Capitulo 45
Ainda com os
olhos fechados Luciana ouviu alguém empurrar as cortinas do quarto e o sol
invadir o cômodo, ao sentir-se totalmente pronta para encarar o mundo, abriu os
olhos, Geovana já estava próxima a cama.
_Bom dia
Luciana, como está?
_Vou sobreviver
– Sentou-se na cama
_Quer
conversar? – Tocou-lhe a mão
_Não mãe, eu
quero ficar só.
Luciana passou
aquele dia inteiro trancada em seu quarto, Lucas entrava, puxava assunto mas
ela nada falava, ainda não estava com forças para desabafar com alguém exceto
uma pessoa poderia ouvi-la mas não iria ligar para ela naquele momento.
Permaneceu assim, deitada na cama sempre chorando, conseguiu adormecer, pela
manhã desceu para a cozinha e Jenifer assim que a avistou correu até ela.
_Luu – Abraçou-a – Tudo bem?
_Mais ou menos.
_Onde está o
Victor? – Olhou por trás do
ombro de Luciana
_Ele não veio.
_Ahh mas
porque?
_Ele tinha
viagem hoje.
Luciana tomou
seu desjejum calada, o que estava fazendo desde que chegara na casa da mãe. Após
isso, ligou para Carol pelo telefone residencial, contou o que acontecera,
depois foi caminhando pelo jardim, decidiu sentar na beira da piscina e por os
pés dentro, sentindo aquela água gelada até aliviou, sentiu alguém se
aproximar.
_Bom dia
Ao erguer a
cabeça percebeu que era sua mãe.
_Pensei que você
tinha ido trabalhar.
_E eu iria... – Sentou do lado dela – Mas sei que uma paciente em especial
precisa de meus cuidados.
Ficaram em silêncio
apreciando a paisagem, Geovana quebrou-o.
_Sabe? Você estava
certa, não consigo ser mãe, no momento que você mais precisou e precisa não sei
o que falar. – Baixou a cabeça
_Você pode não
ser mãe mas se eu tivesse escutado seus conselhos naquele dia tudo seria
diferente. – Baixou a cabeça e
pode ver as lagrimas caindo
_Como eu queria
ter errado nas minhas previsões Luciana, queria tanto estar errada e você e o
Victor estarem juntos agora. Me diga, o que aconteceu?
_Mãe, eu não
queria falar agora, não hoje. Eu e o Victor brigamos, ele falou palavras que me
magoaram e eu fiz ações que o magoou mais ainda.
_Você o traiu?
_Não... É
complicado, olha, esquece isso e me deixa sozinha.
_Engraçado como
eu consigo ser psicóloga de outros mas pra minha filha não sou.
_Só quero ficar
só mãe. Posso?
_Sinta-se a
vontade.
Geovana saiu de
perto dela e Luciana aproveitou para chorar, sempre que lembrava da discussão
seu peito oprimia e ela se sentia culpada, ainda estava com muita raiva de
Victor, não sabia quando iria ter coragem de ficar cara a cara, o melhor seria
evitar. Saiu da piscina e foi à cozinha para tomar água, ao se aproximar pode
ouvir que as empregadas da casa falavam sobre ela e a briga com Victor.
Jenifer: _Eu as ouvi conversando, parece que ela
e o Victor brigaram
Padma: _E qual o problema? Isso não te interessa
Jenifer, assunto de patrão é deles.
Jenifer: _Mas eu sou fã do Victor, eu li hoje a matéria
no site. Dizem que a discussão dos dois foi feia, tudo porque ela jogou uma
garrafa de whisky na cara da Helen. Sei que as fãs da Helen estão xingando a
beça a Lucy.
Joyce: _Acho melhor você se calar, daqui a
pouco a patroa ou ela entram por essa porta e pegam você falando essas asneiras
aí.
Jenifer: _Não tô nem aí, sou fã dele mesmo. Se a
Lucy não quer, nós queremos aquele partidão
As três
sorriram e Luciana resolveu entrar na cozinha, pegou um copo com água e voltou
para seu quarto, lembrou da tal da Katherine que Helen tinha comentado, quem
seria ela? Já que não estava mais reconhecendo Victor, imaginou que ele
estivesse agora nos braços dela.
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Victor entrou
no quarto, mais uma vez procurou vestígios de Luciana e nada. Saiu dali e ao
passar por frente do quarto de bebê seu coração doeu, como seria se acaso eles
se separassem? Entrou no quarto e olhou para um dos ursinhos que ganhara de uma
fã, desde que souberam da gestação de Luciana elas sempre enchiam de mimos com
sapatinhos, ursinhos. Segurou-o e ao pressionar em seu nariz sentiu o cheiro de
Luciana, aquele perfume, que só ela tinha. Saiu dali e na aflição entrou no
carro, iria achar aquela mulher de qualquer maneira, parou em frente a clinica
e Raquel não estava, foi até a sala de Carol, a recepcionista a chamou.
_Victor? O que
está fazendo aqui?
_Onde ela está?
_Onde ela está?
_Ela? Ela quem?
_Não se faça de boba, eu sei que ela já te ligou e deve ter contado a versão dela, só preciso saber se está tudo bem.
_Não se faça de boba, eu sei que ela já te ligou e deve ter contado a versão dela, só preciso saber se está tudo bem.
Carol respirou
fundo, detestava se meter nessas confusões.
_Olha Victor,
ela está bem. Não, ela não está aqui em Uberlândia mas precisa descansar, foi
muita coisa que aconteceu com ela nesse fim de semana. Dê tempo ao tempo. – Tentou voltar para a sala mas Victor
segurou-lhe o braço.
_Por favor
Carol, só preciso saber onde ela está.
_Ela me pediu
para não te falar, acho que já previa sua vinda aqui. Tenha um bom dia Victor.
Carol entrou na sala e Victor ficou pensativo,
entrou no carro e já estava aflito quando Leo ligou para ele, tinham que viajar
naquela tarde e para ele compromisso era compromisso.
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Aqueles dois
dias longe de Uberlândia foram os mais agonizantes para Victor, na frente das câmeras
e nos shows procurava ser o Victor que todos conheciam, o profissional, mas
quando entrava no quarto do hotel sacava o celular e tentava ligar para
Luciana, em vão, sempre estava desligado. Já não estava dormindo de tamanha
preocupação.
No fim da tarde
Luciana decidiu que iria viver sua vida, não iria pará-la por causa de Victor,
fez sua mala para voltar a sua rotina, suas pacientes não tinham culpa de seu
casamento ter ido mal a ponto de acabar. Geovana entrou no quarto e ao ver a
mala tomou um susto.
_O que você vai
fazer Luciana?
_Estou indo embora amanhã.
_Estou indo embora amanhã.
_Você vai pra lá
para fechar tudo e voltar pra cá né?
_Não mãe, vou voltar. O Victor nem ninguém merecem que eu deixe de viver a minha vida.
_Não mãe, vou voltar. O Victor nem ninguém merecem que eu deixe de viver a minha vida.
_Luciana, pense
comigo. Venha pra cá, seu pai arranja um espaço pra você no hospital, te
ajudamos a montar seu consultório, não vai pra lá.
_Estou decidida
a morar lá mãe.
Geovana
irritou-se, soltou o ar impacientemente.
_Você não vai
voltar porque tem que trabalhar mas sim porque acha que ele vai voltar para
seus braços.
_Não é por isso mãe. Daquele ali quero distancia.
_Não é por isso mãe. Daquele ali quero distancia.
_Se quisesse não
iria morar lá. Faz o que você quiser da sua vida, depois não diz que eu não avisei. – Retirou-se do quarto
Luciana estava
decidida e assim fez, no começo da manhã seguinte com os raios de sol começando
a aparecer tomou um táxi e foi para o aeroporto. Chegando em Uberlândia sentiu
uma vontade de chorar, não tinha Victor esperando-a e a sua vida agora seria
diferente. Ao chegar na casa não conseguiu segurar o choro, mas com a cabeça
erguida entrou no quarto e pegou todos os seus pertences, entre uma das vezes
que colocava suas coisas no carro Lourdes apareceu.
_Menina, como
você está? – Abraçou-a
_Acho que bem.
_Tenho certeza
que não.
Luciana baixou
a cabeça e chorou mais uma vez, estava com raiva porque ainda o amava mesmo
depois de todas as palavras que ele dissera. Conversou um pouco com Lourdes e
subiu mais uma vez, ao passar pelo quarto que iria ser da sua filha entrou e não
pode deixar de olhar para o porta retrato na cabeceira perto do berço, na foto,
Victor abraçando-a por trás e os dois com as mãos na barriga dela. Segurou o
porta retrato e foi caindo no chão aos prantos, ficou de joelho e foi preciso
Lourdes ampará-la para ela se recompor e seguir adiante. Não deixou bilhete,
nem recados. Queria esquecê-lo, mas não conseguia, saiu daquela casa e antes de
ir embora deixou a chave reserva e o controle do portão da garagem com a
empregada, sua historia com Victor teve começo, meio e fim.
Pela manhã, no
intervalo de uma entrevista para uma radio, Victor ligou para Lourdes achando
que não teria respostas nenhuma de Luciana.
_Lourdes, a Lu,
ela já foi aí?
_Sim Victor... Ela voltou
_Sim Victor... Ela voltou
Sentiu seu
coração bater descompassado e um sorriso tomou conta de si.
_Então onde ela
está agora?
_Ela foi para o apartamento dela.
_Ela foi para o apartamento dela.
_Fazer?
_Dói mais em
mim que em você te falar isso Victor mas... Ela foi embora daqui. Digo, ela fez
as malas e saiu daqui.
Sem conseguir
controlar, lagrimas tomaram conta do rosto dele, Luciana estava decidida a
acabar com a historia que viveram e estavam construindo. Aquele dia foi um dos
piores, fez o show bastante sério, e contava as horas para já estar em Uberlândia,
de preferência indo ao encontro de Luciana. Voltaram para casa e chegaram às
cinco da manhã, ele não perdeu tempo foi para o apartamento dela, precisava
falar com ela, fazer as pazes, ao se aproximar da garagem, buzinou diversas
vezes e não abriram, decidiu ir até o portão do edifício, viu o porteiro.
_Boa madrugada
Murilo
_Olá seu Victor
_Eu buzinei e
você não abriu o portão da garagem. Poderia abrir aqui?
_Desculpe
senhor Victor mas é que eu recebi ordens para não deixar o senhor entrar. Sabe
como é né? Eles (Apontou para os apartamentos) pagam meu salário e eu só tenho
que obedecer as ordens.
Victor sentiu como uma faca atravessando sua
alma. Luciana estava decidida a acabar e tinha declarado guerra sem que ele
percebesse.
Continua...
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