domingo, 30 de novembro de 2014

Cap. 70





  Atenção: Este capítulo contém cenas de sexo! Caso não se sinta confortável, não leia.
 

   Luciana terminou de limpar sua sala, fechando-a e indo até a de Carol. A amiga também já estava saída.

_Lucy!
– Abraçou-a – Está tensa.
_Sim. Eu preciso da sua ajuda.

   Juntas foram ao shopping, passeavam pelas lojas enquanto Luciana contava-lhe tudo.

_Até que enfim criaram coragem. Vocês parecem dois adolescentes virgens.
_Ká
– Repreendeu a amiga – Acho que foi preciso esse tempo sabe. Estávamos muito mal acostumados, achávamos que tudo se resolvia em cima de uma cama, não é bem assim.

   Carol parou de andar, olhando para a amiga:

_Nossa! Estou impressionada com você, Lucy. Antes era tão certinha e nem conversava comigo sobre esses assuntos, agora está mais solta...
_Ah
– Baixou a cabeça – Nem eu estou me conhecendo.

    Entraram em algumas lojas, escolhendo algumas peças. Luciana estava sentindo falta de ter um momento assim, em que pudesse relaxar e cuidar mais de si. No dia-a-dia dedicava seu tempo entre trabalhar na clinica, hospital e cuidar da casa, das filhas e do marido.
Escolheu algumas peças, saiu e no estacionamento mesmo se despediu da amiga:

_Muito obrigada, Ká. Estava na dúvida e sua opinião me ajudou muito.
_Não esquece de usar aquela lingerie que comprou, ele vai adorar.
_Tá
– Sorriu timidamente – Tenho que ir.
_Tem certeza que não quer deixar as meninas comigo?
_Não, obrigada. A Lise vai ficar essa noite.

   Entrou no carro e foi direto pra casa. Estava ansiosa, suspirando como uma menina boba, ingênua. Chegou em casa e Victor ainda não havia chego, agachou-se para abraçar as filhas e brincar por alguns minutos.

_Lourdes, viu o Victor?
_Não. Ele me disse que ia lá na clinica.
_É, acho que ele ainda está no escritório.

   Subiu para o quarto e guardou tudo o que comprou. Aproveitou o momento para relaxar no banho, caprichando em tudo. Já estava no closet quando ele chegou:

_Oi.
– Olhou pelo espelho enquanto se maquiava.
_Está empolgada mesmo.
– Encostou-se na parede.
_Sim.
– Ficou séria – Você não está querendo desistir, né?

   Victor sorriu enquanto desabotoava a camisa.

_Não. Vou tomar um banho e nós vamos, tá?

   Luciana estava tensa ao ver Victor tirando a roupa, era algo estranho.

_Vou ver como estão às crianças antes de irmos.
_Não vai se trocar?
– Apontou para o roupão de banho que ela estava usando.
_Depois.

   Victor sorriu assim que viu a esposa saindo, adorava deixá-la assim, totalmente sem jeito. Entrou no banheiro e tomou um banho demorado, trocando de roupa, foi ao studio enquanto Luciana se trocava. Estava empolgado em algumas folhas com suas composições quando ouviu o barulho dos saltos dela, ergueu o rosto e ficou encantado.

_Você é linda, mas hoje... Caprichou.
_Vih
– Baixou a cabeça.
_Vamos logo.

   Despediram-se de Lourdes e Lise, entraram no veículo e Victor sorriu.

_Qual foi a graça?
_Nada.
– Ligou o motor do carro – Também estou nervoso se é isso o que quer saber.

   O caminho até o restaurante foi tranquilo, o papo foi fluindo aos poucos, em pouco tempo ali estavam Luciana e Victor antes de tudo, antes de casarem, antes de terem as duas pequenas... Estavam como dois amigos entre assuntos paralelos e altas gargalhadas. Desceram do carro, entregando a chave ao manobrista, foram até a entrada. Timidamente, Victor entrelaçou a mão na mais próxima de Luciana, um choque percorreu pelo corpo deles, era algo surreal. Olharam-se sem nada dizer, aquele gesto dizia por si só. Foram recepcionados pelo
*Maitre, que os levou a mesa livre, assim que sentaram sentiram aquele silencio invadir e se tornar incômodo, Victor pigarreou puxando a cartela de vinhos.

