quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Cap. 55




Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.






Véspera de natal...


   Luciana acordou um pouco triste naquela manhã. Na noite anterior havia ligado para Lucas, gostaria que ele participasse das comemorações de natal. Prometeu a si mesmo que não o abandonaria. Agora todas as comemorações eram primeiras que iriam passar sem Geovana. Talvez juntos fossem segurar aquela dor, mas o pai dissera que não poderia ir, iria pegar um plantão no hospital.

_Bom dia.

   A voz suave de Victor acordou-a por completo, virou-se na cama e o encarou, ele estava com um sorriso perfeito. Para ele, seria a comemoração mais importante, pois teria Luciana sem aquela correria de ir trabalhar. Queria aproveitar o máximo ao seu lado, cada minuto era precioso. Afagou o rosto dela com uma das mãos:

_Está triste ou é impressão minha?
_Ontem liguei para meu pai. Ele disse que não poderia vir pro natal. Como sempre, tentando esconder os problemas enquanto está trabalhando.
_Agora eu sei a quem você puxou.
_Eu nunca fiz isso, Vih.
_Tente se enganar, mas as pessoas ao seu redor te conhecem como a palma da mão.

   Victor estragou todo o clima que iria ter naquela manhã, percebeu isso. Luciana reconheceu aquele ponto negativo em si. Inúmeras vezes preferiu ir trabalhar para não encarar os fatos ou algo que a incomodava.

_Desculpe, não foi minha intenção.
_Você está certo. – Encarou o teto – Eu sempre disse que achava que era adotada, mas aí percebo que no meu DNA tem quase todas as compatibilidades com o Doutor Lucas. (Sorriu)

   Ficaram alguns segundos em silêncio. As mãos se tocavam, fazendo um carinho em cima da barriga de Luciana, Victor puxou o ar para que entrasse em seus pulmões. Amava o clima de dezembro e agora estava mais encantado.

_Não fica chateada, meu amor.
_Eu não estou chateada, Vih.
_Então quero provas.

   Luciana o olhou, estava feliz e nada iria abalar isso.

_Não te beijo agora, mas depois que escovarmos os dentes irei fazer isso.
_Mas quem disse que pra fazer amor precisa de beijos?

  O olhou incrédula:

_Vih...
_Só uma rapidinha vai. – Puxou-a mais para perto.

   Tomou o pescoço dela com os lábios e oscilava os beijos entre as sugadas. O corpo de Luciana já respondia, até queria dizer não, mas sabia que ele lhe causava um impacto forte. Sentiu as mãos dele por baixo do lençol, ultrapassando as barreiras e invadindo a calcinha para ir mais além e dentro dela sentir a intimidade. Ela já estava inquieta e ficou mais quando percebeu Victor fazer movimentos até senti-la confortável. Não demorou muito com preliminares, estava querendo tanto quanto ela e sem delongas retirou a calcinha de Luciana, ficou por cima, entre as pernas dela.

   Mesmo sendo algo rápido, ele sabia fazer tornar-se especial como tantas outras transas que eles compartilharam. Luciana amava esse toque que Victor dava ao fazer pequenos detalhes da vida ser o mais importante de todos. As primeiras investidas foram lentas, apenas para apreciar o momento. Lá fora o sol insistia em aparecer, tornando o dia mais alegre e logo ela imaginava que alguém estava acordado naquela casa, poderiam pegá-los no flagra... Combustível perfeito para o coração bater mais rápido e as bocas ficarem em uma secura.

_Vai mais rápido.

   Foi o que conseguiu gemer quando sentiu que as primeiras ondas de prazer acometiam a fazendo olhar para baixo e vez outra seu olhar navegar naquele par de olhos castanhos na sua frente. Se o ápice estava a caminho, aquelas expressões no rosto de Victor já ajudavam na situação. Soltou um gemido alto e ao mesmo tempo abafou-o com as próprias mãos, Victor estava acelerando nos movimentos porque também estava sentindo o prazer se aproximar e enfim desabou em cima dela, permaneceu assim por segundos, puxando o ar que precisava, inalando o cheiro que ela tinha no pescoço.

_Te amo. – Sussurrou enquanto saia de dentro dela.

