segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Cap. 71





   Luciana estava em sua sala, mais um dia de trabalho. Amava o que fazia, sentia-se completa exercendo a profissão. Alguém bateu na porta, autorizou e viu Tatianna entrando timidamente, levantou-se indo ao seu encontro.

_Que surpresa mais gostosa.
– Abraçou-a – Como está?
_Bem.
_Senta.
– indicou a cadeira a sua frente enquanto também sentava. – Fim de dia assim me deixa tão cansada, mas amo receber visitas.
_Acho que é assim que podemos chamar não é.

   Luciana olhou para Tatianna, estranhando-a. Ela estava nervosa, mexendo as mãos sobre sua perna.

_Está tudo bem?
_Sim.


  Raquel entrou na sala.

_Doutora, aqui está a ficha da Tatianna, acabei de preencher.

   Ela fez um sorriso lindo enquanto olhava para Tatianna.

_É isso o que estou pensando?
_Quase isso.
_Me deixa adivinhar... Está atrasada?
_Não Lucy. Eu conversei com o Leo e decidimos tentar.
_Ele deve tá todo feliz, não é?
_Você não imagina o quanto. Faz plano sem parar.
_Então hoje só vamos conversar sobre o assunto. Você já fez os exames para saber se está tudo bem? Conversou com a sua ginecologista sobre pausar no comprimido...
_Sim, resolvi tudo antes de vir para cá.
_Fica mais fácil. Já sabe, nada de ansiedade, pode ser que engravide logo ou pode durar um tempinho. 

   Continuaram conversando sobre o assunto, juntas relembraram as gestações, sobre tudo. Carol entrou na sala.

_Soube que um certo alguém veio nos visitar.
– Abraçou Tatianna.
_Sim, tinha vindo na inauguração e depois não vim mais.

Luciana: _Vou levar sua ficha para a Raquel, já volto.

   Carol ficou alguns segundos calada, olhando para Tatianna. Luciana voltou da sala.


Carol: _Impressão minha ou alguém aí está esperando um neném?

   Tatianna baixou a cabeça, logo ergueu com um sorriso:

_Ainda não. Mas já estou fazendo planos.

Carol:
_Essa é a melhor parte. – Olhou para Luciana que estava preenchendo alguns papéis. – Só falta uma certa pessoa também se empolgar e entrar no clima.
Luciana: _Indireta recebida com sucesso, Carol – Permaneceu escrevendo enquanto a respondia. – Não tenho pressa alguma. Se brincar nem quero mais.
Tatianna: _Nossa, porque Lucy?
Luciana: _Sei lá, sofri tanto nas minhas duas gestações. O que era pra ser prazeroso se tornou pesaroso, não gosto nem de lembrar. Amo muito minhas vidinhas, mas não consegui acompanhar todo o procedimento na paz.
Tatianna: _Que o Victor não ouça, outro dia ele estava falando sobre querer mais um filho.
Carol: _Todo homem gosta dessa parte. Se soubessem de como sofremos a cada enjôo, cada mal estar, não falariam nada. – Olhou para um ponto na sala – Se bem que a minha gestação foi a melhor de todas, curti muito ao lado do meu marido.
Luciana: _Então nesse caso quem tem que me dar um afilhado é você.
Carol: _Já desisti. O Igor também não comenta nada, melhor assim.

    Alguém abriu a porta rapidamente, Victor sorriu enquanto entrava na sala.

Carol: _Não morre mais.
Victor: _Estavam falando de mim?

   Carol iria falar se Luciana não a interrompesse:

_Mentira amor
– Levantou-se – Estávamos falando sobre algumas bobagens.

    Victor beijou-a, parou para olhar as três.

_Não adianta me esconderem, sei que estavam falando que sou lindo e gostoso, deixando a Lu com ciúmes.
_Não era bem esse assunto...
– Carol olhou para Tatianna.

Tatianna: _Bom, você pode ser lindo, mas seu irmão é mais. – Levantou-se – Agora tenho que ir. Boa noite a todos.
Carol: _Eu também, marido e filho me esperam.

    As duas saíram, Luciana despediu-se delas, aproveitando para falar com Raquel na recepção checando se tinha mais alguma paciente. Voltou à sala, Victor estava sentado no seu lugar, lendo os papeis ali.

