Capitulo 30
Vinda de
família totalmente requintada, Geovana sempre imaginou Lucas levando sua doce
filha para o altar, Luciana vestida de véu e grinalda, a alta sociedade toda
ali vendo a sua menina que agora era uma mulher feliz e radiante rumo ao
caminho da felicidade, tudo do jeito que ela sempre sonhou. Mas agora tudo aquilo
não passava de uma visão em sua mente, uma imaginação. Estava na cozinha da sua
casa, em um almoço que tinha tudo para ser perfeito se a sua filha não tivesse
dado uma noticia desagradável. Repetiu inúmeras vezes em sua mente em apenas um
segundo a frase que Luciana dissera, sua menina estava grávida.
_GRAVIDA?!
_É mãe, sabe como é...
_É mãe, sabe como é...
_Mas, como
assim?! – Levantou-se
_Mãe, relaxa.
_Luciana como
relaxar? Só não me diga que esse bebê é do Fernando... Ele fez isso com você e
te deixou?
Luciana soltou
o ar pesadamente, sabia que mais um pouquinho e acabaria discutindo com sua
mãe.
_Não mãe, não é
do Fernando. Eu e o Victor... Não nos prevenimos.
_E VOCÊ FALA
COM UMA NATURALIDADE DESSA? LOGO VOCÊ LUCIANA QUE É MEDICA OBSTETRA! – Olhou para Victor – E você é um irresponsável!
Luciana se
levantou da mesa e espalmou as mãos na mesma.
_O Victor não é
o culpado disso tudo, eu também sabia o que estava fazendo. Por isso não me
trate como uma criança, isso é normal hoje em dia.
_AHH ENTÃO QUER
DIZER QUE PORQUE TODO MUNDO ESTÁ ADERINDO ESTA “MODINHA”, VOCÊ TAMBÉM VAI ADERIR? E SE TODOS FOREM ROUBAR UM BANCO
VOCÊ TAMBÉM VAI PORQUE ESTÁ NA MODA, LUCIANA?
Mais uma vez a
filha respirou fundo, não queria falar o que estava preso na garganta mas
naquele momento era necessário. Todos já estavam em pé, Victor e Lucas estavam
assustados com a situação.
_QUER SABER O
QUE ACHO DE VOCÊ MÃE? VOCÊ ESTÁ COM MEDO... ISSO MESMO, ESTÁ COM MEDO PORQUE
AGORA TODAS AS SUAS AMIGAS BEATAS VÃO TE JULGAR. VOCÊ FALOU TANTO DAS FILHAS
DOS OUTROS E AGORA TÁ PAGANDO A LÍNGUA COMIGO.
_NÃO SEJA MAL
EDUCADA LUCIANA, EU SOU SUA MÃE!
_MÃE?! AHH
FAÇA-ME RIR, VOCÊ NUNCA FOI MÃE, OU MELHOR, VOCÊS NUNCA FORAM PAIS SUFICIENTES.
ACHAM QUE PORQUE ME PAGARAM UMA BOA ESCOLA E UMA ÓTIMA FACULDADE ME SINTO
GRATA? NÃO.
Lucas: _Calma Luciana, não é bem assim...
Luciana: _CALA A BOCA PAI!
Geovana: _Eu sempre soube que mais cedo ou mais
tarde você iria me decepcionar.
Luciana: _Decepcionar? – Deu um passo mas Victor segurou seu
braço. – Me solta Victor! – Voltou a olhar para mãe – Se é pra falar em decepção porque não
fala das vezes que você e o papai me abandonaram aqui? Tudo porque passavam 24
horas trabalhando. EU VIVI SOZINHA NESSA CASA, SOMENTE EU, DEUS E OS EMPREGADOS
PARA ME AJUDAR SEMPRE QUE EU TINHA ALGUMA DECEPÇÃO NA VIDA! – Sentiu as lágrimas molharem seu rosto mas
continuou firme – Cala a
sua boca quando for falar que eu te decepcionei.
Lucas: _Luciana, nós só estamos preocupados. Você
e o Victor estão se conhecendo ainda e já vem um filho para cuidarem. Não é
assim que a vida segue.
Luciana: _Eu não sei o meu futuro e do Victor
mas se algo acontecer podem ficar tranquilos que eu vou cuidar dessa crianças
como vocês nunca foram capaz de me criar. Tenho um trabalho fixo e ainda tenho
a clínica.
Geovana: _E como você vai fazer? Pelo o que eu
sei você herdou a sede de trabalho do seu pai, vive para o hospital e suas
pacientes, você vai ser pior do que eu.
Luciana: _Eu nunca vou ser pior que você! Serei
uma boa mãe.
Geovana: _Tem certeza? Vai criar essa criança
sozinha, longe de nós e ainda vai ter que se dedicar ao trabalho. Admita
Luciana, essa sua gravidez foi a coisa mais desastrosa que aconteceu na sua
vida.
Luciana fechou
os punhos, trincou os dentes. Pela primeira vez queria agredir a mãe. Foi até
ela e ficou cara a cara.
_Tenho certeza
que é assim que você pensou quando engravidou de mim não é?
_Não, você foi
uma bênção para mim e ao contrario de você eu estava muito bem casada e em um
momento feliz, momento esse que sempre tive.
Luciana soltou
um riso irônico.
_Família feliz?
NUNCA FOMOS UMA FAMÍLIA FELIZ. VOCÊ QUE ARMAVA O CIRCO PARA PARTICIPARMOS. VIVIA
NOS LEVANDO PARA AS FESTAS DA ALTA SOCIEDADE, PARA MISSAS AOS DOMINGOS SÓ PARA
PAGARMOS DE UM EXEMPLO DE FAMÍLIA A SEGUIR... EU TENHO NOJO DE VOCÊ.
_Luciana não me
faça perder a cabeça! Terei que lhe dar um corretivo que nunca dei.
_É MESMO? ENTÃO
VEM... – Se aproximou mais da
mãe, virou um lado do rosto –
Bate, faz uma coisa que você nunca foi capaz de fazer...
Geovana ficou
inerte, não sabia o que fazer, estava trêmula.
_BATE! – Luciana gritou.
O rosto de
Luciana virou e quase ela caia, Geovana deu um tapa na cara da filha. Victor
colocou a mão na boca e arregalou os olhos, estava se sentindo mal por estar
presenciando tudo. Jenifer, estava se aproximando da cozinha e ao ver a cena
derrubou um jarro de flores no chão. Luciana virou o rosto lentamente, as
lágrimas estavam correndo pela face.
_Era isso o que
eu imaginava que iria acontecer. – Saiu da cozinha e subiu para o quarto.
Por mais de dez
segundos Victor, Geovana e Lucas ficaram em silêncio sem ao menos dizer uma
palavra.
Victor: _Dona Geovana eu...
Geovana: _Suba, vá até ela, tenho certeza que
precisa de você.
Ele andou em
direção a escada, parou e voltou.
_Eu quero que a
senhora saiba que eu nunca vou abandonar sua filha.
Subiu e foi
procurar o quarto de Luciana. Fazia muito tempo desde que ele fora àquela casa,
tudo estava diferente mas o quarto dela não foi muito difícil de encontrar
porque na porta ainda tinha uma boneca pendurada com o nome dela. Bateu e após
não obter respostas abriu devagar porta, achou a namorada ali sentada de costas
encarando a varanda.
_Lu... – Sentou do lado dela e pode perceber que estava
chorando – Não fica assim.
Puxou-a mais
para si, Luciana afundou o rosto no peito dele e chorou, soluçou, ficou assim
por longos minutos.
_Eu sabia que
isso iria acontecer. – Ainda estava
chorando
_Não pensa
assim Lu, brigas entre pais e filhos são normais.
Luciana
continuou chorando, de repente parou, sacou seu celular, foi para varanda, fez
alguma ligação e voltou mas foi direto até a mala, segurou-a.
_Luciana o que
você vai fazer?
_Não fico mais nessa casa nem mais um minuto.
_Não fico mais nessa casa nem mais um minuto.
_Para já
Luciana! – Segurou-a – Você não pode fazer isso... São seus
pais!
_Se você quiser fique, vou voltar para Uberlândia ainda hoje.
_Se você quiser fique, vou voltar para Uberlândia ainda hoje.
Ela desceu com
a mala, depois de muito procurar o quarto dos hospedes ele também desceu com
sua mala. Luciana já estava na frente da casa esperando o táxi que tinha
chamado. Lucas apareceu.
_Luciana minha
filha, entre, deixa para lá o que aconteceu.
_Não dá pai, eu
sabia que isso iria acontecer. Sempre que venho aqui a mãe faz essas coisas,
pra mim já chega.
O táxi chegou e
Luciana logo adentrou nele, Victor colocou as malas no bagageiro e voltou para
onde Lucas estava.
_Lucas, fique tranquilo,
não vamos sair da cidade. Vou procurar um hotel para nos hospedarmos, mais
tarde ligue pra ela.
_Obrigado
Victor, acredite, mediante a tudo o que aconteceu estou muito feliz por saber
que você está com a Luciana. Agora vá.
Entrou no táxi
e antes que Luciana dissesse para o motorista ir para a capital Paulista, Victor
ordenou que os deixassem no melhor hotel da cidade. Assim que fizeram a ficha
na recepção subiram para o quarto, Luciana colocou as duas mãos na cabeça e
começou a chorar.
_Lu, não chora...
– Abraçou-a
_Ela me odeia
Victor... Eu tenho certeza.
_Vem, vamos
tomar um banho para você se acalmar.
Victor entrou
no banheiro com Luciana e tirou-lhe a roupa, ela só fazia chorar. Colocou-a dentro do chuveiro e lhe ajudou a tomar banho, foram para o quarto,
Victor colocou uma toalha na cabeça dela e massageou para tirar toda a água
que restava nele, definitivamente estava cuidando de Luciana como se cuida
de uma criança.
_Tudo bem? – Ficou de joelho para encará-la
_Acho que sim,
já estou bem melhor... Obrigada Victor.
_Porque
agradecer se ainda não terminei? Espera, fique quietinha aí.
Foi até a mala
de Luciana e procurou uma roupa folgada para ela vestir e como todo homem não
soube decifrar nada, tampouco achar algo ali. Ela se levantou e foi até ele.
_Deixa que as
minhas bagunças eu entendo.
Agachou-se e
pegou um vestido e outras peças, vestiu-as. Victor foi até o banheiro para
tirar aquela roupa molhada, após isso deitou do lado dela e ficou fazendo
carinho nos cabelos de Luciana vendo-a fechar os olhos e pegar um sono
profundo. Levantou-se e foi atender o celular na varanda, Leo estava ligando
para ele.
_Oi Leo.
_E aí, como
foi?
_Nada bom.
_Nada bom.
_Ihh o que
aconteceu?
_Hum, Dona Geovana não aceitou a gravidez dela, disse-lhe palavras duras. Luciana não admitiu e acabou discutindo com ela.
_Hum, Dona Geovana não aceitou a gravidez dela, disse-lhe palavras duras. Luciana não admitiu e acabou discutindo com ela.
_Nossa, bem que
a Luciana tinha me falado que estava com medo da reação da mãe.
_Pois é e eu
tenho certeza que a culpa foi toda minha.
_Como assim?
_Eu pedi pra Luciana vir para cá, queria dar a noticia a eles pessoalmente, não queria que eles me vissem como um cara qualquer.
_Eu pedi pra Luciana vir para cá, queria dar a noticia a eles pessoalmente, não queria que eles me vissem como um cara qualquer.
_Relaxa mano,
onde vocês estão?
_Em um hotel da cidade.
_Em um hotel da cidade.
_Fica calmo e
tudo vai dar certo.
_Assim espero,
e por aí?
_Tudo tranquilo, se a Lu tivesse ficado iria ver a Paula, ela chegou hoje no finalzinho da manhã.
_Tudo tranquilo, se a Lu tivesse ficado iria ver a Paula, ela chegou hoje no finalzinho da manhã.
_Manda beijos
pra ela.
_Ok, Vou
desligar, se acalma aí viu.
_Pode deixar.
_Abraços.
Desligaram e
Victor foi para a cama, deitou-se ao lado de Luciana e ficou pensativo.
Victor POV (Point of view/Ponto de vista)
“Toda aquela ideia de terminar com Luciana foi
embora exatamente quando Dona Geovana a destratou. Ela estava sozinha no mundo,
precisava de mim e da minha família. Não que o Lucas tenha discordado da
gravidez mas senti que ele não gostou muito. Na certa eles estavam escolhendo
um bom partido para a filha e quem sou eu perto de filhos de médicos,
advogados, engenheiros? Não importa, o importante é que ela escolheu a mim, ela
me ama, por isso não vou abandoná-la, não agora. Mesmo tendo minhas duvidas
sobre esse filho ser meu e também não quero saber, pai é aquele que cria e não
o que faz.”
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário