sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Cap. 62





   
   A pergunta saiu involuntariamente de sua boca, Luciana respirava ofegante. Só de olhar para ele vinham as lembranças do que ele fizera com ela.

_Lucy.
– Sussurrou.
_Acho que você me deve uma explicação depois do que fez.

   Michael soltou um riso fraco, tentando controlar-se.

_Sim. Eu... Eu não sei o que deu em mim naquela noite, eu juro Lucy que não foi minha intenção, mas acontece que eu bebi um pouco antes de ir para e exposição e... Acabei não respondendo por mim. Agora eu não consigo nem olhar para você.
– Aproximou-se mais dela – Me desculpa Luciana. Sou um idiota e não me controlei.

    Luciana ficou alguns segundos apenas olhando para ele. Sentia um nó formar em sua garganta, estava prestes a chorar. Michael sempre fora alguém muito importante para ela e por mais que soubesse desse amor não correspondido que ele tinha, acreditava na amizade entre eles.

_Você não sabe como fiquei Michael.
– Sua voz saiu trêmula – Eu... Fiquei arrasada quando você me beijou forçadamente. Achava que isso não iria acontecer, mas agora... Estou ficando louca porque temos que nos entender aqui no hospital, não quero que alguém desconfie desse clima tenso entre nós, mas não sei se vou conseguir te convencer de que amo o Victor.

   Ele baixou a cabeça, estava triste. Ergueu-a com os olhos marejados:

_Não precisa me convencer. Você já o ama, basta apenas olhar para você. Eu prometo, te dou a minha palavra Luciana, que nada disso vai se repetir. Acredite em mim e deixe a nossa amizade como estava.
_Vamos esquecer que isso aconteceu. Como você mesmo falou estava alterado por conta de bebidas alcoólicas, ninguém precisa saber.
– Aproximou-se dele – Voltamos ao que era antes?
_Acho que sim.

    Sorriram e se abraçaram. Luciana estava mais tranquila, tudo iria voltar ao normal.

_Agora eu tenho que ir.
– Colocou a ficha dos pacientes na mesa dele – A paciente do quarto 205, fizemos uma cesárea de emergência, o estado dela é delicado. Dá uma passada lá daqui a pouco.
_Tudo bem doutora. Dá um abraço nas pequenas e no marido.
_Obrigada.

    Voltou para casa mais tranquila, já estava prestes a enlouquecer por conta do clima tenso. Ninguém precisaria saber já que Michael se redimiu do seu erro. Ficou feliz ao sentir que não precisava falar nada para Victor, menos um problema.

    Chegou em casa e ficou algumas horas com Gabriela, por fim colocando-a para dormir. Após relaxar depois de um banho ligou para Victor, estava com saudades:

_Oi amor.
_Boa noite. Estava com saudades, por isso te liguei.
_Também estou com saudades. Como está tudo por aí?
_Bem, as crianças estão sentindo sua falta. Quando volta?
_Ainda essa semana.
– Deram uma breve pausa – Aconteceu algo de bom com você? Está com a voz mais calma.
_Ah, nada de importante.

    Continuaram conversando até chamarem Victor para fazer o show. Luciana sentia-se mais leve, até conseguiu dormir naquela noite.

   Os dias se passaram sem nenhuma alteração. Michael agora voltou a ser o mesmo, sempre brincando com ela, sorrindo para todos. Em uma tarde qualquer Luciana deu uma pausa e foi até a lanchonete, sentou-se na mesma mesa que as enfermeiras:

_Acho que todas irão sofrer...
_Desculpa eu estar me metendo no assunto, mas de quem estão falando?
_Do Michael, Doutora. Não está sabendo?
_Do que?

    Estranhou e sentiu um arrepio ao pensar que elas se referiam sobre algo ao beijo que ele roubou, alguém poderia ter visto naquele estacionamento e só comentado agora.

_Michael pediu transferência.
– As demais enfermeiras suspiraram tristes.
_Mas, como assim?!
_Não sabemos Doutora, só sei que hoje pela manhã o boato rolou aqui no hospital. É... Lá se vai mais um partidão, ele vai nos abandonar e todas as funcionarias solteiras irão sofrer.

   Luciana não conseguiu ouvir mais nada, seu pensamento estava trabalhando muito. Sentiu-se culpada, ele poderia estar pedindo transferência para não trabalhar mais no mesmo local que ela. Aquela tarde custou a passar, já andava de um lado para outro aguardando ele chegar. A secretaria avisou para ela que Michael tinha chego, foi em passos largos até a sala dele, recebendo a autorização para entrar logo que bateu.

_Lucy. Boa noite.
_Michael, porque não me disse que pediu transferência?

   Michael ficou cabisbaixo, um pouco triste, mas logo ergueu o rosto e mostrou um sorriso encantador.

_Eu esqueci de te dizer.
_Eu te fiz algo? Está fazendo isso para se afastar de mim? Me fala algo Michael!
– Alterou a voz.

   Ele abraçou-a enquanto ria gostosamente.

_Não se acha o ultimo biscoito do pacote, Doutora.
– Soltou-a para encarar-lhe – Vou pro Rio de Janeiro, minha mãe está com alguns problemas de saúde, quero ficar ao lado dela.
_É algo sério?
_Não. Apenas uma teimosia que ela tem em não querer fazer exames. Quando puder eu venho visitar vocês.
_E quando você vai?
_Breve. Acho que ainda esse mês.

    Algo intrigava Luciana, ela sabia que não era só a mãe dele que estava mal, a amizade entre eles também não estava a mil maravilhas depois do que acontecera. Voltou para casa pensativa, encontrou Victor brincando com as filhas. Ajudou-o em colocá-las para dormir e foi para seu quarto, durante o banho pensou mais sobre a transferência de Michael para o Rio, seu coração ainda insistia em bater forte, deixando-a um pouco desconfortável. Deitou-se e ficou aguardando Victor voltar do banho e se juntar a ela na cama:

_Está pensativa.
– puxou o lençol para cobrir-se – Quer conversar?
_Michael...
– Sussurrou com o olhar em algum ponto do quarto. – Ele pediu transferência.
_Espera.
– Virou-se de lado para encará-la – Só pode tá brincando.
_Não. Michael pediu transferência para o Rio de Janeiro.

   Victor não conseguiu segurar o riso de vitória.

_Até que enfim vou me livrar daquele mala no seu pé.
_Vitor
– Olhou para ele repreendendo-o
_Estou mentindo? Imagina como eu estava desconfortável quando viajava e sabia que ele estava lá no hospital.
– Ficou fitando-a por alguns segundos – Espera... Porque está séria? Deveria estar feliz ou algo assim.
_Algo me diz que tudo isso é por minha causa.
_Por quê? Fez algo para ele agir assim?

   Fora pega de surpresa, aquela conversa estava indo longe demais.

_Esquece. Claro que não fiz nada, deve ser paranóia minha.

   Aninhou-se no peito dele, sentia a mão de Victor percorrer livremente pela sua cintura, apertando.

_Amor, estou com saudades.
_Qual tipo de saudade?
– Ergueu o rosto para olhá-lo.
_Nós dois sabemos do que estou falando...

   Luciana aproximou o rosto e lhe beijou rapidamente.

_Também estou.
– Sussurrou

    Beijaram mais intensamente, as línguas moviam, as mãos percorriam por todo o corpo. Luciana ficou em cima dele que aproveitou a luz do abajur para ver o corpo dela, segurando o quadril, apertando-o e fazendo-a mexer e as intimidades se encontrarem, ela abaixou o rosto para sussurrar no ouvido:

_Como te quero, Vih.

   Beijou o pescoço dele, mordendo de leve, sentindo o corpo responder respirando ofegante, seu peito subindo e descendo rapidamente. Ela continuava fazendo movimentos, apenas as peças intimas separavam os corpos, aquilo estava incomodando e sem pensar em mais nada, Luciana tirou a calcinha, voltando a ficar sobre ele, tomando-lhe os lábios sentindo ele gemer enquanto se concentrava no beijo.

_Você gosta de me torturar, Luciana.

   Ela apenas sorriu e juntos olharam para baixo, o corpo dela se encaixava perfeitamente ao dele e sendo assim, Victor inverteu as posições, prendendo as mãos dela acima da cabeça. Investiu dentro dela e juntos deixaram escapar um gemido, as mãos suavam mas em momento algum ele se soltou das dela. Luciana gostava quando ele segurava seus pulsos e assim permaneceu até chegarem ao ápice com direito a juras de amor. Logo estavam calmos, sentindo o sono invadir o corpo e involuntariamente os olhos se fecharem.

***

   Luciana já estava de saída quando Jonas a chamou.

_Vamos para a sala de reunião.
_O que houve?
_Amanhã o Michael já está indo embora, decidimos fazer uma comemoração para ele.

    Aqueles dias passaram rápidos, Michael continuava o mesmo diante de Luciana, mas ela sentia que existia algo estranho na amizade. Tinha ouvido falar da festa de despedida, mas estava decidida a não participar. Jonas a puxava pela mão em direção a sala de reunião, boa parte dos funcionários estavam lá, entre uma conversa e outra, bebiam e tudo estava bem. Para não ter confusão com Victor, mandou uma mensagem avisando que iria se atrasar, não explicou o porquê, ele iria ficar com raiva. Definitivamente Victor não gostava de Michael.

   Ficou conversando com alguns amigos, após algum tempo foi ao banheiro, estava em uma das cabines quando ouviu vozes, algumas enfermeiras que também estavam na festa entraram e ficaram retocando suas maquiagens...

“Ah que pena que o gostoso do Michael vai embora”

“Todas as enfermeiras suspiram por esse cara.”

“Mas vale lembrar que ele só tem olhos para uma”

“Quem poderia ser?”

“Ahhh não me digam que nunca perceberam como ele trata a doutora lá?”

“É verdade, ele é louco pela Luciana. Até meu pai que é cego perceberia se estivesse aqui.”

   Elas riram escandalosamente, Luciana ficou quieta ouvindo tudo:

“Ele parece um cachorrinho quando ela aparece. Deve fazer charminho para deixá-lo aos seus pés”

“Essa Luciana é uma sonsa. Fica pagando de esposa exemplar, mas deve trair o marido com o Michael. Vamos ser sinceras, homem nenhum se comporta com tanta intimidade assim  diante de uma mulher casada.”

“Acho que ele só vai sair daqui pra despistar e não desconfiarem. Viram que mês passado eles quase não se falavam? Deviam estar brigados.”

“Deve ser horrível brigar com o amante.”

   Mais uma vez riram alto, momento certo de Luciana pôr a mão na boca e conter um soluço de susto. Suas pernas estavam ficando fracas, fazendo-a se apoiar na parede enquanto ouvia o fim da conversa:

“Ai gente como uma mulher faz isso? O marido dela é um homem tão charmoso e lindo.”

“Porque é vagabunda. Não se conforma com o que tem em casa.”

“Essas viagens do marido ela deve aproveitar bem muito com o Michael”

“Vamos parar de falar da Doutora. Não temos culpa se ela gosta de ter dois homens em cima de uma cama”

   Todas saíram rindo e falando alto. Luciana ainda ficou alguns minutos procurando forças para sair dali, assim que abriu a porta foi correndo para o espelho, jogou um pouco de água na nuca enquanto chorava. Era assim que pensavam a respeito dela? E se todo esse boato ultrapassasse aqueles corredores do hospital, chegando até os ouvidos de Victor? Voltou para a sala, iria pegar sua bolsa e voltar para casa. Ao entrar as pessoas que estavam próximas a Michael lhe olharam estranho, a cada passo que dava sentia o estômago dar voltas dentro de si.

_Olha ela aí.

   O tom da voz de Michael era de puro sarcasmo, ele havia excedido na bebida alcoólica, deixando-a com medo do que havia falado às pessoas que estavam ali.     

Continua... 

domingo, 26 de outubro de 2014

Cap. 61




Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.









   Aquele plantão estava cheio, Luciana já andava de um lado para outro na sala de cirurgia a procura de todos os equipamentos necessários.

_Ingrid, vai buscar esses medicamentos. – Entregou-lhe a lista em um papel – Não temos aqui.

   A novata apenas observava aquela maca, estava assustada.

_Ingrid, estou falando com você – Alterou a voz.

   Outro enfermeiro percebendo que a menina não saía de onde estava foi buscar o que Luciana pedia. A gestante havia sofrido um acidente automobilístico e com isso tiveram que fazer uma cirurgia as pressas, assim que terminou, Luciana se aproximou de Ingrid.

_EU MANDEI VOCÊ BUSCAR OS MEDICAMENTOS E VOCÊ SIMPLESMENTE FICOU AÍ PARADA? QUERIA QUE A PACIENTE MORRESSE? – Aproximou-se mais da colega de trabalho – DA PRÓXIMA VEZ QUE EU MANDAR, É PRA ME OBEDECER E FAZER O QUE ESTOU MANDANDO. SE QUISER CONTINUAR NA MINHA EQUIPE VAI SER ASSIM.

   Aquela manhã estava tensa para Luciana, estava impaciente, estressada e o plantão apenas estava começando. Jonas estava se aproximando quando viu que ela gritava com Ingrid.

_Luciana? O que está acontecendo?
_Nada Doutor... Eu errei, sei disso. – Ingrid limpava as lágrimas que caíam silenciosamente.

   O médico chefe observava a expressão das duas. Estava calado, mas não por muito tempo.

_Luciana, quero você na minha sala em cinco minutos.

   Ela sabia que o motivo foi o que havia acabado de acontecer, olhou para a ajudante e respirou fundo. Foi para a sala do médico chefe, batendo de leve, recebendo a autorização para entrar em seguida.

_Pronto, estou aqui.
_Sente-se.
– Indicou a cadeira a frente. – O que foi aquilo?
_Desculpe Jonas, eu estava nervosa, a paciente estava precisando ser operada às pressas e...
_Luciana, você sabe que a Ingrid está nos primeiros plantões dela, ainda não entende muito como são as coisas. Coloquei-a na sua equipe, no teu plantão porque você era a médica mais calma que conheci e agora vejo que me enganei.
– Encostou as costas na cadeira, respirando fundo. – Se quiser eu te encaminho para Doutora Micheline...
_Pode parar! Não preciso de tratamento psicológico tão pouco psiquiátrico. O que aconteceu foi só hoje, eu nunca me exaltei aqui nesse hospital.
_Tudo bem, já que você está segura de si. Mas saiba que se precisar é só me avisar, às vezes só precisamos de alguém que nos entenda para desabafar.

