domingo, 12 de janeiro de 2014

Cap. 77


                         Capitulo 77


   Os raios de sol já invadiam o cômodo, Luciana abriu os olhos e logo se virou. Victor não dormira na cama, suspirou impaciente, levantou-se para tomar uma ducha e criar coragem para ir trabalhar. Desceu para a cozinha com Gabriela nos braços.

_Lourdes, você sabe me dizer onde o Victor está?
_Ele saiu bem cedinho Luciana, foi para a gravadora.
_Ok.

    Alimentou a filha e em seguida pegou um táxi, antes de passar no trabalho iria buscar seu carro na concessionária e mais uma vez suspirou impaciente, Victor sempre ajudara nessas situações, pelo fato de ser mulher e não entender muito sobre motores e outras coisas existentes dentro de um veículo, sempre pedia ajuda dele para que ninguém a enganasse, porém, nessas ultimas horas não podia contar com ele e nem sabia o animo como estava entre os dois. Sentou-se na sala de espera e recebeu uma ligação da sua mãe.

_Mãe?
_Oi Luciana, como está?
_Be-bem (gaguejou nervosa)
_Minha querida, eu e o seu pai estamos indo para Uberlândia.
_Fazer o que?
_Iremos te visitar. Sinto que estamos em falta com você, depois que Gabi nasceu nem fomos aí.
_Tudo bem, podem vir, é só me informar a hora que chegam aqui.
_Acho que no fim da tarde. E iremos usar o seu apartamento.
_Nada disso mãe, vocês ficam lá em casa.
_Por favor Luciana, queremos ficar no seu apartamento.
_Tá, eu vou dar uma arrumada nele.

   Desligou o celular um pouco confusa, Geovana não era de se preocupar com ela em momento algum, quem sabe o destino não estava ajudando-a a ficar mais próxima dos pais e ter Victor ao mesmo tempo.


   Foi bem rápido para a clinica, atendeu algumas pacientes e de lá foi para o apartamento, ligou para Lourdes para avisar que ficaria por ali até o fim da tarde.

**********************************************
   Assim que Luciana saíra da sala Victor não conseguiu se concentrar em nada. Olhava para o caderno com suas cifras mas nada fazia. Ficou ali na sala tocando violão até o fim da noite, subiu para o quarto somente para tomar um banho, usar uma roupa leve e desceu, preferiu dormir no sofá que tinha no estúdio, seu celular despertou bem cedinho. Com dor na coluna ele foi mais uma vez ao quarto, olhou para Luciana que dormia perfeitamente e ficou pensando no que acontecera na tarde anterior, foi tudo tão besta, foi um ciúme tão bobo que ele se sentiu envergonhado por isso. Por outro lado pensou que o rapaz além de ser mais novo tinha presença, o que toda menininha gostava.

   Procurando esquecer dos problemas, foi em direção ao studio de gravação, Leo já o esperara. Aquele dia a gravação foi péssima, errava as letras, estava impaciente, não teve proveito nenhum, o irmão o chamou para conversarem antes de ir embora.

_O que aconteceu mano?
_Discuti com Luciana.
_Cês não tão brigando muito não? Tem algo errado aí.
_Mas ontem a culpa foi minha mesmo. Entrei em um ciúme besta.

  Contou tudo ao irmão, finalizou já com a expressão do rosto triste.

_Enfim, foi isso.
_Mano, como você pode sentir insegurança? O cara é um moleque, pode ser mais novo mas e daí? Ela te escolheu cara. A Luciana nunca foi de ficar com carinhas mais novos que ela.
_Foi isso o que pensei mas aí eu lembro da porta trancada, porque isso?
_E você acha que eles dois fariam alguma coisa com um bebê na sala? Vitor, na boa, não viaja cara.
_Olhando por esse lado é verdade.
_Vai pra casa e tenta fazer as pazes com ela.
_Ok. E você dê um abraço na Tati e nos meninos.
_Pode deixar.

   Victor nunca sentiu tanta vontade de chegar em casa como naquele dia. Assim que entrou na cozinha procurou Lourdes.

_A Luciana chegou?
_Não e ligou avisando que vai demorar.
_Tá no trabalho?
_Não. Está fazendo uma faxina no apartamento.

   Como um baque no coração, Victor achou que ela estaria se preparando para sair de sua casa e logo lhe veio na mente a palavra separação. Respirou fundo, isso não poderia estar acontecendo. Sem pensar em mais nada pegou o carro e foi até o apartamento dela, apertou na campainha diversas vezes, ela abriu e ele poderia dizer que aquela era a melhor visão do mundo: De uma maneira desleixada, Luciana estava com o cabelo preso em rabo de cavalo, descalça.

_Ahh é você – Rolou os olhos e deu as costas para voltar aos quartos.
_Porque está arrumando o apartamento? – Seguiu-a
_Meus pais virão pra cá. – Sentou-se na beira da cama.
_Pra que?
_Sei lá. Mas tá estranho, eles nunca sentiram saudades de mim.
_Quem sabe depois do nascimento da Gabriela essa saudade apareceu.
_Pode ser – Levantou-se e foi para a cozinha.

   Todo o peso da culpa veio a tona para Victor, Luciana estava destratando-o e ele sabia bem o porquê. Seguiu-a até a cozinha.

_Me desculpa por ontem. Me senti um menino fazendo isso.
_Tudo bem – colocou alguns produtos na geladeira. – Esquece.
_Só vou saber se está tudo bem se você vir aqui e me dar um beijo.

   Com toda força ela fechou a geladeira, agora a infantil era ela que estava colocando toda a sua expressão de irônica em pratica.

_Só vou aí te dar um beijo se você me prometer que nunca mais vai me ignorar quando eu estiver falando.
_Deus como essa minha esposa é marrenta – Foi até ela, envolveu as mãos na cintura – Eu prometo.
_Assim espero. – Colocou os braços envolta do pescoço dele.

   Beijaram-se calmamente, aquelas mãos delicadas de Luciana já o deixava com vontade de amá-la. Guiou-a para o balcão da pia e em um gesto rápido e preciso colocou-a sentada, as mãos agora caminhava pelo corpo de sua amada, o clima estava esquentando quando o celular dela tocou. Atendeu, respondeu um “Sim, já estou indo” e desligou.

_Vai pra casa, estou indo buscar meus pais no aeroporto.
_Quer que eu vá junto?
_Não precisa, obrigada.


   Voltando para casa, algo em seu coração dizia que aquela visita dos pais de Luciana estava estranha, Geovana nunca morreu de amores pela sua filha, isso ele não podia negar para si, só não gostava de dizer a esposa. O melhor era se preparar para o pior, foi isso o que ele fez.

Continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário