sábado, 6 de setembro de 2014

Cap. 42


“E toda vez que se lembrar de mim
  Saiba que estarei com você
  E quando tudo parecer o fim
  Lembre-se que nunca vou deixar
  Nosso amor morrer"
                      (Viva por mim – Victor e Leo)
  

   Aquela ligação mexeu muito com Luciana, estava desesperada, sem entender nada. Victor iria deixá-la? Leo a chacoalhava na esperança de tirá-la daquele transe:

_Luciana como você conseguiu falar com o Victor? Me fala alguma coisa.

   Ela apenas soluçava, olhando para o nada. Como um filme lembrou de todos os momentos bons que viveram, do nascimento da sua filha que iria acontecer ainda. Leo sumiu do quarto, levou consigo o celular dela, não parou para falar com Marisa tampouco com Paula, foi direto até a delegacia, ligando ao mesmo tempo para Amaral – O detetive de confiança da família. Não estava preocupado se estava falando no celular enquanto dirigia, a vida do seu irmão era mais importante.

_Me encontre lá na delegacia, Leo.

   Desligou e aguardou alguns minutos, juntos entraram na sala do delegado que rapidamente pediu que rastreassem aquele numero.

_Vá para casa, Leonardo. Tudo indica que achamos o cativeiro, vou mandar meus homens até lá, mas se você for, será muito arriscado.
_Prometam que vão passar tudo o que está acontecendo.

_Leo, eu irei ficar aqui até saber alguma noticia. Pode ir – Assegurou o detetive da família

   Leo voltou mais calmo para casa, apenas queria saber como e onde Victor conseguira aquele celular. Assim que entrou na mansão, Luciana desceu as escadas com toda a fúria que estava.

_Devolve meu celular, Leo.

   Ele baixou a cabeça e entregou-lhe, sob os olhos assustados de Marisa e Paula.

_Tem alguma noticia do Victor? Conseguiram rastrear o numero?

Marisa: _Que numero?

   Com o olhar, Leo suplicou que Luciana não contasse nada a Marisa. Sua mãe iria ficar desesperada.

Luciana: _Um numero ligou para meu celular e eu pensei que fosse do Victor, Dona Marisa. Acho que me enganei.
Paula: _Mas e aí, Leo?
Leo: _Nada. Mais uma vez foi uma pista falsa.

   Luciana subiu para o quarto, Gabriela que assim como todos da casa, estava com o sono perturbado e chorona, clamando pelo pai.

_Papai já volta. – Abraçou-a embalando a filha em alguma cantiga de ninar

   Parecia um replay em sua cabeça, Victor despedindo-se dela como se estivesse prevendo algo. Sentiu as lágrimas molharem seu rosto e um soluço vir em segundos.

_Está tão difícil sem você. – Sibilou

   Leo entrou no quarto dela e ficou fitando-a, sério. Luciana colocou Gabriela na cama, mostrando-lhe alguns brinquedos para fazê-la entreter-se.

_O que você está sabendo Leo?
_Eles acharam o cativeiro.

   Um baque no coração, Luciana queria gritar de felicidade, pegar seu próprio carro e ir em direção ao local, queria tirar Victor daquela aflição toda e trazê-lo de volta, trancá-lo no quarto e não deixar ele sair nunca mais, só para não correr perigo.

_Mas eles não me disseram onde ficava. – Sentou-se na beira da cama – Estou aflito Luciana, não poder fazer nada mesmo sabendo que meu irmão corre risco de vida, isso é o que me dói.
_Estou com um medo enorme, Leo. Só quero Victor de volta.

  Abraçou-o de lado e foi acolhida por ele, que a colocou deitada com a cabeça em seu colo, acariciando o seu cabelo.

_O que o Vitor falou para você?
_Victor me pediu desculpas, eu também pedi. Mas o que mais me doeu, foi quando ele pediu que eu cuidasse das nossas filhas. – Seus olhos marejaram – Como se não fosse vê-las mais. Estou com medo, Leo.
_Eu também estou.

   Luciana ergueu o rosto e viu Leo chorando, pela primeira vez presenciara aquela cena. O seu celular tocou, o mesmo numero de antes, fazendo os dois sobressaltarem,  Luciana atender e a pedido de Leo, colocando-o no viva-voz...


“Bora, qual dos dois delatou “nois”?”

   Assustados, ficaram encarando o celular. Ouviram uma mulher gritar e vozes como se estivessem conversando:

“_Raposa, eu não faria isso. Tu sabe. Carlos morreu, mas tenta lembrar do teu sobrinho. Ele não vive sem mim.
 _É bom se entregar. Os “Homi” lá estão vindo armados até os dentes. Alguém passou a informação para a policia.”

