sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Cap. 46


         Capitulo 46

   “Eu nunca fui tão humilhado em toda minha vida!”

  Victor sibilou enquanto tirava a roupa e colocava uma mais confortável, não sentiu sono nenhum. Agora no seu coração sentia raiva e seu desejo de vê-la cara a cara só aumentava, não para pedir perdão mas para dizer poucas e boas a ela. Desceu para a sala e ficou observando o dia clarear pela janela. Assim que abriu a porta, Lourdes tomou um susto ao vê-lo ali.

_Vixe Maria Seu Victor! – Colocou a mão no coração.
_Desculpe Lourdes, não era minha intenção te assustar.

   Lourdes percebeu que esses dias sem Luciana por perto Victor estava aparentemente mal, magro, com olheiras.

_Vou preparar um café para você.

    Foi para a cozinha e enquanto a água fervia olhava para ele sentado no sofá, na mesma posição desde que ela chegara. Pôs a mesa para ele e o chamou, assim que ele sentou, ela sentou junto, Victor fez toda a refeição calado, nos seus olhos tinha certa fúria, ela percebeu. Ele levantou-se, pegou o telefone residencial.

_Lourdes quero que faça um favor pra mim.
_Pois não senhora Victor.
_Ligue para o hospital, pergunte se Luciana está de plantão hoje.
_Ma-mas porque isso?
_Não me pergunte, apenas faça.

   Ela ligou e lá informaram que Luciana estava de folga e só no outro dia estaria no plantão, avisou a Victor.

_Ok, agora ligue para a clinica, pergunte se ela vai atender hoje.

   Sem se identificar, Lourdes ligou e Raquel afirmou que Luciana ficaria por lá o dia todo.

_E aí Lourdes, o que ela falou?
_Disse que a Luciana está hoje lá na clinica.
_Eu sabia – Saiu da cozinha mas não chegou na sala, Lourdes foi até ele.
_Victor, porque não espera, a Raquel falou que ela ficará o dia inteiro por lá. Espere, se acalme.
_Já esperei tempo de mais.


    Victor subiu para o quarto já sentindo seu coração bater descompassado. Iria dizer poucas e boas a Luciana, ela estava precisando. Vestiu-se e desceu numa euforia só, entrou no carro e pode ver que suas mãos estavam trêmulas, seguiu adiante e em pouco tempo já estava de frente pra Lucadan.

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     O primeiro dia para Luciana naquele apartamento foi um dos piores. Fez uma faxina de leve pois tinha passado muito tempo sem ir por lá desde que fora morar com Victor. Ocupou todo o seu dia assim, a noite só fez deitar na cama e cair no sono profundo, às cinco da manhã ouviu uma conversa na portaria já que morava no segundo andar tinha facilidade de escutar, por um minuto acho que era Victor mas com o sono que estava logo virou-se e voltou a dormir. Naquela manhã acordou indisposta, mas foi trabalhar. Estava na sua terceira paciente quando ouviu uma gritaria na recepção, sentiu seu coração bater mais forte assim que ouviu aquela voz inconfundível... Victor abriu a porta e os olhares se cruzaram. Na verdade queria ir correndo abraçá-lo e beijar aqueles lábios mas ele não estava ali para ter momento romântico.

Raquel: _Doutora, eu tentei impedir mas ele...
Luciana: _Ok, Raquel.

Com passos firmes Victor se aproximou dela.

_PRECISAVA TER ME BARRADO NA PORTARIA?

   Luciana se assustou, nunca presenciou uma cena como essa, Victor gritando na frente de todos.

_E QUEM MANDOU VOCÊ VIR AQUI NO MEU LOCAL DE TRABALHO? SAIA DAQUI – foi até a porta e iria abrir se ele não tivesse gritado novamente.
_NÃO SAIO, PRECISAMOS CONVERSAR. SE FOR PARA DAR UM PONTO FINAL QUE SEJA AGORA!

  Ao virar-se Luciana percebeu que sua paciente estava ali assustada.

_Victor, acho bom você sair daqui. RESPEITE MINHAS PACIENTES. OLHA O QUE VOCÊ FEZ, A MARA ESTÁ NERVOSA E ISSO NÃO É BOM.

    Victor se sentiu o pior dos piores. Ao ver Luciana indo até sua paciente toda aquela raiva que sentia passou, mas ele não queria transparecer.

_Quando ela sair – Apontou para a paciente de Luciana – Eu volto, estou aqui na recepção.

  Saiu da sala e Luciana sentou na cadeira mais próxima ou iria acabar desmaiando.

_Doutora está bem?
_Acho que sim...
– Começou a chorar.
_Se quiser eu venho a tarde
_Não Mara, vamos continuar onde paramos. – Procurou a ficha da paciente. – É... Onde paramos mesmo?
_Na minha dieta.

    Luciana terminou de atender Mara, estava nervosa só de pensar que Victor estaria ali na recepção e que quando entrasse por aquela porta mais uma vez iria rolar discussão. Só naquela hora pode perceber que ainda usava a aliança que ele lhe dera. A paciente saiu e ela o esperou ansiosa, não demorou muito para ele abrir a porta e entrar como um furacão, ela fechou a porta com toda a força que tinha, ele se virou assustado para encará-la.

_VOCÊ VIU O QUE FEZ? – Se aproximou mais ainda dele – QUE BARRACO TODO FOI AQUELE NO MOMENTO EM QUE EU ESTAVA ATENDENDO MINHA PACIENTE? FICOU LOUCO?
_Agora você está sentindo na pele tudo o que eu passei no sábado.
_VAI QUERER PASSAR NA MINHA CARA AGORA? SE FOR POR CAUSA DISSO JÁ PODE IR, CONSEGUIU O QUE QUERIA. SORTE SUA QUE A MARA É TRANQUILA.
_Não me interessa como ela é. Só quero saber o porquê disso tudo? Porque impediu que eu entrasse no seu apartamento?

  Luciana ficou alguns segundos fitando-o.

_Porque nós não temos mais nada. Pra que vou querer você no meu apartamento?
_Nunca imaginei que você fosse assim Luciana, mesquinha e infantil.
_Olha Victor, se é por causa disso acho que já pode sair da minha sala.
_Não é só por isso. Porque saiu de lá de casa?
_E você queria o que? Terminamos Victor, o que diabos eu iria ficar fazendo na sua casa? – Rebateu
_Sabe... Acho que você não é a Luciana que conheci.
_A Luciana que você conhecia era a boba que aceitava seus perdões. Agora sou outra.
_E como é. Percebo pelas suas atitudes de pessoa pequena e pobre de espírito.
_Você me humilhou Victor, não me defendeu na frente de todos naquela festa, ainda duvidou de mim e ainda vem até aqui pra falar coisas absurdas? – Seus olhos marejaram – Melhor você ir.
_Não, ainda não acabamos, não oficialmente.
_Você tem razão – Retirou a aliança devagar e colocou na mão de Victor – Agora sim, acabou o nosso casamento. Você já pode ir procurar suas vadias e acho que a tal da Katherine é uma delas. – Abriu a porta – Saia e não volte mais a me olhar. Esqueça que existo e irei fazer o mesmo.

    Sem questionar Victor saiu da sala, foi o mais rápido para o carro, não queria que as pessoas presentes ali o vissem chorando. Ao entrar no veículo olhou a aliança em sua mão, colocou-a no bolso e ali mesmo deu vazão a todo o seu sofrimento, oras esmurrava o volante, oras suas mãos se ocupavam enxugando as lagrimas. De certa maneira assim que Luciana alterou a voz ele se encolheu dentro de si, nunca tinha deixado mulher nenhuma chegar ao ponto onde ela chegara em sua vida, o dominava com um simples olhar de fúria e desprezo, foi o que ela fez quando deu o “ponto final” na relação. Para ele isso não era pra acontecer, não estava no seu script da vida, na sua imaginação agora ela teria o perdoado e pedido perdão, estariam procurando uma cama mais próxima para matar a saudade... Mas não foi assim que o destino quis.

