Capitulo 70
Três meses se
passaram desde o aniversario de Victor e tudo estava caminhando normalmente.
Luciana, estava se dedicando a sua vida de mãe e esposa. Resolveu com o
advogado toda a papelada e desfez sua sociedade da LUCADAN, guardou o dinheiro
no banco já que não iria abrir sua clinica tão cedo. Agora seu foco era
trabalhar no hospital e ter mais tempo pra sua vida pessoal. Victor estava
viajando fazendo shows e como sempre, morria de saudade da sua esposa e sua
filha.
Chegou em casa
pela manhã e viu Luciana ali na sala brincando com Gabriela. A criança soltava
gritinhos de felicidade.
_Vejo que a
folia está boa – Colocou a
mala no chão.
_Amor – Correu até ele para abraçá-lo.
Ficaram nesse
clima agradável o dia inteiro, pela noite, ao procurar Luciana pelos cômodos da
casa achou-a no closet mexendo nas roupas.
_Lu, você vai
pra onde?
_Estou tirando a roupa que usarei amanhã.
_Estou tirando a roupa que usarei amanhã.
_E o que vai
ter?
_É amanhã que estou voltando ao hospital.
_É amanhã que estou voltando ao hospital.
_Poxa Lu, já?
Passou tão rápido – Sentou no
puff. – Mas você não vai
pegar plantão longos não né Morena? Agora você tem uma filha.
_Não né Vih – Colocou seu jaleco e uma calça branca no
outro puff – Ainda não sei,
mas vou falar com o Guilherme pra me ajudar.
_É assim que
gosto de ver. – Se aproximou
dela, envolveu a cintura dela com as mãos – Te amo.
_Te amo, e te
amarei mais ainda se você ajudar a Joyce a cuidar da Gabi. Ela pode sentir
minha falta e chorar.
_Chantagista!
(Sorriram) Não vou deixar.
Aquela noite
foi tranqüila, Victor e Luciana ficaram assistindo TV deitados. Enquanto a
chuva fina de inverno caia lá fora, sem conseguir acompanhar o pique dele, ela
virou-se e foi dormir.
Pela manhã
Luciana fez de tudo para não acordar Victor, mas ao sair do banheiro ele estava
acordado.
_Eu no seu
lugar não saia da cama nem tão cedo. Com essa chuva que está caindo lá fora, no way.
_(Risos) Lu, um
frio desses, só fico na cama se você estiver do meu lado.
_O que não pode
acontecer né? Tenho que ir amor. – Sentou na beira da cama.
_Fica só mais
um pouco – Se aproximou dela,
abraçou-a por trás e beijou-lhe a nuca.
_Para com isso
Victor. Desse jeito acabo ficando mesmo – Levantou-se – Vou
nessa.
Beijou
brevemente o marido e desceu para a cozinha, Joyce estava dando papinha na boca
de Gabriela, beijou a filha e saiu para trabalhar. Tudo naquela casa a prendia,
queria ficar mas se o trabalho a chamou tinha que cumprir.
Depois de
enfrentar um mini transito chegou ao hospital, guardou sua bolsa no armário e
seguiu seu caminho para voltar tudo ao normal, mas não, nada estava bem. Cada
passo que Luciana dava vinha em sua mente as lembranças da ultima vez que
estivera ali, a morte de Gabriela lhe deixou seqüelas. Talvez não estivesse
preparada para enfrentar uma cirurgia, mas quanto a isso sabia que Guilherme
sempre estava por lá e iria ajudá-la em qualquer situação que fosse. Segurou
para não chorar ao passar pelos corredores, tudo aquilo lhe causava mal estar,
queria correr, fugir dali e voltar para os braços do seu marido, agarrar
fortemente sua filha, queria estar segura.
Ao se aproximar
da maternidade a recepcionista lhe chamou.
_Doutora, o
Senhor Bernardo quer que você vá até a sala dele.
_Ok, obrigada.
Estranhou,
desde que começara a trabalhar no hospital se trocou mais que duas palavras com
seu patrão foi muito. A cada passo que dava para a sala dele, sentia seu coração
bater forte, se identificou a recepcionista que liberou sua entrada.
_Doutor,
gostaria de falar comigo?
_Luciana, sente-se.
_Luciana, sente-se.
Timidamente ela
sentou na cadeira a frente.
_Hoje você está
voltando de licença maternidade né?
_Sim.
_Sim.
_Como está sua
bebê? É uma menina?
_Sim, é e se chama Gabriela.
_Sim, é e se chama Gabriela.
_Ok. – Deu uma pausa para fazer uma ligação
sobre um assunto qualquer, depois voltou a atenção para ela. – Bem Luciana, o que te traz hoje aqui será
breve. Desde já quero que saiba que sempre lhe admirei como pessoa, todo esse
tempo que contribuiu para o hospital você vestiu a camisa e nos representou
muito bem.
_Obrigada.
_É, então, não
quero que fique magoas entre nós, mas é que... Não precisamos mais dos seus
serviços.
Luciana sentiu
um banho de água gelada, um frio na espinha tomou conta de si.
_O senhor está
querendo dizer que estou demitida?
_Não gosto dessa palavra, mas tem o mesmo sentido. Me desculpe Luciana, mas o seu caso é delicado, o hospital está bem, depois do ocorrido aqui estamos lutando para que as pessoas não assemelhem o nome da empresa ao caso que foi parar em julgamento. Trazer você pra cá só vai prejudicar a nossa equipe porque as pessoas irão lembrar do caso e isso dará uma certa distancia deles para conosco. Só espero que você me entenda.
_Não gosto dessa palavra, mas tem o mesmo sentido. Me desculpe Luciana, mas o seu caso é delicado, o hospital está bem, depois do ocorrido aqui estamos lutando para que as pessoas não assemelhem o nome da empresa ao caso que foi parar em julgamento. Trazer você pra cá só vai prejudicar a nossa equipe porque as pessoas irão lembrar do caso e isso dará uma certa distancia deles para conosco. Só espero que você me entenda.
_Claro Senhor
Bernardo. Bom, era só isso?
_Sim.
_Sim.
_Então, o
senhor me de licença.
Arrasada,
Luciana foi em direção a porta, foi interrompida por ele.
_Luciana, passe
no RH para assinar a sua saída e dê um beijo na sua filha por mim.
Ela assentiu e
saiu de lá as pressas, não queria se esbarrar com ninguém conhecido para não
chorar, estava segurando para ser forte o suficiente. Foi para a área de
recursos humanos do hospital e assinou algumas coisas e saiu de lá para ir
direto pra sala dos funcionários, pegaria sua bolsa e sairia de lá o mais rápido
possível, porém, Jéssica estava entrando quando ela estava saindo.
_Doutora – Abraçou-a – É hoje que nossa alegria volta. Tava com saudades.
_Eu também Jéssica.
_E essa bolsa,
vai aonde?
_Vou pra casa.
_Vou pra casa.
_Está passando
mal?
_Não, eu... Fui demitida. – Segurou para não chorar mas seus olhos estavam rasos.
_Não, eu... Fui demitida. – Segurou para não chorar mas seus olhos estavam rasos.
_Mas... Porque
Doutora? Poxa, eu pensei que o patrão tinha te chamado para dar um cargo maior.
– Jéssica ficou triste. – Juro que não gostei.
_Eu também não
mas tenho que ir antes que veja mais alguém e comece a chorar. Manda beijos pra
todos ok?
_Tudo bem.
Quero um abraço seu.
Abraçaram-se
fortemente, Luciana relutou para as lagrimas não caírem. Saiu depressa de lá,
ao entrar no carro deu logo a partida e foi embora, parou no acostamento para
chorar. Conseguiu se conter até chegar em casa, parou o carro e entrou na sala,
a cena que vira fez esquecer de todos os problemas existentes em sua vida:
Victor sentado no sofá com Gabriela nos braços, ele fazia caras e bocas,
arrancando da filha gargalhadas e gritos gostosos.
Ao vê-la,
Victor estranhou.
_Luciana,
porque você chegou cedo?
Aquela frase a
fez voltar para seu mundo e cair na realidade, sentiu as lagrimas molharem seu
rosto. Victor levou Gabriela até a lavanderia, onde Joyce estava com Lourdes
ajudando-a.
_Joyce, segura
a Gabi só um minuto. Vou pra minha sala com Luciana, não interrompam por favor.
_Luciana? Mas
ela já voltou?
_Sim, depois
ela conversa com vocês.
Voltou para
sala e Luciana estava na mesma posição, agora olhava para um ponto na sala,
parecia estar em choque. O que o fez lembrar da ultima vez que viu Luciana
assim, a morte de Gabriela.
_Vem
Segurou a mão
dela e levou-a para a sala de violões, sentou-a em uma cadeira. Luciana
soluçava, tremia. Pegou um copo com água e entregou-a, após ela tomar se sentiu
mais calma.
_O que houve
Luciana? Quer desabafar? –
Acariciou o rosto dela
Ela mexia as mãos
em cima da perna, olhava para baixo, em sussurro, conseguiu falar.
_Eu fui
demitida.
_Mas por quê?
_Eu não sei
Victor – ergueu a cabeça e
limpou uma lagrima. – Na verdade
eu sei. O processo, aquele maldito julgamento.
_Mas era para
eles te apoiarem, afinal de contas você segurou as pontas sozinha. Enfrentou
aquele maldito julgamento sozinha, tudo porque pelo hospital. E sem contar que
a Karen foi uma das culpadas.
_Victor, eu não
quero mais conversar, tô com dor de cabeça e só quero me deitar um pouco.
Subiu para o
quarto, Victor foi junto e entrou no banheiro com ela. Luciana estava em
choque, após anos trabalhando e sendo independente isso aconteceu. Enquanto
tirava a roupa Victor ligou o chuveiro e esperou a água ficar quente, ficou
todo o momento com ela, não estava ligando se sua roupa estava colando no corpo
de tão molhada que estava, agora ele só queria apoiar sua amada e foi
justamente isso o que fez, abraçou Luciana ainda embaixo do chuveiro, ela se
agarrou nele e afundou seu rosto no peito, chorava alto, soluçava. Após isso
ele ajudou-a a se trocar e levou-a para a cama, tirou a roupa molhada e somente
de cueca deitou do lado dela a fez um carinho até sentir que ela adormeceu.
Continua...
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