domingo, 20 de outubro de 2013

Cap. 30


         Capitulo 30

    Vinda de família totalmente requintada, Geovana sempre imaginou Lucas levando sua doce filha para o altar, Luciana vestida de véu e grinalda, a alta sociedade toda ali vendo a sua menina que agora era uma mulher feliz e radiante rumo ao caminho da felicidade, tudo do jeito que ela sempre sonhou. Mas agora tudo aquilo não passava de uma visão em sua mente, uma imaginação. Estava na cozinha da sua casa, em um almoço que tinha tudo para ser perfeito se a sua filha não tivesse dado uma noticia desagradável. Repetiu inúmeras vezes em sua mente em apenas um segundo a frase que Luciana dissera, sua menina estava grávida.

_GRAVIDA?!
_É mãe, sabe como é...
_Mas, como assim?! – Levantou-se
_Mãe, relaxa.
_Luciana como relaxar? Só não me diga que esse bebê é do Fernando... Ele fez isso com você e te deixou?

   Luciana soltou o ar pesadamente, sabia que mais um pouquinho e acabaria discutindo com sua mãe.

_Não mãe, não é do Fernando. Eu e o Victor... Não nos prevenimos.
_E VOCÊ FALA COM UMA NATURALIDADE DESSA? LOGO VOCÊ LUCIANA QUE É MEDICA OBSTETRA! – Olhou para Victor – E você é um irresponsável!

   Luciana se levantou da mesa e espalmou as mãos na mesma.

_O Victor não é o culpado disso tudo, eu também sabia o que estava fazendo. Por isso não me trate como uma criança, isso é normal hoje em dia.
_AHH ENTÃO QUER DIZER QUE PORQUE TODO MUNDO ESTÁ ADERINDO ESTA “MODINHA”, VOCÊ TAMBÉM VAI ADERIR? E SE TODOS FOREM ROUBAR UM BANCO VOCÊ TAMBÉM VAI PORQUE ESTÁ NA MODA, LUCIANA?

    Mais uma vez a filha respirou fundo, não queria falar o que estava preso na garganta mas naquele momento era necessário. Todos já estavam em pé, Victor e Lucas estavam assustados com a situação.

_QUER SABER O QUE ACHO DE VOCÊ MÃE? VOCÊ ESTÁ COM MEDO... ISSO MESMO, ESTÁ COM MEDO PORQUE AGORA TODAS AS SUAS AMIGAS BEATAS VÃO TE JULGAR. VOCÊ FALOU TANTO DAS FILHAS DOS OUTROS E AGORA TÁ PAGANDO A LÍNGUA COMIGO.
_NÃO SEJA MAL EDUCADA LUCIANA, EU SOU SUA MÃE!
_MÃE?! AHH FAÇA-ME RIR, VOCÊ NUNCA FOI MÃE, OU MELHOR, VOCÊS NUNCA FORAM PAIS SUFICIENTES. ACHAM QUE PORQUE ME PAGARAM UMA BOA ESCOLA E UMA ÓTIMA FACULDADE ME SINTO GRATA? NÃO.

Lucas: _Calma Luciana, não é bem assim...
Luciana: _CALA A BOCA PAI!
Geovana: _Eu sempre soube que mais cedo ou mais tarde você iria me decepcionar.
Luciana: _Decepcionar? – Deu um passo mas Victor segurou seu braço. – Me solta Victor! – Voltou a olhar para mãe – Se é pra falar em decepção porque não fala das vezes que você e o papai me abandonaram aqui? Tudo porque passavam 24 horas trabalhando. EU VIVI SOZINHA NESSA CASA, SOMENTE EU, DEUS E OS EMPREGADOS PARA ME AJUDAR SEMPRE QUE EU TINHA ALGUMA DECEPÇÃO NA VIDA! – Sentiu as lágrimas molharem seu rosto mas continuou firme – Cala a sua boca quando for falar que eu te decepcionei.
Lucas: _Luciana, nós só estamos preocupados. Você e o Victor estão se conhecendo ainda e já vem um filho para cuidarem. Não é assim que a vida segue.
Luciana: _Eu não sei o meu futuro e do Victor mas se algo acontecer podem ficar tranquilos que eu vou cuidar dessa crianças como vocês nunca foram capaz de me criar. Tenho um trabalho fixo e ainda tenho a clínica.
Geovana: _E como você vai fazer? Pelo o que eu sei você herdou a sede de trabalho do seu pai, vive para o hospital e suas pacientes, você vai ser pior do que eu.
Luciana: _Eu nunca vou ser pior que você! Serei uma boa mãe.
Geovana: _Tem certeza? Vai criar essa criança sozinha, longe de nós e ainda vai ter que se dedicar ao trabalho. Admita Luciana, essa sua gravidez foi a coisa mais desastrosa que aconteceu na sua vida.

   Luciana fechou os punhos, trincou os dentes. Pela primeira vez queria agredir a mãe. Foi até ela e ficou cara a cara.

_Tenho certeza que é assim que você pensou quando engravidou de mim não é?
_Não, você foi uma bênção para mim e ao contrario de você eu estava muito bem casada e em um momento feliz, momento esse que sempre tive.

  Luciana soltou um riso irônico.

_Família feliz? NUNCA FOMOS UMA FAMÍLIA FELIZ. VOCÊ QUE ARMAVA O CIRCO PARA PARTICIPARMOS. VIVIA NOS LEVANDO PARA AS FESTAS DA ALTA SOCIEDADE, PARA MISSAS AOS DOMINGOS SÓ PARA PAGARMOS DE UM EXEMPLO DE FAMÍLIA A SEGUIR... EU TENHO NOJO DE VOCÊ.
_Luciana não me faça perder a cabeça! Terei que lhe dar um corretivo que nunca dei.
_É MESMO? ENTÃO VEM... – Se aproximou mais da mãe, virou um lado do rosto – Bate, faz uma coisa que você nunca foi capaz de fazer...

   Geovana ficou inerte, não sabia o que fazer, estava trêmula.

_BATE! – Luciana gritou.

    O rosto de Luciana virou e quase ela caia, Geovana deu um tapa na cara da filha. Victor colocou a mão na boca e arregalou os olhos, estava se sentindo mal por estar presenciando tudo. Jenifer, estava se aproximando da cozinha e ao ver a cena derrubou um jarro de flores no chão. Luciana virou o rosto lentamente, as lágrimas estavam correndo pela face.

_Era isso o que eu imaginava que iria acontecer. – Saiu da cozinha e subiu para o quarto.

    Por mais de dez segundos Victor, Geovana e Lucas ficaram em silêncio sem ao menos dizer uma palavra.

Victor: _Dona Geovana eu...
Geovana: _Suba, vá até ela, tenho certeza que precisa de você.

Ele andou em direção a escada, parou e voltou.

_Eu quero que a senhora saiba que eu nunca vou abandonar sua filha.

    Subiu e foi procurar o quarto de Luciana. Fazia muito tempo desde que ele fora àquela casa, tudo estava diferente mas o quarto dela não foi muito difícil de encontrar porque na porta ainda tinha uma boneca pendurada com o nome dela. Bateu e após não obter respostas abriu devagar porta, achou a namorada ali sentada de costas encarando a varanda.

_Lu... – Sentou do lado dela e pode perceber que estava chorando – Não fica assim.

   Puxou-a mais para si, Luciana afundou o rosto no peito dele e chorou, soluçou, ficou assim por longos minutos.

_Eu sabia que isso iria acontecer. – Ainda estava chorando
_Não pensa assim Lu, brigas entre pais e filhos são normais.

   Luciana continuou chorando, de repente parou, sacou seu celular, foi para varanda, fez alguma ligação e voltou mas foi direto até a mala, segurou-a.

_Luciana o que você vai fazer?
_Não fico mais nessa casa nem mais um minuto.
_Para já Luciana! – Segurou-a – Você não pode fazer isso... São seus pais!
_Se você quiser fique, vou voltar para Uberlândia ainda hoje.

    Ela desceu com a mala, depois de muito procurar o quarto dos hospedes ele também desceu com sua mala. Luciana já estava na frente da casa esperando o táxi que tinha chamado. Lucas apareceu.