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   Aquele dia foi um dos piores para Luciana, trabalhou com a mente longe, queria Carol do seu lado para lhe dar conselhos mas a amiga estava de plantão. O fim da noite se aproximava e ela não parava de pensar em Victor, sentiu-se aliviada por ter terminado a relação, como iria viver com um cara que desconfiava que o filho não era dele?

Raquel bateu na porta o que a fez sair do seu mundo de pensamentos.

_Doutora, acabou de chegar um histórico aqui.
_Obrigada, deixa aí na mesa.
_Então vou indo pra casa.
_Ok Raquel, pode ir.
_Me promete que vai ficar bem?
_Já estou bem.
– Fez um meio sorriso.
_Boa noite.

   Assim que a recepcionista saiu Luciana pegou a pasta com o histórico, abriu um sorriso bobo ao ver o nome de Gabriela ali, logo imaginou que Vinicius tinha arranjado um emprego e aquele casal estava feliz. Decidiu levar a pasta com o histórico para analisar em casa. Assim que chegou comeu uma guloseima qualquer e sentou-se na mesa para ler o histórico, ficou boquiaberta a cada frase escrita ali. O dia demorava a chegar mas assim que teve oportunidade foi para o hospital, enquanto não pegava seu plantão foi até a recepção.

_Meninas, eu preciso de vocês.
_Pode falar Doutora.
_Então – Colocou a pasta com a ficha de Gabriela na mesa – Vocês podem me dizer se essa paciente deu entrada aqui na emergência?
_Olha Lu, vou procurar aqui nos registro mas acho que isso vai demorar.
_Vou pegar plantão agora, qualquer coisa você me chama.
_Pode deixar.

   Ao entrar na ala restrita aos funcionários encontrou Carol. Contou que Victor tinha ido lá, no fim da conversa já estava chorando.

_Vocês são dois bobos. Se entendam logo pelo amor de Deus!
_Carol, ele duvidou de mim. Isso ainda me dói.
_Eu sei mas tenho certeza que ele se arrependeu amiga.

   A recepcionista da emergência apareceu com a pasta do histórico de Gabriela e um outro papel que tinha acabado de imprimir.

_Doutora, achei. – Se aproximou das duas. – Não foi difícil de achar, agora que a Karen está começando são poucas pacientes dela. Bom, ela deu entrada na emergência duas vezes, uma no quarto mês de gestação e a outra foi recentemente, acho que semana passada, todas as duas vezes foi o mesmo problema. Pressão alta
_Eu sabia – Levantou-se irritada – Vadia dos infernos. Vou matar a Karen!
_Com licença Doutora, vou voltar pra emergência. – Se retirou

_O que está acontecendo Lu?
_Carol, você acredita que a Karen jogou essa bomba pra mim? A Gabriela, ela está com a gravidez de alto risco. – Começou a chorar. – pré-eclâmpsia... Isso pode matá-la se não for tratado e a Karen nem começou o tratamento dela... A Gabi já está com seis meses de gestação... O que eu faço amiga?
_Calma Lu, tudo vai dar certo... Se a Karen mandou esse caso pra você é porque sabe que você é competente.
_Não... Ela quer se livrar caso aconteça algo com a Gabi. Ai Carol, eu não sei se vou suportar se acontecer algo com ela. Meu Deus! O que mais pode acontecer pra minha vida ficar pior do que já está.

    Abraçou Carol e chorou alto. Queria estar nos braços de Victor, ele sabia o que falar e como fazê-la se sentir tão bem em um momento como esse.

Continua... 

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