quarta-feira, 23 de julho de 2014

Cap. 24


Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.

Antes do seu avião subir, saudade vai chegar
 Amarrando meu sorriso só pra ver
 Só pra ver alguma lágrima querendo se soltar
 Dos meus olhos quando a hora de dizer adeus chegar
                                 (Não vá pra Califórnia – Victor e Leo)
    
    Para tristeza de Victor, os dias estavam passando mais rápidos do que ele imaginou, sua agenda lotada de shows não dava espaço para fazer uma despedida digna para ela. Luciana sentia falta dele, estava nos preparativos para a viagem, sabia que agora poderia ir tranqüila, estavam se acertando, tudo indo muito bem entre eles.

    Faltando apenas um dia para Luciana partir, conseguiu uma folga. Chegou de madrugada em casa e lá estava ela, sentada em uma cadeira próxima ao berço, zelando o sono da filha. Percebeu a presença dele e logo sorriu, seus olhos estavam semicerrado, uma expressão cansada.

_O que houve que está acordada?
– Beijou-lhe o topo da cabeça
_A Gabi – Levantou-se – Está meio febril. Acho que esta sentindo que logo vou deixá-la.

   Uma tristeza invadiu Victor, sentia seu coração doer.

_Vem, vamos pro nosso quarto.

   Enquanto ele tomava uma ducha para relaxar os músculos, Luciana deitou-se na cama, o esperando. Em alguns minutos lá estava ele puxando as cobertas para aquecer-se do frio, passando o braço no ombro dela, enquanto aninhava-se perto do corpo dele.

_Vou sentir sua falta.
– Victor iniciou a conversa.
_Vai ser rápido, em um mês estarei aqui.
_Pra mim será uma eternidade. 
– Beijou-lhe a bochecha. – Promete que vai pensar em mim onde quer que esteja?
_Prometo. Faz o mesmo também
_Ok minha Senhora.

   As mãos se tocaram, permaneceram assim por alguns minutos, Victor observando cada traço em Luciana, queria guardar como se não houvesse o amanhã. Não conseguindo conter-se mais, beijou a boca dela, pedindo passagem com a língua, era uma sensação boa, estavam apenas se curtindo como dois namorados... Eterno namorados. O sono venceu e abraçados, dormiram.

    Aquele sol invadiu o cômodo e pelo cheiro do café que sentia, Victor sorriu ainda com os olhos fechados.

_Papá?

    Abriu-os e viu a visão perfeita: Gabriela sentada na cama, Luciana segurando-a com um sorriso.

_Impossível acordar de mau humor vendo as mulheres da minha vida assim.

    Sentou-se na cama, colocando Gabriela em seu colo. Sua filha agora tinha os cabelinhos lisos, caídos na altura do ombro, algumas mechas impediam de fixar em seus olhinhos castanhos.

_Só acho que daqui a seis meses esse castanho no cabelo dela vai ficar mais claro.
– Beijou rapidamente ele – Bom dia.

    Segurou Gabriela enquanto Victor ia ao banheiro para fazer sua higiene. Ao voltar sentaram-se à mesa que tinha na varanda. Olhar para elas e ainda não acreditar que era sua família, foi assim que Victor ficou por alguns segundos.

“As coisas só ficam boas em despedidas, por quê?” – Pensou.

    Aproveitou ao máximo aquela manhã, pela tarde, foram para a fazenda. Algumas horas depois, Tatianna, Leo e os filhos chegaram, logo sem seguida Carol. Na companhia dos amigos Luciana aproveitava ao máximo a despedida, Victor ficava apenas observando o quão linda sua esposa era, sempre atenciosa com todos, brincalhona.

Leo: _Sentiremos sua falta, Cunhadinha.
Luciana: _Eu também sentirei.
Tatianna: _Como vai ser ficar longe da sua filha?
Luciana: _Não só ficar longe dela – Olhou para Victor. – Vou sentir saudade de todos que amo.
Carol: _Mas é rapidinho, em um mês você estará aqui. É um mês mesmo, não é amiga?
Luciana: _Sim. – Sorriu – Enfim, não vejo a hora.

    Um silencio, todos os rostos tristes. Em cada mente ali se passava o receio de acontecer o mesmo de quando Luciana decidiu ir morar em São Paulo e acabou voltando triste e doente. Victor respirou fundo, precisava entender a vida, nem sempre conseguimos ter todas as coisas que nos fazem felizes por perto.

_Lourdes fez um bolo maravilhoso, vamos para a cozinha?

    Aquele fim de tarde estava bom, agora conversavam sobre de tudo um pouco e assim afastando a idéia de ali ser uma despedida. Ainda permaneceram até o jantar e após isso, aos poucos, as visitas ia indo embora, antes abraçaram Luciana, desejando toda a felicidade e a ansiedade de que a esperavam logo. Ao verem a casa vazia, Gabriela em um sono profundo ali no sofá, se entreolharam e Victor sorriu:

_Deixa que eu coloco ela no berço. Descansa.

   Aproveitando aquele momento só, Luciana decidiu ir caminhando em passos lentos, admirando aquela brisa, o vento que serpenteava seu cabelo, um frio bom de sentir. Parou no lago e ficou admirando a vista e refletindo sobre a vida. Tudo passou tão rápido e agora ela seria mãe pela segunda vez, a emoção era bem mais forte, pois tinha Victor ali, presente no dia a dia. Ouviu a voz agradável dele...

_Fica combinado assim: te dou a Lua do sertão, você me dá você pra mim...
– Cantarolou

    Abraçou-a por trás, apoiando o queixo na curva do ombro com o pescoço. Um momento de paz interior, Luciana olhava para aquele lago e sentia-se segura. Como um estalo em sua cabeça, remexeu-se nervosa, virando e olhando profundamente para ele.

_Mariana.
_Sim, essa é a musica que eu acabei de cantar.
_Não. Se chamará Mariana. Nossa filha.
– Olhou para a barriga.  – Acho tão lindo esse nome.
_Espera Lu, calma. Tem certeza que quer?
_Sim. Sabe, é lindo esse nome.
– Sentiu os olhos marejarem.

   Victor abraçou-a balançando suavemente e permaneceram assim por um longo tempo.

_Vamos voltar que já esta ficando tarde.

    Entrelaçou a mão na de Luciana e em passos lentos caminharam voltando para casa, como se fossem um casal de namorados, ambos estavam tímidos, olhando para todos os lugares por onde passava. Em seus pensamento, um ele falou alto:

_Soberana cheia de graça...
_Oi?
_Eu disse, que o nome Mariana, um dos significados é esse.

    Mais um pouco de silencio e em alguns passos estavam diante da casa. Luciana apertou a mão dele:

_Vih.
_Fala.
_Gostou mesmo desse nome? Se quiser eu mudo. Podemos sentar e conversar sobre nomes de bebês.

 Rindo, Victor abraçou-a:

_Eu amei, Lu. Está sendo tudo tão surreal que vou demorar a cair a ficha.
_Então tá. Também pudera, você já me disse o significado né, deve ter alguma ex que se chamava assim e lembrou-se
– Ficou séria fazendo Victor rir gostosamente.
_É verdade. Já se passaram tantas “Marianas” em minha vida, que nem lembro mais.
_Mentira seu safado!
– Bateu no ombro dele.
_Tô falando sério, Lu. Vamos entrar.

    Aos poucos tudo foi se ajeitando naquele fim de noite, antes de Victor deitar-se ainda passou no quarto de Gabriela que dormia como um anjo, sorriu satisfeito. Voltando para a cama achou Luciana embaixo do lençol, encarando o teto.

_No que pensas, minha amada?
– Entrou nas cobertas.
_Só na saudade que vai me consumir a cada dia distante de vocês. 
– Virando-se de lado, passou um dos braços na cintura dele enquanto aninhava-se
_Ainda está em tempo de desistir.
– Sorriu maléfico
_Não me faz essa tortura. Fico dividida cada vez que ouço você falar isso.

   As mãos de ambos brincavam; ele, acarinhava as longas madeixas de Luciana, ela, mexia na barra da boxer.

_Uma despedida na Hortense, o que acha?
– Encostou o queixo no peitoral dele.
_Está frio hoje.
– Olhou para ela – Eu iria adorar.

   Luciana encostou a cabeça novamente nos braços dele, agora sua mão era ligeira e em alguns segundos já estava dentro da cueca, sentindo a intimidade de Victor clamar por ela. Sorriu e quando ergueu o rosto, ele pegou-a de surpresa roubando-lhe um beijo, puxando-a mais para si. Rapidamente, deitou sobre ele, podia sentir as mãos taradas do seu marido apertando sua região glútea, fazendo assim as intimidades se tocar e roçarem mesmo com apenas o tecido separando-os.
    Sentando, com os dedos fazendo uma trilha sobre o abdômen dele, Luciana subiu a camisa de Victor, observando-o sentar e terminar o que ela começou, aproveitando para tomar um dos seios dela ainda por cima da camisola, ouviu-a gemer baixinho e logo mexer o quadril e com as mãos ágeis, puxou a peça intima dela e só assim os corpos se afastaram, mas logo voltando a posição anterior.

   Luciana empurrou-o para deitar-se por completo, amava dominar, sentir-se no poder. Sem quebrar a troca de olhares, segurou o membro dele e colocou-o dentro de si, aos poucos foi descendo e sentindo leves choques pelo corpo, ela queria tanto quanto ele. Juntos sofreram a dor do prazer a cada subida e descida do corpo dela. Sabendo que não iria agüentar por muito tempo, Victor passou a mão pelo ventre, descendo até sentir a intimidade de Luciana e fazendo movimentos para acelerar o prazer da mesma, que agora apoiava as mãos no peitoral dele, querendo acelerar os movimentos, o calor dos corpos, liberando
*endorfina, a pulsação e o coração batendo aceleradamente. Estavam quase no ponto, entre gemidos baixinhos, sussurros ofegantes. Agora Victor segurava-lhe o quadril procurando a calma para não machucá-la e enfim chegaram ao ponto alto do prazer. Sem forças, Luciana deitou sobre ele, puxando o ar para seus pulmões, ouvindo os batimentos cardíacos dele, que aos poucos estava voltando a velocidade normal, tudo parecia ser um sonho.

    Voltando para a realidade, Victor encarava o teto enquanto entrelaçava as mãos no cabelo dela. Estava pensativo, fazendo calculo com a cabeça e chegando a conclusão que teria menos de vinte e quatro horas ao lado de Luciana. Não queria que ela fosse, sentia seu peito doer só de imaginá-la indo embora.

_Eu te amo, não esquece disso nunca.

   Ouviu a voz dela e sorriu involuntariamente. Abraçou-a forte e depositou um selinho no topo da cabeça.

_Nunca irei esquecer. Te amo tanto que agora não sei o que será da minha vida sem você, Senhora Chaves.

   Sentiu o sorriso dela e logo a vendo rolar para deitar-se do seu lado e assim como ele, encarar o teto.

_Espero que a Gabi se acostume com vocês.
_Ela vai, a Tatianna tá toda feliz por saber que vai encher a afilhada de mimos.
– Virou-se, ficando de lado e com os dedos, brincar de fazer desenhos aleatórios no ventre dela.

   O silencio predominou, não estava incômodo, apenas era um momento onde eles conversavam apenas com olhares, mãos, carinhos.

_Boa noite.
– Virou-se
_Dorme bem meu anjo
– Abraçou-a por trás, inalando aquele cheiro que da pele dela exalava.

***

   Em São Paulo estava um sol lindo, dia perfeito, mas para Victor estava nublado, com tempestades. E lá estava ele, no aeroporto internacional, Geovana falava sem parar, estava sorridente, dentro de si havia um orgulho por saber que sua filha estava viajando a trabalho. Lucas, olhava para o telão a cada instante para verificar o vôo que estava atrasado, olhou para Victor, que brincava com a filha nos braços enquanto Luciana conversava animadamente com a mãe.

_Ela vai fazer falta.

    Acordando do mundo de pensamentos em que situava, Victor apenas sorriu e olhou para sua esposa, sabia que ela estava nervosa, Luciana sempre falava demais em situações assim.

_Muita, muita falta
– Suspirou olhando para a filha – É minha pequena, sua mãe vai nos abandonar.

   Juntaram-se a elas, entre um papo e outro, chamaram o vôo de Luciana, que suspirou e como uma criança suplicou com os olhos para que essa hora não tivesse chego. Abraçou Geovana e Lucas, com um “até logo”, olhou para Victor que estava sustentando um sorriso imenso para não cair em lagrimas.

Geovana: _Desculpe querida, não vou te levar ao portão de embarque. Detesto despedidas.
Luciana: _Eu sei disso. – Sorriu fraco. – Adeus.

    Calado, Victor com Gabriela nos braços acompanhou Luciana, eram tantas coisas a serem ditas mas as palavras fugiam da sua boca. Diante do portão, pararam, ficando frente a frente, foi ali que ela sentiu uma lagrima cair em seu rosto, sendo limpada com os dedos dele.

_Não chora meu anjo, nós iremos te esperar e..
– Sua voz estava esmagada pela prévia de um choro forte e inconsolável – Você vai voltar, eu vou estar aqui, te esperando.
_Eu sei disso.
– Suspirou – Como amo vocês, cuidem-se e não esquece de me ligar tá? – Ele assentiu fazendo gestos positivos com a cabeça.

    Sem mais nada a dizer, Luciana o abraçou e entregou-se ao choro, soluçava e queria que o tempo parasse e ficassem assim pela eternidade. Victor sorriu fraco em meio ao choro.

_Por favor, não esquece que eu te amo.
_Nunca irei esquecer, estará em meu coração e em minha mente isso. Você também, Victor.
_Agora vai
– Soltou-se do abraço, depositando um selinho nos lábios dela.

   Não conformada, Luciana passou a mão na nuca de Victor e aprofundou o beijo, as línguas sincronizavam agonizantes, uma despedida. Após afastar-se, olhou para Gabriela que inocente apenas sorria, segurou-a nos braços, beijou o topo da cabeça:

_Cuida bem dela, Victor. Pelo amor de Deus.
_Ok.

Devolveu-a ao marido

_Adeus. – Sorriu sentindo as lagrimas invadirem seu rosto.
_Não veja isso como um adeus, mas sim como um até logo, Luciana.

   Baixou a cabeça e sem olhar para trás seguiu seu caminho ainda ouvindo o choro de Gabriela.    
___ 
* Endorfina: É neurotransmissor, assim como a noradrenalina, a acetilcolina e a dopamina, e é uma substância químicautilizada pelos neurónios na comunicação do sistema nervoso. É uma hormona, uma substância química que, transportada pelo sangue, faz comunicação com outras células, este é o hormónio do prazer.

Continua...

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