    Mas como desabafar se o problema de Luciana era sobre o colega de trabalho? Ainda não tinha visto Michael e no fundo estava agradecendo por isso.

_Eu estou bem, Jonas.
_Ok.
– Levantou-se se aproximando dela, que já estava fazendo o mesmo. – Só vou te dar um conselho: Problemas de casa deixe do portão para fora. Seus amigos de trabalho não merecem isso.
_Tudo bem
– Baixou a cabeça.
_Está liberada.

   Voltou para a emergência, chamando Ingrid a parte.

_Desculpe tá? Estou uma pilha de nervos. Ando com uns problemas, mas você não tem culpa.
_Tudo bem Doutora. Só peço paciência porque tudo isso pra mim é novo.
_Já passei por tudo isso que está passando. Venha, vamos à enfermaria ver algumas pacientes

    Procurou focar mais no trabalho para esquecer de tudo. No fim do expediente uma das enfermeiras se aproximou dela.

_Doutora, o Michael já chegou e disse que se você quiser já pode ir. É só me entregar às fichas dos pacientes.

    Luciana se assustou. Michael não estava com coragem de encará-la, assim como ela também não queria olhar na cara dele tão cedo. Entregou todas as fichas e foi para casa, durante o trajeto ficou pensativa. Não sabia qual seria a reação dos dois, queria esquecer que tudo acontecera, mas em sua mente era como um filme, o olhar dele, as mãos percorrendo seu corpo, a língua invadindo sua boca. Instantaneamente colocou a mão na boca para evitar um vômito, era como se ele estivesse ali, perto de si. As lágrimas caíram livremente enquanto não chegava em casa, precisava esquecer.

  Entrou e foi direto para a cozinha, Lise estava dando a papinha de Mariana enquanto Gabriela rodopiava perto da babá.

_Desse jeito você vai ficar tonta meu amor.
– Abraçou a filha mais velha. – Lise, pode levar a Gabi para o quarto e dar o banho dela? Eu fico aqui terminando de dar a comida da Mari.
_Tudo bem.
_E depois pode ir pra faculdade, se quiser eu te levo.
_Obrigada Dona Luciana, mas meu noivo vem me buscar.

    A babá subiu com Gabriela, Luciana colocou a bolsa de lado e ficou alimentando a filha mais nova. Somente naquele momento conseguia esquecer de tudo o que lhe acontecia de ruim, era um momento mágico cada vez que olhava para a filha.

_Está tudo bem, Lucy?

   Ergueu o rosto e viu Lourdes ali, respirou fundo.

_Sim, por quê?
_Sei lá. Está tensa, deve estar guardando coisas demais para si. Isso pode afetar sua saúde menina.
_Do que está falando Lourdes?
– Parou o que estava fazendo para olhar de vez para a empregada.
_Sobre ontem. Não sei o que aconteceu, mas acho que deveria contar para Vitor e tem que ser agora. Só vai conseguir apoio dele se contar, não deixe para depois. Boa noite.

    A empregada saiu da cozinha, deixando Luciana mais nervosa do que estava. Deveria contar a Victor sobre o beijo que Michael lhe dera?
Continuou o que estava fazendo até sentir a presença de alguém atrás de si.

_Chega e nem vai à minha sala.

    Luciana levantou-se e o abraçou, recebendo um beijo dele, só isso poderia apagar tudo o que viveu em menos de vinte e quatro horas.

_Tudo bem?
_Sim
– Respondeu timidamente.

    Voltou a sentar e alimentar Mariana, Victor pegou uma fruta e encostou-se na mesa observando o que a esposa estava fazendo.

_Ontem cheguei e você já estava dormindo. Te chamei mas acho que devia estar em um sono profundo.
_Eu estava cansada.
_Quem foi ontem para a exposição?
_A Carol, Jéssica e outros amigos.
_Eu vi as fotos no site
. – Deu uma pausa breve – E o Michael?

    Ouvir o nome do colega fez Luciana ficar estranha, mesmo sem encarar Victor podia sentir olhares dele, estava interrogando-a para saber até onde ela iria com tanta omissão. “Será que ele está sabendo de algo?” Perguntou para si mesma.

_O que tem ele?
_Ué, me fala você. Ele estava ontem?
_Porque você quer saber?
– O olhou impaciente.
_Nada.
– Voltou a comer em silêncio por alguns segundos. – Eu vi nas fotos que ele estava lá no evento.
_Se sabia que ele estava porque me perguntou?
– Alterou a voz – Acha que eu devo saber onde o Michael está ou não? Por Deus, Victor! – Rolou os olhos – Você às vezes fala coisas que não acredito terem saído da sua boca.
_Só estava te testando.
_Pois fique com seus testes para lá. Isso já está me enchendo.  

    Ele nada falou, se retirou da cozinha. Aquele dia não estava sendo dos melhores para Luciana, estava dando respostas ríspidas em qualquer um que aparecesse na sua frente. Sentia medo de alguém ter visto os dois se beijando e quem sabe falar para Victor.

    Subiu com a filha nos braços, colocando-a para dormir. Em seguida, foi até o quarto, indo até o banheiro e deixou aquela água do chuveiro levar todo o seu dia de estresse. Porque Michael estava ignorando-a? Sabia que estava errado por isso evitou ter contato com a colega de profissão. Luciana trocou de roupa e ficou ali no quarto, agira de forma errada, não estava se sentindo bem. Iria contar para Victor e achar nele uma fortaleza que estava precisando. Desceu as escadas, indo direto para o studio, ouviu o violão, a voz dele quase inaudível e bateu de leve, entrando em seguida. Assim que Victor olhou para ela, voltou à atenção ao instrumento.

_Victor, precisamos conversar.
_Sobre o que aconteceu quase agora?
– Parou de tocar para encarar-lhe – Vamos esquecer, já sei como as coisas são: Teve um dia difícil, estressante e aí pode descontar em mim.
_Não.
– Se aproximou mais, se encostando à mesa, ficando entre as pernas dele. – Queria que soubesse que quando eu evito falar do Michael, é porque ele não significa nada para mim. É porque quero não gerar um clima ruim e acabar discutindo com você. – Tocou nos ombros dele – Se ele estava na festa ou não, isso não convém ao caso, porque ontem a pessoa que eu mais queria do meu lado não estava lá... E essa pessoa era você, por isso não me importava quem apareceu em fotos ou não. Me perdoa se fui rude com você. – Sentiu os olhos marejarem – Eu só... Só queria que não tocássemos mais no assunto do Michael, ok?

   Victor colocou o violão no pedestal, se aproximou dela logo pegando uma mecha do cabelo e colocando-a por trás da orelha de Luciana.

_Acho que eu forcei a barra, desculpe.
– Soltou o ar que prendia nos pulmões – Eu só estou nervoso e tenho medo de te perder.
_Não vai. Eu te amo.

    A mão de Victor foi até a nuca de Luciana, puxando levemente os cabelos da região enquanto sua boca se aproximava e a beijava, as línguas demonstravam a sintonia que eles tinham na arte de amar, o beijo foi ficando mais intenso e as mãos dele deslizaram pela camisola, fazendo-o partir o beijo e sorrir ainda com os lábios próximos aos dela.

