quinta-feira, 10 de julho de 2014

Cap. 19


Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.

Luciana’s POV On

“Mais um dia acordei com aquela sensação péssima, de tristeza, decepção e culpa. Depois da nossa discussão, Victor sequer olhava direito na minha cara, estava com raiva, eu dava toda razão, a culpa foi minha de continuar nessa loucura de viagem. Os dias estavam se aproximando, agora eu teria mais ou menos um mês para decidir se iria ou não.

Duas semanas que passaram voando, Victor quase não parava em casa e nos dias de folga inventava uma desculpa de ir para a fazenda, levando consigo Gabriela e Joyce. Graças a ela, que estava sempre me passando segurança que enquanto ele estava na Hortense não fazia nada demais, foi que me acalmei. Às vezes eu achava que Victor não era meu, não se entregava por completo na relação, até passava em minha cabeça uma traição.

E mais um dia de plantão naquele hospital; achei em Michael um porto seguro para conversar, não contei sobre a minha briga com Victor, apenas pedia para ele me animar, era isso o que eu precisava. Os dias estavam ficando mais claro e tranqüilos ali ao ponto de preferir ficar mais no hospital do que em casa.

Estava exausta, cansada. Já não tinha aquele pique de antes, peguei um plantão de quarenta e oito horas seguidas, pura loucura, mas aquilo era meu remédio nos dias que Victor estava em casa.

_Vai para casa descansar Lucy.
_Valeu Michael, mas agora pela manhã ainda tenho consulta com Guilherme. Tchau.

Peguei meu carro e passei em casa rapidamente, falei um oi para minha filha, fui direto para o quarto. Victor estava ali, dormindo, com certeza passou a noite toda acordado. Não o incomodei e fiz máximo de silencio possível, apenas entrei no banheiro, tomei um banho para despertar-me e antes de sair do closet já vestida parei na beira da cama para ver ele dormindo. Engraçado como ele tinha um poder sobre mim, agora eu o amava tanto ao ponto de sentir toda aquela frieza para comigo e chorar, o choro era involuntário e espontâneo, era de dor e medo de que as coisas só piorassem. Em lagrimas saí de casa, indo direto para a clinica de Guilherme, que me esperava com um sorriso lindo.

_Espera, onde está o papai?
_Ele não pode vir.  – Entrei em sua sala.

Sem recepção alguma, pois já éramos amigos de longas datas, sentei na cadeira a sua frente, Guilherme logo veio aferir minha pressão e me pediu que fosse até a balança. Estava preocupado.

_Impressão minha ou você tem perdido peso?
_Alguns problemas, Gui. Minha viagem, estou tensa.
_Sabe que isso pode afetar.
_Claro que sei. Desculpa ser chata, mas já podemos ver como está meu bebê?

Ele sorriu de lado e juntos fomos a sala de ultrassom. Era o momento mágico, onde eu esquecia de todos os meus problemas para apenas apreciar aquele ser, aquele que eu nem tinha visto o rosto, mas já o amava incondicionalmente. Seu coração tão pequenino batendo rapidamente, provando que existia uma vida dentro de mim, eu o tinha dentro de mim. Terminamos a ultrassom e meu coração já esperava ansiosamente pela próxima consulta, onde eu o veria mais perfeito.

_Analisando aqui, você já passou da área de risco. Mas com essa perda de peso terei que mandar te darem uns puxões na orelha pra aprender.
_Prometo me comportar.
_Olha Lucy, acho que a próxima ultrassom você já vai poder saber o sexo.
_Gui. Eu posso te pedir uma coisa?
_Claro.
_Eu queria saber se posso vir aqui no dia do aniversario do Victor. Queria dar esse presente para ele.
_Por mim tudo bem. Vou até te agendar para esse dia. – Ligou para a recepção confirmando a data da minha volta. – Prontinho. Até o dia quinze de abril.

Saí de lá mais revigorada e ansiosa. Sei que ultimamente Victor não merecia esse presente, mas algo dentro de mim dizia que iríamos nos acertar daqui pra lá.

Passei no meu consultório, analisei algumas coisas e só depois de três da tarde que eu percebi que tinha uma vida social, que tinha filha e marido para tomar conta. Antes de ir para casa, saí um pouco com Raquel, lanchamos, demos altas risadas, era disso que eu estava precisando, de alguém bem alto astral e era o que minha recepcionista tinha. Deixei-a em casa e logo fui para a minha. Gabi estava dormindo e percebi que Victor ainda estava em casa. Olhei para a ultrassom em minhas mãos, ali era o passaporte para nossa reconciliação. Rezando, fui em passos lentos até a sua sala, um som ambiental estava rolando ali, aquele violão, sua voz um pouco baixa, um aperto no meu coração. Bati de leve e entrei, ao me ver, parecia que Victor estava vendo a pior das espécies ali.

_Fala.
_Primeiramente oi – Sentei na outra cadeira. – Agora, acho que está na hora de pararmos com essa briguinha idiota.
_Alguém brigou aqui? – Arqueou as sobrancelhas – Se isso aconteceu, eu não vi.
_Você não vê, mas eu percebo as caras e bocas que faz quando estou por perto. Não precisa me ignorar.

Eu estava ali me humilhando, logo eu, uma orgulhosa. Pra piorar a situação meus olhos já marejavam, entregando toda a minha fraqueza e dor.

_Desculpa Luciana, mas você quem causou tudo isso.
_Por causa de uma viagem idiota, Victor? Para de agir como uma criança. Nossa filha com menos de dois anos é mais madura que você.

Voltei a chorar, palavras não cabiam mais em mim, só queria que ele entendesse meu desespero. Eu precisava convencê-lo de que estávamos indo no caminho errado.

_Já parou pra pensar que você tem menos de um mês para viver do meu lado antes da viagem? É Victor, você ficará livre de mim e das minhas “birras” de esposa chata.

Ele permaneceu calado, cabeça baixa, encarando o violão que estava em seu colo. Aproveitei e baixando a minha também, ouvi ele colocar o instrumento encostado na cadeira e senti suas mãos tirando de mim a ultrassom. Victor olhava cuidadosamente, às vezes sorria como um bobo e em meio ao choro eu sorria também.

_Foi para a consulta e não me chamou por quê?
_Você estava dormindo tão lindo que não quis incomodar.
_Jamais – Colocou a ultrassom em cima da mesa, aproximando-se de mim. – Vamos tentar nos unir mais. Não quero ser o culpado caso aconteça algo com nosso filho.

Victor olhava minuciosamente para cada detalhe em meu rosto, me deixando até envergonhada. Colocou uma mexa do meu cabelo para trás da orelha, afagando meu rosto com seus dedos polegares.

_Como és linda, minha Senhora Chaves.

Aquele elogio causou em mim um estrago imenso, chorei sem motivo algum enquanto sentia sua boca se aproximando da minha, eu queria tanto, mas tanto esse beijo que não esperei muito, o beijei com vontade e com voracidade. Sentia as mãos dele agarrando meu cabelo próximo a nuca, eu estava quase pulando em seu colo enquanto nossas línguas se moviam apressadamente, dando a entender o queríamos na real: Sexo, muito sexo. Finalizei o beijo com um sorriso maléfico:

_Estou livre. Minha gestação passou dos momentos de perigo.

Victor parecia um virgem bobo assim que falei, senti seu rosto enrubescer e suas mãos ficarem trêmulas. Olhamos para o sofá no mesmo instante, sem muito conversar, fui até lá, durante o caminho livrei-me logo da calcinha, deitando e o esperando ficar em cima de mim. Mesmo com seu peso sobre mim, eu podia jurar que senti um orgasmo de primeira, só de sentir sua excitação. Suas mãos logo subiam meu vestido até a cintura, aquilo teria que ser rápido ou iríamos morrer enlouquecidos de tanto tesão contido. O ajudei a desabotoar a calça jeans e segurei com vontade seu membro que estava pulsando e rígido, a melhor sensação do mundo.

_Eu só quero saber se você ficará bem depois disso. – Sua voz trêmula me deixava com mais vontade.
_Victor... Eu necessito disso agora.
_Vamos com calma – Beijou meu pescoço e seus lábios logo voltaram ao meu.

Coloquei minhas pernas envoltas da cintura dele enquanto o sentia dar os primeiros movimentos dentro de mim. Victor estava tranquilo e nervoso ao mesmo tempo, foi investindo aos poucos, fazendo movimentos calmos e talvez ele não percebesse, mas a gravidez mexe um tanto com o hormônio feminino e no meu caso não estava sendo diferente. Eu o arranhava a nuca, costas enquanto sentia as ondas de prazer, indo e vindo cada vez mais forte, cada vez mais profundo. Arqueei minhas costas quando senti que não conseguia me controlar e gemi alto enquanto ele procurava se controlar para não ir com movimentos bruscos. Atingimos o prazer juntos e logo estávamos suados, com um sorriso perfeito e um cheiro de satisfação e sexo no ar.

_Desculpa Lu.
_Esquece. Agora é focar na nossa felicidade.

Mais uma coisa que eu havia esquecido, as malditas dores nas costas ao tentar agir como uma adolescente sem freio e sem juízo. Choraminguei e ele percebeu isso enquanto saia de dentro de mim:

_Te machuquei amor?
_Não é isso. Eu não... Consigo me mover, minha coluna tá doendo pra cacete!

Victor conseguiu me por sentada e me levou nos braços para o nosso quarto, me deitando na cama e indo junto, me aninhei em seu corpo:

_Melhorou a dor nas costas?
_Vai passar. Ah, antes que eu esqueça, tenho um presente para você.
_Onde está?
_Está na clinica do Gui. – Rimos – Na verdade, eu marquei uma consulta no dia do seu aniversario. Saberemos o sexo do bebê no dia em que você irá completar 39 aninhos.

Olhei para Victor, que estava com um sorriso bobo e um brilho nos olhos.

_Fala alguma coisa, Victor.
_Eu... Estou sem palavras. – Beijou meus lábios – Só tenho a agradecer e dizer que te amo muito.

Beijamos-nos e entre carícias acabamos pegando no sono.

Pela noite, após o jantar lá estávamos nós, mais uma vez parecendo uma família de comercial de margarina, sorridentes. Victor pegou o violão e enquanto tocava algo, Gabriela dava seus pequenos passinhos, dançando. Olhei para Lourdes, que estava ali no cantinho, calada, pensativa. Com quem ela referiu ao falar sobre “partida”? Às vezes eu sentia uma vontade enorme de abordá-la e pedir para comentar sobre algo.

_Amor, acho que alguém puxou a mãe. – Com a cabeça, Victor apontou para Gabriela que estava deitada no tapete, com os olhos quase se fechando.

Levei minha filha para o quarto, colocando-a para dormir, ao voltar para o meu Victor já estava deitado, me esperando. Nos beijamos e me aninhei sem seu peito.

_Olha só, eu com quase trinta e nove anos, consegui formar uma família linda. – Acariciou minha barriga. – Que esse filho seja como a Gabi, que venha cheio de luz e complete esse amor que temos aqui dentro de casa.
_Olha o que você fez comigo – Enxuguei minhas lagrimas fujonas
_Porque você é tão chorona? Juro que quando éramos amigos eu não via isso em você.
_A culpa é da minha gestação.
_Eu sei minha pequena. – Me abraçou

Ficamos em silencio, talvez cada um no seu mundo se pensamentos. Agora eu me sentia mais calma, protegida, feliz. Sim. Eu era feliz ao lado dele.”


Luciana’s POV Off.

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