quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Cap. 50


  Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.


   Victor levantou-se indo direto ao banheiro, retirou a camisinha e antes de voltar para o quarto olhou-se no espelho. Luciana o fazia tão bem, sua expressão estava calma e tranqüila, resultado do amor que ambos compartilhavam. Precisava contar o que lhe incomodava, viu em sua esposa um porto seguro para fazer isso. Voltou para o quarto e não pode deixar de ficar maravilhado com o que vira: Luciana não tinha se vestido, estava nua, ainda sentada na cama, o encarando surpresa e ansiosa.

   Apenas de boxer, ele sentou na cama, ainda estava preparando o psicológico, pois lembrar daquelas cenas era reviver e puxar no seu mais íntimo a dor. Luciana continuava o olhando, agora fazia carinhos leves em sua mão, não se contentando, repousou a mão na coxa mais próxima.

_Você terá paciência de ouvir? – Olhou-a tímido
_Toda do mundo. – Sorriu.
_As horas em que passei naquele cativeiro eram intermináveis...

   Começou contando tudo, desde o momento em que fora pego, na aflição ao lembrar que ela estava em depressão. Não sentia dor alguma em relatar, mas sempre que lembrava de Lana, seu peito se oprimia. Muitas vezes segurou as lágrimas, nessas horas Luciana apertava sua mão, o encorajando a seguir e terminar a historia.

_Foi a pior coisa da minha vida que presenciei. Lana estirada no chão, ela morreu olhando para mim. – Soluçou.
_Você não teve culpa de nada, Victor. – Passou a mão pela nuca dele, acariciando-o – Tenho certeza que se tivesse que escolher entre a sua vida e a dela, sem hesitar iria optar por Lana.
_Me senti um fraco. (Resfolegou) Devia ter me atrevido, ter defendido-a.
_Na hora nem tem o que pensar. Essas coisas são assim mesmo.

   Victor deu vazão ao sofrimento, chorou por intermináveis minutos. Olhou para suas próprias mãos em sua coxa.

_É como se eu pudesse sentir o cheiro do sangue misturado com a pólvora. Parece que o sangue de Lana está em minhas mãos.
_Você tem que tentar esquecer isso Victor. Não vai te fazer bem enquanto não esquecer.

   Luciana puxou Victor para deitarem. Ele encarava o teto, algo estava o fazendo bem, tirara todo o peso de suas costas. Acarinhava os cabelos de Luciana enquanto ela encostava a cabeça em seu peito, permaneceram alguns minutos assim, em silêncio, mas os corpos conversando.

_Vih.
_Fala.
_Quando você gritava pela Lana, nas madrugadas, eu pensava que era alguma amante sua e que o Natanael era seu filho.

   Victor riu gostosamente, apertou-a em seus braços, somente Luciana conseguia quebrar aquele clima pesado e triste em assuntos assim.

_Só você Luciana. – Voltou a rir
_Para de rir, isso é sério. – Ergueu o rosto para encará-lo
_Não dá Lucy.

   Luciana entrou na brincadeira e juntos riram por alguns segundos. Aos poucos a expressão do rosto de ambos foi ficando séria, o olhar caiu para a boca.

_Só tenho que agradecer a Deus por ter te mandado para mim. – Passou a mão pelo cabelo dela – Tive tanto medo de te perder na sala de cirurgia.
_Serei uma pedra em seu sapato, meu marido.
_Nunca! Você é meu porto seguro. É nesses teus olhos que navego e me sinto protegido de todas as maldades do mundo.
_Ai Victor. – Luciana baixou a cabeça timidamente.

   Victor segurou-lhe o queixo, levantando o rosto dela. Luciana subiu o rosto para seus lábios irem de encontro aos dele, um beijo apaixonado, mas conforme foi intensificando estava se tornando devasso, insano. As mãos de Victor desceram para segurar as nádegas dela, impulsionando-a para ficar em cima de si. As línguas moviam apressadas, reacendendo a chama e logo ativando a excitação de cada um.

_Vih... Eu só peguei uma camisinha nas tuas coisas.
_Acho que o Leo deve ter.
_Mas... Você não vai fuçar o quarto do teu irmão, não é? – O olhou incrédula.
_Eu é que não fico sem tirar o atraso por causa disso.

   Levantou-se indo rapidamente para o quarto de Leo. Procurou em todos os lugares, achou em uma das gavetas, voltou rapidamente para o quarto de hospedes e achou Luciana esperando-o.

_Viu só? – Ergueu a camisinha entre os dedos. – Achei.
_Você não presta. Teu irmão vai te matar.
_Ele sabe muito bem o que viemos fazer aqui.

   Sorriram e como um jovem, Victor foi rapidamente para a cama, puxando Luciana para mais um beijo, as mãos na nuca segurava o cabelo puxando-o, deixando-a mole e com cara de quero mais. Não perderam muito tempo com preliminares, estavam prontos. Ela olhou para o membro dele, próximo de si e com um olhar infernal sorriu sapeca.

_Deixa eu te ajudar a se proteger?
_Faça direito – Entregou-lhe a camisinha – Ou então daqui a nove meses seremos papais novamente.

   Ele apenas observava e se excitava mais com as mãos delicadas de Luciana enquanto tentava o proteger. Sabia que ela era boa nisso, sempre fora. Ela deitou-se de bruços, apoiando o peso do busto pelos cotovelos, o olhou por cima do ombro.

_O que está esperando?

   Aquela mulher um dia iria matá-lo só com esses olhares cheios de segundas intenções. Victor aproximou-se, investindo dentro dela, com movimentos calmos, apoiou-se no cotovelo também e as mãos dos dois se encontraram, entrelaçando. 



_Como te amo minha Morena... – Sussurrou em seu ouvido, recebendo como resposta Luciana gemer e fechar os olhos.

   Os movimentos eram calmos, Luciana ajudava impulsionando o quadril para ir de encontro ao seu e como resposta jogar todo o seu cabelo preto para trás, escondendo suas costas e gemendo a cada vez que o sentia por completo dentro de si. Os gemidos dela pareciam musica para seu cérebro, ele não queria parar e aos poucos sentiu que o prazer estava chegando, ajoelhou-se, segurando forte o quadril dela, puxando-o sem cerimônia alguma para que chocasse com o seu, explodiu de prazer sorrindo. Luciana já estava extasiada, jogada na cama, recuperando o fôlego.

_Estou me sentindo um adolescente. – Puxou o ar para seus pulmões – Duas vezes nessa noite.
_Se quiser, eu ainda tenho pique. – Acariciou o peitoral dele.
_Não Lucy, não vou agüentar. Prometo te ressarcir no dia a dia.

   Luciana franziu o cenho, preocupada com algo.

_Amor, temos que voltar para casa. Deixei as meninas com Dona Marisa, mas não quero abusar da boa vontade dela.

   Victor sentiu seu coração bombear mais forte, estava com medo. Não estava em seus planos voltar para casa, muito menos enfrentar a rua à noite. Para não assustar Luciana, levantou-se com a desculpa que iria retirar a camisinha e foi para o banheiro. Esticando suas mãos na pia pode ver que elas estavam trêmulas, mas não eram só elas, seu corpo todo respondia e o vento daquele apartamento o deixava com frio. Voltou para o quarto e ela já estava terminando de se vestir.

_Se veste logo. Eu vim de carro... – O olhou. – Vih, anda! Troca de roupa.
_Luciana, não seria melhor esperarmos o dia amanhecer?

   Ela olhou para a janela, em sua mente logo veio o tratamento e tudo o que ele contara a ela.

_Amor, você tem que quebrar esse medo. Não vai acontecer nada, hum?
_Não sei Lucy... – Sua voz começou a ficar embargada. – E se...
_Não vai acontecer, Victor. Te dou minha palavra. – O abraçou – Confia em mim?

   Calado e detendo as lágrimas, Victor limpou as pétalas de rosas enquanto Luciana ia a sala, retirar os copos e lavá-los. Voltou achando-o pensativo, abotoando a camisa.

_Não fica chateado comigo, amor. Só quero o seu bem e vou te ajudar a sair dessa. A nossa casa não é muito longe, só algumas quadras daqui.

   Ele olhou-a triste, com medo. Só queria que ela entendesse.

_Vamos?

   Luciana fez questão de ir até o estacionamento de mãos dadas, queria deixar bem claro que iria ajudá-lo a quebrar esse medo. Entraram no carro e ela pode senti-lo nervoso, suando.

_Calma Victor. Vai ser rápido.

   Rapidamente ligou o carro e saiu do estacionamento, durante o trajeto olhava de esguelha para ele, no sinal vermelho procurou sua mão e entrelaçou.

_Olha pra mim – Ele virou o rosto para ela – Vou te ajudar. E juntos vamos conseguir essa.

   Luciana parecia ser um anjo para Victor, aquelas suas palavras o confortou e naquela escuridão que ele conseguia ter através da janela algo o incomodou. Um carro vinha logo atrás,  essa foi à deixa de Victor que virou o rosto para Luciana, esperando ela fazer algo. Parece que o limite dentro de si estava esgotando, ele encolheu-se no banco, ouvindo o seu coração bater rapidamente e cada vez mais alto dentro de si, suas mãos suaram, aquele carro persistia em colar atrás do veículo de sua esposa.

_Luciana, dá passagem.
_O que? – Olhou rapidamente para ele.
_O carro atrás de nós. Ele quer passar.

   Luciana olhou pelo retrovisor, o carro atrás de si estava na velocidade normal, sem pressa alguma, assim como ela.

_Ele não está pedindo para ultrapassar, Victor.
_Mas vai pro acostamento e deixa ele sair de perto de nós.
_Victor, não há necessidad...
_Será que dá pra meu ouvir uma vez na vida?! – Alterou a voz nervoso, não parou – Deixa essa porra desse carro passar! Cacete! – Esbravejou.

   Ela ficou boquiaberta, com muita raiva jogou o carro um pouco mais para o lado e deu passagem para o de trás ultrapassar. Retomaram o caminho para voltar para casa. Luciana não gostara do jeito que ele se alterou, não havia necessidade disso, mas o caso de Victor era especial, teria que ter paciência. Já estava conformada com os altos e baixos que esse relacionamento teria e em um clima tenso chegaram em casa, ela pode sentir o alivio dele em uma respiração, logo saiu do veículo e sem olhar para trás foi andando na frente. Luciana logo subiu para o quarto das suas filhas, Marisa avisou o que dera para as netas e em seguida foi para o quarto dormir.

   Como se já fosse rotina no script da vida deles, Luciana entrou no quarto e logo pensou que Victor estava em um sono profundo por conta dos remédios que estava tomando ultimamente, mas se enganou, ele saía do banheiro com o pijama e em seguida deitando na cama. Não quis puxar assunto com ele, sabia ao certo que depois do banho ele já estaria dormindo e cada um iria virar para o lado oposto. Tomou um banho demorado, após isso colocou uma camisola leve e foi para o quarto, apagando as luzes, deixando apenas um abajur ligado. Seu corpo relaxava cada músculo existente dentro de si, suspirou agradecendo aos céus por ter se livrado das roupas apertadas e sapato alto. Não iria olhar para Victor, entendia que ele não queria conversar...

_Me desculpe.

   Olhou rapidamente para ele, Victor estava com as mãos na nuca e encarando o teto, essa posição foi desfeita e ele virou-se para fitar cada traço dela, afagando o rosto com uma das mãos.

_Foi a primeira vez, depois do ocorrido, que eu saí a noite.

   Como reconciliação, a mão de Luciana foi de encontro com a sua que estava estática, parada, ainda em seu rosto.

_Eu que tenho que te pedir desculpas, Vih. Acho que forcei a barra ao te fazer vir pra casa.
_Não. Você está me ajudando e só tenho que te agradecer... Mais uma vez na noite – Sorriram. – Te amo.

   Não pensou em mais nada, o beijou com tanta precisão e amor, um beijo inocente, sem malícia, o fogo dos corpos já tinha sido apagado após transarem duas vezes naquela noite, agora apenas se curtiam como dois namorados e assim ficaram até o sono tornar moradia em seus corpos.


***

Dias depois...

   As coisas estavam indo tão bem entre Luciana e Victor que eles antes de dormir agradeciam internamente aos espíritos superiores. Agora o casal esperava ansiosamente para a noite chegar e juntos entregar-se ao calor da paixão. Victor estava reduzindo nos comprimidos e já saía com sua família a locais públicos.

   Aquele dia era especial, Leo ordenara que queria todos na fazenda para comemorar seu aniversário. Outubro entrava, todo o clima de paz se instalava. Chegaram cedo no local, primeira viagem de Victor após tudo, um medo o afligia mas bastava olhar para Luciana para sentir-se tranqüilo. Aguardavam ansiosamente pelo aniversariante, Tatianna havia deixado Matheus e Antonio para passar o dia ali, trocava poucas palavras com o ex-marido, tudo restritamente sobre os filhos e nada mais, por isso se sentia bem melhor não participando daquele evento na Fazenda Paraíso.


   Entre brincadeiras de Luciana com os sobrinhos e a filha Gabriela, o tempo foi passando e logo Leo entrou... De mãos dadas com Clarisse. Estava decidido que iria apresentá-la oficialmente a família como sua namorada. Foi tudo de repente, assustador e logo Luciana viu olhares atravessado para a garota que estava ali, um pouco escondida atrás do cunhado. Sentiu logo que aquele dia seria cheio entre a Família Chaves.  

Continua...

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