_Qual tipo de vinho você quer?
_Escolhe Vih, o que você quiser está bom para mim.

   Enquanto o pedido não chegava, conversavam enquanto tomavam vinho. Victor estava vendo em Luciana uma confiança, agora não só debatiam sobre assunto de “casa e filhos”, conversavam sobre seus trabalhos, projetos enquanto degustavam a comida.

_Outro dia ouvi você tocando uma musica diferente. Achei linda.
_Estava pensando em você quando a escrevi.
– Parou de comer – Na verdade, só agora descobri que boa parte das minhas composições tem você como inspiração.

   Luciana parou de fazer “voltas” no macarrão com o garfo, o olhando, sentiu algo tão leve e prazeroso como nunca sentira.

_Obrigada.

   Terminaram o jantar, ainda ficaram conversando enquanto saboreavam a sobremesa. Saíram do restaurante e Luciana sentiu frio, o vento estava forte.

_Nossa, o agora o tempo esfriou.

   Sentiu Victor abraçá-la.

_Eu te esquento.

   O olhar dos dois caiu para a boca, Luciana respirou fundo aproximando os lábios aos dele:

_Eu te amo, Victor.

   Beijaram-se com amor, o barulho de tudo ao seu redor não foi empecilho, entregaram-se aquele momento como dois amantes, apaixonados. O carro chegou e entraram no veículo com a respiração ofegante.

_Vai me levar para onde?
_Advinha...
_Vih...
– Esticou o lábio inferior.
_Surpresa.

   Sorriu enquanto ligava o carro e saíam da frente do restaurante. A cidade a cada momento ficava distante, Luciana olhava para ele que sorria e colocava a mão mais próxima na coxa dela. O veículo foi perdendo velocidade, deixando-a um pouco tensa.

_Lembra que me pediu para te trazer aqui?
_Ah, pensei que seria em outro local.
_E qual seria?
_A fazenda né, Victor.

   Victor gargalhou enquanto segurava suas mãos.

_Um motel de vez em quando é bom.
_Ainda fico desconfortável.
_Larga de ser mentirosa, Lu. Fala isso, mas quando entramos lá fica...
– Encostou os lábios no ouvido dela, sussurrando com a voz fina – “Isso Vih... Não para...”
_Quer parar?
– Bateu na coxa dele – Nunca que faço isso.
_Ok minha Senhora. Vamos entrar.

   Escolheu o quarto e logo entraram. As mãos de Luciana estavam geladas, não sabia para onde olhar. Victor abriu a porta e juntos olharam cada detalhe.

_Nossa, aqui é tão aconchegante.
_Para quem estava dando “chilique” dentro do carro, falar isso pra mim já se torna um elogio.

   Entreolharam-se entre risos tímidos. Em passos lentos, Victor aproximou-se de Luciana. Já sentia a respiração dela ofegante, um pouco nervosa.


_Sabe que eu gosto quando fica assim, totalmente sem jeito?
_Não sabia disso.

   Beijou-a rapidamente.

_Amo esse seu jeito, Lu. Amo como você é.
 
   Abraçou-a, sentindo todo o desespero dela, sorriu voltando a olhá-la.

_É engraçado, você fica tão nervosa quando estamos em um momento assim.

_Não importa quantas vezes você me ame, Victor, sempre terei a mesma sensação da nossa primeira vez.

  Próximos, os corpos já estavam conversando, os olhares demonstravam toda a ternura. Victor segurou uma mecha do cabelo dela, colocando-a por trás da orelha, dando espaço para ele observar minuciosamente o rosto dela. Aproximou-se mais, roçando os lábios aos dela, sentindo as mãos de Luciana tocando-lhe os braços, subindo para sua nuca. Entregaram-se a um beijo profundo, que liberava o portal para o calor da paixão, era intenso, sagaz. Victor segurou firme a cintura dela, colando de vez os corpos, descendo uma das mãos para a coxa, apertando-a e arrancando gemidos de Luciana, que finalizou o beijo com a respiração entrecortada.


_Victor... 
– sussurrou descendo as mãos para o peitoral dele
_Adoro ouvir meu nome saindo da sua boca.

