Capitulo 29
Pensar em São Paulo
não trazia boas lembranças a Luciana, principalmente quando o assunto era a sua
mãe. Na mesma hora lhe veio na mente os momentos mais tensos da sua vida. Lembrou dos seus 15 anos, Geovana literalmente forçou-a vestir vestidos
exagerados que toda debutante sempre sonhou (menos ela) e fez uma festa digna
de parar a cidade onde morava que mesmo pequena ainda tinha um numero razoável
de habitantes. Veio-lhe na mente as infinitas discussões que tivera com a mãe já
estando na faculdade, entre elas, a pior foi quando Victor foi passar um fim de semana
na cidade e Luciana como boa hospitaleira o levou para dormir na casa dela,
naquela noite por um triz ele não dormiu no quarto dos empregados, uma das
primeiras vezes em que ela enfrentou a mãe. Victor acordou-a do seu transe.
_Já estamos chegando
em São Paulo.
Sentiu seu
estômago retorcer e teve que conter as lágrimas para que ele não percebesse. Saíram
do jatinho e Victor procurou não se aproximar muito dela para que não
desconfiassem de algo. Todos (imprensa, fãs) já a conhecia como amiga dele, já
era de rotina ver os dois andando juntos em aeroportos.
Entraram em um
táxi e foram direto para a cidade no interior de SP, era lá onde os pais de Luciana
sempre moraram, seria ali que ela iria enfrentar os pais. Durante o trajeto
aquelas lágrimas que antes ela as deteve agora deixou que rolassem ali. Em um
gesto compreensivo, Victor envolveu o braço no ombro dela e com a outra mão
livre enxugou-lhe o rosto.
_Porque chora?
_Sei lá... Acho
que já estou prevendo a confusão que será.
_Nada de ruim
vai acontecer, estarei do seu lado para o que der e vier.
Distribuiu
diversos selinhos no rosto de Luciana, não foi mais além porque o taxista
olhava pelo retrovisor e mesmo Victor usando um boné para disfarçar o motorista
já tinha percebido quem era ele, procurou se afastar um pouco.
Luciana passou
as coordenadas para o taxista e logo pararam em uma casa grande, era ali.
Suspirou fundo antes de descer. Enquanto apertava o interfone, Victor tirava as
malas do bagageiro do veículo, após alguns segundos um homem abriu.
Lucas: _Luciana?
Luciana: _Paiii – o abraçou com todas as forças e começou a chorar.
Lucas: _Que saudades minha menina.
Luciana: _Eu também – Não conseguiu falar mais nada porque sua
voz estava embargada
Victor apareceu
com as malas, Lucas fitou-o.
Lucas: _Acho que lhe conheço, rapaz... Victor?
Victor: _Eu mesmo. Tudo bem senhor Lucas?
Lucas: _Tudo sim, rapaz como você mudou.
Victor: _Nem mudei tanto assim, só os meus cabelos
que pintei de grisalho.
Os três riram
da brincadeira
Lucas: _Venham, entrem. – se afastou um pouco para dar passagem ao
casal – deixe-me ajudar com
as malas.
Luciana: _Pai, e a mãe? Onde ela esta?
Lucas: _Está lá dentro, venham.
Entraram e deixaram
as malas na varanda, foram para a sala e sentaram no sofá. Geovana vinha
desatenta da cozinha, ao ver a filha se emocionou.
_Luciana?!
Minha filha que saudades –
Abraçou-a
_Oi mãe, como
você esta?
_Bem. – Percebeu a presença de Victor ali
Luciana gelou, imaginou
a mãe escorraçando o rapaz e o expulsando da casa, porem, ela fez o inverso.
_Victor, quanto
tempo – Abraçou o rapaz.
_Oi dona Geovana,
pois é tanto tempo né?
_Nunca mais
veio nos visitar, o que houve?
_Trabalho
demais
Lucas: _Geovana como ele poderia vir se a
nossa Luciana nunca mais veio aqui?
Geovana: _É verdade, você esqueceu de nós mesmo
né?
Luciana: _Ahh mãe tava ocupada, vida de medico não
é fácil
Lucas: _Eu bem sei como é
Victor contou
sobre como sua vida estava corrida e que agora estavam fazendo shows frequentemente,
algumas vezes Geovana o interrompia para elogiar o trabalho dele e do irmão.
