casada com o cara mais perfeito do mundo... Posso te bater?
_Não precisa
– Riu alto – Na verdade tem vários motivos, Carol. Vou fazer a viagem, imagina, grávida em um local estranho?
_Mas quando voltar vou te cobrar.
_Victor fala isso sempre.
_Está certo. E aí, falta uma semana para o casório, já foi provar o vestido?
_Não tenho tempo pra isso, Carol. Sei lá, isso pra mim é frescura. Meu corpo não vai mudar em uma semana, não vou ficar perdendo meu tempo provando vestido todo dia.
_Acho bom você tomar cuidado, por causa da tensão pré-casamento, seu corpo muda.
_Isso não acontece comigo.
_Tudo bem teimosa. Agora tenho que ir, só vim pra te dar um abraço.

   Despediu-se da amiga e voltou ao trabalho, empolgada e feliz, sabia que todos os seus amigos tinham um sentimento verdadeiro para com ela. Lembrou-se da mãe, que não ligara, estava preocupada. Após atender sua ultima paciente, arrumou sua sala. Como sempre, Victor encostou-se na porta e ficou admirando-a.

_Meu amor, porque você fica aí me olhando?
– Retirou o jaleco, pendurando-o na cadeira.
_Gosto de ver você assim, feliz com o que faz.
_Já terminei, podemos ir para a fazenda.
_Tudo bem, também terminei de resolver minhas coisas no escritório. 

  Saíram do consultório, pegando logo a estrada.

_E não vamos buscar a Gabi?
_Não, eu a levei junto com a Joyce.
_Mas porque não esperou?
_Preferi.

   Tentando decifrar o que Victor escondia, Luciana não parava de encará-lo, ele estava preparando algo para ela, pode perceber.

  Chegaram na Hortense alguns minutos depois, Luciana desceu rápido do veículo.

_Custa esperar seu motorista?
– Victor desceu do carro rindo.
_Não dá, você preparou algo para mim, quero logo saber.

   Assim que entrou na sala, seus olhos lacrimejaram. Geovana estava com a neta nos braços.

_Mãe...
– Correu para abraçá-la

   Victor sentiu uma paz interior ao ver que Luciana e Geovana estavam se dando bem. Mãe e filha, ali, abraçadas como se não houvesse amanhã.

_Parabéns Luciana.
_Obrigada.
– Olhou em volta. – E o Pai?
_Não pode vir, mas te mandou abraços.

   O dia foi de alegrias, Luciana e Geovana colocaram o papo em dia, enquanto isso, Joyce fazia um bolo na cozinha, Victor pegou Gabriela para levá-la para ver os cavalos. Cada vez que olhava para sua filha, via traços dos dois, no gênio, puxara a mãe, na insistência, puxou ao pai.

_Como te amo minha princesa.
– Suspirou enquanto via sua filha empolgar-se vendo os cavalos.

   No fim da tarde, Tatianna, Leo e os filhos chegaram, o bolo foi cortado com parabéns contra a vontade de Luciana.

Tatianna: _Quem diria, ano passado vocês estavam separados.
Luciana: _Pois é, acho que foi graças a todos vocês que fizeram aquela festa surpresa.
Leo: _E fizemos nesse intuito de ver vocês juntos novamente. – todos riram. – Preparada cunhadinha? Semana que vem vocês casam e a lua de mel, onde será?
Luciana: _Veneza.
Geovana: _Ainda to sem entender, casais normais escolhem Paris.
Luciana: _Mas eu e o Victor somos um casal anormal, mãe, quando você vai entender isso?

   Todos sorridentes, menos Victor, que estava em um cantinho da varanda, brincando com sua filha. Sentiu alguém se aproximando.

_Porque não se junta a nós, Victor?
_Obrigado Dona Geovana, mas não quero acabar com a felicidade de Luciana.
_Desde que me trouxe pra fazenda, senti que está mais pensativo, ou é impressão minha?