_O que foi?
_Nada
– Ele olhou para baixo – Você veio com essa camisola para me provocar, só pode ter sido isso.
_Peguei a primeira que vi na minha frente.
_Sei.
– Olhou incrédulo para ela.
_Estou falando sério.
_Não estou duvidando da sua palavra, Senhora Chaves.

   Riram e ele puxou-a para um abraço caloroso:

_Gosto quando estamos aqui, parece ser mágico.
_Quase não venho nesse teu studio, mas quando isso acontece já imagino coisas.

    Victor afastou-se dela, com um olhar malicioso e um sorriso dançando em seus lábios. Foi até a porta, trancando-a:

_Ontem você me escapou, mas hoje...

    Mais uma vez tomou os lábios dela para beijar, ela tinha um gosto diferente, as mãos sempre que se encostavam à nuca dele o deixava excitado, esse era o ponto fraco de Victor. Desceu com os lábios para o pescoço, o sugando e mordiscando, arrancando gemidos de Luciana, não satisfeito os lábios desceram para o colo, enquanto as mãos se ocupavam em deslizar a alça da camisola, puxando-a para baixo, revelando um caminho prazeroso; ela estava ali, parada, apenas sentindo a boca dele deixar um rastro e acendendo a chama. Sentiu a camisola cair pelas suas pernas e a peça intima ir junto, Victor estava de joelhos, tirando qualquer coisa que o impedisse de lhe dar prazer. Apertou as coxas dela com força, afastando-as um pouco para lhe dar um carinho especial na intimidade, deixando Luciana arfando e entre seus lábios um gemido apareceu que foi intensificando cada vez que sentia seu marido ir além. Segurou os cabelos dele, apertando-os, inclinando o corpo quando o prazer chegou. Estava precisando disso para aliviar a tensão.

   Victor sorriu e ficou de pé para beijar Luciana, sentia as mãos dela desesperadas em abrir sua calça, segurando firme seu membro, fazendo um caminho de ida e volta o torturando bem vagarosamente, o sentindo parar o beijo para gemer entre seus lábios.

_Me possua, Victor.
– Sussurrou.

   Segurou uma das pernas, levando-a até o quadril e investiu dentro dela, até sentir que estava completo, que agora eram um só corpo. Luciana gemeu alto e sorriu maliciosamente, olhou para baixo, os movimentos eram perfeito, as mãos estavam desabotoando a camisa que ele usava, jogando-a em algum lugar. Aquela sensação era a melhor, Victor apenas observava cada expressão no rosto dela, deixando-o mais louco quando Luciana pendia a cabeça para trás, revelando a área do pescoço livre, sendo um convite e assim ele fez, enquanto uma mão segurava firme a coxa que envolvia seu quadril, a outra segurava-a pela cintura e a boca... Dava leve sugada no pescoço dela.

   Luciana empurrou-o de leve, vendo-o sair de dentro de si e foi empurrando-o para o sofá, sentando em cima dele, deixando-o entrar dentro de si, sentindo que ele tinha preenchido-a completamente, ela mexeu o quadril enquanto as mãos repousavam no peitoral dele, os olhares se cruzaram e com sussurros, gemidos, tinham uma conexão, Victor já estava segurando sua cintura forte, ditando os movimentos rápidos, fazendo os corpos se chocarem enquanto Luciana o ajudava em cima de si...

_Vitor...
– Falou entre os gemidos.

    Não conseguiu mais controlar e atingiu o ápice do prazer, tentando conter a respiração e puxando-a para encostar a cabeça em seu ombro. Conseguia ouvir o coração batendo acelerado, gostava disso, de tê-la em seus braços, procurando o ar que faltava para controlarem todo o sistema nervoso.

    Luciana acomodou a cabeça no ombro de Victor e ficou assim, sem pensar em nada, apenas ouvindo a respiração dele ir se acalmando. As mãos pareciam ser mágicas e agora estavam em seu cabelo, acarinhando e deixando-a sonolenta.

_Está com sono?
_Um pouco. Por quê?
_Poderíamos partir para o segundo tempo.

   Luciana ergueu o rosto para encará-lo:

_Você não cansa?
_Do que? De fazer amor com você? Nunca.

   Ela sorriu, saindo do seu colo e pegando suas peças de roupa, vestindo-as.

_Dorme comigo hoje?
_Só se me acompanhar no banho.
_Você venceu
. – rolou os olhos sorrindo.

   Victor abotoou a calça e em passos largos foi até ela.

_Desculpe minha Senhora.
_Pelo o que?
_Por isso.

   Colocou-a nos braços e subiu para o quarto. Após um banho com muitos carinhos intensos deitaram abraçados. Enquanto assistiam um filme, Luciana remexeu inquieta, lembrou-se do que aconteceu entre ela e Michael. Victor precisava saber, mas ali não era o momento certo, não iria quebrar um clima romântico que estava tendo com ele.

***

   Dois dias de folga foi necessário para Luciana relaxar. Aproveitou ao máximo com as filhas e Victor, foram a fazenda e voltou revigorada de lá. Estando no hospital estava com mais paciência para ajudar Ingrid e todos ao seu redor, no fim do dia, uma das enfermeiras se aproximou dela:

_Doutora, o Doutor Michael chegou para pegar o plantão, mas disse que você já pode ir e que me mandasse as fichas, eu entrego a ele.

   Nunca mais tinha cruzado seu caminho com Michael, ele quem evitava ao máximo, alguém poderia notar o que houve. Não iria deixar para depois, a conversa teria que ser franca já que eles compartilhavam do mesmo local de trabalho.

_Não, pode deixar que eu levo o relatório a ele. Preciso ter uma conversa.

   Em passos largos foi até a sala dele, seu coração batia tão rápido que podia jurar ouvi-lo, até a respiração estava falha, Luciana tremia da cabeça aos pés. Bateu na porta, recebendo a autorização para entrar. Michael ao vê-la assustou-se, não estava preparado para ficar de frente para ela.

_O que está acontecendo, Michael?

Continua... 

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Cap. 60






   Luciana se olhava de frente para o longo espelho no closet, ainda estava achando aquele vestido preto muito curto. Estava finalizando os últimos toques quando Lise entrou.

_Nossa, a senhora está uma gata.
_São seus olhos.
_Acho que não. Victor vive te chamando de gata.

   Sorriu olhando para ela através do espelho.

  Enfim depois de tantos meses procurando uma babá que se encaixasse perfeitamente nas opções que ela queria, acabou achando Lise. Ela tinha apenas vinte e um anos, cursava faculdade e estava a procura de emprego para pagar as despesas enquanto finalizava o curso que estava prestes a se formar. Já tinha noivo e agora estavam morando juntos. Sentiu um alivio porque a garota era perfeita para a ocasião e em uma situação como essa (Luciana precisando sair à noite) ela estava ali para segurar as pontas.

   Aqueles meses estavam passando rápidos, estavam em Junho e sua vida tinha melhorado bastante. Apenas a implicância de Victor para com Michael que estava irritando-a, sempre estavam discutindo por questões como essas.

   Terminou de se arrumar e discou o numero do celular dele.

_Oi amor.
_Só liguei para avisar que já estou saindo.
_Tem certeza que quer ir? Porque não fica em casa, hoje não estou. Vai ser a primeira noite da Lise com as crianças...
_Fica calmo que antes da meia noite estarei em casa, só não quero fazer essa desfeita com o Guilherme. Tenho que ir. Beijos e te amo.
_Amo mais.

   Desligou e entrou no carro, havia passado toda a recomendação para a babá, os horários do remédio de Mariana, a hora certa de Gabriela ir para a cama. Lembrou-se dos tempos de solteira, estava sempre indo para festinhas com a turma do hospital, nada lhe impedia, apenas quando Victor estava de folga porque o programa era outro. Parou no semáforo e teve uma lembrança gostosa, só ali pode perceber que sempre amou Victor, só não havia enxergado antes, largava qualquer noite de barzinho quando ele lhe ligava e as madrugadas eram tão banais entre ouvi-lo tocar uma nova composição, assistir filme e comer brigadeiro, porém, amava a presença dele... Sempre amou.

   Chegou ao salão de eventos e já havia vários carros estacionados, entrou mexendo no celular quando ouviu Carol chamando-a. Ela estava com os amigos e Luciana juntou-se a eles, tudo estava tão perfeito, aquelas fotos de gestante sempre lhe davam uma nostalgia e entre um suspiro e outro ouvia a amiga sussurrar-lhe: “Viu só? Está na hora de ter mais um, Lucy.”

_Vira essa boca pra lá, Carol. Estou bem com as minhas duas estrelinhas.
_Ah, eu só queria ser madrinha né?
_Mas você já é madrinha da Mari.
_Tá ok, eu me rendo.

   Parou em uma das fotos e ficou tão entretida que esqueceu do grupo de amigos que se afastava. Alguém tocou o seu ombro.

_Guilherme está de parabéns com a exposição.
_Michael? Pensei que não viria.
_Como perder essa perfeição?

   Continuaram olhando para a foto na parede.

_Não sabia desse grau de intimidade entre você e o Gui.
_Ele me ajudou muito. Lembra de quando fiz a residência?
_Claro. – Baixou a cabeça.
_A propósito, você está linda essa noite.

   Ergueu o rosto e viu os olhos dele brilharem. Estava na zona de perigo, seu corpo clamava para sair dali.

_Obrigada Michael – Olhou novamente para a foto e mudou de assunto radicalmente – O Gui nunca escondeu esse desejo de ser fotógrafo.
_É, primeiro medico que conheço que nas horas vagas se entrega ao mundo das fotografias.

   Luciana ignorou Michael e continuou andando calmamente. As fotos estavam perfeitas, Guilherme retratou a história de uma de suas pacientes, toda a gestação. Foi até ele, o abraçando e enchendo-o de elogios, Carol puxou-a para conversarem:

_Me desculpa, mas esse Michael está te olhando com tanta tara, que qualquer um percebe.
_Eu sei Ká, até já me afastei para não dar burburinhos. Sabe como é né, não são só os médicos presentes hoje, a alta sociedade inteira está aqui.
_Fique do meu lado, é bem melhor.

   Mais uma vez se juntou aos amigos e ficou por ali até seu telefone tocar, Victor estava ligando para ela. Procurou um lugar sem barulho para atender:

_Oi amor.
_Oi. – Sorriu timidamente – Desculpa estar atrapalhando sua noite, mas é que estava com saudades.
_Tudo bem. Que horas começa o show?
_Daqui a pouco. E por aí, como está?
_Perfeito. A exposição está divina, só faltou você.
_Eu sei. E quem está aí?
_A Carol, Jéssica e outros amigos.
_Tá, não demora pra voltar pra casa.
_E você, volta quando?
_Essa madrugada. Me espera e põe aquela lingerie que comprei...
– Sorriu maléfico.
_Vou esperar ansiosamente.
_Ok. Volte à festa e divirta-se. Te amo.
_Também te amo muito.

   Desligou o celular e sorriu. Victor a deixava tão leve, tão tranqüila, sorrindo tão débil. Ergueu o rosto e Michael estava ali, com um olhar estranho. Nas mãos, um copo de whisky.

_Estava falando com ele no telefone?
_Sim.

  Michael bufou sarcástico.

_Está na hora de você começar a viver de verdade, não se esconder na sombra dos outros, Luciana.
_Do que está falando?
_Sua vida.
– Aproximou-se dela – Você vai do trabalho para casa, de casa para o trabalho. Vive para as filhas e o esposo. Chega uma hora que isso cansa.
_Nunca irei cansar de viver assim. Só tenho que agradecer a Deus. Com licença.

   Retirou-se do local rapidamente, Michael estava estranho naquela noite, ela só queria esquivar-se o máximo possível dele. Achou Carol e foi até ela:

_Vou pra casa.
_Mas já Lucy?
_Sabe como é né, as crianças estão com a Lise e sei lá, fico com o coração apertado.
_Isso é normal, primeiras noites longe de casa você ficará com medo. Mas vai sim, essa semana leva elas lá pra casa? Quero matar a saudade.
_Pode deixar. Tchau.

   Em passos rápidos, com medo de alguém foi até o estacionamento. Estava se sentindo em um filme de terror, o local estava deserto, pra piorar, seu coração batia descompassado, podia ouvi-lo junto ao barulho dos seus saltos. Destravou o carro antes mesmo de chegar perto dele, alguém a chamou, fazendo-a sobressaltar de susto.

_Michael? – Alterou a voz. – Quase que me mata.
_Não foi minha intenção.

   Olhando para o amigo, Luciana sabia que ele estava bêbado, tropeçando enquanto se aproximava mais dela.

_Já vai também?
_Não. Ainda quero ficar mais.
_Se precisar de carona, estou de partida. Adeus Michael.

   Tentou ir rápido e abrir a porta do motorista, mas sentiu as mãos dele apertando seu braço, girando-a e sem poder se defender, ser arremessada contra o carro. Michael jogava todo o seu peso contra o corpo de Luciana, ela estava imóvel e já imaginando o que estava prestes a acontecer. A boca dele procurou a sua e um beijo violento aconteceu, por mais que tentasse se esquivar, mais ele prendia-a, deixando quase sem ar. Sentiu nojo ao ver a língua dele rolando dentro da sua boca, aquele gosto de álcool ela sabia que permaneceria por dias e dias cada vez que lembrasse, as mãos dele agora dançavam no corpo dela, apalpando e Luciana sentindo as lágrimas querendo saltar dos seus olhos. Em um gesto despercebido dele, conseguiu se livrar dos braços, empurrando-o para bem longe. Ainda no escuro daquele estacionamento ela via a expressão sarcástica.

_QUE PORRA É ESSA MICHAEL? VOCÊ É LOUCO?!

    Entrou rapidamente no veículo, ligando o motor e acelerando para se afastar dele e do lugar. Chorou durante o caminho para volta de casa, sentiu seu estômago dar voltas dentro de si a cada vez que tragava sua saliva e o gosto do Whisky estava ali, entregando tudo o que aconteceu. Colocou o carro na garagem e ficou dentro dele por longos minutos, ainda chorando, sem forças de entrar em casa, com medo do que estava por vir. Naquele momento sentia-se usada, com nojo de si, mesmo não ter aceitado ele ter lhe tocado. Desceu do veículo e subiu rapidamente, não queria que ninguém presenciasse seu desespero, estava passando pelo corredor escuro quando uma voz surgiu atrás de si, fazendo-a sobressaltar mais uma vez.