   Luciana ficou estática por longos minutos, relaxou o máximo enquanto ouvia o barulho do chuveiro. Aquilo era um convite para outros minutos de prazer, mas estava exausta, passou boa parte da madrugada acordada porque Mariana simplesmente não queria dormir. Fechou os olhos por alguns minutos que foram necessários para cair em um sono profundo, sendo acordada por Victor que jogava a água que ainda estava em seu cabelo, para o corpo dela.

_Vai sua dorminhoca, levanta e toma um banho que isso vai te fazer bem.

   A troca de olhares durante o café da manhã foi inevitável, Victor tocava os pés nos de Luciana enquanto ela conversava com Marisa. Ignorava o marido porque sabia que a mãe dele iria perceber. Já não satisfeito, Victor passou uma das mãos em sua coxa, aferrando-a, deixando Luciana totalmente sem jeito. Ele? Sorria enquanto levava a xícara de café até a boca.

Marisa:  _E seu Pai, ele vem?
Luciana: _Até tentei, Dona Marisa, mas ele disse que tem plantão hoje. Vou tentar trazê-lo para a noite de reveillon.
Victor: _E onde será o nosso natal?
Marisa: _Leo nos chamou para comemorarmos na fazenda. A Paula já está por lá.

   Ainda pela manhã todos foram para a Fazenda Paraíso. Leo estava feliz, já havia providenciado tudo para aquele dia ser perfeito. Tatianna apareceu para deixar Matheus e Antônio, combinou com o ex-marido que ele ficaria com os pequenos no natal para ela ficar com eles na virada de ano. Falou com todos, Luciana foi com ela até o carro:

_Só não entendo porque você não fica Tati.
_Não quero clima tenso. Gosto muito dessa família, mas e se o Leo de repente aparece com alguma garota? Ficaria estranho.
_Victor tem me contado que ele está sem ninguém, mas demonstra felicidade.
_Que ele seja muito feliz. – Abriu o carro – Tenho que ir...

   Antes mesmo de entrar no carro, percebeu que Leo vinha correndo até onde elas estavam:

_Tati, podemos conversar?
_Claro.

_Eu vou deixar vocês em paz. – Luciana retirou-se.

   Não estava mentindo quando gostaria de ver aquele casal se acertando. Lembrou-se das vezes em que se separou de Victor e todos ali lhe passavam força e energia positiva para voltarem. Ficou conversando com Marisa e Paula quando viu os dois voltando, haviam saído para passear pela fazenda enquanto conversavam e agora estavam de mãos dadas. Tatianna ao saber que estava se aproximando da casa, soltou a mão e baixou a cabeça, mesmo assim Luciana sorriu.

   A tarde estava perfeita. Tatianna ficou para passar aquele dia com todos ali, iria ficar sozinha caso fosse voltar para a cidade. Não havia comentado nada com ninguém, mas Luciana já havia percebido o clima entre ela e Leo. Estavam na piscina, Paula falava sobre algo de moda e saiu para atender o telefone, momento ideal para Luciana puxar assunto:

_Me conta tudo. Vocês voltaram?
_Ai Lucy – Suspirou – Sim e não.
_Mas... Como pode isso?

  Tatianna sorriu timidamente:

_Nós já vínhamos conversando sobre uma possível volta. Nos últimos meses saímos para jantar, viemos à fazenda, mas não considero isso como uma volta. Como disse a ele, estamos voltando com calma. Não adiantaria de cara nós voltarmos e depois nos decepcionarmos outra vez, quero ver onde errei, onde ele errou e juntos, consertarmos esse problema.
_Fico feliz por vocês. E estou aqui ansiosa para ver vocês dois juntos, finalmente.
_Obrigada Lucy, mas não conta nada pra ninguém, tá?
_Pode deixar.

   Tatianna não queria admitir, mas estava no rosto deles que estavam voltando. Medo. Era esse o nome; medo de tentar e mais uma vez se decepcionar.

   A tarde correu tranqüila e no começo da noite, todos ajudaram a pôr a mesa. Tudo estava lindo, o clima de fim de ano era perfeito, mesmo eles longe de alguns familiares e amigos. Mariana já estava com três meses e não parava de sorrir quando estava nos braços de Marisa. Todos sentaram a mesa e Victor pediu a palavra:

_Esse ano foi muito difícil para todos. Passamos por fases, algumas boas, outras ruins, mas agora posso ver que nunca caímos porque somos uma família e uma família é a prova maior de amor e carinho. Agradeço a todos por estar sempre do meu lado e que seja assim para sempre.

