domingo, 26 de outubro de 2014

Cap. 61




Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.









   Aquele plantão estava cheio, Luciana já andava de um lado para outro na sala de cirurgia a procura de todos os equipamentos necessários.

_Ingrid, vai buscar esses medicamentos. – Entregou-lhe a lista em um papel – Não temos aqui.

   A novata apenas observava aquela maca, estava assustada.

_Ingrid, estou falando com você – Alterou a voz.

   Outro enfermeiro percebendo que a menina não saía de onde estava foi buscar o que Luciana pedia. A gestante havia sofrido um acidente automobilístico e com isso tiveram que fazer uma cirurgia as pressas, assim que terminou, Luciana se aproximou de Ingrid.

_EU MANDEI VOCÊ BUSCAR OS MEDICAMENTOS E VOCÊ SIMPLESMENTE FICOU AÍ PARADA? QUERIA QUE A PACIENTE MORRESSE? – Aproximou-se mais da colega de trabalho – DA PRÓXIMA VEZ QUE EU MANDAR, É PRA ME OBEDECER E FAZER O QUE ESTOU MANDANDO. SE QUISER CONTINUAR NA MINHA EQUIPE VAI SER ASSIM.

   Aquela manhã estava tensa para Luciana, estava impaciente, estressada e o plantão apenas estava começando. Jonas estava se aproximando quando viu que ela gritava com Ingrid.

_Luciana? O que está acontecendo?
_Nada Doutor... Eu errei, sei disso. – Ingrid limpava as lágrimas que caíam silenciosamente.

   O médico chefe observava a expressão das duas. Estava calado, mas não por muito tempo.

_Luciana, quero você na minha sala em cinco minutos.

   Ela sabia que o motivo foi o que havia acabado de acontecer, olhou para a ajudante e respirou fundo. Foi para a sala do médico chefe, batendo de leve, recebendo a autorização para entrar em seguida.

_Pronto, estou aqui.
_Sente-se.
– Indicou a cadeira a frente. – O que foi aquilo?
_Desculpe Jonas, eu estava nervosa, a paciente estava precisando ser operada às pressas e...
_Luciana, você sabe que a Ingrid está nos primeiros plantões dela, ainda não entende muito como são as coisas. Coloquei-a na sua equipe, no teu plantão porque você era a médica mais calma que conheci e agora vejo que me enganei.
– Encostou as costas na cadeira, respirando fundo. – Se quiser eu te encaminho para Doutora Micheline...
_Pode parar! Não preciso de tratamento psicológico tão pouco psiquiátrico. O que aconteceu foi só hoje, eu nunca me exaltei aqui nesse hospital.
_Tudo bem, já que você está segura de si. Mas saiba que se precisar é só me avisar, às vezes só precisamos de alguém que nos entenda para desabafar.

    Mas como desabafar se o problema de Luciana era sobre o colega de trabalho? Ainda não tinha visto Michael e no fundo estava agradecendo por isso.

_Eu estou bem, Jonas.
_Ok.
– Levantou-se se aproximando dela, que já estava fazendo o mesmo. – Só vou te dar um conselho: Problemas de casa deixe do portão para fora. Seus amigos de trabalho não merecem isso.
_Tudo bem
– Baixou a cabeça.
_Está liberada.

   Voltou para a emergência, chamando Ingrid a parte.

_Desculpe tá? Estou uma pilha de nervos. Ando com uns problemas, mas você não tem culpa.
_Tudo bem Doutora. Só peço paciência porque tudo isso pra mim é novo.
_Já passei por tudo isso que está passando. Venha, vamos à enfermaria ver algumas pacientes

    Procurou focar mais no trabalho para esquecer de tudo. No fim do expediente uma das enfermeiras se aproximou dela.

_Doutora, o Michael já chegou e disse que se você quiser já pode ir. É só me entregar às fichas dos pacientes.

    Luciana se assustou. Michael não estava com coragem de encará-la, assim como ela também não queria olhar na cara dele tão cedo. Entregou todas as fichas e foi para casa, durante o trajeto ficou pensativa. Não sabia qual seria a reação dos dois, queria esquecer que tudo acontecera, mas em sua mente era como um filme, o olhar dele, as mãos percorrendo seu corpo, a língua invadindo sua boca. Instantaneamente colocou a mão na boca para evitar um vômito, era como se ele estivesse ali, perto de si. As lágrimas caíram livremente enquanto não chegava em casa, precisava esquecer.

  Entrou e foi direto para a cozinha, Lise estava dando a papinha de Mariana enquanto Gabriela rodopiava perto da babá.

_Desse jeito você vai ficar tonta meu amor.
– Abraçou a filha mais velha. – Lise, pode levar a Gabi para o quarto e dar o banho dela? Eu fico aqui terminando de dar a comida da Mari.
_Tudo bem.
_E depois pode ir pra faculdade, se quiser eu te levo.
_Obrigada Dona Luciana, mas meu noivo vem me buscar.

    A babá subiu com Gabriela, Luciana colocou a bolsa de lado e ficou alimentando a filha mais nova. Somente naquele momento conseguia esquecer de tudo o que lhe acontecia de ruim, era um momento mágico cada vez que olhava para a filha.

_Está tudo bem, Lucy?

   Ergueu o rosto e viu Lourdes ali, respirou fundo.

_Sim, por quê?
_Sei lá. Está tensa, deve estar guardando coisas demais para si. Isso pode afetar sua saúde menina.
_Do que está falando Lourdes?
– Parou o que estava fazendo para olhar de vez para a empregada.
_Sobre ontem. Não sei o que aconteceu, mas acho que deveria contar para Vitor e tem que ser agora. Só vai conseguir apoio dele se contar, não deixe para depois. Boa noite.

    A empregada saiu da cozinha, deixando Luciana mais nervosa do que estava. Deveria contar a Victor sobre o beijo que Michael lhe dera?
Continuou o que estava fazendo até sentir a presença de alguém atrás de si.

_Chega e nem vai à minha sala.

    Luciana levantou-se e o abraçou, recebendo um beijo dele, só isso poderia apagar tudo o que viveu em menos de vinte e quatro horas.

_Tudo bem?
_Sim
– Respondeu timidamente.

    Voltou a sentar e alimentar Mariana, Victor pegou uma fruta e encostou-se na mesa observando o que a esposa estava fazendo.

_Ontem cheguei e você já estava dormindo. Te chamei mas acho que devia estar em um sono profundo.
_Eu estava cansada.
_Quem foi ontem para a exposição?
_A Carol, Jéssica e outros amigos.
_Eu vi as fotos no site
. – Deu uma pausa breve – E o Michael?

    Ouvir o nome do colega fez Luciana ficar estranha, mesmo sem encarar Victor podia sentir olhares dele, estava interrogando-a para saber até onde ela iria com tanta omissão. “Será que ele está sabendo de algo?” Perguntou para si mesma.

_O que tem ele?
_Ué, me fala você. Ele estava ontem?
_Porque você quer saber?
– O olhou impaciente.
_Nada.
– Voltou a comer em silêncio por alguns segundos. – Eu vi nas fotos que ele estava lá no evento.
_Se sabia que ele estava porque me perguntou?
– Alterou a voz – Acha que eu devo saber onde o Michael está ou não? Por Deus, Victor! – Rolou os olhos – Você às vezes fala coisas que não acredito terem saído da sua boca.
_Só estava te testando.
_Pois fique com seus testes para lá. Isso já está me enchendo.  

    Ele nada falou, se retirou da cozinha. Aquele dia não estava sendo dos melhores para Luciana, estava dando respostas ríspidas em qualquer um que aparecesse na sua frente. Sentia medo de alguém ter visto os dois se beijando e quem sabe falar para Victor.

