Capitulo 47
Chego em casa, não te vejo
O meu desejo é te ligar correndo
E pouco a pouco, a solidão e o silêncio me abraçam
Minha alegria passou
Só as lembranças de amor, não passam"
(Victor e Leo –
Lembranças de amor)
Aquele plantão
foi o mais demorado de todos para Luciana, contava as horas para sair e ir até
o encontro de Karen, queria saber o porquê ela fez isso. Por sorte achou-a no
corredor do hospital.
_Karen, preciso
falar com você.
_Pode falar.
_Não aqui.
Vamos pra minha sala.
Entraram na
sala de Luciana, Karen ainda estava sem entender nada.
_Porque você me
mandou aquele histórico de ontem?
_Ué, você foi a
ultima doutora que a Gabriela foi consultada, seria justo fazer isso.
_Como você pode
fazer isso na maior tranqüilidade? A Gabriela está sabendo do caso dela?
_Não, eu não
consegui contar, não tive coragem.
_Você não tem
coragem mas tem cara de pau né Karen? E é desse jeito que você quer seguir a
carreira de médica obstetra? No primeiro problema abandonar uma paciente? – Luciana estava visivelmente séria e com
raiva.
_Eu não sei por
que essa revolta toda pro meu lado. Não tenho culpa se a Gabriela não tomou as
devidas providencias que uma gestante tem que tomar.
_Então você joga
a culpa nela? – Sentiu o
sangue ferver e se concentrar todo em seu rosto – PORQUE NÃO FALA DAS VEZES QUE NÃO AFERIU
A PRESSÃO DELA? E DAS DUAS VEZES QUE ELA DEU ENTRADA AQUI NO HOSPITAL? VOCÊ
COMO MÉDICA DEVERIA SABER QUE TINHA ALGO DE ERRADO COM ELA.
_HEY, BAIXA O
TOM PRA FALAR COMIGO! A HORA QUE EU QUISER POSSO FALAR COM MEU E PAI E TE
DEMITIR.
_FAÇA COMO
QUISER SÓ ESTOU AQUI NO HOSPITAL PORQUE AMO O QUE FAÇO.
Guilherme
entrou na sala.
_Mas o que está
acontecendo aqui?
Karen: _ESSA LOUCA FICA GRITANDO COMIGO!
Luciana: _CLARO, DEPOIS DO QUE VOCÊ FEZ COM A
PACIENTE QUERIA QUE EU CONCORDASSE? NÃO SOU BAIXA COMO VOCÊ.
Guilherme: _Parem agora! Do corredor só se ouve os
gritos das duas.
Karen: _Sabe qual é o seu problema Luciana? É
puro recalque! Você sabe que eu estou com o Daniel e como teve um casamento
fracassado percebeu que perdeu um bom partido. Sem contar nesse bebê aí que você
carrega na barriga que vai ser um bastardo, se é que o Victor é o pai.
Mexeu na ferida
de Luciana, mais uma pessoa a julgava. Com a raiva que estava em passos largos
foi até Karen e colocou o dedo indicador no rosto dela.
_Você vai
engolir isso tudo o que falou.
Guilherme: _Hey – Ficou entre elas – Pare com isso. Luciana e saia daqui.
Luciana: _Mas essa é a minha sala, quem tem que
sair é ela.
Karen: _A sala é sua mas o hospital é do meu
pai e eu fico onde quiser.
Guilherme: _Luciana, é melhor você ir pra
enfermaria, está muito pálida.
Luciana não
falou mais nada, saiu dali furiosa. No corredor Jéssica a segurou e levou para
a enfermaria.
_Lucy, deu pra
ouvir todo o barraco do corredor.
_Aquela
pirralha vai me pagar.
_Olha fica
calma, sua pressão está começando a subir e isso não é nada bom.
Tentou se
acalmar, fez uma promessa que iria dar o máximo de si para ajudar Gabriela.
**********************************************
Victor passou o
dia inteiro na fazenda, procurou ocupar a mente e não falou nada para Leo.