   Luciana lembrou-se de Geovana, sentiu saudades do pai e a saudade doeu em seu peito ao ponto de arder. Lembrou-se que no natal passado sua mãe ligara e ela a tratou tão friamente. Se soubesse o que aconteceria iria aproveitar mais, dizer mais coisas.

_Amor. – Victor sussurrou no ouvido dela – Está tudo bem?

   Ela balançou a cabeça enquanto enxugava uma lagrima que estava caindo. O jantar ocorreu tranquilamente, Marisa e alguns que estavam na mesa ainda insistiam em lhe olhar indagando o porquê da sua tristeza repentina.

   Colocou Gabriela para dormir, Mariana insistia em querer permanecer acordada nos braços da avó. Momento propício para Luciana sair sem que notassem sua ausência. Andou pela fazenda, parando perto da piscina, a saudade chegou e tudo o que ela queria ela Lucas ali.

_Consegue se afastar de todo mundo, menos de mim – Victor aproximou-se dela – Notei quando se retirou da sala, só esperei dar um tempo para você refletir.

  Luciana voltou a olhar para o horizonte, naquela escuridão não via nada.
 
_Estive lembrando: Ano passado minha mãe ligou para mim e eu fui tão rude com ela. – Sua voz saiu trêmula, já estava prestes a chorar – Se eu soubesse... Eu faria diferente, eu iria aproveitar mais momento com ela, iria dizer o que faltava.
_Não pensa assim, vocês se viram tanto esse ano. Não se culpe, Lu. A vida é assim.
_Eu deveria ter perdoado ela quando tive oportunidade. Pais perdoam filhos e porque os filhos acham isso tão difícil? – Olhou para ele. – Ela me perdoou porque eu também fiz coisas que não devia. Era minha obrigação perdoá-la.

   Dessa vez entregou-se ao choro, era de suplico, de saudade, de remorso. Victor sentia muito pela esposa, não sabia quais palavras certas a serem usadas no momento. Sem muito que fazer, abraçou-a de lado e em seguida Luciana escondeu o rosto em seu peito. Abraçou-a forte, dançou levemente enquanto sussurrava uma musica para ela se acalmar. O choro foi parando e já no fim estava abraçada a ele, deixando se levar pela musica que o próprio cantava. Ainda permaneceram em silêncio até sentirem confiantes para entrar e saber que não tinha mais ninguém acordado. Não precisou falar, Victor levou-a para o quarto, indo direto para o banheiro, despindo-a sem esperar por autorização. Luciana estava gostando, não queria ficar sozinha compartilhando para si mesmo as mágoas.

   Victor tirou rapidamente a roupa e juntos foram para o banheiro, ele ligou o chuveiro, levando-a para entrar no box. Aquela água morna fez Luciana fechar os olhos e relaxar, sentindo as mãos dele massageando seu ombro, o abraçou forte e ali chorou por alguns minutos. Após o banho, foram para a cama. Enquanto ela colocava creme no corpo, Victor deitou-se e ficou observando os movimentos que ela fazia.

_Sinto falta dele – Puxou o lençol e se aproximou do marido, se aninhando no peito dele. – Ontem ele foi tão frio comigo.
_Seu pai deve ter motivos, Lu. Porque não liga pra ele?
_Farei isso amanhã.

   Fechou os olhos e logo entrou em um sono profundo.

   No fim daquela manhã, Victor já colocava as malas no bagageiro do carro. Ainda teria mais dois shows antes de aproveitarem as férias. Viu quando Leo e Tatianna passeavam pela fazenda e fez um meio riso, tudo estava se encaixando e voltando ao lugar.

_Tem certeza que não quer deixar a Luciana e as crianças aqui?
_Não mãe. Luciana disse que tem que resolver algumas coisas na cidade. Depois, como a festa de reveillon será na nossa casa, ela quer caprichar em tudo.
_Entendo. Então vá com Deus.
_Obrigado Mãe.

   Luciana despediu de todos, colocou as crianças nas cadeirinhas no banco de trás do veículo e se foi com Victor para a cidade. Amaria ficar aqueles dias na fazenda, mas estava muito preocupada, queria fazer a melhor festa em sua casa, teria que fazer todos os preparativos. Durante o trajeto, olhou rapidamente para Victor, ele dirigia bem, mas suas mãos ainda eram trêmulas no volante, ele tinha medo de acontecer tudo de novo.

_Quer que eu dirija?
_Não, estou bem.

   Calou-se por alguns segundos:

_Porque você não vai mais para a Hortense? Poderíamos fazer a festa de virada de ano por lá.
_Nem inventa, Luciana! – Sua fisionomia mudou, estava sério.
_Mas qual o problema?
_Tudo! Eu não quero mais voltar pra lá.
_Então desse jeito você vai abandoná-la? Está na hora de quebrar esse medo...
_Melhor pararmos por aqui! Não estou com a mínima vontade de discutir.
_Mas estamos discutindo? Só estou expondo minha opinião.
_Não pedi, melhor guardar para si.

    Ela calou-se de vez, a viagem foi tensa. Desde que fora seqüestrado, Victor não havia pisado os pés na fazenda, Leo quem sempre estava indo por lá e resolvendo algumas coisas.

   Passaram o resto do dia sem se falarem. Ele havia tratado-a de maneira tão ríspida que ela sentiu. Estava decidida a não falar, mas foi quando ele passou pelo quarto, indo para o closet e pegando sua mala que ela refletiu. Já havia perdido a mãe, seu pai lhe tratava friamente e quase que perdia Victor. Não iria deixar isso acontecer.

_Victor.

   Ele parou na porta, virando-se para encará-la. Luciana levantou-se da cama, foi em sua direção, passando os braços pelo ombro e lhe beijando calmamente.

_Viaja na paz. Desculpa se eu forcei a barra hoje.
_É por essas e outras coisas que acho esse nosso relacionamento imaturo. – Os dois sorriram – Parecemos dois jovens bobos, mas que se amam. – Passou uma das mãos no cabelo dela – Me desculpa se eu fui ríspido com você. Só queria que me entendesse que não estou seguro para tomar tamanho passo. Um de cada vez, ok?
_Ok. – Mais uma vez o beijou – Te amo. Agora vai lá, faça um bom show e volta logo para meus braços.

   Victor sorriu, beijou-a mais uma vez e desceu. Agora estava mais tranqüilo, não gostava quando viajava e estava brigado com Luciana.

   Aquela manhã que se iniciava fez Luciana acordar pensativa. Teria que quebrar esse gelo e insistir em querer Lucas perto de si. Ligou para o consultório dele, logo transferiram sua ligação:

_Doutor Lucas aqui.
_Oi pai...

   Ficaram mudos, Lucas fechou os olhos. Por um milésimo de segundo achou que fosse Geovana, sua filha tinha voz quase igual da mãe.

_Lucy.
_Como você está?
_Estou bem e você?
_Bem também... – Aguardou alguns segundos, queria criar forças dentro de si. – E como foi o natal?
_Bem. Ou melhor, quase bem. Trabalhar em plantão não é lá essas coisas boas.

   Luciana riu e sentiu-se mais tranqüila para seguir adiante.

_Vai fazer algo no dia trinta e um?
_Até agora não. Alguns amigos me chamaram para passar o reveillon na casa deles, estou vendo aí.
_Porque não vem pra cá? – Respirou fundo – Não deixa nossa relação esfriar, pai. Eu sinto sua falta e quero viver mais momento com você agora que perdi a minha mãe.

   Lucas calou-se, estava segurando o choro. Estava difícil esses últimos meses sem Geovana. Teria que ser forte, encarar os fatos e se aproximar de Luciana.

_Tudo bem. Me espere que irei passar a virada do ano aí. Agora tenho que desligar.
_Obrigada Pai. Te amo.

   Desligou feliz e pela primeira vez chorou de emoção, de alegria. Agora iria aproveitar ao máximo com Lucas. Seu pai agora era o que lhe restava como família já que o restante só aparecia em festas ou velórios. Os dois estavam se permitindo de ser feliz e a felicidade só iria aumentar mais e mais.    

Continua...

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