    Subiu com a filha nos braços, colocando-a para dormir. Em seguida, foi até o quarto, indo até o banheiro e deixou aquela água do chuveiro levar todo o seu dia de estresse. Porque Michael estava ignorando-a? Sabia que estava errado por isso evitou ter contato com a colega de profissão. Luciana trocou de roupa e ficou ali no quarto, agira de forma errada, não estava se sentindo bem. Iria contar para Victor e achar nele uma fortaleza que estava precisando. Desceu as escadas, indo direto para o studio, ouviu o violão, a voz dele quase inaudível e bateu de leve, entrando em seguida. Assim que Victor olhou para ela, voltou à atenção ao instrumento.

_Victor, precisamos conversar.
_Sobre o que aconteceu quase agora?
– Parou de tocar para encarar-lhe – Vamos esquecer, já sei como as coisas são: Teve um dia difícil, estressante e aí pode descontar em mim.
_Não.
– Se aproximou mais, se encostando à mesa, ficando entre as pernas dele. – Queria que soubesse que quando eu evito falar do Michael, é porque ele não significa nada para mim. É porque quero não gerar um clima ruim e acabar discutindo com você. – Tocou nos ombros dele – Se ele estava na festa ou não, isso não convém ao caso, porque ontem a pessoa que eu mais queria do meu lado não estava lá... E essa pessoa era você, por isso não me importava quem apareceu em fotos ou não. Me perdoa se fui rude com você. – Sentiu os olhos marejarem – Eu só... Só queria que não tocássemos mais no assunto do Michael, ok?

   Victor colocou o violão no pedestal, se aproximou dela logo pegando uma mecha do cabelo e colocando-a por trás da orelha de Luciana.

_Acho que eu forcei a barra, desculpe.
– Soltou o ar que prendia nos pulmões – Eu só estou nervoso e tenho medo de te perder.
_Não vai. Eu te amo.

    A mão de Victor foi até a nuca de Luciana, puxando levemente os cabelos da região enquanto sua boca se aproximava e a beijava, as línguas demonstravam a sintonia que eles tinham na arte de amar, o beijo foi ficando mais intenso e as mãos dele deslizaram pela camisola, fazendo-o partir o beijo e sorrir ainda com os lábios próximos aos dela.

_O que foi?
_Nada
– Ele olhou para baixo – Você veio com essa camisola para me provocar, só pode ter sido isso.
_Peguei a primeira que vi na minha frente.
_Sei.
– Olhou incrédulo para ela.
_Estou falando sério.
_Não estou duvidando da sua palavra, Senhora Chaves.

   Riram e ele puxou-a para um abraço caloroso:

_Gosto quando estamos aqui, parece ser mágico.
_Quase não venho nesse teu studio, mas quando isso acontece já imagino coisas.

    Victor afastou-se dela, com um olhar malicioso e um sorriso dançando em seus lábios. Foi até a porta, trancando-a:

_Ontem você me escapou, mas hoje...

    Mais uma vez tomou os lábios dela para beijar, ela tinha um gosto diferente, as mãos sempre que se encostavam à nuca dele o deixava excitado, esse era o ponto fraco de Victor. Desceu com os lábios para o pescoço, o sugando e mordiscando, arrancando gemidos de Luciana, não satisfeito os lábios desceram para o colo, enquanto as mãos se ocupavam em deslizar a alça da camisola, puxando-a para baixo, revelando um caminho prazeroso; ela estava ali, parada, apenas sentindo a boca dele deixar um rastro e acendendo a chama. Sentiu a camisola cair pelas suas pernas e a peça intima ir junto, Victor estava de joelhos, tirando qualquer coisa que o impedisse de lhe dar prazer. Apertou as coxas dela com força, afastando-as um pouco para lhe dar um carinho especial na intimidade, deixando Luciana arfando e entre seus lábios um gemido apareceu que foi intensificando cada vez que sentia seu marido ir além. Segurou os cabelos dele, apertando-os, inclinando o corpo quando o prazer chegou. Estava precisando disso para aliviar a tensão.

   Victor sorriu e ficou de pé para beijar Luciana, sentia as mãos dela desesperadas em abrir sua calça, segurando firme seu membro, fazendo um caminho de ida e volta o torturando bem vagarosamente, o sentindo parar o beijo para gemer entre seus lábios.

_Me possua, Victor.
– Sussurrou.

   Segurou uma das pernas, levando-a até o quadril e investiu dentro dela, até sentir que estava completo, que agora eram um só corpo. Luciana gemeu alto e sorriu maliciosamente, olhou para baixo, os movimentos eram perfeito, as mãos estavam desabotoando a camisa que ele usava, jogando-a em algum lugar. Aquela sensação era a melhor, Victor apenas observava cada expressão no rosto dela, deixando-o mais louco quando Luciana pendia a cabeça para trás, revelando a área do pescoço livre, sendo um convite e assim ele fez, enquanto uma mão segurava firme a coxa que envolvia seu quadril, a outra segurava-a pela cintura e a boca... Dava leve sugada no pescoço dela.

   Luciana empurrou-o de leve, vendo-o sair de dentro de si e foi empurrando-o para o sofá, sentando em cima dele, deixando-o entrar dentro de si, sentindo que ele tinha preenchido-a completamente, ela mexeu o quadril enquanto as mãos repousavam no peitoral dele, os olhares se cruzaram e com sussurros, gemidos, tinham uma conexão, Victor já estava segurando sua cintura forte, ditando os movimentos rápidos, fazendo os corpos se chocarem enquanto Luciana o ajudava em cima de si...

_Vitor...
– Falou entre os gemidos.

    Não conseguiu mais controlar e atingiu o ápice do prazer, tentando conter a respiração e puxando-a para encostar a cabeça em seu ombro. Conseguia ouvir o coração batendo acelerado, gostava disso, de tê-la em seus braços, procurando o ar que faltava para controlarem todo o sistema nervoso.

    Luciana acomodou a cabeça no ombro de Victor e ficou assim, sem pensar em nada, apenas ouvindo a respiração dele ir se acalmando. As mãos pareciam ser mágicas e agora estavam em seu cabelo, acarinhando e deixando-a sonolenta.

_Está com sono?
_Um pouco. Por quê?
_Poderíamos partir para o segundo tempo.

   Luciana ergueu o rosto para encará-lo:

_Você não cansa?
_Do que? De fazer amor com você? Nunca.

   Ela sorriu, saindo do seu colo e pegando suas peças de roupa, vestindo-as.

_Dorme comigo hoje?
_Só se me acompanhar no banho.
_Você venceu
. – rolou os olhos sorrindo.

   Victor abotoou a calça e em passos largos foi até ela.

_Desculpe minha Senhora.
_Pelo o que?
_Por isso.

   Colocou-a nos braços e subiu para o quarto. Após um banho com muitos carinhos intensos deitaram abraçados. Enquanto assistiam um filme, Luciana remexeu inquieta, lembrou-se do que aconteceu entre ela e Michael. Victor precisava saber, mas ali não era o momento certo, não iria quebrar um clima romântico que estava tendo com ele.

***

   Dois dias de folga foi necessário para Luciana relaxar. Aproveitou ao máximo com as filhas e Victor, foram a fazenda e voltou revigorada de lá. Estando no hospital estava com mais paciência para ajudar Ingrid e todos ao seu redor, no fim do dia, uma das enfermeiras se aproximou dela:

_Doutora, o Doutor Michael chegou para pegar o plantão, mas disse que você já pode ir e que me mandasse as fichas, eu entrego a ele.

   Nunca mais tinha cruzado seu caminho com Michael, ele quem evitava ao máximo, alguém poderia notar o que houve. Não iria deixar para depois, a conversa teria que ser franca já que eles compartilhavam do mesmo local de trabalho.

_Não, pode deixar que eu levo o relatório a ele. Preciso ter uma conversa.

   Em passos largos foi até a sala dele, seu coração batia tão rápido que podia jurar ouvi-lo, até a respiração estava falha, Luciana tremia da cabeça aos pés. Bateu na porta, recebendo a autorização para entrar. Michael ao vê-la assustou-se, não estava preparado para ficar de frente para ela.

_O que está acontecendo, Michael?

Continua... 

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