   Victor baixou a cabeça, não queria desabafar com a sogra, talvez ela não fosse entender.

_Umas coisas aí.
_É essa viagem da Luciana, não é? Por incrível que pareça, estou achando loucura dela ao fazer isso.

  Aos olhos assustados de Victor, ela continuou:

_Luciana tem que parar mais em casa. Trabalho em excesso só traz estresse, principalmente agora que ela tem você e a Gabriela.
_Eu até tento falar isso pra ela, mas tenho medo.
_Vou tentar falar com ela.
_Não Dona Geovana, esqueça essa nossa conversa. Depois eu tento convencê-la.
_Vou tentar. Não quero que essa historia se repita na família, não criei ela, por isso sei bem esse medo seu.

   Se afastou de Victor e ficou na sala, conversando com todos. No começo da noite, Leo e Tatianna, despediram-se de todos e foram embora.

_Eles são legais.
– Geovana sentou no sofá perto de Luciana.
_Gostou? Eu também os acho super legais. A Tati é um amor.
_Ela cuida tão bem da Gabi.
_Vou chamá-la pra ser madrinha, o que acha?
_Concordo.

   Em silencio, cada uma em seu pensamento. Geovana não queria machucar Luciana, mas como mãe deveria acordá-la do transe em que estava vivendo.

_Lucy, sei que é um assunto delicado, mas... Tem certeza de que quer fazer essa viagem para o exterior? Digo, a trabalho?
_Porque isso agora, mãe? Achei que me apoiaria.
_Eu sei que é pro seu futuro, mas será que esse curso não pode esperar mais um pouquinho não? A Gabi está crescendo e...
_Você acha que serei como você, que me abandonou?
_Sinceramente? Sim.

  Luciana fez uma breve pausa, estava pensativa.

_Foi o Victor que te falou né?
_Ele não falou nada, mas tá na hora de você olhar ao seu redor. O Victor estava na varanda, triste.
_Quer saber? Esse assunto já deu.
– Levantou-se. – Boa noite.

   Foi para o quarto pensativa. Por mais difícil que fosse a situação, Luciana tinha que reconhecer que estava esquecendo até do seu casamento por causa de trabalho. Foi para o banheiro, aquela água caindo em seu corpo a fez refletir mais. Trocou-se e deitou na cama, com os olhos fechados, sentiu a presença de Victor e a porta fechar.

_Lu, vem comer. Estão todos jantando.
_Estou sem fome.

   Sentou-se perto dela.

_Discutiu com sua mãe?
_Por sua causa.
– Abriu os olhos e o encarou.

  Sem falar mais nada, Victor saiu do quarto e foi jantar. Ficou até tarde na varanda, tocando violão, pensativo, se sentindo culpado.

_Que horas você vai dormir?

   Ouviu aquela voz atrás de si e virou-se, Luciana estava vestindo uma camisola curta, com os braços cruzados por conta do frio.

_Vou agora.
_Larga esse violão e vem comigo, tá frio.

   Obedecendo a amada, ele voltou para o quarto com ela, deitaram-se em silencio. No escuro, ele pode sentir que precisavam conversar.

_Desculpa Luciana.
_Esquece Victor, só quero que se tiver algo pra me contar, venha até mim, fale, sem recadinhos pela minha mãe.
_Ela quem quis conversar com você, você sabe que não sou desses.
_Claro que sei, foi isso o que estranhei.

   Virou-se, ficando de lado, acariciou o rosto dele, que encarava o teto mesmo na escuridão do quarto.

_Eu te amo, nunca vou fazer nada que te decepcione. Acredite em mim, Victor. Prometo me dedicar a você e a nossa filha quando voltar.
_Eu sei Lu.
– Virou o rosto e tocou os lábios dela. – Eu sei.

  Dormiram abraçados naquela noite fria na Hortense.

Continua...

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