Luciana virava os olhos repreendendo a mãe mentalmente por ser tão
interesseira. Uma mulher saiu da cozinha e foi em direção a sala, ao ver todos
ali começou a ficar pálida.
_Virgem Maria
Santíssima, Nossa Senhora de Aparecida, Meu senhor do Bonfim, Padre Cícero,
Santo Antônio... – A mulher
colocou a mão no peito
Luciana: _Jenifer quanto tempo...
Jenifer foi
correndo para abraçar Victor, jogou-se nos braços dele e quase o rapaz caia
levando-a consigo.
Geovana: _Jenifer! Ficou louca?!
Jenifer: _A Luciana falava que era sua amiga mas
eu não acreditava.
Luciana: _Victor, a ultima vez que você veio a
Jenifer não trabalhava aqui em casa.
Lucas: _E olha que faz anos que a Jenifer
trabalha conosco.
Jenifer não
queria sair dos braços de Victor.
_Prazer, sou Jenifer
(Estendeu a mão para que ele a cumprimentasse) Sou sua fã, tenho todos os CDs e
DVDs.
_Poxa, que
legal. Bom saber
Geovana: _Jenifer, você deixou as panelas no
fogo, cuidado para não queimar nosso almoço. Volte agora pra cozinha! (Arqueou
uma das sobrancelhas e repreendeu a empregada)
Jenifer: _Ma-mas Dona Geovana eu só quero
aproveitar um momento com meu ídolo... Daqui a pouco ele vai embora e aí?
Geovana: _Jenifer, eu estou mandando você ir
para a cozinha!
A menina olhou
para Victor um pouco sem jeito.
Victor: _Pode ir Jenifer, não vou agora.
Ela saiu toda
feliz e saltitante.
Luciana: _Mãe a era da escravatura no Brasil
acabou tá? – sentou no sofá mais uma vez.
Geovana: _Esse tipinho você não pode dar corda
minha filha. – Olhou para
Victor – Meu querido, me
desculpa pela ação dela.
Victor: _Já estou acostumado.
Lucas: _Hei rapaz, vamos para a varanda.
Os dois saíram
da sala deixando as duas sozinhas.
_E aí, me conte
qual foi o milagre de ter vindo aqui.
_Nada de mais
mãe, consegui uma folga e pedi para o Victor vir comigo.
_Vocês estão
namorando?
_Ahh mãe
(Baixou a cabeça)
_Eu gosto dele,
é um rapaz trabalhador, um exemplo de vida.
_Sério? Não foi
assim que você falou da ultima vez que ele veio aqui.
_São águas
passadas, Luciana. Mudemos de assunto. Vão passarem quantos dias aqui?
_Só hoje,
amanhã pela manhã tenho que voltar.
_Santo Deus
Luciana você e essa sua sede de trabalho.
Luciana olhou
em volta e tudo estava calmo, pensou em falar ali mas não teve coragem.
_Cadê a Padma e
a Joyce?
_Estão de
folga, depois dessa nova lei trabalhista favorecendo as empregadas domésticas
quem está sofrendo somos nós. (Rolou os olhos)
_Mãe, assim
como nós elas tem todo direito sim.
Um choque de
opinião iria começar se Lucas e Victor não entrassem ali, vinham caminhando em
passos lentos, conversando algo que os empolgava, pararam para iniciar outra
conversa, agora diante das duas.
Lucas: _E aí, o que conversavam?
Luciana: _Sobre as leis trabalhistas.
Victor: _Em pleno domingo, almoço familiar? Pensei
que falavam sobre algo diferente.
Jenifer entrou
no cômodo
_Dona Geovana o
almoço já está pronto.
_Ótimo, fique
atenta quando eu lhe chamar você apareça.
A empregada
saiu e na sala houve conversas paralelas, sobre o trabalho de Victor, Luciana,
tudo parecia ir bem.
Geovana: _Vou mandar a Jenifer servir o almoço. – Saiu.
Luciana: _E eu vou lavar as mãos que já estou
morrendo de fome. – Levantou-se
– Vem comigo Vih?
Victor: _Vamos.
Foram para um
banheiro social que ficava próximo a sala, enquanto Luciana lavava as mãos
Victor jogava água nos cabelos dela.
_Para Vih, assim
você vai molhar meu cabelo... –
Bateu no ombro dele.
_Olha o que você
fez Morena! Molhou minha blusa.
_Bem pregado,
quem mandou molhar meu cabelo.
Iniciou uma
mini guerra e aos risos um jogava água no outro. Jenifer parou na porta e ficou
fitando-os, assim que a empregada foi vista pelo os dois saiu dali. Victor a
puxou para um beijo forte.
_Vih aqui não!
Não percebeu que Jenifer nos olhou estranha?
_E daí? Logo ela saberá que sou seu.
_E daí? Logo ela saberá que sou seu.
Luciana parou
para encará-lo.
_O que foi
Morena?
_Sério que você é meu?
_Sério que você é meu?
_Claro que
sim... Sou seu, todo seu.
Encostou-a na
parede mais próxima e Luciana pode ver os primeiros botões abertos na camisa
dele, sentiu uma vontade imensa de desabotoar todos e apalpar cada milímetro do
corpo, mas sua sanidade mental voltou contudo fazendo com que ela se afastasse
dele e caminhasse para a cozinha.
Geovana: _Demoraram por quê?
Luciana: _O Victor molhou meu cabelo. (Fez biquinho)
Luciana: _O Victor molhou meu cabelo. (Fez biquinho)
Victor: _E você molhou minha camisa – Veio logo atrás, sentou do lado dela – Então estamos quites.
Lucas: _Amizade assim não se vê hoje em dia.
Jenifer serviu
todos, parou em Victor para dar mais atenção e por um momento Luciana achou que
ela estivesse se oferecendo, a fome falou mais alto fazendo assim com que
esquecesse todos os pensamentos errados e os certos também.
Geovana: _Parece que essa sua morada em Uberlândia
te fez ter bons gostos a comidas, antes você quase não comia coisas saudáveis,
agora fico admirada.
Victor: _É Dona Geovana, mas no apê dela ainda
tem biscoitos recheados e esse é o jantar dela.
Lucas: _Minha filha, você tem que se alimentar
direito.
Luciana fez um
olhar de reprovação para todos e voltou a comer, lembrou do assunto que a tinha
levado para casa dos pais.
_Mãe,
precisamos conversar.
_Então comece,
pode falar.
_Mãe... É um
assunto intimo, pessoal. –
Lançou um olhar para Jenifer.
_Jenifer, vá
pegar as malas do Victor e da Luciana que estão na varanda, coloque-as no
quarto de hospedes. A mala da Luciana coloque no quarto dela.
Jenifer: _Ma-mas Dona Geovana eu gostaria de
ficar...
Geovana: _Jenifer! Sem mais. Agora faça o que eu
estou lhe mandando.
A empregada
saiu não muito satisfeita.
Geovana: _Agora me fale Luciana, o que você quer
nos dizer?
Ela olhou para
Victor que lhe passou confiança.
_Bom, estou
namorando.
Geovana: _Voltou com o Fernando? Faço votos.
Estou feliz, muito feliz.
Luciana: _Não é o Fernando mãe.
Geovana: _Mas já está com outro? Nem fez um mês
que vocês terminaram.
Lucas: _Geovana, deixe a nossa filha falar.
Luciana: _Não é o Fernando, mas é alguém melhor
que ele – Olhou para Victor, que segurou sua mão.
Lucas: _Vocês estão namorando?
Victor: _Sei que é meio antigo, afinal, nós dois
já temos idade o suficiente, mas gostaria de aproveitar para pedir a sua filha
em namoro.
Geovana: _Quanta felicidade! Lucas, pegue a
champagne, vou pegar a câmera, temos que registrar esse momento... – Levantou-se
da mesa e já estava indo em direção de ambos para abraçá-los.
Luciana: _Hey, sentem-se. Teremos motivos e
tempo de sobra para comemorar.
Geovana: _Tem razão – Voltou para seu lugar.
Lucas: _Temos motivos de sobra? Como assim?
Luciana
respirou fundo, tomou um gole de água que tinha na taça ali, se os dois aceitaram
numa boa seu relacionamento ela tinha certeza que a gravidez seria motivos de
festa.
_É pai, eu...
Estou grávida.
Continua...
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