sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Cap. 56


Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.




31 de dezembro...


    Aquela tarde estava agradável. Luciana não parava um minuto, estava ansiosa, a festa na casa deles seria apenas para a família, mas algo estava diferente. Queria mostrar para Lucas que tudo tinha voltado ao normal depois que sua mãe se foi, não queria deixá-lo preocupado, trabalhando seria ocupar sua mente e isso ela fazia muito bem.

   Estava ficando difícil lembrar da mãe e não chorar, não queria, mas estava mal. Dias antes, na ausência de Victor que estava cumprindo os últimos shows do ano, ela estava chorando sempre que lembrava de Geovana. Já não saía quando Marisa a chamava para irem à casa de Tatianna. Isso a sogra percebeu e logo avisou ao filho quando chegou.

   Quando as coisas estavam se encaminhando logo vinham outras mais. Victor percebeu naquela manhã quando Lucas chegou e abraçou Luciana, não foi preciso falar nada, ele apenas percebeu o clima triste que estava na casa. Precisava fazer algo por ela, não queria ver sua esposa caindo e ficando naquele estado, como no almoço; Luciana estava pensativa, algo a incomodava.

   Procurou-a pela casa, lá estava ela com um papel em mãos, checando se faltara algo para a ornamentação.

_Luciana.
_Oi Vih – Não tirou os olhos do papel.
_Está muito ocupada?
_Mais ou menos... Por quê? – Ergueu o olhar. – Sua roupa eu já separei.
_Não é isso. Pode ir comigo a um local?
_Victor, seja lá onde for a essa hora qualquer lugar publico deve estar cheio. Não vai dar pra você comprar nada.
_Não é um local público. – Aproximou-se mais, segurando sua cintura. – Por favor.

   Sem questionar, Luciana sorriu e subiu para pegar a bolsa. Não queria admitir, mas estava curiosa para saber onde ele a levaria.

   Durante o trajeto ela o olhava procurando uma resposta. Victor estava visivelmente sério, podia notar sua mão firme no volante. Ele, não a olhava mesmo sabendo que estava sendo observado. Há muito tempo queria ter a coragem, porém foi preciso Luciana falar sobre o assunto para decidir tomar atitude. O trajeto foi de lembranças que ele insistia em querer esquecer, foi ali que sofreu, foi fazendo aquele percurso que achou que não iria ter mais volta, nem voltar a ver sua família. Os portões da Hortense ficaram visíveis e ali sim, foi que ele olhou para Luciana, que procurou a mão mais próxima dele, entrelaçando-a e apertando:

_Está preparado?
_Sim.

   Uma emoção indescritível o tomou, segurou-se para não chorar quando desceu do veículo. Estava de volta ao seu cantinho, cantinho esse que era de calmaria e compartilhado com sua esposa. Respirou fundo quando aproximou da porta que dava acesso a casa, adentraram olhando para cada pedaço daquela sala:

_Putz! Faz tempo que alguém entrou aqui – Luciana andou até chegar aos moveis, passando o dedo indicador neles – Precisa de uma limpeza. Ninguém mais veio aqui depois de...
_Não. Eu quis deixá-la fechada, mas quero voltar a frequentá-la.

   Puxou Luciana para a área externa, andaram pela fazenda de mãos dadas. Para ela estava sendo difícil, lembrou-se da ultima vez que foi ali, do suplico que fizera a Deus enquanto estava ajoelhada diante do lago, pedindo Victor de volta. Seria tão fácil se todas as suas preces fossem ouvidas, porque iria ter sua mãe de volta.

_Você está tão quieta. Calada, pensativa e isso foi depois que seu pai chegou. – Parou de andar para afagar-lhe o rosto com as mãos
_Na verdade isso vem de dias atrás. Tô pensando muito na minha mãe, sabe quando você se sente culpado? Estou assim.
_Luciana, passou. Onde quer que sua mãe esteja não vai querer te ver assim. Agora você tem seu pai e ele precisa de você.
_Tem razão.

   Sentaram no chão, permaneceram alguns minutos em silêncio, momento bom para refletir.

