quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Cap. 59


        Capitulo 59

    Luciana travou, não sabia o que falar ou começar um assunto no celular, mas precisava pensar em algo urgente ou Victor desligaria.

_Vic... Victor, é.. Oi, tudo bem?
_Tudo sim
– O ouviu se mexer na cama e pode imaginar ele sentando. – Aconteceu alguma coisa com a Gabi?
_Nã-não, está tudo bem com ela... Obrigada por hoje.
_Ah não tem de que Luciana, e você, como está?
_Bem.
– Mais uma vez o silêncio predominou. – Victor, eu estive pensando, hoje você veio por aqui e nem viu direito a Gabi. Quer vir vê-la?
_Agora? (Se assustou)
_Sim.
_Pode ser, se não for muito incomodo pra você.
_Não é. Venha que eu te espero.

    Ao desligar Victor ficou em pé no meio do quarto sem entender nada do que se passava dentro de si. Estava com medo de seguir adiante mas algo o impulsionava a trocar de roupa e ir até lá ver sua filha e também conversar com Luciana, se é que teria a capacidade de encará-la e conversar como duas pessoas civilizadas. Trocou de roupa, pegou seus pertences e foi até o apartamento dela, ao parar o carro o porteiro recebeu ele com um sorriso estampado.

_Olá senhor Victor.
_Oi Murilo, a Luciana...
_Pode deixar, ela já me avisou.

    Subiu tenso, não sabia o que falar ou como agir em uma situação como aquela. Ao chegar diante da porta parou alguns segundos, antes de apertar a campainha Luciana abriu a porta. Ela estava nervosa também, ele pode sentir pela respiração ofegante e a mão trêmula, usava um roupão de seda mas ele pode ver as rendas da camisola e involuntariamente veio em sua mente as noites em que chegava de viagem e ela estava assim, o esperando.

_Oi – Cedeu um pouco para ele entrar.
_Tudo bem? – Entrou e ficou perto do sofá.
_Sim. Me desculpe ter te acordado. Mas é que eu precisava fazer isso ou enlouqueceria.
_Acho que não vou poder ver a Gabi, ela deve estar dormindo a essa hora – Olhou para o relógio em seu pulso.
_Daqui a pouco ela acorda para mamar. Senta.

   Sentaram no sofá e apenas ficaram se encarando. Victor quebrou o silêncio.

_E agora, está se sentindo livre? Aquela mãe da sua paciente é uma louca.
_Nem me fale. Acho que foi preciso um susto desses para dar valor a vida. Pensei que seria presa e não pudesse ver minha filha nunca mais. – Seus olhos marejaram.
_De maneira alguma eu não iria deixar isso acontecer Lu, faria o impossível.
_Obrigada.

   Luciana ligou a TV para ambos se distraírem em momentos que o silêncio se tornava algo incomodante. Ao sentir o perfume dele, sentiu vontade de abraçá-lo, beijá-lo, dizer que estava com saudades, mas o que saiu na sua voz foi algo que até ela não entendeu o porquê.

_Me desculpa Victor. Passamos tanto tempo afastados e eu... Fui tão rude com você no aniversario do Antonio.
_Se tem alguém que tem que pedir desculpas sou eu Luciana, te julguei e me senti mal por isso.

  Voltaram a atenção a televisão, toda essa distancia estava deixando-a louca.

_Você não viu o quarto da Gabi como ficou. Quer ver?
_Por favor.

    Luciana foi andando na frente, ao vê-la assim de costas sentiu uma vontade imensa de agarrá-la e beijar a nuca dela. Ao entrar no quarto ele estava do mesmo jeito como da ultima vez que entrou mas para não puxar mais assuntos e lembrar daquele tão sofrido dia para ela, fingiu estar vendo aquilo tudo pela primeira vez. Os sapatinhos que dera estavam ali, em uma das prateleiras de roupinhas no guarda roupa. Nada o chamava atenção até ele se aproximar do berço, sua filha estava em um sono profundo e perfeito, sentiu os olhos marejarem de tamanha emoção.

_Como ela é linda... Eu não sei nem o que falar.
_Sou suspeita em falar, mas de todas a minha filha é a mais linda... A nossa filha.
_Nossa filha que foi gerada com muito amor. – Encarou-a.

   Gabriela começou a fazer caras e bocas e logo chorou, Luciana pegou-a do berço e sentou em uma cadeira ali, deu de mamar com muito carinho, alisava os poucos cabelinhos presentes na cabeça. Victor olhava tudo atentamente, não tinha duvida ao falar para seu interior que elas eram as mulheres da sua vida.

_Prontinho, toma – A entregou para Victor – Segura.
_Eu? Não Lu, sou desastrado e não sei segurar em bebês.

  Luciana sorriu e continuou insistindo com a filha pendurada em seus braços.

_Você não sabe segurar os outros bebês mas essa é a sua filha. Segura ela.
_Eu não levo jeito.
_Faz o seguinte, vem pra sala.