_Então eles acharam o cativeiro mesmo, Luciana. – Leo olhou para a cunhada, assustados.

“Aí chefia. O cara lá disse que já acharam o cativeiro, melhor a gente vazar. – Disse um dos rapazes.”

“O que tu esconde aí? Bora, mostra agora!”


   Ouviram o baque do celular e tanto Luciana como Leo começaram a gritar pelo nome de Victor.

“Agora “neguin” vai morrer pra aprender a lição...”

   Ouviram um pipoco, barulho de tiro e logo em seguida Luciana jogou o celular na cama, colocando as mãos na cabeça e gritando desesperada. Leo sentiu as pernas trêmulas e sentou-se no chão, passando as mãos na cabeça. Viu sua cunhada gritar de desespero e não conseguiu ajudá-la, seu coração doía e o choro veio involuntariamente.

   Luciana sentia a mesma dor de quando perdera sua mãe, quanto mais gritava, mais se desesperava por saber que a dor não ia embora. Calou-se quando viu Marisa e Paula entrarem correndo no quarto:

Marisa: _O que houve? – Os olhos já estavam brilhando.
Leo: _Mãe... Fica calma.
Paula: _FALA LOGO LEO!

   Luciana entrara em choque, parou de chorar e seu corpo saiu caminhando, ela não sabia o que estava fazendo, apenas pegou a chave do carro e seguiu sem rumo. Não queria presenciar aquela cena, seria doloroso demais ver Marisa e Paula saberem da noticia. Batia no volante para descarregar a raiva e a dor, não era pra ser assim. Entrou na Hortense e seguiu direto para o lago, descendo e em passos largos indo até um local onde meses atrás se encontraram. Ajoelhou-se na terra e com as próprias mãos começou a cavar, até achar o baú de madeira, onde ali guardaram tantas coisas boas...  

“E vamos prometer que só vale abrir quando um sentir saudade do outro, caso chegue o fim da linha.”

   A chave ela sempre guardou no porta luvas do carro, com as mãos trêmulas abriu o baú e tirou o gravador dali, apertando o play:
  
“Bom, estamos gravando aqui para demonstrar que fizemos uma despedida de solteiro diferente. A partir dessa data, eu, Vitor Chaves Zapalá Pimentel, irei chamá-la minha doce Luciana, de Lucy, prometo isso.”

   Ouviu a própria risada na gravação e entre lagrimas, sorriu.

“_Agora é sua vez.
_Ai Vih, não vai dar certo... – Voltou a rir.
_Lu, por favor, brinca direito e mais tarde você terá uma recompensa.
_Ok... Eu, Luciana Alves, irei chamar meu futuro marido apenas de Vitor...  E queria aproveitar para dizer que o amo muito.”


   Ouviu um estalar de beijo, lembrando do dia e do momento em que isso acontecera.

“Também te amo muito.”

   Ainda ajoelhada Luciana entregou-se aquela dor, gritando por Victor entre os soluços. Calou-se olhando para o lago:

_Meu Senhor, eu sei que não sou merecedora de nada... Mas eu queria ele de volta... Eu não vou saber viver sem ele... Já tiraste minha mãe, porque isso agora?
– Baixou a cabeça sentindo as lágrimas cair como cachoeira – Eu só quero ser feliz uma vez na vida... POR FAVOR... EU QUERO O VICTOR!

   Sentiu uma leve tontura, caindo de vez na terra, desmaiou.

***


   Leo não tinha forças para falar a Marisa algo que iria deixá-la desesperada.

_Calma mãe...
_COMO ME PEDE CALMA? AGORA EU TE VEJO JOGADO NO CHÃO, CHORANDO. ME FALE AGORA.
_É muito cedo para te dizer algo, mas acharam o cativeiro do Vitor.

   Paula segurou Marisa que já estava tremendo, prevendo o que Leo iria dizer.

_Mãe... Vou precisar de você agora. Seja forte. – Levantou-se e abraçou-a enquanto entregava-se ao choro.

   Os dois filhos abraçaram a mãe, vendo-a chorar e ficar fraca. Meia hora depois, o celular dele tocou, era Amaral. Com medo ele foi para a varanda atender, só para não ver sua mãe entrar em choque ao saber da noticia.

_Oi Amaral
_Leo, realmente era isso o que você tinha falado. A ligação era do cativeiro, na entrada mesmo os policiais já foram recebidos com trocas de tiros.
_Tá, mas e o Vitor?
_O Victor foi achado em um dos quartos, está indo para o hospital.
_Amaral, não precisa mentir pra mim, serei forte... Como o Vitor está?

   Foram os piores segundos para Leo, só queria que como uma mágica recebesse noticias boas do irmão, até estranhara sua própria frieza ao ter audácia de perguntar sobre Victor.

_O Victor está bem, ou melhor, acho que quase bem. Ele está em choque, mas já está no hospital. Vai pra lá que estou pegando os pontos principais que faltam para a investigação. Depois nos falamos.

   Leo sorriu, olhou para o céu que estava estrelado:

_Obrigado meu Deus.

   Entrou correndo pela sala, eufórico, queria falar várias coisas ao mesmo tempo, Paula e Marisa ficaram olhando assustadas para ele:

_Vitor está vivo, ele está indo para o hospital... Vamos todos para lá... – Olhou ao redor – Onde está Luciana?
_Ela saiu, depois falamos para ela agora vamos, por favor.

   Lourdes olhou para Leo, segurando as mãos dele:

_O Vitor vai precisar e muito de vocês. Vão que eu fico aqui com a pequena Gabriela, não esqueçam de me dar noticias.

   Sem olhar para trás, Leo, Paula e Marisa seguiram para o hospital. Como já era de esperar, vários jornalistas estavam na frente, ao verem o carro se aproximando voaram em cima. Leo pedia licença para entrar no hospital e não respondia a nenhuma pergunta, apenas queria tirar a mãe dali. A espera foi grande, Victor estava em uma das salas, fazendo vários exames, mas algumas enfermeiras já se aproximavam dizendo que ele não fora ferido, apenas estava em choque talvez pelo o que viveu naqueles dias.

_Vou procurar a Luciana, ela precisa saber da noticia.
_Onde será que ela está?
_Não sei, Mãe. Mas acho que foi até a Hortense, algo me pede pra ir até lá.

_Quer companhia, Leo?
_Não, Paula. Fica com a Mãe aí.

   Mais uma vez enfrentou aquele mar de pessoas, os jornalistas insistiam em perguntar sobre Victor, ele nada respondeu, saiu dali e foi direto para a Hortense. Tudo estava escuro, apenas o carro perto do lago estava com os faróis acesos, seguiu para lá. Entrou em desespero ao ver Luciana jogada no chão, correu até ela:

_Luciana? Fala comigo.

   Ela não respondeu e ele colocou-a nos braços e seguiu rapidamente para o hospital, entrando no estacionamento restrito para médicos, saiu correndo pedindo ajuda, alguns enfermeiros o ajudaram. Enquanto a maca ia em direção a emergência, Luciana abriu os olhos mas permaneceu com eles semicerrado, Leo passou a mão em seu rosto:

_Vai ficar tudo bem, Lucy. – Sorriu.

   Luciana tentava entender o porquê ele estava sorrindo. Victor morreu e não era para Leo estar nessa felicidade toda, sentiu-se fraca e voltou a fechar os olhos. Uma angustia tomava conta de si, queria gritar, quem sabe assim seu marido não voltava e juntos tentavam fazer aquela segunda chance ser pra valer, sem erro, sem discussões, sem separações.

   Abriu os olhos, mas voltou a fechá-los, aquela luz do hospital estava incomodando-a. Aos poucos foi se acostumando com o ambiente e logo voltando a abri-los. Alguém segurava sua mão, olhou para o local, Leo estava ali, sorridente.

_Que bom que acordou.
_Leo... Eu sonhei que achavam o cativeiro do Victor. E ele... – Começou a chorar.
_Shhhhh. – Colocou o dedo indicador nos lábios dela – Não foi sonho.

   Luciana chorou de vez, entregou-se a dor que estava sentindo.

_Não chora Lucy.
_Ele me deixou, Leo.
_Não, ele não te deixou.

   Sem entender o sorriso nos lábios do cunhado, Luciana fitou-o com raiva.

_Então porque não está chorando?
_Porque ele está vivo.

   Fazia tempo que Luciana recebia uma noticia tão boa assim, sorriu enquanto chorava.

_Onde ele está? Eu quero vê-lo, só acredito nessa historia se o Victor surgir aqui agora na minha frente.
_Calma aí. O Vitor está aqui no hospital, ele passou por exames e agora está internado.
_Ai meu Deus! – Pôs a mão na boca, não contendo a alegria e o susto – Porque, ele está podendo falar?
_Olha Lucy, sedaram o Vitor, só teremos respostas amanhã. Cuida em melhorar essa sua saúde. Primeiro, o Victor vai precisa e muito de você. Segundo, porque você está grávida. Agora descansa.


   Luciana não conseguiu relaxar, queria ver Victor, saber se ele estava bem. Só iria acreditar em tudo isso quando ele aparecesse em sua frente

Continua...

2 comentários:

  1. olha, confesso que depois desse capítulo, comecei a shippar Luciana e Leo kkkkkkkkkk

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