terça-feira, 19 de novembro de 2013

Cap. 40


          Capitulo 40

    Victor sentiu uma dor forte na cabeça e no peito, soltou o cinto de segurança, ligou o pisca alerta e rapidamente desceu do carro, sentiu-se um pouco tonto mas não ligou. Aproximou-se da parte frontal do seu veículo e pode ver que no outro carro atingido não afetou muito, já o dele a lataria estava totalmente acabada. O condutor do outro carro desceu e foi até ele.

_Está tudo bem?
_Acho que sim
– Sacou o celular do bolso – Vou ligar pro seguro, ele vai cobrir tudo.
_Espera, você é o Victor não é?
_Sim.
_Sou Henrique. Fique tranqüilo que vamos resolver isso na calma.
_Obrigado.

   Victor ligou para a companhia de seguro e logo depois para o corretor. Enquanto estava com o celular no ouvido se assustou, Luciana saiu do veículo pálida, estava com um corte na testa e outro no canto do lábio inferior.

_Luciana – Correu até ela
_Victor (Começou a chorar)
_Vem cá moça, sente aqui. – Henrique abriu a porta do passageiro e colocou Luciana sentada.
_Calma Lu – Victor se agachou perto dela. Quanto mais tentava limpar o rosto mais sangue caia.

   Henrique saiu dali e em pouco tempo voltou com uma garrafa de água.

 _Tome moça, está tudo bem?
_Acho que não.
_Victor, melhor encostamos os carros aqui no acostamento, já está começando a congestionar.

   Colocaram os carros no acostamento, Luciana não parava de chorar.

_Luciana, fica calma.
_Victor, me leva pro hospital, tô com medo... Meu bebê.
_Também acho melhor levá-la pro hospital Victor, vamos no meu carro.

   Victor travou seu carro e junto com Henrique levaram Luciana para o hospital, por sorte dela Guilherme – Seu médico obstetra e chefe – Estava de plantão. Colocaram-na em uma sala da enfermaria enquanto isso Victor foi preencher a ficha dela, ao entrar na sala percebeu que estava muito assustada enquanto conversava com Jéssica.

_Meu filho Jéssica e se acontecer alguma coisa?
_Luciana tenta se acalmar, não vai acontecer nada, Guilherme já esta chegando. – Ao perceber Victor na porta da sala se retirou, ele foi atrás dela. – Jéssica.
_Oi Victor?
_O que você acha? Será que o bebê está bem?
_Acho que sim por quê?
_Tô preocupado, ela estava sem o cinto de segurança na hora da colisão.
_Fica tranqüilo Victor, está tudo bem. Agora o que tem que fazer é ir até lá e ficar do lado dela.

  E assim ele fez, entrou na sala e se aproximou dela. Permaneceram em silêncio até Guilherme chegar.

_Luciana, como está? O que aconteceu?
  
  Luciana não parava de chorar, queria falar mas não tinha forças. Victor se pronunciou

_Eu bati meu carro, estávamos voltando da festa e... Aconteceu.
_Ok – Olhou para Luciana – Está sentindo algo Luciana?
_Até agora nada, mas estou com medo de ter acontecido algo com meu bebê.
_Vou mandar te encaminharem para a sala de ultrassom.

     Em alguns minutos já estavam na sala, enquanto Guilherme passava gel pela barriga de Luciana o silêncio predominava naquele local.

    Guilherme analisou calmamente, Luciana já estava ficando aflita, sabia que aquele silencio na ultrassom não era nada bom, começou a chorar mas foi parando porque aos poucos um barulho insistentemente começou a ecoar naquela sala, os batimentos cardíacos do bebê ficavam cada vez mais alto conforme Guilherme mexia.

_Bom Luciana, então isso soa como uma noticia boa né? Você mais do que ninguém sabe que está tudo bem com ele.
_Eu sei – começou a chorar de alegria – Obrigada Gui.

    Victor sentiu uma emoção muito forte, limpou o canto do olho para as lagrimas não caírem.

_Bom agora você vai para a sala de sutura, esse corte tá feio. Se vista enquanto isso vou fazer a prescrição do medicamento.

  Victor a ajudou a se trocar e foram para sala de Guilherme.

_Bom Lu é tudo aquilo o que você pede para as pacientes, repouso. Vou te passar um atestado de uma semana, está bom assim?
_Tudo bem.
_Ótimo. Agora você precisa fazer uns exames e ficar essa noite aqui sob observação
_Eu vou pra casa Gui. Tô me sentindo bem, o bebê está bem.
_Você quem sabe. Antes passe na enfermaria e assine na recepção sua saída.

    Luciana foi para a enfermaria, Jéssica fez os curativos e foram para casa de táxi, não dirigiu a palavra a Victor nenhuma vez, foi para o quarto tomar um banho.