   Foram para a sala, Luciana fez Victor sentar e colocou Gabriela nos braços dele. No começo Victor ficou com receio, parecia que estava segurando algo quebrável e fazia expressões assustada no rosto arrancando risos de Luciana.

_Fica com ela um pouco, vou tomar água.
_Não Lu, espera, e se ela chorar?
_Não vai Victor, fica calmo, a cozinha é bem aqui.

   Tomou água e ao voltar pode perceber que ele já estava a vontade, conversando com a filha, oras cantarolando algo que Luciana não entendia. Gabriela acabou dormindo nos braços dele.

_Quer colocar ela no berço?
_Não! Leva você Luciana.

   Luciana segurou a filha nos braços e no caminho Gabriela acordou mais uma vez, conseguiu adormecer nos braços da mãe depois de um tempinho. Ao voltar para a sala ela viu Victor deitado no sofá, a TV ligada, porém, ele estava dormindo.

_Vih – Tocou no braço dele
_Hum...
_Vai pra cama dormir.

   Victor abriu os olhos e por um milésimo de segundo imaginou que fosse um sonho mais que perfeito. Sentou no sofá e aos poucos foi acordando.

_Tenho que ir pra casa. Já passam das duas – Olhou mais uma vez o relógio.
_Não tem por que ir embora essa hora. Durma aqui.
_O que?! – Sabia que não responderia por si se dormisse na mesma cama que ela
_Seu bobo, dorme aqui.
_Mas o quarto que era meu a Gabi...
_Durma na minha cama, eu fico no quarto da Gabi, lá tem uma cama.
_Mas Luciana não vai ser incomodo?
_De maneira alguma.

    Antes de Victor deitar em sua cama, Luciana recolheu o travesseiro, deixou-o a vontade e foi para o quarto de Gabriela. Em um momento que fora a cozinha, ela parou na porta e sentiu uma vontade imensa de entrar e dormir ao lado dele, porém, se controlou, gostaria de voltar a amizade com ele e isso só o assustaria, afinal não sabia se ele queria o mesmo que ela. Para Victor aquela noite fora estranha, deitar na cama de Luciana era sentir o cheiro dela estampado nos lençóis, até o cheiro cítrico do shampoo que ela usava estava naquele travesseiro, não iria tomar nenhuma iniciativa, se ela não quisesse isso poderia fazer com que se afastasse dele.

   Ao acordar bem cedinho Luciana deu a mamada a Gabriela e voltou a dormir, estava exausta do dia anterior. Foi acordada com conversas alterada vindo do seu quarto, deu um pulo da cama e correu até lá.

_Mas o que está acontecendo?

   A cena que vira fez rir interiormente, poderia ser cômico se Joyce não estivesse mais branca que a parede daquele cômodo. Victor estava de cueca boxer preta, apenas vestindo isso e bastante sem jeito.

Victor: _Eu... Ela não sabia que... – Não sabia nem o que falar.
Joyce: _Eu pensei que a senhora quem estava dormindo aqui no quarto e entrei, ele saiu do banheiro assim... – Colocou as duas mãos nos olhos.
Luciana: _Calma Joy, esqueci de te avisar que o Victor teve que dormir aqui.
Joyce: _Mas antes de eu me deitar a senhora estava sozinha, sem ninguém.
Victor: _Eu cheguei de madrugada. Desculpa tá?
Joyce: _Eu vou sair, com licença.

   Assim que a empregada saiu Luciana deu uma gargalhada gostosa, há tempos que Victor tinha presenciado essa Luciana risonha, cheia de vida.

_Pelo menos alguém viu o Victor Chaves só de cueca. (Ironizou)
_E você fica rindo né Luciana? Não foi você quem ficou constrangido.
_(Risos alto) Relaxa, nem me olha assim porque já te vi do jeitinho que veio ao mundo.

   Ao olhar para ela por completo pode ver a camisola que o roupão cobrira naquela madrugada. As rendas estampadas nela davam certa sensualidade. Luciana olhou para si e baixou a cabeça timidamente, encarando o chão pode ver os pés dele se aproximando, seu coração bateu forte, ao erguer o rosto pode sentir a respiração ofegante dele. Sim, queria um beijo dele com muito fervor e paixão, estava já suplicando, humilhando com um olhar por isso. O celular dele tocou, atendeu e ao desligar foi logo pegando a calça e vestindo.

_Tenho que ir, Leo me ligou.
_Ah sei. – Aquilo a deixou triste. – Toma café comigo?
_Acho que não vai dar Lu, fica pra uma próxima.


   Terminou de se trocar, passou no quarto de Gabriela e depositou um beijo na testa dela, foi embora com um “até breve” que dera a Luciana. Ao fechar a porta ela se sentiu só, deveria estar feliz pois fizera as pazes com ele, tinha a amizade mas o amor de Victor... Era algo impossível.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário