Capitulo 76
As semanas
estavam passando rápidas. Após a inauguração Luciana começou a trabalhar, claro
que não era como antes, agora tinha poucas pacientes, as mesmas a ajudava e
sempre que podia trazia uma nova gestante para iniciar o tratamento de
pré-natal, avisava a elas com antecedência que não faria o parto, mas
acompanharia todo o pré-natal, chegando aos nove meses ficaria a critério delas
escolherem qual medico obstetra faria o parto. Ela estava firme e forte, sabia
que tudo levaria um tempo para as coisas se encaixarem.
Victor e Leo
tinham reduzido a maratona de shows por conta do novo CD que estavam gravando,
muito feliz, Victor apoiava Leo nas novas composições e o deixou encarregado
dos arranjos e produções. Estava com mais tempo para mimar a filha e sua esposa
que agora precisava muito dele.
Em uma tarde,
estando no consultório sem muito para fazer, alguém bateu na sua porta e
Luciana foi abrir. Aquele rapaz ela já tinha visto só não lembrava onde, estava
com uma criança no colo.
_Boa tarde.
_Oi Luciana,
tudo bem?
_Tudo mas, de onde nos conhecemos? Seu rosto é familiar.
_Tudo mas, de onde nos conhecemos? Seu rosto é familiar.
_Sou Vinicius,
marido de Gabriela.
Como um flash
em sua mente ela lembrou daquele rapaz, fora por causa dele que hoje estava em
liberdade, sem dever nada na justiça. Lembrou-se da sua paciente, nas ultimas
horas de suspiro.
_Vini – O abraçou, olhou para a criança. – E esse é o filho de vocês.
_Sim
_Venha, entre.
Sentaram no sofá,
Luciana não perdeu tempo e segurou aquele bebê nos braços, o mimava e a cada
vez que olhava, achava algum traço dele que lembrasse Gabriela. Após perceber
que Raquel entrava direto em sua sala trancou-a de chave para ficar mais a
vontade com Vinicius.
_E me conte,
está aproveitando o dia de visita do filhote?
_Não, tomei a guarda
de Dona Marilda.
_Mas por quê?
_Desde que Gabi morreu ela vinha destratando meu filho. Depois do julgamento ouvi uma conversa de que ela iria jogar Cauê no orfanato, não pensei duas vezes, entrei com uma ação na justiça pedindo a guarda. Como essas coisas demoram por eu ser pobre esperei dois meses para a audiência acontecer, mas no fim ela cedeu, disse que foi por causa dele que a filha dela faleceu.
_Desde que Gabi morreu ela vinha destratando meu filho. Depois do julgamento ouvi uma conversa de que ela iria jogar Cauê no orfanato, não pensei duas vezes, entrei com uma ação na justiça pedindo a guarda. Como essas coisas demoram por eu ser pobre esperei dois meses para a audiência acontecer, mas no fim ela cedeu, disse que foi por causa dele que a filha dela faleceu.
_Poxa, nunca
imaginei que Marilda faria tamanha barbaridade.
_Sabe Dona
Luciana, minha casa é humilde, mas lá tem amor pra esse moleque. Minha mãe me
ajuda a criar o Cauê na medida do possível, somos pobres mas o que importa não é
dinheiro e sim felicidade.
Por alguns
segundos Luciana entrou no seu mundo de pensamentos para refletir. O que
Vinicius falou era mais que certo, dinheiro não compra felicidade. Talvez
aquele rapaz veio para lhe dar uma boa lição, horas atrás estava nervosa
achando que seu numero de pacientes era pouquíssimo, o que ganhava ali não
chegava nem aos pés do que recebia no hospital em um plantão, mas será que
estaria feliz recebendo tanto dinheiro mas sem poder atenção a filha? Agora
mais do que nunca ela sabia que Deus escreve certo por linhas tortas.
_Você tem razão,
dinheiro não é tudo na vida. Mas me diga, está trabalhando?
_Sim, estou em supermercado, como caixa. O salário é pouco mas nada que não dê para comprar algo para Cauê.
_Sim, estou em supermercado, como caixa. O salário é pouco mas nada que não dê para comprar algo para Cauê.
_Que bom. E as
consultas, você tem plano de saúde?
_Essa é a pior
parte Dona Luciana, temos que nos conformar com um postinho de saúde lá perto
de casa. Se bem que a doutora é gente fina. O problema mesmo é quando o Cauê
adoece, aí temos que levá-lo para os hospitais públicos que são caóticos.
_Olha – Levantou-se e pegou um cartão, escreveu
algo na parte de trás –
Comece a levar o Cauê para essa doutora. Carol, ela é minha amiga e pode deixar
que tudo o que precisar será por minha conta. Consultas, emergências.
_Poxa Dona
Luciana, assim eu fico ofendido, não precisava.
_Faço isso
porque você já fez muito por mim ao entrar naquela briga de cachorro grande no
dia do julgamento, se não fosse seu depoimento eu estava ferrada.
_Obrigada
mesmo. Agora tenho que ir –
Levantou-se
_Eu te levo até
a porta.
Entregou Cauê
para os braços do pai e antes de se aproximar da porta viu a maçaneta se mexer,
destrancou e abriu-a. Victor estava com Gabriela nos braços, ao ver Vinicius
seu sorriso se desfez deixando uma expressão bastante séria.
Luciana: _Amores da minha vidaaaa – Tomou Gabriela dos braços de Victor. – Amor esse é o Vinicius.
Vinicius: _Prazer – Estendeu a mão.
Victor: _Oi – foi totalmente frio e deixou a mão do rapaz pendente ali.
Estranhando o
clima Luciana baixou a cabeça com vergonha, queria dar uns tapas na cara de
Victor por estar se trocando com um menino de 20 anos – Assim ele aparentava
ter – Vinicius sentiu que não seria correspondido e logo colocou a mão de volta
no braços de Cauê.
Vinicius: _Eu tenho que ir.
Luciana: _Apareça mais vezes Vini.
Vinicius: _Pode deixar Dona Luciana, tenham um
fim de tarde bom. Abraços seu Victor.
Victor: _Tchau.
Assim que o
rapaz saiu Luciana entrou na sala para que Raquel não presenciasse nada caso
Victor quisesse puxar discussão, mas o que ele fez foi tratá-la friamente.
_Estou te
esperando no carro.
Saiu dali e
deixou-a com Gabriela nos braços, Raquel a ajudou a fechar a sala, entrou no
carro em passos rápidos pois a chuva estava começando, colocou sua filha na
cadeirinha e foi para o banco de passageiro.
Victor dirigia
bruscamente, não olhava para ela, cada vez que passava a macha tinha uma fúria que
a intimidava de puxar qualquer assunto, mas em um momento teve que ser preciso.
_Victor, vai
mais devagar, tá chovendo.
_Estou no
limite que a via permite. Quer dirigir no meu lugar? – Arqueou uma das sobrancelhas e encarou-a – Se quiser eu troco de lugar.
Ela se encolheu
no banco e calou-se. Com certeza Victor queria discutir, mas ela respeitava o
momento. A ultima vez que discutiram dentro do veículo houve aquele acidente,
eles saíram ilesos só que dessa vez tinham Gabriela ali.
Rezando o
caminho inteiro para nada acontecesse acabaram chegando em casa, Victor não ajudou-a
em nada e foi diretamente para sua sala. Assim que Luciana entrou em casa viu
Lourdes.
_Toma, segura a
Gabi que vou ali.
Foi em direção
ao estúdio, achou Victor com o violão e um caderno na mesa perto do computador.
_O que está
acontecendo Victor? –
Encostou-se na mesa.
_Nada Luciana,
pode me deixar trabalhar? –
Pronunciou sem erguer a cabeça, como se ela fosse um nada, estava ignorando-a.
Saiu de perto
dele mas não conseguiu chegar até a porta, a raiva tomou conta de si.
_Não te
entendo, ontem fizemos amor quando você chegou cansado da gravação, agora me
trata assim como se eu fosse um nada. Qual é Victor? O que está te fazendo
ficar assim? Tudo bem, meu carro tá na revisão mas não precisava ir me buscar
com essa cara feia, tratando o coitado do Vinicius mal. Eu pegaria um táxi se
esse fosse o problema.
_Reveja o que
você fez e aí sim venha falar comigo. – Mais uma vez ignorou-a e sequer a encarou.
Como sempre,
Luciana contou até três, porque até dez era impossível, sua paciência não agüentava
tanto assim. Aproximou-se dele, segurou o caderno e jogou na primeira parede
que viu.
_MAS QUE PORRA É
ESSA LUCIANA!
_ISSO É PRA VOCÊ
OLHAR NOS MEUS OLHOS ENQUANTO ESTOU FALANDO.
Com bastante
raiva, Victor levantou-se e foi pegar o caderno.
_Você é louca,
só pode ser isso.
_Agora vai me
falar o que está acontecendo?
_Vou sim. COMO
VOCÊ PODE FICAR TRANCADA NA SALA COM AQUELE MOLEQUE E AINDA FINGIR QUE NADA
ACONTECEU?
_VICTOR, O
VINICIUS É O EX-MARIDO DA GABRIELA, ELE SÓ QUERIA CONVERSAR COMIGO, SOMENTE
ISSO. – Deu uma pausa para
pensar – Sério que você está
com ciúmes dele? – Sentiu que
não seguraria o riso e acabou fazendo isso ali mesmo.
_ PRA VOCÊ É
OTIMO NÉ LUCIANA? MAS EU NÃO GOSTEI DA SITUAÇÃO.
_Primeiramente,
calma. Para de gritar. Serio que você está com ciúmes do Vinicius?
_Sei lá, ele é
bem mais novo que eu... –
Baixou a cabeça
_Victor, calma.
_Calma um
caramba! – Alterou a voz – Acha que eu não percebi o olhar dele
pra você?
_Para de ser
inseguro, seja lá o que eu fosse fazer, antes eu terminaria com você. Lembra do
trato que fizemos? Juramos um ao outro que quando o amor acabasse iríamos ser
sinceros e abertos?
_Eu vou cumprir
com minha palavra já você... Tenho minhas duvidas.
_Quer saber?
Fica você aí com suas duvidas. Tento ser legal, te explico, mas você continua
com essas inseguranças idiotas. Paciência.
Saiu da sala e
foi direto para o quarto, debaixo do chuveiro chorou, trocou de roupa e deitou,
não queria jantar, sua raiva tinha consumido toda a fome que era para ter no
momento. Antes de dormir foi até o quarto de Gabriela, colocou-a pra dormir e fez
mesmo.
Continua...
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