_Eu te ajudo. – Victor ajudou-a
_Não precisa, sei me virar muito bem sozinha – Falou ríspida.
_Você não pode ficar sozinha, está sob observação.
_Se você quer me ajudar então fique aí calado.

    Tomou um banho rápido e foi para a cama, sentiu que fora arrogante com ele mesmo sabendo que o que ele queria era só ajudá-la. Tentou fazer as pazes enquanto ele estava sentado na beira da cama.

_E agora Vih, o seu carro.
_Bens materiais não é nada Luciana, estou preocupado com você.
_Liga pro reboque, seu carro ficou lá no acostamento.
_Vou fazer isso mas não agora.
_Vá com meu carro, veja se está tudo bem.
_Não vou te deixar sozinha.
_Pode ir Vih, estou bem, qualquer coisa te ligo.

    Olhou para Luciana e percebeu que ela estava bem ou aparentava estar, aquele curativo em sua testa deixou Victor se sentindo culpado. Levantou-se e foi até ela, beijou-lhe a testa.

_Promete que qualquer coisa me liga?
_Prometo. Quando chegar se eu estiver dormindo me acorda tá?
_Ok.

    Foi com o carro de Luciana até a rua onde estava o seu carro estacionado. A chuva começou a ficar forte e que o fez reduzir um pouco a velocidade, ainda tremia e a cabeça estava latejando. Desceu do carro e mais uma vez olhou o seu veículo ali, parado, lembrou da discussão que tivera com Luciana.

    Enquanto ele esperava o reboque alguns carros estavam saindo do local da festa, o show teria terminado, assim ele deduziu. Alguns amigos ao perceber que era o seu carro desceram preocupados mas nada mais podia fazer, o reboque chegou e levou o carro dele, já era madrugada quando chegou em casa, o silêncio predominava ali e tudo o que queria era ver se Luciana estava bem. Entrou no quarto e lá estava ela, dormindo, agarrada ao lençol, se aproximou dela e cobriu o ombro que estava descoberto. Tomou um banho para relaxar e tentar esquecer os últimos fatos e depois deitou do lado dela, afagou as longas madeixas dela, que se remexeu na cama.

_Vih? – Perguntou no escuro do quarto
_Oi Lu, já cheguei.
_Como foi? – Se virou, mesmo no escuro o encarou
_Está tudo bem, nem amassou tanto. Segunda antes de ir viajar eu resolvo isso.
_Está tudo bem com você?
_Só estou com dor de cabeça, mas vai passar.

   Em silêncio Luciana saiu da cama e foi até sua bolsa, sempre comprava remédios para dor de cabeça para Victor. Desceu até a cozinha pegou um copo com água para ele, ligou o abajur.

_Toma, se não melhorar vamos a emergência.
_Vou ficar bem Lu.
_Teimoso como sempre.

   Bebericou um pouco a água para só depois tomá-la com o comprimido. Sentiu uma dor no ombro esquerdo, passou a mão no local.

_O que foi Vih?
_Nada, só está doendo. Acho que na hora da batida dei um jeito.
_Se vira.

   Ele ficou de costas e Luciana sentou atrás fez uma massagem no ombro dele que o fez quase dormir ali mesmo.

_Está melhor?
_Agora sim.

   Desligaram o abajur e dormiram abraçados.

    Luciana abriu os olhos e pelo celular pode ver que passava das dez horas, olhou em todo o quarto e não achou Victor mas não demorou muito para ele aparecer no quarto com uma bandeja de café da manhã.

_Bom dia, está melhor? – Beijou-lhe o topo da cabeça.
_Acho que sim. – Sentou-se na cama.
_Quer que a bandeja fique aqui ou na mesinha?
_Coloca lá.

    Enquanto Victor colocava suco no copo Luciana foi ao banheiro, fez sua higiene arrumou os cabelos e voltou. Tomaram café em silêncio, algo os perturbava, a discussão não fora em vão e não tinham terminado.

_Luciana, precisamos conversar.
_Ainda sobre a Sarah? Precisamos mesmo.
_Só quero te pedir pra não acreditar em nada do que falam de mim.
_Como não acreditar se você sempre dá motivos Victor?
_Quero saber quais são os motivos que dou.
_Me conte, porque teve aquela vontade repentina de me chamar para ver o show se um dia antes combinamos que eu não iria?
_Luciana, existem coisas que não consigo explicar. Eu não estava preparado para te apresentar em publico, mas ontem de manhã decidi fazer isso. Será que da pra você acreditar em mim alguma vez?

  Luciana baixou a cabeça e sentiu algumas lagrimas caindo.

_Só queria que você me contasse a verdade algum dia Victor.

_E eu só queria que você parasse com essas crises de ciúmes, mas já vi que vai ser impossível.


       Victor POV ( Point of view / Ponto de vista)

    “Saí da mesa para não discutir com Luciana, ela estava em um estado um pouco grave, não queria que por minha causa perdesse o bebê mas sei que ontem ela ultrapassou dos limites ao desconfiar de mim. Não poderia falar a verdade para ela, como reagiria se eu lhe falasse do beijo que Sarah me deu semana passada? E de que ficamos a sós no camarim?

    Procurei passar o dia inteiro do domingo tocando violão, compondo musica e mais uma vez lendo e relendo o poema que fizera para ela, claro que se transformaria em uma musica linda mas não poderia mostrar a ela agora, seria surpresa para alguma ocasião especial.

    O almoço foi um dos piores da minha vida, Luciana não puxava assunto tampouco eu, mas aquilo estava me remoendo por dentro, vê-la assim tão perto e ao mesmo tempo tão distante de mim sem ver os sorrisos, as risadas perfeita e os seus lábios em contato com os meus, era muito ruim, precisaria fazer as pazes com ela ou então esse nosso dia de folga seria pior do que estava. Tentei me aproximar dela pela tarde mas Carol chegou e trouxe consigo seu filho até me animei e o chamei para ficar perto de mim, apresentei a ele meus violões, o moleque era esperto. Depois brincamos na grama, ele trouxe seu cachorro e logo tive em mente que quando meu filho ou filha nascesse eu iria comprar ou adotar um, me vi em uma situação paterna e pude perceber o quão prazeroso era isso. Carol e Junior ficaram lá até depois do jantar e pelo menos o clima ficou um pouco agradável, mas foi na partida deles que eu e Luciana nos olhamos e cada um seguiu seu caminho, eu para minha sala dos meus violões e ela mais uma vez se trancou no quarto, aquilo estava me deixando aflito.

    Criei coragem e subi para o quarto, tomei um banho para relaxar e me deitei do seu lado, apenas ficamos encarando a TV e cada um com seu pensamento, não esboçamos nada, riso nem lagrima. Criei coragem e acariciei sua mão.

_Tudo bem?
_Aham – Ela estava tímida
_Lu, não quero brigar, não depois de ontem. Fiquei com medo de você perder nosso filho.
_Também não quero Victor. Vamos esquecer isso.

Ficamos em silêncio – Mais uma vez – por longos minutos.

_Gostei de tomar conta do Junior.
_É, ele é um menino de ouro. Nem parece ter quatro anos.
_Lu, não deixa esse clima ruim tomar conta desse ambiente. Se te amo pra que ficarmos assim?

    Tomei-lhe os lábios e na minha empolgação não percebi que o canto da boca dela estava cortado, ela se afastou um pouco.

_Desculpe meu amor.

    Fui com mais calma e desci meus lábios para seu pescoço, que cheiro bom que ela tinha. Senti que Luciana puxou meu cabelo próximo a nuca me empurrando mais para si, estava querendo tanto quanto eu. Fiquei por cima dela e minhas mãos se ocuparam em sua calcinha, porém, ela me empurrou.

_Victor, não podemos – Estava procurando fôlego
_Por quê?
_Eu tive um susto ontem, o acidente. Nesses casos é melhor não ter relação por alguns dias, estou em observação.

   Aquilo me soou como um balde de água gelada, saí de cima dela e também fiquei procurando ar. Não estava conseguindo me concentrar em nada, só na minha transa que não aconteceria naquela noite, precisava lembrar de algum assunto para esfriar e todo o sangue concentrado em um certo lugar se dissipar.

_Estive pensando. – Puxei assunto – Se for menino, o nosso filho, vamos colocar Victor.
_Não Victor, fica estranho. Quando eu te chamar pela casa, os dois vão responder.
_Então Valentim.

Luciana soltou uma gargalhada gostosa.

_Esquece isso, depois conversamos.
_E se for menina, será Valentina.
_Que mania essa sua de querer que nosso filho comece com a letra do seu nome. Credo. – Sorriu
_Ok, então vamos falar de outra coisa. Temos que começar a pensar no quarto do bebê.
_Vou combinar um dia com a Tati para ela me ajudar. Vih, to com sono.

   Luciana se virou e ficou de lado bem próxima a mim, com os olhos fechados espalmou a mão sobre meu peitoral e toda a minha animação voltou, olhei para seus seios que conforme ela respirava eles apareciam e desapareciam no decote da camisola. Não sei o que ela tinha que mexia com todos os meus sentidos e minha sanidade mental ia embora rápido.

    Saí da cama e fui para o banheiro, molhei minha nuca na pia e ao olhar para baixo minha intimidade não havia se acalmado e eu não poderia voltar para cama assim já que ela não poderia fazer nada e não estava disposta a me ajudar. Me despi e tomei outro banho, não tive como me conter e ali mesmo me aliviei, me senti envergonhado por isso mas foi o único jeito. Voltei pra cama e ela dormia tranquilamente, me deitei e abracei-a, assim caí no sono profundo.”

Continua... 

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