_Posso te pedir algo?
_Claro Lu.
_Você me disse que estaria do meu lado quando eu me sentisse pronta. Estou pronta, quero ir ver minha mãe lá.
_Mas é claro. – Envolveu o braço no ombro dela – Quando quer ir?
_Amanhã meu pai já volta pra São Paulo, queria ir junto. Você pode ir?
_Sim.

    Ficaram vendo aquela tarde ir embora, a natureza era algo que chamava atenção em Luciana. Sempre gostava daquele clima, do vento emaranhando seu cabelo, de ouvir os pássaros.

_Vamos voltar.

   Victor acordou-a do seu momento de reflexão. Dias atrás estava negando qualquer carinho vindo do seu marido, mas como mágica agora o queria.

_Podemos ficar mais um pouco?
_Tudo bem. – Falou enquanto andavam de volta para o carro. – Mas você quer ir a algum local especifico aqui na fazenda?

   Como uma menina marota, Luciana mordeu os próprios lábios.

_Queria ir ao nosso quarto. – Baixou a cabeça.
_Sério?
_Sim.

   Victor sorriu e bastante empolgado foi para a casa. Não entendia esses altos e baixos da esposa. Um momento, ela queria amá-lo até os fins do seu dia, em outros, recusava qualquer carinho vindo dele, prova disso foi esses dias quando ele a procurava na cama, mas ela sempre inventava algo. Entraram no cômodo que ela queria, bateu na cama e logo espirrou.

_Precisamos trocar esses forros.
_Para que trocarmos se não vamos fazer nada? – Indagou apenas para testá-la
_Vih. – O repreendeu com um sorriso tímido.
_Sabe – Aproximou dela, envolvendo-lhe a cintura – às vezes você se comporta como uma menina, mas de repente me ataca como uma mulher experiente. Juro que nunca vou conseguir te decifrar.

   Não esperou resposta nenhuma, beijou-lhe os lábios com precisão e vontade. Um beijo que demonstrava o que ambos queriam: Mostrar o amor que tinham através de alguns minutos de prazer. Victor lembrou-se de quando trouxera Luciana para a fazenda, um ano atrás. Empurrou-a para a parede mais próxima e jogou todo o seu peso, deixando-a sem ar, mas não pedindo para afastar-se. Procurou o pescoço dela para se deliciar entre beijos e sugadas, era correspondido porque Luciana já puxava sua camisa, arranhando suas costas, deixando Victor quase inerte e sem conseguir se concentrar.

   Luciana guiou-o para um sofá que existia ali, caindo por cima dele, sentando em seu corpo, desejando-o e demonstrando o quanto estava louca de tesão. Parou de mover o quadril para dar atenção a calça que ele usava, desafivelando e abrindo-a para revelar o caminho para o paraíso. Saiu do colo dele apenas para livrar-se da calcinha que incomodava por baixo do seu vestido.

_Gosto de te ver assim. Ousada e a frente da situação.

   Sentiu Victor dentro de si, invadindo-a aos poucos, controlando os movimentos e juntos gemeram alto com um sorriso dançando nos lábios. Ele segurava forte a sua cintura, apertando quando era preciso, em alguns momentos uma das mãos subia para a nuca dela, puxando os cabelos daquela região, fazendo-a encará-lo e viajar naquele par de olhos que já estava com a visão turva de tamanha excitação. O coração batia rapidamente, não podia ouvi-lo porque ele não era tão alto quanto os gemidos que entregavam o prazer chegando e juntos chegaram ao ápice com a respiração entrecortada, a boca com uma secura súbita, porém, satisfeitos e alegres, mesmo a sanidade mental não chegando ao cérebro, indicando que a noite já se iniciava e que com certeza, alguém lá na mansão já os procuravam.

   Victor segurou o rosto de Luciana para buscar um beijo suplicante, nada acabara, ali era o inicio de tudo o que tinham para viver.

_Gosto quando você me pega assim, de surpresa. Me deixa enlouquecido.
_Nem eu sabia que iríamos transar. – Sentiu as mãos dele em sua testa, afastando o cabelo que estava colado ao seu suor. – Acho que estão preocupados conosco.
_Também acho. Se você sair de cima de mim até posso tentar ir embora.

    Luciana percebeu que ele ainda estava dentro de si, provocativa e sensual afastou-se aos poucos, não quebrou a troca de olhares e percebeu que Victor estreitou os olhos e gemeu quase inaudivelmente. Foram até o carro, sabia que ele ficaria com receio de dirigir, fazer isso seria lembrar da noite assustadora que teve.

_Me dá a chave, eu que fico no comando agora.

   Voltaram para casa em silencio. Tudo já estava pronto, enquanto Victor subia para arrumar-se, Luciana cuidou das filhas com a ajuda de Marisa. Não contou nada, mas sentia que a sogra percebera e não questionou.

   A noite estava linda, casa cheia, pessoas sorridentes, alegres; era assim que Luciana sempre quis ver em sua casa. Lucas estava sorridente, conversando com Victor e alguns homens. Na roda feminina, Tatianna falava algo sobre filhos, ela não deu muita atenção, estava com Mariana nos braços e mesmo no barulho, sabia que era o momento de agradecer a Deus por ter uma família tão unida. O seu olhar chocou-se com o de Victor, que de longe sorriu, pediu licença a todos e foi para perto da esposa.

_Hoje você está com um brilho nos olhos.
_Estava agradecendo a Deus pela família que temos.

   Ele olhou ao redor, sem hesitar concordava com a esposa. Foi um ano difícil e mesmo assim todos estavam ali, firmes e fortes. Alguém pigarreou atrás deles, Lucas se aproximava.

_Incomodo algo?
_Nunca, Pai.
_Posso fazer a contagem do seu lado?
_Será uma honra.

   Aguardaram a contagem regressiva, Leo já estava com a garrafa de champagne em mãos, Paula com algumas taças. Um novo ano se iniciava, Luciana lembrou-se da mãe e prometeu ser forte, mas ao olhar para Lucas desabou, ele já chorava sem vergonha alguma. Entregou Mariana para o marido e o abraçou:

_Ela deve estar feliz onde quer que esteja, Pai.
_Eu sei Lucy. Eu sei.

   Confortou o pai até ver que ele estava seguro.

_Pai – Falou enquanto permanecia abraçada a ele – amanhã vou com você. Quero vê-la.
_Tudo bem. Eu queria que você fosse mesmo.

    Fez uma retrospectiva do ano, tantas coisas boas aconteceram como dedicar seu tempo a Geovana, mas tantas outras coisas foram ruins e agora ela se entregava aquele momento triste. A festa para ela acabou, pediu licença com a desculpa que Mariana estava sonolenta, colocou-a para dormir. Foi para o quarto, tirou a roupa, colocando uma confortável e deitou-se. Tinha perdido a noção do tempo quando Victor ligou a luz e achou-a com os olhos inchados e as ultimas lagrimas descendo pelo rosto:

_Amor, te procurei pela festa... – Sentou-se de frente para ela, puxando-a para chorar em seu peito – O que houve? Alguém te machucou?
_Não sabia que ela me fazia falta, Vih. – Sua voz saiu cortada e esganiçada.

   Como uma criança entregou-se de vez ao choro, achava em Victor sua fortaleza para suprir aquela dor que insistia em fazer moradia em seu peito.

_Eu sei que dói. Mas estou muito preocupado com você. Não vou te chamar para descer, mas se quiser eu fico aqui.
_Não – Afastou o rosto – Vai. Eu quero ficar só. – Fez um meio sorriso – Até molhei sua camisa.
_Nós dois sabemos que eu fico muito melhor sem ela. – Retribuiu o sorriso – Mas já que prefere, fique aí, eu já volto. A festa está acabando mesmo. Vou ajudar a mãe a trocar a Gabi e colocá-la para dormir. – Beijou-lhe a testa – Te amo.


   Aquela declaração que ela ouvia todos os dias foi algo confortável e como um calmante, Luciana deitou na cama, virando-se e logo sentindo o sono invadi-la. Sentiu quando horas depois Victor envolveu sua cintura com as mãos, relaxou de vez e dormiu.    

Continua...

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