terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Cap. 70



         Capitulo 70

   Três meses se passaram desde o aniversario de Victor e tudo estava caminhando normalmente. Luciana, estava se dedicando a sua vida de mãe e esposa. Resolveu com o advogado toda a papelada e desfez sua sociedade da LUCADAN, guardou o dinheiro no banco já que não iria abrir sua clinica tão cedo. Agora seu foco era trabalhar no hospital e ter mais tempo pra sua vida pessoal. Victor estava viajando fazendo shows e como sempre, morria de saudade da sua esposa e sua filha.

  Chegou em casa pela manhã e viu Luciana ali na sala brincando com Gabriela. A criança soltava gritinhos de felicidade.

_Vejo que a folia está boa – Colocou a mala no chão.
_Amor – Correu até ele para abraçá-lo.

   Ficaram nesse clima agradável o dia inteiro, pela noite, ao procurar Luciana pelos cômodos da casa achou-a no closet mexendo nas roupas.

_Lu, você vai pra onde?
_Estou tirando a roupa que usarei amanhã.
_E o que vai ter?
_É amanhã que estou voltando ao hospital.
_Poxa Lu, já? Passou tão rápido – Sentou no puff. – Mas você não vai pegar plantão longos não né Morena? Agora você tem uma filha.
_Não né Vih – Colocou seu jaleco e uma calça branca no outro puff – Ainda não sei, mas vou falar com o Guilherme pra me ajudar.
_É assim que gosto de ver. – Se aproximou dela, envolveu a cintura dela com as mãos – Te amo.
_Te amo, e te amarei mais ainda se você ajudar a Joyce a cuidar da Gabi. Ela pode sentir minha falta e chorar.
_Chantagista! (Sorriram) Não vou deixar.

  Aquela noite foi tranqüila, Victor e Luciana ficaram assistindo TV deitados. Enquanto a chuva fina de inverno caia lá fora, sem conseguir acompanhar o pique dele, ela virou-se e foi dormir.

  Pela manhã Luciana fez de tudo para não acordar Victor, mas ao sair do banheiro ele estava acordado.

_Eu no seu lugar não saia da cama nem tão cedo. Com essa chuva que está caindo lá fora, no way.
_(Risos) Lu, um frio desses, só fico na cama se você estiver do meu lado.
_O que não pode acontecer né? Tenho que ir amor. – Sentou na beira da cama.
_Fica só mais um pouco – Se aproximou dela, abraçou-a por trás e beijou-lhe a nuca.
_Para com isso Victor. Desse jeito acabo ficando mesmo – Levantou-se – Vou nessa.

  Beijou brevemente o marido e desceu para a cozinha, Joyce estava dando papinha na boca de Gabriela, beijou a filha e saiu para trabalhar. Tudo naquela casa a prendia, queria ficar mas se o trabalho a chamou tinha que cumprir.

  Depois de enfrentar um mini transito chegou ao hospital, guardou sua bolsa no armário e seguiu seu caminho para voltar tudo ao normal, mas não, nada estava bem. Cada passo que Luciana dava vinha em sua mente as lembranças da ultima vez que estivera ali, a morte de Gabriela lhe deixou seqüelas. Talvez não estivesse preparada para enfrentar uma cirurgia, mas quanto a isso sabia que Guilherme sempre estava por lá e iria ajudá-la em qualquer situação que fosse. Segurou para não chorar ao passar pelos corredores, tudo aquilo lhe causava mal estar, queria correr, fugir dali e voltar para os braços do seu marido, agarrar fortemente sua filha, queria estar segura.

  Ao se aproximar da maternidade a recepcionista lhe chamou.

_Doutora, o Senhor Bernardo quer que você vá até a sala dele.
_Ok, obrigada.

   Estranhou, desde que começara a trabalhar no hospital se trocou mais que duas palavras com seu patrão foi muito. A cada passo que dava para a sala dele, sentia seu coração bater forte, se identificou a recepcionista que liberou sua entrada.

_Doutor, gostaria de falar comigo?
_Luciana, sente-se.

  Timidamente ela sentou na cadeira a frente.

_Hoje você está voltando de licença maternidade né?
_Sim.
_Como está sua bebê? É uma menina?
_Sim, é e se chama Gabriela.
_Ok. – Deu uma pausa para fazer uma ligação sobre um assunto qualquer, depois voltou a atenção para ela. – Bem Luciana, o que te traz hoje aqui será breve. Desde já quero que saiba que sempre lhe admirei como pessoa, todo esse tempo que contribuiu para o hospital você vestiu a camisa e nos representou muito bem.
_Obrigada.
_É, então, não quero que fique magoas entre nós, mas é que... Não precisamos mais dos seus serviços.