_Desculpa, Dona Luciana.
_Que susto Lise!
_Eu... Só ouvi barulhos no corredor e pensei que fosse ou você ou o Victor.
_Tudo bem. Já passou. – Percebeu que a babá a olhava estranha. – E as crianças?
_A Mariana eu dei a medicação na hora certa, já a Gabi... Tive que ficar acordada com ela até quase agorinha.
_Tudo bem. Vou pro meu quarto, qualquer coisa me chama, tá?
_Tá.

   Deu as costas para Lise, deixando-a ali no corredor, meio indecisa entre ir até a patroa e perguntar se ela queria desabafar algo ou apenas voltar para o quarto de Gabriela e dormir.

  Luciana entrou no quarto jogando o vestido para longe do corpo, retirando todas as peças que faltassem ser jogadas. Sentia nojo de si, nojo do corpo. Entrou desesperada no banheiro e se viu no espelho, assustou-se, estava com o batom vermelho totalmente borrado.

_Deve ter sido por isso que a Lise me olhou estranha. – Sibilou

  Lembrou-se do beijo, do olhar de Michael. Antes até sentia uma atração pelo colega de profissão, agora, o via como um monstro, um ser que a deixava enojada e só com vontade súbita de matá-lo. Com as mãos tirou todo o batom, ligou o chuveiro e permaneceu dentro dele, a água caindo por longos minutos, queria tirar o rastro que as mãos dele deixaram. Colocou seu pijama e deitou-se, não para dormir, mas para pensar.

   E se todos descobrissem? Se Michael falasse? Será que tinha alguém que presenciou aquela cena? E se presenciou iria contar a alguém... Chegaria aos ouvidos de Victor?

   Sentou-se na cama, chorando desesperadamente, passando a mão no rosto não querendo nem pensar se ele descobrisse de algo assim. Sempre fora fiel, o amava, mas será que Victor a perdoaria por ter deixado Michael lhe tocar e beijar tão intensamente? Deitou-se novamente, as horas estavam se passando, a madrugada já decretava o fim, a manhã se iniciava. Ouviu passos no corredor, Victor estava chegando, ela não teria coragem de encará-lo. Virou-se de lado, fingindo estar dormindo e o viu passar para o closet, guardando a mala, depois Victor foi para o banheiro, tomou um banho rápido, ao voltar achou o vestido dela no chão, sorriu colocando-o no sofá. Fechou os olhos forte, rezando para que ele não descobrisse que estivesse acordada. A cama afundou, ele puxou o cobertor... Aproximou-se mais passando a mão pela cintura dela beijando o ombro.

_Amor?
– Sussurrou.

   Queria poder se virar e nos braços dele achar seu porto seguro, mas Luciana sabia que se fizesse isso, iria chorar copiosamente e que Victor ficaria insistindo até achar uma resposta convincente vinda dos lábios dela. Xingou a si mesmo porque permaneceu parada, sem mover um músculo do seu corpo. Victor sussurrou um pouco mais audível:

_Lu?... Luciana?

   Por fim, acomodou a cabeça no travesseiro e tentou dormir, Luciana só respirou aliviada ao sentir que ele estava em um sono profundo. Mexeu-se na cama, olhando para ele, a aurora se formava no céu, a claridade timidamente invadia o quarto pelas frestas da cortina. Ela chorou em silêncio, pedindo desculpas para si, para ele que agora não podia ouvir mais nada, estava dormindo. Viu o dia clarear e levantou-se, não tivera proveito nenhum naquela noite, sabia que iria parecer um zumbi no hospital. Tomou uma ducha para despertar, trocou de roupa e desceu para tomar um café rápido. Lourdes olhava para ela tentando decifrar algo.

_Está tudo bem, Luciana?
_Sim Lourdes, só estou com sono. Tenho que ir.

    Colocou a xícara na pia e foi logo para o hospital. Como seria encarar Michael depois de tudo? Será que ele tinha alguma desculpa para lhe explicar o porquê fizera tamanha barbaridade? Como sempre na sua cabeça só surgiam perguntas e mais perguntas. Respostas? Só o destino poderia lhe dizer.

Continua...

domingo, 19 de outubro de 2014

Cap. 59






Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia 





_Você sabe que meu trabalho não tem hora certa para sair. – Colocou a bolsa no sofá.
_Mas agora você tem duas filhas para tomar conta.
_Você fala como se eu fosse uma irresponsável, Victor!
– Também alterou a voz.
_Não é, mas ta parecendo com uma.

Luciana o olhou com raiva.

_TUDO ISSO É POR CAUSA DE UM ATRASO, OU SERÁ QUE TEM ALGO POR TRÁS DESSAS SUAS PALAVRAS?
_DO QUE ESTA FALANDO? AGORA QUER JOGAR A CULPA EM MIM? NÃO ME ATRASEI ESQUECENDO DAS FILHAS...
_JA CHEGA, VICTOR! NÃO VOU DEIXAR SEU CIUME ME ENLOUQUECER.
– Segurou Gabriela nos braço – E da próxima vez que for iniciar uma discussão, veja se nossa filha está por perto, ela não merece ouvir nem ver isso.

  Assim que entrou no quarto da filha, Luciana deixou as lágrimas caírem de vez. Entendia o erro de ter se atrasado, mas ele não tinha o direito de julgá-la. Tinha prometido para si mesma de que não iria ser igual a sua mãe, até chegou a negar quando Victor cogitou contratarem uma babá. Deu um banho na filha, colocando-a para dormir em seguida, depois passou no quarto de Mariana, ficou alguns momentos com a filha até Lourdes entrar no cômodo:

_Luciana, eu dei a mamadeira a ela antes de você chegar.
_Obrigada, Lourdes. Desculpe a demora, é que fizeram uma surpresa, uma festinha para mim antes de sair do hospital.


  Victor ficou por alguns minutos tentando entender porque aquilo acontecera. Em sua mente logo vinha Michael, sabia que ele iria fazer de tudo para afastar Luciana, o motivo do atraso com certeza deveria ter sido ele. Cerrou os punhos, não querendo admitir, mas sentia medo de saber que ela ficaria boa parte do tempo ao lado dele. Subiu as escadas após alguns minutos, passando pelo quarto de Mariana ouviu quando Luciana tentava justificar a Lourdes o motivo do atraso. Calado, foi até o quarto, ficou sentado na beira cama esperando por ela.

_Fico feliz que estão te tratando bem no hospital.
_Eu também Lourdes. Sabe, fiquei com medo de ser demitida, é um local de trabalho tão bom. Os funcionários são legais, passam uma energia tão positiva que desde que entrei lá não vejo clima ruim.
_Isso é bom. Vou dormir.
_Obrigada, Lourdes.

   Colocou a filha no berço, desceu as escadas para pegar a bolsa e subiu novamente. Victor não estava na sala, deduziu que estivesse no studio, mas quando entrou no quarto lá estava ele sentado, os braços apoiados nas pernas, visivelmente sério. Ignorou-o e foi direto ao closet, ele a seguiu e ficou parado na entrada, encostado na parede:

_Fala logo o que você quer Victor.
– Ignorou a presença dele, enquanto tirava a blusa.
_Então o motivo de você chegar atrasada aqui em casa foi a festa que fizeram?
_Sim.
– Foi tirando a roupa sem ao menos encará-lo
_E o Michael estava lá?
_Pra que você quer saber Victor
? – Dessa vez olhou para ele enquanto se cobria com o roupão.
_Precisa me esconder algo, Luciana?
_Não estou te escondendo nada
– Alterou a voz

   Victor ficou alguns segundos analisando o rosto de Luciana se enrubescer de vergonha. Conseguia ler os sentimentos dela:

_Tá. Depois não vem jogar a culpa em mim se nosso relacionamento esfriar.


Deu as costas e foi até o quarto, Luciana o seguiu, estava furiosa:

_Do que está falando?
_Veja suas ações. Olha pra você, Luciana, está me escondendo algo tão banal...
_Sim
– O interrompeu – O Michael estava lá.

 Ele baixou a cabeça, engolindo seco, procurando se acalmar.

_E porque não voltou antes pra casa?
_Foi uma festa surpresa, Victor, e nem foi na sala dele, foi na sala do Jonas. Você tem que parar com essa porra de desconfiança, porque eu não vou suportar!
– Alterou a voz mais uma vez naquela noite.
_ CLARO, PRA VOCÊ É FÁCIL: VAI TRABALHAR, DESLIGA A PORRA DO CELULAR, ME DEIXA AFLITO MAS QUE SE DANE MEUS SENTIMENTOS PORQUE VOCÊ ESTAVA EM UMA FESTA COM OS AMIGUINHOS DE TRABALHO!
_E QUANDO VOCÊ VAI PARA AS NOITADAS EM RESTAURANTES COM A TURMA DA BANDA DEPOIS DE UM ENSAIO, POR ACASO RECLAMO?
_NO MEU CASO É DIFERENTE...
_DIFERENTE POR QUÊ? SÓ PORQUE EU TRABALHO EM LOCAL ONDE TEM HOMENS?
_NÃO. PORQUE O HOMEM QUE ESTÁ PERTO DE VOCÊ TE AMA E TENHO CERTEZA QUE VOCÊ DEVE JOGAR O CHARMINHO PRA CIMA DELE!
 _OLHA COMO ESTÁ FALANDO DE MIM, VICTOR! NÃO SOU UMA QUALQUER PRA VIR ME JULGANDO.


 Ambos se calaram por alguns segundos.

_E pode ficar tranquilo que a festa foi com meus amigos de trabalho. Não fiz orgia na sala do chefe.

  Deu as costas a ele e entrou no banheiro, não esquecendo de bater a porta com toda força. Enquanto a água caía em seu corpo, deixou as lágrimas irem junto, se entregou aqueles momentos, ali ninguém podia ver sua fraqueza, seu suplico para Deus pra parar com todo aquele momento ruim de confusão. Gabriela já estava grande o suficiente para entender certas coisas, lembrou-se que naquela noite enquanto colocava o pijama da filha, ela perguntava porque a mãe estava chorando. Prometeu a si mesma que não iria entrar em briguinhas bestas com Victor quando uma das filhas estivessem presente.

  Saiu do banheiro um pouco mais aliviada, Victor não estava mais no quarto. Trocou de roupa e deitou-se, não conseguiu dormir, pegou um livro e ficou lendo por boa parte, até esqueceu que as horas haviam passado e só se deu conta quando ele entrou no quarto, indo direto ao closet, pelo barulho sabia que estava pegando a mala. Sentiu medo de ele ir embora, não iria suportar tamanha dor, mas não foi até lá, permaneceu olhando para o livro, fingindo ler já que a presença dele estava incomodando e muito. Após mexer na mala, Victor foi até o banheiro, pelo barulho ela sabia que estava tomando banho. A porta abriu e ele foi direto para a cama, deitando e virando de lado, lhe dando as costas. Ela sabia que não teria muito que fazer, fechou o livro, desligou o abajur e deitou-se também, ouviu a voz dele baixinha:

_Amanhã vou ter que viajar pra São Paulo, gravação de um programa de TV. Tenta não deixar as nossas filhas sozinhas.
_Isso não vai acontecer, Lourdes estará por aqui tomando conta delas.
_Lourdes não tem mais idade para ficar servindo de babá e empregada.

   Luciana sentiu seu estômago queimar, a raiva tomava conta de si, queria ligar o abajur para dizer poucas e boas sem tirar os olhos dele, mas não fez nada, virou-se para o lado oposto e fechou os olhos, as lágrimas caíam em silêncio e assim permaneceu até conseguir dormir. Pela manhã não o achou na cama, olhou para o relógio e já passava das oito horas. Levantou-se e logo se arrumou, descendo e se servindo com uma xícara de café.

_Tome café direito menina.
_Você falando assim até parece minha mãe, Lourdes.
– Sorriu.
_Vi que vocês discutiram aqui na sala ontem. Realmente estávamos aflitos Luciana. Depois que Victor ligou para seus celulares e não obteve respostas, ligou para a recepção do hospital e lá passaram que você já tinha ido embora.
_Entendo a preocupação de vocês, mas não precisava ele vir com palavras que me ofendesse. Me senti uma irresponsável.
_O Victor ficou assim depois do que aconteceu com ele, isso é normal.
_Não vou ficar louca por causa de um surto do Victor.
– Colocou a xícara na pia – Tenho que ir ao consultório, fica com a Mari pra mim? Eu levo a Gabi.
_Pode deixar, Lucy. Suas filhas são uns amores, tão calmas. Se quiser deixar a Gabi aqui, por mim tudo bem.
_Não. Ela está em uma fase de ter muita energia, melhor ficar comigo lá no consultório.

   Levou Gabriela consigo, durante o trajeto ficou pensando nas palavras de Victor:

 
“Lourdes não tem mais idade para ficar servindo de babá e empregada.”


  Sabia que era verdade, Lourdes estava se virando como podia, mas não era seu dever ficar tomando conta da casa e das filhas da patroa. Infelizmente teria que contratar uma babá e isso lhe soava como irresponsabilidade, tinha medo de abandonar as pequenas por questão de trabalho. Suspirou forte tentando imaginar se não tivesse engravidado e Gabriela não nascesse, iria continuar com Victor? E se já estão juntos, será que ele a amava de verdade? Desceu do carro com a filha segurando sua mão. Raquel ao ver que ela trouxera Gabriela, sorriu, pegou a pequena nos braços e encheu de mimos por alguns segundos.

_Raquel, se importa se eu deixar a Gabi aqui com você enquanto atendo minhas pacientes? Sei que ela não vai me deixar trabalhar se estiver lá dentro.
_De maneira alguma, Doutora. Amo crianças e a Gabi é uma fofa.
_Obrigada.

   Entrou no consultório e seu dia foi cheio, parou na hora do almoço para ir em casa e ver como Mariana estava. Voltou para o consultório, Gabriela gostou de estar ali, já estava na sala da mãe enquanto ela analisava alguns relatórios. Carol apareceu para visitá-la, abraçou a amiga e ficaram conversando até a noite chegar:

_Nossa, vocês brigam muito, mas isso é normal Lucy.
_Ele foi muito grosso comigo
– Limpou o canto do olho – Não sei o que faz ele ficar assim.
_É como a Lourdes disse, ele está assustado, imagina se algo acontece com você? Tem que entender o lado dele, Victor passou por fortes emoções.
– Colocou Gabriela no chão, levantou-se do sofá – Agora tenho que ir. E quanto a babá, super concordo, você tem que contratar uma. Vai ser bom.
_Tenho medo de relaxar e acabar esquecendo de criar minhas filhas.
_Isso não vai acontecer porque você é uma boa mãe.
– Beijou o rosto dela – Se cuida.

   Aquela conversa com Carol fortaleceu-a, voltou para casa mais calma e decidida a contratar uma babá. Chegou em casa e sua noite foi cuidar das pequenas já que Victor não estava ali, não sabia que horas iria voltar e a saudade já estava forte. Após colocar as pequenas para dormir, deitou-se esperando o sono chegar. Victor apareceu e com uma expressão séria no rosto passou direto, indo ao closet, colocando sua mala, tomou uma ducha e deitou-se sem falar com Luciana. Aquilo doeu dentro dela, mas virou-se para o lado oposto e mais uma vez dormiram sem fazer as pazes.  


  No dia seguinte, Luciana acordou cedo para ir ao hospital, pediu para Michael lhe escalar nos plantões diurno, para poder ficar em casa a noite. Seu trabalho não era tenso, ela gostava do que fazia, estando dentro do hospital deixava seu estresse pessoal de lado para focar no que estava fazendo. Chegou em casa antes das sete, Gabriela estava brincando na sala ao lado do pai, foi até ela beijando o topo da cabeça e subiu. Tomou um banho e sentou-se a mesinha que ficava no quarto, analisou alguns relatórios de pacientes, parou apenas para colocar as filhas para dormir. Desceu para cozinha e não sentiu fome, comeu uma fruta para matar a sede, já estava saindo quando Victor apareceu, colocando um copo com água e puxando assunto:

_O pessoal de lá de São Paulo mandou lembranças.
_Agradeça a eles por mim.

   Respondeu seca e subiu para o quarto, já estava na ultima ficha quando Victor entrou, sentou na beira da cama lhe fitando:

_Vai ficar com essa cara assim?
_É a única que tenho
– Ajeitou os óculos no rosto e continuou o que estava fazendo.
_Sabe Luciana – Levantou-se chegando perto dela, espalmando as mãos na mesa – Temos que parar com essas discussões.
_Quando
um não quer, dois não brigam Victor. Não precisava aquela crise de ciúme.
_Não foi ciúme.
_Olha pra você.
– O encarou – Está aí se remoendo por dentro. Eu não consigo esconder nada de você, Victor, mas você também não consegue esconder de mim. O que me machucou foi suas palavras, você não mede o que fala e depois quer que eu te trate bem? Não sou irresponsável, mas infelizmente não podia sair desesperada da festa que meus amigos de trabalho fizeram para mim. Se eu demorei é porque confiei que você estaria aqui cuidando das nossas filhas na minha ausência.

   Fechou a ficha e levantou-se indo direto para a cama. Doía só de imaginar nas palavras que Victor usara para com ela na noite em que discutiram, segurou o choro ao máximo. Victor respirou fundo, olhando para o teto, não queria discutir mais uma vez. Entre seus lábios sua voz saiu suave:

_Não chega a ser ciúmes, mas eu tenho medo de te perder, Luciana. O Michael quem vai ficar no dia-a-dia do seu lado, ele quem vai compartilhar boa parte do tempo com você, ele quem vai te ver todos os dias enquanto que eu estiver viajando. E sei que ele é uma peça forte no jogo e vai querer te roubar de mim.

   Não quis ouvir respostas, entrou no banheiro e se encarou no espelho. Amava tanto Luciana que já não queria nem imaginar ela abandonando-o, seria demais, muito forte se ela lhe deixasse. Aquelas brigas pareciam ser um prato cheio para Michael, mesmo sabendo que sua esposa jamais contaria ao amigo de profissão suas discussões com o esposo. Saiu do banheiro mais calmo, respeitando por Luciana não querer papo naquela noite. Estava encarando o teto no escuro quando sentiu ela se mexer na cama, ficando de lado para também, no escuro, lhe encarar:

_Eu também tenho medo de te perder. Pensa que não fico com receio que você não sinta mais nada por mim, que nosso relacionamento esfrie a tal ponto de sair procurando lá fora? E se você acha em uma outra mulher o que eu não tenho ou se tenho não te dou? É muito tenso saber que vai estar rodeado de mulheres bonitas, encantadoras e que diferente de mim tenham um tempo livre para te acompanhar onde quer que vá.

   Victor sorriu, passou a mão no rosto dela para acariciar, sentiu Luciana fechar os olhos aprovando aquele afago:

_Mas nenhuma delas tem o que só você conseguiu conquistar: Meu coração, meu corpo e todos os meus sentimentos por você.

   Aproximou os lábios aos dela, roçando-os. Estava com saudade de sentir todo aquele calor e excitação do que estava por vir, queria provar aquela boca para saber se o gosto ainda era o mesmo. Luciana não aguentou e logo pediu passagem para a língua ir de encontro com a sua, ambos fecharam os olhos se deliciando naquele momento, o gosto parecia ser bem melhor que a ultima vez que fizeram isso. Intensificaram com os movimentos, as mãos já circulavam por onde alcançasse o corpo do outro, elas eram ágeis e já circulavam por caminhos que levavam ao prazer. Sentir a mão de Victor descendo, passando por cima da calcinha, fez Luciana partir o beijo e gemer entre os lábios dele. Desejo maior para ele que naquela escuridão do quarto já conseguia imaginar as caras e bocas que sua esposa estava fazendo no momento, mas ele queria mais e em um gesto ousado, colocou a mão dentro da peça intima que ela usava, fazendo-a arfar e jogar a cabeça para trás, entregando-lhe o pescoço para beijar e morder de leve. Luciana já procurava a nuca dele para entrelaçar as mãos e afundá-las no cabelo daquela região, puxando-o com força enquanto ouvia sair da sua própria boca gemidos conforme a intensidade dos carinhos que ele fazia.

   Estavam entorpecidos pelo tesão e sem mais, Victor tirou-lhe a calcinha e não perdendo mais tempo ficou por cima, entre as pernas dela. Amou-a como se não houvesse amanhã, investindo vagarosamente, querendo apreciar cada momento, cada palavra saindo da boca de ambos, fechando os olhos a cada vez que ela chamava seu nome. Aumentou o ritmo quando Luciana já cravava as unhas em suas costas, quase gritando de tanto prazer, ficando mole em seus braços após sentir o ápice invadi-la. O prazer para ele estava chegando e como era gostoso sussurrar o nome dela, gemer alto enquanto sentia que iria explodir. Saber que estavam felizes porque no momento mais íntimo eles eram perfeitos, um só corpo, uma só alma. Deitou-se puxando a cabeça dela para encostar-se em seu peito, acarinhando as costas da amada e olhando para o teto naquela escuridão.

_Vou seguir seu conselho.
– Respirou fundo. – Vou contratar uma babá.
_Assim fica melhor. Lourdes não pode ficar sozinha com elas, principalmente agora que a Gabi parece que está ligada em 220w.

  Riram por alguns segundos.

_Me desculpa se te magoei com palavras fortes, não foi minha intenção. Só... Só tenho medo de algo acontecer com você. Promete que vai ficar com os celulares na mão e que vai me atender quando te ligar?
_Prometo
– Sua voz saiu sonolenta – Boa noite. – Voltou a encostar a cabeça no travesseiro.
_Dorme bem meu anjo.
_Te amo.
_Também te amo.

  Fechou os olhos também e logo o sono tomou conta de si.

Continua...