sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Cap. 29


         Capitulo 29

   Pensar em São Paulo não trazia boas lembranças a Luciana, principalmente quando o assunto era a sua mãe. Na mesma hora lhe veio na mente os momentos mais tensos da sua vida. Lembrou dos seus 15 anos, Geovana literalmente forçou-a vestir vestidos exagerados que toda debutante sempre sonhou (menos ela) e fez uma festa digna de parar a cidade onde morava que mesmo pequena ainda tinha um numero razoável de habitantes. Veio-lhe na mente as infinitas discussões que tivera com a mãe já estando na faculdade, entre elas, a pior foi quando Victor foi passar um fim de semana na cidade e Luciana como boa hospitaleira o levou para dormir na casa dela, naquela noite por um triz ele não dormiu no quarto dos empregados, uma das primeiras vezes em que ela enfrentou a mãe. Victor acordou-a do seu transe.

_Já estamos chegando em São Paulo.

   Sentiu seu estômago retorcer e teve que conter as lágrimas para que ele não percebesse. Saíram do jatinho e Victor procurou não se aproximar muito dela para que não desconfiassem de algo. Todos (imprensa, fãs) já a conhecia como amiga dele, já era de rotina ver os dois andando juntos em aeroportos.

   Entraram em um táxi e foram direto para a cidade no interior de SP, era lá onde os pais de Luciana sempre moraram, seria ali que ela iria enfrentar os pais. Durante o trajeto aquelas lágrimas que antes ela as deteve agora deixou que rolassem ali. Em um gesto compreensivo, Victor envolveu o braço no ombro dela e com a outra mão livre enxugou-lhe o rosto.

_Porque chora?
_Sei lá... Acho que já estou prevendo a confusão que será.
_Nada de ruim vai acontecer, estarei do seu lado para o que der e vier.

    Distribuiu diversos selinhos no rosto de Luciana, não foi mais além porque o taxista olhava pelo retrovisor e mesmo Victor usando um boné para disfarçar o motorista já tinha percebido quem era ele, procurou se afastar um pouco.

   Luciana passou as coordenadas para o taxista e logo pararam em uma casa grande, era ali. Suspirou fundo antes de descer. Enquanto apertava o interfone, Victor tirava as malas do bagageiro do veículo, após alguns segundos um homem abriu.

Lucas: _Luciana?
Luciana: _Paiii – o abraçou com todas as forças e começou a chorar.
Lucas: _Que saudades minha menina.
Luciana: _Eu também – Não conseguiu falar mais nada porque sua voz estava embargada
  
 Victor apareceu com as malas, Lucas fitou-o.

Lucas: _Acho que lhe conheço, rapaz... Victor?
Victor: _Eu mesmo. Tudo bem senhor Lucas?
Lucas: _Tudo sim, rapaz como você mudou.
Victor: _Nem mudei tanto assim, só os meus cabelos que pintei de grisalho.

  Os três riram da brincadeira

Lucas: _Venham, entrem. – se afastou um pouco para dar passagem ao casal – deixe-me ajudar com as malas.
Luciana: _Pai, e a mãe? Onde ela esta?
Lucas: _Está lá dentro, venham.

   Entraram e deixaram as malas na varanda, foram para a sala e sentaram no sofá. Geovana vinha desatenta da cozinha, ao ver a filha se emocionou.

_Luciana?! Minha filha que saudades – Abraçou-a
_Oi mãe, como você esta?
_Bem. – Percebeu a presença de Victor ali

   Luciana gelou, imaginou a mãe escorraçando o rapaz e o expulsando da casa, porem, ela fez o inverso.

_Victor, quanto tempo – Abraçou o rapaz.
_Oi dona Geovana, pois é tanto tempo né?
_Nunca mais veio nos visitar, o que houve?
_Trabalho demais

Lucas: _Geovana como ele poderia vir se a nossa Luciana nunca mais veio aqui?
Geovana: _É verdade, você esqueceu de nós mesmo né?
Luciana: _Ahh mãe tava ocupada, vida de medico não é fácil
Lucas: _Eu bem sei como é

   Victor contou sobre como sua vida estava corrida e que agora estavam fazendo shows frequentemente, algumas vezes Geovana o interrompia para elogiar o trabalho dele e do irmão. Luciana virava os olhos repreendendo a mãe mentalmente por ser tão interesseira. Uma mulher saiu da cozinha e foi em direção a sala, ao ver todos ali começou a ficar pálida.

_Virgem Maria Santíssima, Nossa Senhora de Aparecida, Meu senhor do Bonfim, Padre Cícero, Santo Antônio... – A mulher colocou a mão no peito

Luciana: _Jenifer quanto tempo...

   Jenifer foi correndo para abraçar Victor, jogou-se nos braços dele e quase o rapaz caia levando-a consigo.

Geovana: _Jenifer! Ficou louca?!
Jenifer: _A Luciana falava que era sua amiga mas eu não acreditava.
Luciana: _Victor, a ultima vez que você veio a Jenifer não trabalhava aqui em casa.
Lucas: _E olha que faz anos que a Jenifer trabalha conosco.

  Jenifer não queria sair dos braços de Victor.

_Prazer, sou Jenifer (Estendeu a mão para que ele a cumprimentasse) Sou sua fã, tenho todos os CDs e DVDs.
_Poxa, que legal. Bom saber

Geovana: _Jenifer, você deixou as panelas no fogo, cuidado para não queimar nosso almoço. Volte agora pra cozinha! (Arqueou uma das sobrancelhas e repreendeu a empregada)
Jenifer: _Ma-mas Dona Geovana eu só quero aproveitar um momento com meu ídolo... Daqui a pouco ele vai embora e aí?
Geovana: _Jenifer, eu estou mandando você ir para a cozinha!

  A menina olhou para Victor um pouco sem jeito.

Victor: _Pode ir Jenifer, não vou agora.

  Ela saiu toda feliz e saltitante.

Luciana: _Mãe a era da escravatura no Brasil acabou tá? – sentou no sofá mais uma vez.
Geovana: _Esse tipinho você não pode dar corda minha filha. – Olhou para Victor – Meu querido, me desculpa pela ação dela.
Victor: _Já estou acostumado.
 Lucas: _Hei rapaz, vamos para a varanda.

   Os dois saíram da sala deixando as duas sozinhas.

_E aí, me conte qual foi o milagre de ter vindo aqui.
_Nada de mais mãe, consegui uma folga e pedi para o Victor vir comigo.
_Vocês estão namorando?
_Ahh mãe (Baixou a cabeça)
_Eu gosto dele, é um rapaz trabalhador, um exemplo de vida.
_Sério? Não foi assim que você falou da ultima vez que ele veio aqui.
_São águas passadas, Luciana. Mudemos de assunto. Vão passarem quantos dias aqui?
_Só hoje, amanhã pela manhã tenho que voltar.
_Santo Deus Luciana você e essa sua sede de trabalho.

   Luciana olhou em volta e tudo estava calmo, pensou em falar ali mas não teve coragem.

_Cadê a Padma e a Joyce?
_Estão de folga, depois dessa nova lei trabalhista favorecendo as empregadas domésticas quem está sofrendo somos nós. (Rolou os olhos)
_Mãe, assim como nós elas tem todo direito sim.

  Um choque de opinião iria começar se Lucas e Victor não entrassem ali, vinham caminhando em passos lentos, conversando algo que os empolgava, pararam para iniciar outra conversa, agora diante das duas.

Lucas: _E aí, o que conversavam?
Luciana: _Sobre as leis trabalhistas.
Victor: _Em pleno domingo, almoço familiar? Pensei que falavam sobre algo diferente.

  Jenifer entrou no cômodo

_Dona Geovana o almoço já está pronto.
_Ótimo, fique atenta quando eu lhe chamar você apareça.

   A empregada saiu e na sala houve conversas paralelas, sobre o trabalho de Victor, Luciana, tudo parecia ir bem.

Geovana: _Vou mandar a Jenifer servir o almoço. – Saiu.
Luciana: _E eu vou lavar as mãos que já estou morrendo de fome. – Levantou-se – Vem comigo Vih?
Victor: _Vamos.

   Foram para um banheiro social que ficava próximo a sala, enquanto Luciana lavava as mãos Victor jogava água nos cabelos dela.

_Para Vih, assim você vai molhar meu cabelo... – Bateu no ombro dele.
_Olha o que você fez Morena! Molhou minha blusa.
_Bem pregado, quem mandou molhar meu cabelo.

   Iniciou uma mini guerra e aos risos um jogava água no outro. Jenifer parou na porta e ficou fitando-os, assim que a empregada foi vista pelo os dois saiu dali. Victor a puxou para um beijo forte.

_Vih aqui não! Não percebeu que Jenifer nos olhou estranha?
_E daí? Logo ela saberá que sou seu.

  Luciana parou para encará-lo.

_O que foi Morena?
_Sério que você é meu?
_Claro que sim... Sou seu, todo seu.

   Encostou-a na parede mais próxima e Luciana pode ver os primeiros botões abertos na camisa dele, sentiu uma vontade imensa de desabotoar todos e apalpar cada milímetro do corpo, mas sua sanidade mental voltou contudo fazendo com que ela se afastasse dele e caminhasse para a cozinha.

Geovana: _Demoraram por quê?
Luciana: _O Victor molhou meu cabelo. (Fez biquinho)
Victor: _E você molhou minha camisa – Veio logo atrás, sentou do lado dela – Então estamos quites.
Lucas: _Amizade assim não se vê hoje em dia.

  Jenifer serviu todos, parou em Victor para dar mais atenção e por um momento Luciana achou que ela estivesse se oferecendo, a fome falou mais alto fazendo assim com que esquecesse todos os pensamentos errados e os certos também.

Geovana: _Parece que essa sua morada em Uberlândia te fez ter bons gostos a comidas, antes você quase não comia coisas saudáveis, agora fico admirada.
Victor: _É Dona Geovana, mas no apê dela ainda tem biscoitos recheados e esse é o jantar dela.
Lucas: _Minha filha, você tem que se alimentar direito.

   Luciana fez um olhar de reprovação para todos e voltou a comer, lembrou do assunto que a tinha levado para casa dos pais.

_Mãe, precisamos conversar.
_Então comece, pode falar.
_Mãe... É um assunto intimo, pessoal. – Lançou um olhar para Jenifer.
_Jenifer, vá pegar as malas do Victor e da Luciana que estão na varanda, coloque-as no quarto de hospedes. A mala da Luciana coloque no quarto dela.

Jenifer: _Ma-mas Dona Geovana eu gostaria de ficar...
Geovana: _Jenifer! Sem mais. Agora faça o que eu estou lhe mandando.

  A empregada saiu não muito satisfeita.

Geovana: _Agora me fale Luciana, o que você quer nos dizer?

  Ela olhou para Victor que lhe passou confiança.

_Bom, estou namorando.

Geovana: _Voltou com o Fernando? Faço votos. Estou feliz, muito feliz.
Luciana: _Não é o Fernando mãe.
Geovana: _Mas já está com outro? Nem fez um mês que vocês terminaram.
Lucas: _Geovana, deixe a nossa filha falar.
Luciana: _Não é o Fernando, mas é alguém melhor que ele – Olhou para Victor, que segurou sua mão.
Lucas: _Vocês estão namorando?
Victor: _Sei que é meio antigo, afinal, nós dois já temos idade o suficiente, mas gostaria de aproveitar para pedir a sua filha em namoro.
Geovana: _Quanta felicidade! Lucas, pegue a champagne, vou pegar a câmera, temos que registrar esse momento... – Levantou-se da mesa e já estava indo em direção de ambos para abraçá-los.
Luciana: _Hey, sentem-se. Teremos motivos e tempo de sobra para comemorar.
Geovana: _Tem razão – Voltou para seu lugar.
Lucas: _Temos motivos de sobra? Como assim?

   Luciana respirou fundo, tomou um gole de água que tinha na taça ali, se os dois aceitaram numa boa seu relacionamento ela tinha certeza que a gravidez seria motivos de festa.


_É pai, eu... Estou grávida.

Continua...

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