   Mais uma vez se beijaram. As mãos de Victor eram ágeis, passando pelo vestido, entrando por baixo dele, subindo-o e revelando o corpo dela. Sorriu e mordeu os próprios lábios enquanto seu olhar vagava por Luciana. Suas mãos subiram mais, mostrando a pele delicada de sua amada, ajudou-a tirando o vestido, apalpando cada parte onde a lingerie não cobria, empurrando-a bruscamente contra a parede, ouvindo-a gruir de desejo aos risos. Luciana sentiu todo o corpo de Victor sobre o seu, apertando-a, mesmo sabendo que no dia seguinte as marcas ficariam obvias.
Victor desceu os beijos pelo pescoço, deixando um rastro por onde passava, ela estava imóvel, amando os carinhos intensos, puxando o ar que lhe faltava, buscando um abrigo nos cabelos dele, desceu as mãos para desabotoar a camisa. Mais uma vez foi pressionada contra a parede, Victor afastou um pouco, com uma calma invejável desabotoou a camisa, erguendo o rosto com as sobrancelhas arqueadas, um sorriso malicioso nos lábios. Luciana estava ficando louca com toda essa tortura, não esperou ele finalizar, arrancou a camisa, puxando-o mais para si, as mãos correram livremente pelas costas, queria sentir a pele dele, apertar e passar as unhas de leve. Como resposta, Victor pressionou-a mais uma vez na parede, mordendo a região do pescoço, sussurrando com o contato da boca sobre a pele:

_Você me enlouquece, Luciana.
– Subiu os beijos para perto do ouvido. – Me deixa te amar?
_Me ama hoje e todos os dias da minha vida, Vih.


  As mãos dele foram para frente, apertando os seios de Luciana por cima do sutiã. Ela puxava o ar, impulsionando o corpo para frente, queria colar ao de Victor, queria senti-lo, estava dependente. Sem paciência alguma, tirou a peça íntima que lhe cobria os seios, jogando-a para bem longe. Victor parou por alguns segundos, analisando cada detalhe, seu olhar estava vivo, mais ousado. Ergueu-a do chão, levando para a cama, caindo sobre ela, logo se ajoelhou, imobilizando-a com uma perna de cada lado. Desabotoou a calça vagarosamente, olhando sempre para Luciana, deixando-a boquiaberta.

_Está com pressa, Senhora Chaves?
– Não obteve respostas, Luciana estava estática – Porque hoje minha missão é te amar até o amanhecer.

   Luciana sentiu um receio, sorriu debilmente. Viu Victor sair da cama e se livrar das suas ultimas peças de roupa. Não sabia como agir, a cada dia Victor caprichava e inovava mais na arte de amar, deixando-a em desvantagem quanto a isso. Queria agradá-lo.


_Quer ajuda com isso?
– Apontou para a calcinha enquanto deitava sobre ela.
_Você me ajudaria? – Sua voz saiu trêmula.
_Com todo prazer.

    Sentiu os lábios dele em contato com a sua pele no pescoço, fechou os olhos imaginando o que estaria por vir. Victor deixava um rastro por onde sua boca passava, amava esse cheiro que Luciana emanava. Enquanto se dedicava com leves sugadas em um dos seios, uma das mãos apertava o outro, sentindo ela arquear as costas, as mãos na nuca o puxando para si. Desceu os beijos, parando na barriga, erguendo o rosto para analisar as expressões no rosto dela. Luciana estava com a boca entreaberta, com olhos fechados, sentiu quando ele encostou os lábios aos seus, a beijando intensamente enquanto uma das mãos descia por entre sua lingerie, fazendo um carinho especial. Isso a deixou entorpecida, Luciana não correspondia ao beijo porque da sua boca saía o nome dele várias vezes. Antes mesmo de atingir o prazer ele parou com os movimentos, tirando rapidamente a calcinha dela, ficando entre suas pernas.


_Amo tanto você, minha Morena.


   Encaixou seu corpo ao dela, a amando devagar com leves investidas. Luciana não conseguia mais pensar em nada, amava aquele momento de transe onde juntos buscavam pelo prazer. Momento certo para Victor puxá-la pela cintura, ajoelhando-se e levando-a junto para ficar por cima, com uma perna de cada lado. Agarrou a nuca dela para o olhar, alguns segundos de tortura.


_Porque parou?
_Porque quero aproveitar cada momento com você.

   Segurou a cintura de Luciana, olhando para baixo, guiou os movimentos enquanto sentia encaixar mais uma vez. Amava dominar, mas com ela era algo bem diferente, gostava de vê-la comandar a relação, ditar como seria. Luciana subia e descia em cima de si, movimentos lentos, com uma pitada de romance e ousadia. Os gemidos ficaram altos, ela estava sentindo as ondas de prazer, cada vez mais intenso, mais forte. Relutando contra, chegou ao ápice, aconchegando o rosto no ombro dele, o ajudando. Victor não aguentava mais, jogou-a na cama mais uma vez, deitando sobre ela, movimentos rápidos, recebendo como resposta de agrado, os sussurros dela chamando seu nome. Atingiu o prazer e agora estavam buscando o ar, se olhando com ternura e agradecimento. Deitou por completo em cima dela.

_Gostou?
– beijou-lhe os lábios.
_Amei. Cada dia você me deixa mais louca e com mais vontade de te amar.
_Mentirosa
– Saiu de cima, deitando do lado dela. – Se gostasse tanto não teria feito greve de sexo.
_Eu tenho culpa se você viajou depois da nossa conversa?
_Sabia muito bem onde me encontrar.
_Claro, sua agenda eu sei, mas não sou mais aquela Luciana que só se dedicava ao trabalho. Tenho duas vidinhas pra tomar conta.
_Eu sei disso meu amor.
– Fez carinho no ventre dela – Estava só brincando.
_Eu sei que estava brincando.
– Fez uma pausa para encarar o teto, sorrindo. – Lembra quando eu tinha uma folga e ia correndo te ver? Será que já te amava?
_Acho que sim, só não queria contar.
– Sentou-se na cama. – Vem, ainda não acabou nossa maratona.
_Vih.
– Choramingou – Estou tão cansada. Podemos deixar pra amanhã.
_Fraca.
– Segurou-a nos braços.

    Levou-a para o banheiro, indo direto para a banheira, sentando e colocando-a sentada na sua frente. Momento bom para Luciana encostar sua cabeça no peitoral dele, sentindo as mãos em seu ventre. Acariciavam-se em silencio, cada um com seu pensamento. Victor encostou os lábios próximos ao ouvido dela:

_Eu acho que está na hora de tentarmos mais um.
_Mais um o que, Vih?
_Mais um filho.
– Seu olhar fixou em algum ponto, sorrindo – Quem sabe dessa vez não vem um menino?
_Melhor não, Vih. Sofremos tanto nas duas gestações. Já temos duas estrelinhas, não precisamos de mais nada.
_E se eu quiser? Sinto necessidade disso, sabia?

   Luciana remexeu-se inquieta, aquele assunto estava deixando-a sem jeito.

_Mas eu não quero Victor. Vamos encerrar esse assunto para não discutirmos.

   Victor calou-se, há muito tempo estava querendo fazer essa proposta a Luciana, o seu receio maior era isso o que acabara de acontecer. Não queria, mas a resposta ríspida dela o abalou. Terminaram o banho em silêncio, logo saindo do motel. Voltaram para casa calados, cada um com seu pensamento, chegaram e enquanto ela foi ver as duas filhas, ele trocou de roupa, deitando pensativo, triste. Não percebeu o momento que ela voltou ao quarto, já se trocando no closet e deitando do seu lado.


_Está tudo bem?
_Sim.
– Virou-se apagando o abajur – Boa noite.

   Luciana respeitou o momento do marido, mas confiante que no dia seguinte, ele esqueceria daquele assunto e voltassem a viver em paz.

Continua...
__________

*Maitre:
Maitre d' (abreviação para maître d'hôtel, literalmente 'o mestre do hotel'), ou simplesmente maitre, é a pessoa encarregada de destinar clientes às mesas, no estabelecimento, seja restaurante, hotel ou navio e dividir a área de jantar em áreas da responsabilidade dos servidores a serviço, as denominadas "praças".

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