  Luciana sentiu um banho de água gelada, um frio na espinha tomou conta de si.

_O senhor está querendo dizer que estou demitida?
_Não gosto dessa palavra, mas tem o mesmo sentido. Me desculpe Luciana, mas o seu caso é delicado, o hospital está bem, depois do ocorrido aqui estamos lutando para que as pessoas não assemelhem o nome da empresa ao caso que foi parar em julgamento. Trazer você pra cá só vai prejudicar a nossa equipe porque as pessoas irão lembrar do caso e isso dará uma certa distancia deles para conosco. Só espero que você me entenda.
_Claro Senhor Bernardo. Bom, era só isso?
_Sim.
_Então, o senhor me de licença.

  Arrasada, Luciana foi em direção a porta, foi interrompida por ele.

_Luciana, passe no RH para assinar a sua saída e dê um beijo na sua filha por mim.

   Ela assentiu e saiu de lá as pressas, não queria se esbarrar com ninguém conhecido para não chorar, estava segurando para ser forte o suficiente. Foi para a área de recursos humanos do hospital e assinou algumas coisas e saiu de lá para ir direto pra sala dos funcionários, pegaria sua bolsa e sairia de lá o mais rápido possível, porém, Jéssica estava entrando quando ela estava saindo.

_Doutora – Abraçou-a – É hoje que nossa alegria volta. Tava com saudades.
_Eu também Jéssica.
_E essa bolsa, vai aonde?
_Vou pra casa.
_Está passando mal?
_Não, eu... Fui demitida.
– Segurou para não chorar mas seus olhos estavam rasos.
_Mas... Porque Doutora? Poxa, eu pensei que o patrão tinha te chamado para dar um cargo maior. – Jéssica ficou triste. – Juro que não gostei.
_Eu também não mas tenho que ir antes que veja mais alguém e comece a chorar. Manda beijos pra todos ok?
_Tudo bem. Quero um abraço seu.

  Abraçaram-se fortemente, Luciana relutou para as lagrimas não caírem. Saiu depressa de lá, ao entrar no carro deu logo a partida e foi embora, parou no acostamento para chorar. Conseguiu se conter até chegar em casa, parou o carro e entrou na sala, a cena que vira fez esquecer de todos os problemas existentes em sua vida: Victor sentado no sofá com Gabriela nos braços, ele fazia caras e bocas, arrancando da filha gargalhadas e gritos gostosos.

Ao vê-la, Victor estranhou.

_Luciana, porque você chegou cedo?

   Aquela frase a fez voltar para seu mundo e cair na realidade, sentiu as lagrimas molharem seu rosto. Victor levou Gabriela até a lavanderia, onde Joyce estava com Lourdes ajudando-a.

_Joyce, segura a Gabi só um minuto. Vou pra minha sala com Luciana, não interrompam por favor.
_Luciana? Mas ela já voltou?
_Sim, depois ela conversa com vocês.

   Voltou para sala e Luciana estava na mesma posição, agora olhava para um ponto na sala, parecia estar em choque. O que o fez lembrar da ultima vez que viu Luciana assim, a morte de Gabriela.

_Vem

   Segurou a mão dela e levou-a para a sala de violões, sentou-a em uma cadeira. Luciana soluçava, tremia. Pegou um copo com água e entregou-a, após ela tomar se sentiu mais calma.

_O que houve Luciana? Quer desabafar? – Acariciou o rosto dela

  Ela mexia as mãos em cima da perna, olhava para baixo, em sussurro, conseguiu falar.

_Eu fui demitida.
_Mas por quê?
_Eu não sei Victor – ergueu a cabeça e limpou uma lagrima. – Na verdade eu sei. O processo, aquele maldito julgamento.
_Mas era para eles te apoiarem, afinal de contas você segurou as pontas sozinha. Enfrentou aquele maldito julgamento sozinha, tudo porque pelo hospital. E sem contar que a Karen foi uma das culpadas.
_Victor, eu não quero mais conversar, tô com dor de cabeça e só quero me deitar um pouco.


   Subiu para o quarto, Victor foi junto e entrou no banheiro com ela. Luciana estava em choque, após anos trabalhando e sendo independente isso aconteceu. Enquanto tirava a roupa Victor ligou o chuveiro e esperou a água ficar quente, ficou todo o momento com ela, não estava ligando se sua roupa estava colando no corpo de tão molhada que estava, agora ele só queria apoiar sua amada e foi justamente isso o que fez, abraçou Luciana ainda embaixo do chuveiro, ela se agarrou nele e afundou seu rosto no peito, chorava alto, soluçava. Após isso ele ajudou-a a se trocar e levou-a para a cama, tirou a roupa molhada e somente de cueca deitou do lado dela a fez um carinho até sentir que ela adormeceu.

Continua... 

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