_Luciana minha filha, entre, deixa para lá o que aconteceu.
_Não dá pai, eu sabia que isso iria acontecer. Sempre que venho aqui a mãe faz essas coisas, pra mim já chega.

   O táxi chegou e Luciana logo adentrou nele, Victor colocou as malas no bagageiro e voltou para onde Lucas estava.

_Lucas, fique tranquilo, não vamos sair da cidade. Vou procurar um hotel para nos hospedarmos, mais tarde ligue pra ela.
_Obrigado Victor, acredite, mediante a tudo o que aconteceu estou muito feliz por saber que você está com a Luciana. Agora vá.

    Entrou no táxi e antes que Luciana dissesse para o motorista ir para a capital Paulista, Victor ordenou que os deixassem no melhor hotel da cidade. Assim que fizeram a ficha na recepção subiram para o quarto, Luciana colocou as duas mãos na cabeça e começou a chorar.

_Lu, não chora... – Abraçou-a
_Ela me odeia Victor... Eu tenho certeza.
_Vem, vamos tomar um banho para você se acalmar.

    Victor entrou no banheiro com Luciana e tirou-lhe a roupa, ela só fazia chorar. Colocou-a dentro do chuveiro e lhe ajudou a tomar banho, foram para o quarto, Victor colocou uma toalha na cabeça dela e massageou para tirar toda a água que restava nele, definitivamente estava cuidando de Luciana como se cuida de uma criança.

_Tudo bem? – Ficou de joelho para encará-la
_Acho que sim, já estou bem melhor... Obrigada Victor.
_Porque agradecer se ainda não terminei? Espera, fique quietinha aí.

    Foi até a mala de Luciana e procurou uma roupa folgada para ela vestir e como todo homem não soube decifrar nada, tampouco achar algo ali. Ela se levantou e foi até ele.

_Deixa que as minhas bagunças eu entendo.

    Agachou-se e pegou um vestido e outras peças, vestiu-as. Victor foi até o banheiro para tirar aquela roupa molhada, após isso deitou do lado dela e ficou fazendo carinho nos cabelos de Luciana vendo-a fechar os olhos e pegar um sono profundo. Levantou-se e foi atender o celular na varanda, Leo estava ligando para ele.

_Oi Leo.
_E aí, como foi?
_Nada bom.
_Ihh o que aconteceu?
_Hum, Dona Geovana não aceitou a gravidez dela, disse-lhe palavras duras. Luciana não admitiu e acabou discutindo com ela.
_Nossa, bem que a Luciana tinha me falado que estava com medo da reação da mãe.
_Pois é e eu tenho certeza que a culpa foi toda minha.
_Como assim?
_Eu pedi pra Luciana vir para cá, queria dar a noticia a eles pessoalmente, não queria que eles me vissem como um cara qualquer.
_Relaxa mano, onde vocês estão?
_Em um hotel da cidade.
_Fica calmo e tudo vai dar certo.
_Assim espero, e por aí?
_Tudo tranquilo, se a Lu tivesse ficado iria ver a Paula, ela chegou hoje no finalzinho da manhã.
_Manda beijos pra ela.
_Ok, Vou desligar, se acalma aí viu.
_Pode deixar.
_Abraços.


  Desligaram e Victor foi para a cama, deitou-se ao lado de Luciana e ficou pensativo.

             Victor POV  (Point of view/Ponto de vista)

 “Toda aquela ideia de terminar com Luciana foi embora exatamente quando Dona Geovana a destratou. Ela estava sozinha no mundo, precisava de mim e da minha família. Não que o Lucas tenha discordado da gravidez mas senti que ele não gostou muito. Na certa eles estavam escolhendo um bom partido para a filha e quem sou eu perto de filhos de médicos, advogados, engenheiros? Não importa, o importante é que ela escolheu a mim, ela me ama, por isso não vou abandoná-la, não agora. Mesmo tendo minhas duvidas sobre esse filho ser meu e também não quero saber, pai é aquele que cria e não o que faz.”

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário