_Isso é um absurdo! – Leo esbravejou.
Olhava para todos os lados, para cada rosto
ali. Marisa e Paula estavam encolhidas, caladas, não querendo opinar muito.
Amaral: _Calma Leo, são apenas alguns fatos.
Leo: _Fatos sem fundamentos! Luciana
jamais seria capaz de fazer tamanha barbaridade, conhecemos ela há anos.
Amaral: _Então me explique Leo: Como ela
conseguiu falar com Victor naquela tarde? E porque ele não ligou para vocês?
Como conseguiu um celular? A garota está morta e não tem como dizer o que
houve, Victor prefere a lei do silêncio. Não quero pensar nisso, ela parece ser
uma boa pessoa, mas estou apenas passando o que está acontecendo nas investigações.
Leo calou-se, infelizmente eram perguntas
que ele não sabia a resposta, não tinha argumentos convincentes, mas mediante a
tudo estava firme e forte acreditando na versão de Luciana.
_Bom, já falei aqui o que está se passando
nas investigações da policia, peço que criem forças caso Luciana tenha que ir
depor novamente.
O detetive saiu e Leo procurou o sofá para
sentar, estava tremendo da cabeça aos pés. Marisa voltou a sala, fitando-o
visivelmente séria:
_Precisava daquilo, Leo?
_Mãe, ele está querendo insinuar que Luciana
está por trás disso tudo. É um absurdo!
_Desculpe meu filho, mas não será você
gritando que iremos inocentar a Luciana, será com ações e fatos. Ela vai sair
dessa, eu sei disso.
Sem responder a mãe, Leo subiu para o quarto
do casal, Luciana estava sentada na beira da cama, mais uma vez fitando Victor,
que dormia perfeitamente.
_Parece que os calmantes o deixa mais
relaxado. – Falou sentindo a presença dele no quarto.
_Mas chegará uma hora em que teremos que
reduzir a dosagem.
_Eu sei disso. – Baixou a cabeça – E estarei firme e
forte para ajudá-lo.
_Luciana, tem um minuto?
_Claro.
Juntos saíram do quarto, não desceram para o
andar inferior, ficaram ali no corredor mesmo.
_Como foi seu depoimento?
_Olha Leo. – Respirou fundo. – Foi tranqüilo, mas
tem um detetive por lá que senti que não acreditava em nada do que eu falava.
Leo precisava criar forças para falar sobre
um assunto delicado. Iria ser difícil:
_No dia do seqüestro, como Vitor conseguiu
ligar para você?
_Nem eu mesmo sei te dizer, Leo. Quando
menos esperei, recebi a ligação que graças a ela conseguimos achar o cativeiro.
Mas porque essa pergunta?
_Nada. Esquece.
_Está sabendo de algo, Leo?
_Não, imagina. Eu vou indo, ainda tenho que
ligar para Clarisse. Tchau.
Incrédula, Luciana despediu-se do cunhado e
voltou para seu quarto. Victor estava acordado, suado, com algumas lagrimas nos
olhos.
_Meu amor – Foi até ele, sentando
na cama e o abraçando. – Teve mais um de seus pesadelos?
Mesmo sem obter a resposta, Luciana ficou
ali com ele, que a apertava naquele abraço. Queria desabafar, dizer que mais
uma vez sonhara com Lana lhe implorando ajuda e como um filme a cena em que lhe
seqüestraram passava repetidamente em sua cabeça a cada vez que acordava.
Luciana deitou, levando-o consigo, fazia
carinhos em todo o rosto dele:
_Sei que você não quer falar, até te
entendo. – Soltou o ar que prendia nos pulmões e lhe afligia – Já passei por isso.
Mas peço que quando quiser falar algo, que seja para mim e juntos vamos te
ajudar.
Victor olhava para Luciana, tão boa,
abdicando de viver pra viver para ele. Queria falar algo, mas como sempre,
sentia medo das suas palavras, sentia medo de encarar as pessoas, até seus
familiares. Com sua esposa era diferente, nesses últimos dias ela estava do seu
lado sempre, fazendo seu amor crescer mais e mais para com ela.
No dia seguinte, Marisa bateu na porta do
quarto, abriu e entrou junto com uma mulher, Victor lembrava daquele rosto, era
uma das amigas de sua mãe.
_Meu filho, trouxe a Beatriz comigo. Você
deve lembrar dela, Bia vai lhe ajudar.
Rolando os olhos, Victor cumprimentou-a.
Estava ficando estressado de ficar naquele quarto, porém não conseguia sair
dele. Agora tinha medo até de circular pela casa, agradecia internamente quando
Lourdes levava Gabriela para passar as tardes ali. Beatriz era psicóloga e ele
já previa que aquela mulher ali era pra começar as sessões com ele. Quem sabe
Bia o ajudaria a se soltar mais e logo de cara, quando Marisa os deixou
sozinhos, ele sentiu que seria uma boa idéia. Juntos, iniciaram alguns
assuntos, primeiro, falando de coisas do seu dia a dia, família, amigos,
projetos para o futuro, mas nunca tocando no assunto do que acontecera com ele,
estava recente demais.
***
Os dias estavam se passando rapidamente, Victor já dialogava com Luciana e Marisa, algumas coisas que elas perguntavam. Dormia a base de remédio, acordava pela manhã sonolento, assustado, lembrando de Lana e de todo aquele inferno que vivera.
Os dias estavam se passando rapidamente, Victor já dialogava com Luciana e Marisa, algumas coisas que elas perguntavam. Dormia a base de remédio, acordava pela manhã sonolento, assustado, lembrando de Lana e de todo aquele inferno que vivera.
Luciana não dormia direito, antes do sol
aparecer já estava acordada na cama, encarando o teto, preocupada com Victor
que dormia do seu lado. Tudo estava bem, mas era porque o próprio queria, ela
sabia também que haveria dias cinzas e negros na vida dele, onde iria precisar
do seu apoio. Ouviu ele sussurrar algo, chamar o nome de alguém e logo abrir os
olhos; mais uma vez ela estava ali, tocando em seu ombro e oferecendo o sorriso
mais perfeito como se nada tivesse acontecido na vida dos dois:
_Calma meu amor. Bom dia.
Victor demorou alguns minutos para voltar a
sua realidade, mas Luciana permanecia com o mesmo sorriso. Sorriu de lado, sem
mostrar os dentes e tocou a mão dela:
_Bom dia.
Olhava cada detalhe no rosto dela, ainda não
conseguia tomar certos passos como beijar a boca, estava distante disso, mas em
Luciana achava seu porto, sua paz, a calmaria que precisava apenas navegando
naqueles olhos. Luciana olhou para o relógio, levantando-se em seguida e
voltando com o seu café da manhã. Agora ele já caminhava até a varanda do
quarto e por ali, via Gabriela com Marisa, no jardim.
_Hoje você tem mais uma sessão com Bia. Está
preparado?
_Sim. Ela está me ajudando muito.
_Fico feliz.
Não negava a ninguém o quanto aquelas sessões
fora a melhor coisa na vida dele. Beatriz parecia entender sua dor, com ela
conseguia expressar o que realmente estava passando e um dos medos era o de
sair daquela casa, só de pensar seu coração batia descompassado. Após o belo
café da manhã, deitou-se e com Luciana ficou assistindo algum filme para distrair.
Olhou de esguelha, ela estava deitada do seu lado, a barriga estava linda. Timidamente,
passou uma das mãos pelo ventre dela que de imediato assustou, mas um lindo
sorriso se formou em seus lábios.
Aquele carinho estava deixando Luciana
calma, mais tranqüila, Victor estava mostrando com ações de que melhorara e
muito. O momento família foi quebrado após ela ouvir a voz de Leo se exaltando
no andar de baixo. Olhou para o marido, que já tremia e pelas as mãos frias,
revelava o medo.
_Fica aí, já volto.
Desceu as escadas e achou Leo rodeado de
alguns policiais. Estranhou, talvez fosse sobre algo que descobriram, soube que
as investigações não pararam.
_Eu não vou deixar nenhum de vocês fazerem
isso.
_Somos autoridades, Leonardo.
Aproximou-se deles, uma mulher muito bem
vestida olhou para ela. Sentiu um frio na barriga, até passou a mão por ela de
tão nervosa. Leo assim que a viu correu até seu encontro, abraçando Luciana e não
soltando-a mais.
_Eu não vou deixar, Lucy.
Muito sem entender afastou-se dele:
_O que está acontecendo aqui? – Olhou para cada um
ali.
_Você é Luciana Alves de Alcântara Chaves?
_Sim – Respondeu com receio.
_Luciana, sou a delegada Rosana e viemos lhe
buscar. Você está presa temporariamente e responde a crimes de Formação de
quadrilha e Extorsão seguida por Seqüestro do seu Marido, Vitor Chaves Zapalá
Pimentel. Poderia nos acompanhar?
Tantos pensamentos de uma só vez acometeu
Luciana naquele milésimo de segundo. A dor fora tão forte em seu peito que já
podia senti-lo arder por conta dos batimentos cardíacos, já não ouvia nada ao
seu redor. Porque justo agora que Victor estava se recompondo, mostrando
melhoria? Ela fazia parte do tratamento da recuperação dele e agora estava
sendo julgada injustamente pelo o que levou seu marido aquela depressão. Lentamente
olhou para Leo que estava falando algo para a delegada.
_Eu vou. Posso buscar minha bolsa lá em
cima? – Sentiu as palavras serem cortadas enquanto saiam da sua boca.
_Pode sim. Só não tente nenhuma gracinha.
Sem muito saber o que estava fazendo, viu
seu corpo lhe guiar para aquelas escadas. Teria que se controlar para não
chorar, não quando fosse ver sua filha, nem Victor. Achou-o entretido
assistindo TV, seria um ultimo adeus? Ele olhou-a sorrindo, mas seus lábios desfizeram
aquele gesto porque sentia preocupação no rosto de Luciana.
_O que houve?
_Nada. – Foi correndo para o closet. Voltando
alguns segundos depois – Tenho uma emergência, já volto.
Em passos lentos ela se aproximou dele,
curvou-se para beijar-lhe a testa e encarar aqueles olhos castanhos pela ultima
vez.
_Luciana... O que está acontecendo?
_Nada. – Suas lagrimas entregavam – Só estou emotiva
hoje. Te amo, tá?
Não esperou nenhuma resposta, saiu sem olhar
para trás. Desceu as escadas rapidamente e mais uma vez olhou para Leo que
chorava.
_Cuida deles por mim? Não fale nada para
Victor.
_Lucy... Eu vou te tirar dessa.
_Eu sei. Tenho que ir.
Acompanhada pelos policiais, Luciana se foi
daquela casa, entregou-se ao choro quando entrou no veículo. Sua mãe jamais
queria ver uma cena dessa, sua filha entrando em uma viatura policial... Mas
Geovana agora estava morta, não iria ver mais nada. “Menos mal”, pensou ela.
***
Leo se desesperou ao ver Luciana partir, colocou as mãos na cabeça e ligou para Marisa, que havia saído. Talvez o destino estivesse brincando consigo, porque minutos após a partida da cunhada, Tatianna apareceu ali.
Leo se desesperou ao ver Luciana partir, colocou as mãos na cabeça e ligou para Marisa, que havia saído. Talvez o destino estivesse brincando consigo, porque minutos após a partida da cunhada, Tatianna apareceu ali.
_Leo? – O abraçou quando viu que chorava – O que aconteceu?
_Tati... A Luciana. Ela foi presa...
Injustamente!
_Calma. Me explica isso!
Sentaram no sofá, ele explicou com mais
calma o que aconteceu.
_Santo Deus. – colocou a mão na
boca.
_Eu vou providenciar urgente um advogado.
_Espera... O Igor, marido da Carol. Ele é
advogado e pode ajudar. Quando a Luciana teve que responder aquele processo,
foi ele que arranjou um ótimo advogado. Eu ligo pra ela.
Sacou o celular e fez a ligação, finalizou
com muitos agradecimentos.
_E aí? – Perguntou ansioso
_O Igor vai ligar para o mesmo advogado que
ajudou Luciana. Eles estão indo para a delegacia.
_Então vamos. – Pegou na mão dela,
que evitou esse contato.
_Vou ficar Leo. O Vitor vai estranhar a casa
em silencio. Depois tem a Gabi, eu fico tomando conta dela, se puder até levo
para a minha casa.
_Obrigado Tati.
Sem muito pensar, Leo seguiu rapidamente
para a delegacia, achando Carol acompanhada de um rapaz, ambos estavam sérios e
assustados. Cumprimentou os dois.
_Leo, o Igor acabou de me ligar. Advinha
quem está a frente da investigação? O detetive Moreira... Moreira é ninguém
mais, ninguém menos que sobrinho da Marilda. Esse nome te faz lembrar algo?
Leo ficou confuso, tentando lembrar onde
ouvira esse nome. Após muito pensar, fez um gesto negativo com a cabeça.
_Marilda é a Mãe da Gabriela, a falecida por
quem Luciana respondeu por processo de homicídio. Aquela gestante que morreu na
sala de cirurgia enquanto dava a luz. – O advogado explicou
Agora tudo estava se encaixando. O tal
detetive que Luciana falara era ele, Moreira queria acabar com a vida de Luciana
quem sabe a mando de Marilda.
Continua...
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