Brincou com os sobrinhos, tocou violão mas preferiu dormir em casa, aquela casa
que agora estava pior que um cemitério, tão desolada e triste. Olhou para os
quatro cantos da sala e em sua mente passavam imagens dele e Luciana em cada cômodo,
na cozinha conversando e namorando enquanto ela preparava o famoso macarrão, na
sala, ela deitada enquanto ele tocava violão. Suspirou triste e subiu para o
quarto, tomou uma ducha para relaxar e ao deitar, se pegou discando o numero de
Luciana, sentia que ela precisava dele de alguma maneira mas não sabia como. Os
celulares estavam desligados e ele achou estranho mas o sono lhe venceu e ele
logo adormeceu.
**********************************************
Aqueles meses
passaram depressa de mais. Luciana focou em seu projeto de ajudar Gabriela no
seu problema, antes de tudo deixou bem claro a situação não só para a paciente
como para a mãe dela e o marido.
Ainda sentia
uma dor no coração a cada vez que lembrava de Victor mas em meio a saudade
vinha na mente a discussão, o termino do relacionamento e o porque chegou ao
fim. Trocou todos os chips para ele não tentar algo e ela ceder, sabia que isso
iria acontecer caso se encontrassem ou ele ligasse para ela.
Contratou uma
decoradora para ajudá-la no quarto, preferiu uma cor neutra, como sempre gostou
nos moveis do apartamento. Tatiana sempre entrava em contato e ficavam por
horas conversando sobre tudo, menos de Victor, Luciana não queria saber de nada
da vida dele e exigiu que Tatiana não lhe falasse nada tampouco desse seu
numero a ele. Nunca mais o tinha visto, não sabia como ele estava, se bem ou
mal fisicamente.
Para Victor tudo estava se tornando difícil. Na
frente dos amigos, familiares, fãs, demonstrava ser o mesmo de sempre, brincalhão,
carinhoso, amigo, mas ao entrar no quarto do hotel ou voltar para casa se
sentia só, com saudade de Luciana, queria tê-la em seus braços, queria voltar
para casa e vê-la esperando ansiosa para o encher de beijos e abraços. Algumas
vezes, quando voltava dos shows, ao entrar em casa saia procurando-a pelos cômodos
chamando-a e só depois a ficha lhe caia que sua Luciana não estava mais ali.
*********************************************
_Luu, diz que
sim. Por favor!
Tatiana estava
implorando para Luciana algo que seria incapaz de acontecer.
_Olha Tati, a
festa de aniversario do Antonio vai ser no domingo? Então, na segunda eu levo o
presente dele e passamos a tarde juntas. Que tal?
_Não, quero você aqui na festa do Antonio. Poxa Lu, você nunca mais veio aqui, os meninos sentem sua falta.
_Não, quero você aqui na festa do Antonio. Poxa Lu, você nunca mais veio aqui, os meninos sentem sua falta.
_Eu sei que
estou em falta com eles mas prometo que irei aí depois.
_Luu vem pra
festa do Antonio, olha, você fica comigo vai ser ótimo. Não precisar ficar
encarando o Victor direto, por favor!
_Ai Tati você
chorando desse jeito fica difícil eu dizer não. – Ouviu do outro lado da linha Tatiana soltar um gritinho
fino de vitória. – Vou tentar,
mas não respondo por mim se aparecer alguma paciente precisando de mim para
ajudá-la a trazer um anjinho para o mundo.
_Ok, só de você
ter dito que pode vir isso me alegra. Tenha uma boa tarde.
Desligaram o
telefone e Luciana foi para a varanda do seu apartamento, aquele mês de dezembro
mal tinha entrado e já estava fazendo um calor imenso, Luciana já sentia o peso
da sua barriga de oito meses e o cansaço junto. Sentou na cadeira e ficou
acariciando a barriga, ainda não tinha decidido nome nenhum, mas se as pessoas
viviam dizendo que o momento certo iria chegar, ela acreditou.
_É minha princesa, não sei se vou ter
coragem de ir pra essa festa. Seu pai vai estar lá, tenho medo, sei que não vou
responder por mim.
Sentiu o chute na barriga e logo imaginou que
sua filha estava conversando consigo. Precisava de Victor, a cada dia tudo
estava ficando difícil, até sua locomoção. Estava mais carente que o normal e
tudo o que queria era só um carinho vindo dele.
Continua...
Nenhum comentário:
Postar um comentário