quarta-feira, 11 de junho de 2014

Cap. 03


   O sol insistia em invadir aquele quarto, mesmo com as cortinas ainda fechadas. Victor abriu os olhos e olhou para o relógio da mesinha ao lado da cama, ainda dava para dormir mais um pouco ou talvez bem mais.

   Virou-se e ficou encarando o teto, precisava pedir desculpa a Luciana, ela queria seu apoio e ele como marido deveria fazer isso, era sua obrigação. Ao olhar para o lado, ela ainda estava na cama, não dormia, mas estava de costas para ele, aquele longo cabelo preto mexia de tal ponto em sua sanidade mental que ele já imaginava fazendo amor com ela e agarrando-o entre suas mãos. “Fazer amor ainda pela manhã dizem que é bom. Li isso em um livro” pensou ele.

   Luciana foi se virando e também encarou o teto, diferente dele sua noite fora péssima, dormiu pouco e antes das cinco estava acordada. Virou o rosto e percebeu a presença do seu marido ali, ele deu um meio sorriso na esperança de ser retribuído.

_Bom dia.
_Só se for pra você – Luciana rebateu e jogou o lençol para bem longe dela.

   Entrou no banheiro e se olhou no espelho, o que estava acontecendo com eles? Porque Victor falou aquilo na noite anterior?

   Assim que fez sua higiene e tomou um banho, foi para o closet, enquanto separava alguma roupa confortável para usar ele apareceu lá.

_Luciana, precisamos conversar.
_Nem vem, hoje tô de TPM. – Deu as costas para ele e colocou um vestido, ao virar-se ele se aproximou e segurou o rosto dela com as duas mãos.
_Me desculpa, eu agi como um idiota. Não deveria falar aquilo, não tenho nada contra você viajar, mas é que temos que mudar vários planos na nossa vida por causa disso.
_Que tipo de plano?
_Casar, ter mais um filho.
_O nosso casamento é agora no final de fevereiro.
_Mas e quanto ao nosso filho? E a Gabi? Não vou poder ficar com ela muito tempo.
_Eu me viro, deixo na casa da Tati ou até da minha mãe mesmo.

   Custou para Victor acreditar no que acabara de ouvir. Recentemente Luciana e Geovana sempre estavam falando pelo telefone.

_Sua mãe?
_É Victor, sabe, ela disse que queria ter mais momentos com a Gabi.
_Vamos pensar direito nisso, o que importa é que eu to te apoiando. Agora vem cá.

   Depositou um selinho nos lábios dela e foi para banheiro, aquele café da manhã estava muito tranqüilo e feliz. Olhou de esguelha para ela e lembrou de algo, o aniversario de Luciana estava se aproximando e ainda não tinham combinado nada.

_Amor, seu aniversario está chegando. Vai querer fazer algo?
_Se eu não estiver de plantão, quero aproveitar e ir visitar minha mãe. Isso é, se os preparativos do nosso casamento não atrapalhar.
_Se quiser ir eu me viro aqui, resolvo tudo.
_Meu aniversario sem você Vih? Não cola. Vamos pensar melhor nisso depois.


   Ficaram a parte da manhã ali, no jardim com Gabriela que em passinhos pequenos tentava se afastar deles.

_Ainda não sei a quem essa menina puxou, mal completou um ano e já quer ser independente.
_Eu já tenho certeza a quem ela puxou. – Victor fez um meio riso.
_Para Victor, não me olha assim.
_Tô dizendo que ela puxou a você mesmo. Sempre independente. – A abraçou por trás.

   Entrelaçaram as mãos na barriga de Luciana. Permaneceram em silencio, apenas observando a filha na tentativa de andar.

   Pela tarde, decidiram ir pra fazenda, chamaram Tatianna, Leo e os filhos. Aquela tarde na Hortense não poderia ter sido melhor. Victor percebeu que a cunhada brincava com Gabriela, aproveitou para puxar Luciana para passearem por ali.

   De mãos dadas, eles admiravam cada pedaço daquela fazenda. Pararam no lago, se abraçaram.

_Como é bom te abraçar assim, Victor.

   Ao afastar-se dele, o seu olhar caiu para a boca, os rostos foram se aproximando e os lábios apenas se tocaram, roçaram e ficaram sorrindo.

_Tá, vamos lá. Quero aproveitar esse fim de tarde para fazer uma pergunta a minha senhora. Onde quer que seja nossa lua de mel?
_Por mim tanto faz. Na verdade eu queria que fosse aqui no Brasil mesmo Victor, ficaríamos mais próximos da Gabi.
_Luciana, você tem que desapegar um pouco da sua filha. É assim que quer ir fazer esse curso no exterior?
_Eu sei, mas é que... Tá, onde você queria?
_Qualquer lugar, desde que você esteja nele.

   Puxou-a para que ficasse de costas a ele, abraçou-a por trás, encostou a cabeça no ombro de Luciana, permaneceram assim, em silencio, por alguns segundos.

