sábado, 14 de dezembro de 2013

Cap. 47

         
        Capitulo 47

"Preciso te dizer o que acontece com meu sentimento
Chego em casa, não te vejo
O meu desejo é te ligar correndo
E pouco a pouco, a solidão e o silêncio me abraçam
Minha alegria passou
Só as lembranças de amor, não passam"

                               (Victor e Leo – Lembranças de amor)
           
               
    Aquele plantão foi o mais demorado de todos para Luciana, contava as horas para sair e ir até o encontro de Karen, queria saber o porquê ela fez isso. Por sorte achou-a no corredor do hospital.

_Karen, preciso falar com você.
_Pode falar.
_Não aqui. Vamos pra minha sala.

  Entraram na sala de Luciana, Karen ainda estava sem entender nada.

_Porque você me mandou aquele histórico de ontem?
_Ué, você foi a ultima doutora que a Gabriela foi consultada, seria justo fazer isso.
_Como você pode fazer isso na maior tranqüilidade? A Gabriela está sabendo do caso dela?
_Não, eu não consegui contar, não tive coragem.
_Você não tem coragem mas tem cara de pau né Karen? E é desse jeito que você quer seguir a carreira de médica obstetra? No primeiro problema abandonar uma paciente? – Luciana estava visivelmente séria e com raiva.
_Eu não sei por que essa revolta toda pro meu lado. Não tenho culpa se a Gabriela não tomou as devidas providencias que uma gestante tem que tomar.
_Então você joga a culpa nela? – Sentiu o sangue ferver e se concentrar todo em seu rosto – PORQUE NÃO FALA DAS VEZES QUE NÃO AFERIU A PRESSÃO DELA? E DAS DUAS VEZES QUE ELA DEU ENTRADA AQUI NO HOSPITAL? VOCÊ COMO MÉDICA DEVERIA SABER QUE TINHA ALGO DE ERRADO COM ELA.
_HEY, BAIXA O TOM PRA FALAR COMIGO! A HORA QUE EU QUISER POSSO FALAR COM MEU E PAI E TE DEMITIR.
_FAÇA COMO QUISER SÓ ESTOU AQUI NO HOSPITAL PORQUE AMO O QUE FAÇO.

  Guilherme entrou na sala.

_Mas o que está acontecendo aqui?

Karen: _ESSA LOUCA FICA GRITANDO COMIGO!
Luciana: _CLARO, DEPOIS DO QUE VOCÊ FEZ COM A PACIENTE QUERIA QUE EU CONCORDASSE? NÃO SOU BAIXA COMO VOCÊ.
Guilherme: _Parem agora! Do corredor só se ouve os gritos das duas.
Karen: _Sabe qual é o seu problema Luciana? É puro recalque! Você sabe que eu estou com o Daniel e como teve um casamento fracassado percebeu que perdeu um bom partido. Sem contar nesse bebê aí que você carrega na barriga que vai ser um bastardo, se é que o Victor é o pai.

   Mexeu na ferida de Luciana, mais uma pessoa a julgava. Com a raiva que estava em passos largos foi até Karen e colocou o dedo indicador no rosto dela.

_Você vai engolir isso tudo o que falou.

Guilherme: _Hey – Ficou entre elas – Pare com isso. Luciana e saia daqui.
Luciana: _Mas essa é a minha sala, quem tem que sair é ela.
Karen: _A sala é sua mas o hospital é do meu pai e eu fico onde quiser.
Guilherme: _Luciana, é melhor você ir pra enfermaria, está muito pálida.

   Luciana não falou mais nada, saiu dali furiosa. No corredor Jéssica a segurou e levou para a enfermaria.

_Lucy, deu pra ouvir todo o barraco do corredor.
_Aquela pirralha vai me pagar.
_Olha fica calma, sua pressão está começando a subir e isso não é nada bom.


   Tentou se acalmar, fez uma promessa que iria dar o máximo de si para ajudar Gabriela.

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    Victor passou o dia inteiro na fazenda, procurou ocupar a mente e não falou nada para Leo. Brincou com os sobrinhos, tocou violão mas preferiu dormir em casa, aquela casa que agora estava pior que um cemitério, tão desolada e triste. Olhou para os quatro cantos da sala e em sua mente passavam imagens dele e Luciana em cada cômodo, na cozinha conversando e namorando enquanto ela preparava o famoso macarrão, na sala, ela deitada enquanto ele tocava violão. Suspirou triste e subiu para o quarto, tomou uma ducha para relaxar e ao deitar, se pegou discando o numero de Luciana, sentia que ela precisava dele de alguma maneira mas não sabia como. Os celulares estavam desligados e ele achou estranho mas o sono lhe venceu e ele logo adormeceu.

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    Aqueles meses passaram depressa de mais. Luciana focou em seu projeto de ajudar Gabriela no seu problema, antes de tudo deixou bem claro a situação não só para a paciente como para a mãe dela e o marido.

   Ainda sentia uma dor no coração a cada vez que lembrava de Victor mas em meio a saudade vinha na mente a discussão, o termino do relacionamento e o porque chegou ao fim. Trocou todos os chips para ele não tentar algo e ela ceder, sabia que isso iria acontecer caso se encontrassem ou ele ligasse para ela.

    Contratou uma decoradora para ajudá-la no quarto, preferiu uma cor neutra, como sempre gostou nos moveis do apartamento. Tatiana sempre entrava em contato e ficavam por horas conversando sobre tudo, menos de Victor, Luciana não queria saber de nada da vida dele e exigiu que Tatiana não lhe falasse nada tampouco desse seu numero a ele. Nunca mais o tinha visto, não sabia como ele estava, se bem ou mal fisicamente. 

    Para Victor tudo estava se tornando difícil. Na frente dos amigos, familiares, fãs, demonstrava ser o mesmo de sempre, brincalhão, carinhoso, amigo, mas ao entrar no quarto do hotel ou voltar para casa se sentia só, com saudade de Luciana, queria tê-la em seus braços, queria voltar para casa e vê-la esperando ansiosa para o encher de beijos e abraços. Algumas vezes, quando voltava dos shows, ao entrar em casa saia procurando-a pelos cômodos chamando-a e só depois a ficha lhe caia que sua Luciana não estava mais ali.

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_Luu, diz que sim. Por favor!

  Tatiana estava implorando para Luciana algo que seria incapaz de acontecer.

_Olha Tati, a festa de aniversario do Antonio vai ser no domingo? Então, na segunda eu levo o presente dele e passamos a tarde juntas. Que tal?
_Não, quero você aqui na festa do Antonio. Poxa Lu, você nunca mais veio aqui, os meninos sentem sua falta.
_Eu sei que estou em falta com eles mas prometo que irei aí depois.
_Luu vem pra festa do Antonio, olha, você fica comigo vai ser ótimo. Não precisar ficar encarando o Victor direto, por favor!
_Ai Tati você chorando desse jeito fica difícil eu dizer não. – Ouviu do outro lado da linha Tatiana soltar um gritinho fino de vitória. – Vou tentar, mas não respondo por mim se aparecer alguma paciente precisando de mim para ajudá-la a trazer um anjinho para o mundo.
_Ok, só de você ter dito que pode vir isso me alegra. Tenha uma boa tarde.

    Desligaram o telefone e Luciana foi para a varanda do seu apartamento, aquele mês de dezembro mal tinha entrado e já estava fazendo um calor imenso, Luciana já sentia o peso da sua barriga de oito meses e o cansaço junto. Sentou na cadeira e ficou acariciando a barriga, ainda não tinha decidido nome nenhum, mas se as pessoas viviam dizendo que o momento certo iria chegar, ela acreditou.

_É minha princesa, não sei se vou ter coragem de ir pra essa festa. Seu pai vai estar lá, tenho medo, sei que não vou responder por mim.

   Sentiu o chute na barriga e logo imaginou que sua filha estava conversando consigo. Precisava de Victor, a cada dia tudo estava ficando difícil, até sua locomoção. Estava mais carente que o normal e tudo o que queria era só um carinho vindo dele.

Continua...

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