_Que homem mais atrevido esse meu marido. Sai daí.
_A Tati veio se consultar com você?
– Um brilho nos olhos surgiu.
_Não é nada disso o que está pensando. – Ficou sem jeito. – A Raquel me avisou que não tenho mais nenhuma paciente, já podemos ir.
_Tem certeza que quer ir?
– Levantou-se indo até seu encontro.

    Victor passou os braços na cintura de Luciana, beijando-a intensamente. Pega de surpresa passou as mãos na nuca dele, arranhando de leve, deixando-o embriagado pelo calor da paixão. Guiou-a até a mesa, pressionando o corpo ao dela, deixando-a totalmente entregue ao momento. Segurou-lhe forte a cintura, impulsionando a sentar na beira da mesa, as mãos corriam até as coxas, indo além, por baixo do jaleco, sentindo a pele macia dela em contato com as suas mãos. Pararam de beijar somente para buscar o ar que lhes faltavam, novamente entregando-se ao beijo. Alguém os pegou no flagra, bateu de leve na porta – Que estava aberta – para ganhar atenção. Luciana empurrou Victor bruscamente, totalmente sem jeito, com o rosto enrubescido de tamanha vergonha, a respiração ofegante.

_Oi Raquel?
_Doutora...
– Ficou sem jeito – Só estou avisando que estou indo. As fichas estão guardadas, passo tudo pro computador amanhã, pode ser?
_Claro. Boa noite.
_Com licença.
– Retirou-se

    Luciana desceu da mesa, seu rosto queimava e ela podia prever a vermelhidão que estava. Victor sentou-se na cadeira enquanto dava altas gargalhadas.

_Viu o que você fez?!
_Eu não tive culpa de nada, Luciana.
_A coitada da Raquel, ficou sem jeito.
_Não mais que você
– Voltou a rir.

   Luciana recolheu os papéis da mesa, colocando-os na gaveta.

_Foi muito engraçado Lu. Seus olhos... Sua pele ficou muito vermelha.
_Claro, você queria o que? Nem sei como vou conseguir olhar na cara dela amanhã. Agora vamos.
_Vai na frente para casa, ainda tenho que passar no studio e acertar algumas coisas com o Leo.
_E posso saber porque está aí parado?
_Porque
– Levantou-se ainda sorrindo – Precisava de um tempo para alguém se acalmar – Olhou para baixo.
_Pervertido.
– Ficou séria.
_Ainda não me escapou, Dona Luciana. Um dia te pego de jeito nessa sala.
– Beijou-a rapidamente. – Te amo.

    Victor saiu e só ali Luciana conseguiu relaxar e rir da situação. Pareciam dois jovens, o desejo nunca acabava. Victor tinha uma sede insaciável do corpo dela. Sentiu-se amada ao lembrar do olhar dele de tara para ela.

    Voltou para casa, aproveitando ao máximo o tempo com as filhas. Era prazeroso ficar com elas, espalhar brinquedos pelo tapete, voltar a ser criança. Parou para ver Gabriela e Mariana, seu desejo de ser mãe novamente estava começando a fluir, passando a mão no ventre e já se imaginando grávida. Balançou a cabeça negativamente tentando esquecer do assunto:

_Deve ser paranóia minha porque a Tati está providenciando mais um.

    Recolheu todos os brinquedos, levando as filhas para o quarto, colocando-as para dormir. Estava quase cochilando deitada na cama de Gabriela quando viu Victor entrando no quarto.


_Acho que ela dormiu
– Agachou-se para acariciar a filha.
_Sim.
– Sentou-se na cama – Vamos pro nosso quarto.

    Relaxou em um banho, deitou-se na cama pensativa. Aquela conversa com as amigas mexeu consigo, agora estava na dúvida, mas lembrou-se do que sofreu em cada gestação, das brigas, do sofrimento, da perda.

_Está tão concentrada nos pensamentos
– Puxou o edredom para deitar-se em seguida.
_Nada demais. – Encostou a cabeça no peito dele. – Como foi seu dia?
_Cansativo. E o seu?
_Bom, mas confesso que estou quebrada dos pés a cabeça. Nossas filhas têm muita energia, Victor.

   Envolveu o ombro dela com o braço, puxando-a mais para si.

_Graças a Deus.

    Permaneceram se acariciando em silêncio, Victor virou-se, acomodando-a no travesseiro, deitando sobre ela:

_Está com pressa de dormir?
_Não.
_Que tal um pouco de diversão?

    Beijou-lhe os lábios, as mãos dele passaram por baixo da camisola, apertando-a na cintura, colando mais o corpo ao dela:

_Como é bom te amar antes de dormir. 
– Sussurrou.

    Beijaram-se mais uma vez, as mãos dele desceram mais, retirando a peça intima de Luciana, fazendo carinhos especiais, vendo-a ir ao céu de tamanho prazer, estava pronta para recebê-lo. As mãos dela desceram para dentro da boxer, o acariciando, deixando Victor com a voz entrecortada. Não dava para esperar mais, amou-a devagar para poder apreciar cada troca de olhar, cada suspiro, sussurro, gemidos. Atingiram o ponto alto do prazer, felizes e satisfeitos.

    Algo incomodava Victor, precisava desabafar. Saiu de cima dela, acomodando a cabeça no travesseiro:

_A Tati foi hoje à sua clinica fazer o que?
_Ela quer iniciar o tratamento.
_Deixe-me adivinhar... Aí o assunto foi filhos e comentaram sobre nós dois. Acertei?
_Não foi bem assim
– Encostou a cabeça no peito dele – A Carol puxou o assunto sobre filhos, me perguntaram se eu queria ter mais um filho. Respondi que não.
_Ainda não entendo porque não quer tentar mais um filho.

   Luciana respirou fundo. Queria evitar discutir com Victor.

_Já conversamos sobre isso.
_Você não quer me ouvir, porque só sua vontade prevalece quando nos referimos a isso?
_Não dá certo Victor. Eu não me sinto preparada, depois vem o meu trabalho. Não vou abdicar dele por causa da gestação.
_Então seu trabalho está em primeiro lugar? Não pensei que me decepcionaria tanto, Luciana.
_Pra você falar é fácil, vai ficar no meu lugar, passar tudo e ainda ficar na dúvida se vamos nos separar por causa de uma crise qualquer ou alguém que eu amo muito vai morrer, quem sabe alguém possa ser sequestrado de novo...
_Luciana!
– Repreendeu-a – Já chega! Você está entrando em um assunto delicado. – Desligou o abajur. – Boa noite.

    Mais uma vez dormiram brigados. Ela apenas queria que ele entendesse-a, tinha seus motivos. Iria fazer de tudo para não tocar no assunto novamente, já estava decidida a não querer mais engravidar.

***

  
Meses depois...

  
Veneza - Itália.

    Luciana acordou disposta, aquela manhã estava linda. Olhou para Victor que dormia como um anjo. Tudo estava se encaminhando, os dias em que estavam ali eram mágicos, amava aquela cidade e depois da noite anterior onde se amaram de todas as maneiras, não duvidava que ali era a capital do amor para ela.

    Beijou o rosto de Victor que se remexeu inquieto na cama, resmungando algo inaudível.

_Acorda dorminhoco.
– Passou as mãos no cabelo dele.
_Não quero.
_Vamos Vih, o dia está perfeito. Quero tomar café ao ar livre, você me prometeu em troca do que te dei ontem à noite.

    Ainda com os olhos fechados, ele sorriu com a lembrança.

_Não mando usar aquela lingerie e despertar em mim várias fantasias sexuais.
_Seu bobo.
– Sentou-se na cama – Se você levantar agora ainda me pega no banho.

    Foi ao banheiro, seu corpo relaxou em baixo daquele chuveiro. Relutando contra o sono, Victor levantou-se e juntos se entregaram ao amor ali mesmo.

    Estavam empolgados tomando café, Victor olhou por cima do ombro de Luciana.

_Não acredito no que estou vendo.
_O que?
– Virou o rosto não achando nada.
_Fica aqui.

    Acompanhou os passos dele, Victor parou em uma das mesas, beijando o rosto de uma menina. Luciana voltou a comer, logo sentiu uma voz conhecida chamando-a. Ergueu o rosto e seu coração oprimiu, um gosto amargo surgiu em sua boca.

_Katherine.
– Sussurrou

   E quando achava que tinha perdoado-a por tudo, seu coração demonstrava que ainda havia uma mágoa entre elas.     

Continua...

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