_Veneza. – Ela iniciou a conversa.
_Por quê? Quero motivos.
_Sempre quis conhecer lá, acho tão lindo. Pra mim, é a cidade mais romântica que existe.
_Como quiser. Irei providenciar passagens, hotel... Tudo o que temos direito, quero uma senhora Lua de mel. – Fez uma pausa breve, depois voltou a falar – Quem sabe nosso futuro herdeiro não seja feito lá?

   Luciana virou o rosto para tentar encará-lo pelo ombro, sorriu.

_Não posso pensar nisso agora, já imaginou, viajar para fazer o curso grávida?
_Não tinha lembrado disso. Vem – Puxou-a pela mão. – Vamos voltar.

   Aquele assunto de curso ainda causava um certo mal estar entre os dois, Victor evitava ao máximo tocar, porém, era inevitável. Na sala, já estava Luciana, toda sorridente, comentando sobre isso para Leo e Tatianna.

Leo: _E como vai ser cunhadinha? Ficar todo esse tempo longe da gente, e a Gabi?
Tatianna: _A Lu está fazendo vocês sentirem na pele o que nós esposas de artistas sentem a cada partida. Estou feliz por você Luciana, sei que vai sentir muita falta daqui e de quem está, mas é algo para sua profissão.
Luciana: _Obrigada Tati, tô um pouco nervosa, mas confiante de que esses meses passarão rápidos e logo eu volto pra cá.
Leo: _E você nego véio, vai falar nada não?
Victor: _Tô bem. Mas já imaginando a saudade que será.
Tatianna: _Gente, o papo está bom mas temos que ir né Leo?
Leo: _Vou pegar as crianças.

   Em poucos minutos, Leo, a esposa e os filhos deixaram a fazenda, após a crise de choro de Gabriela por querer ir junto com Tatianna.

   A noite caiu e após o jantar, enquanto Victor estava tocando violão na varanda, olhando para as estrelas, Luciana foi colocar Gabriela para dormir. Ao voltar, sentou do lado do marido e também ficou admirando as estrelas.

_Tá pensativa. – Parou o que estava fazendo, colocando o violão encostado na cadeira ao lado.
_Só acho que você está triste com essa minha idéia. – O encarou – Ainda está em tempo Victor, posso cancelar essa viagem.
_Não faça isso, vou me sentir mal e culpado. Quer ir, vá. Sei que logo voltará para meus braços.

   Levantou-se e puxou-a para ir junto, de mãos dadas, andaram por perto. Parou e abraçou-a forte.

_Já te falei hoje que eu te amo, Luciana?
_Deixe-me pensar... – Olhou para o céu. – Não.
_Eu te amo e quero você sempre na minha vida.
_Hum... Tô sentindo que essa conversa acabará na cama. Acertei?
_Menina inteligente.

   Sorriram, abraçados entraram, desligaram tudo. Enquanto Luciana tomava seu banho, Victor estava pensativo naquela cama. Em menos de um mês estaria casado com aquela que um dia fora sua amiga, aquela que lhe deu a maior alegria do mundo, Gabriela, sua filha, seu amor, a “mini” pessoa por quem ele faria o impossível. Agora entendia quando Leo falava sobre amar os filhos. Amava Luciana incondicionalmente, por ela também não hesitaria nada, a aceitaria de qualquer jeito. Já não tinha mais duvidas sobre isso, não conseguia enxergar outra mulher além dela. Sarah, Helen e até mesmo Katherine, com quem teve algo muito rápido que nem deu para sentir o gosto, não chegavam aos pés de Luciana.

_A Gabi é tão apegada a Tatianna... – Luciana deitou na cama, puxando o lençol que envolvia ambos – Que acho que vou chamá-la pra ser madrinha dela. O que acha?
_O Leo como Padrinho?
– Ela fez um gesto afirmativo com a cabeça – Não vai prestar. Vai colocar essa menina na perdição. Ele faz todos os gostos do Matheus e do Antonio... Veja lá o que você vai fazer. – Os dois riram.
_Olha quem está falando. – Encostou a cabeça no peito dele, que passou o braço envolta dela – Você também vive fazendo os gostos da Gabi, quero só ver quando voltar a viajar.
_Mas eu sou o pai, isso não conta. – Ficaram em silencio por alguns segundos, ambos procurando algum assunto em mente – Você vai voltar a tomar...
_O que?
_O comprimido pra se prevenir da gravidez?
_Não. Acho que não vai ser necessário. Eu já te falei que uma mulher demora pra engravidar. Mas quando eu voltar de viagem... – Desceu a mão pelo abdômen dele, parando na barra da cueca. – Se prepara, iremos fazer dia e noite.
_Vou ter que esperar tudo isso para fazermos amor? Por que não vamos fazendo um ensaio? – Segurou a mão dela e colocou dentro da sua boxer. 


   Em silencio, Luciana envolveu o membro de Victor ainda dentro da cueca. Seus movimentos indo e vindo deixava-o já com a respiração ofegante, ouvia-se isso apenas. Sem mais conseguir se controlar, ele ficou por cima e ali, naquela noite fria, se amaram aos gemidos baixos, o coração acelerado e juras de amor.

Continua...

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